segunda-feira, 30 de setembro de 2013

BEM, AMIGOS DA REDE GLOBO

Agora eu posso contar. Saí do F5 para ir para a Globo. Já estou trabalhando há um mês com a equipe que vai reformular o "Video Show". Não pude falar com todas as letras porque, até a noite de ontem, era oficialmente segredo que o Zeca Camargo será o novo apresentador do programa. Sim, foi ele quem me convidou: depois de mais de 30 anos de amizade, iremos trabalhar juntos pela primeira vez (e espero que a amizade sobreviva aos inevitáveis precalços). O novo formato deve estrear em novembro, e não posso adiantar muita coisa. Só que, se forem ao ar metade das coisas que a equipe está propondo, o "Video Show" vai ser o programa mais legal de todos os tempos!

SÃO AS TRAPAÇAS DA SORTE

A primeira vez que eu chorei diante da televisão foi durante o último capítulo de "Irmãos Coragem", em 1971. A morte de Jerônimo e Potira me pegou desprevenido: até então, me era inconcebível que protagonistas não tivessem finais felizes. Eu tinha 10 anos de idade. Jerônimo, o irmão mais novo da família Coragem, foi um dos papéis mais importantes da carreira de Cláudio Cavalcanti. Uma década depois ele encarnou o Edir, da novela "Água Viva", que o canal Viva começa a reprisar hoje à noite. Mesmo com tantos personagens marcantes, Cláudio passou os últimos 15 anos meio longe dos holofotes, fazendo participações aqui e ali e mais envolvido com política do que com TV ou teatro. Sua reentrée está marcada para a semana que vem, quando estreia a segunda temporada de "Sessão de Terapia". É incompreensivelmente cruel que ele não esteja mais por aqui para se regalar com os elogios - que, aliás, já começaram. A vida puxa o tapete nas horas mais impróprias. Assim fica difícil agregar sentido.

domingo, 29 de setembro de 2013

CIGARRO DE PALHA

Já é do consenso geral que a televisão que se faz hoje nos Estados Unidos é muito melhor do que o cinema. Acho que em nenhum gênero a discrepância é tão grande quanto na comédia. Qualquer episódio mediano de "Modern Family" é mais engraçado e bem resolvido que bobagens como "Família do Bagulho". E olha que o elenco do filme vem quase todo da tela pequena: Jason Sudeikis, Jennifer Aniston, Ed Helms... A ideia original prometia: um traficante de maconha precisa ir ao México buscar um carregamento da erva para pagar uma dívida. Para passar despercebido na fronteira, ele chama uma stripper, uma moradora de rua e um vizinho virgem para fingirem que são sua família. Há algumas piadas boas, mas, quando a coisa resvala para a grossura pura e simples, eu tenho vontade de pegar o controle remoto. Pelo menos o final não é a lição de moral que costuma fechar mesmo as comédias mais ácidas. E quem mais aí também acha que o Jason Sudeikis é um totoso?

I DREAM TO BE KIND

O domingo está nublado em São Paulo. Perfeito para este clipe lindíssimo escrito e dirigido pelo Guilherme Weber para a música "Dreamer", do Paulo Carvalho, e estrelado pela Salete Campari, uma das drags mais emblemáticas do Brasil.

sábado, 28 de setembro de 2013

A EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA

Acho que nunca um boicote deu certo tão rápido. O vídeo acima é o QUARTO pedido de desculpas de Guido Barilla em 48 horas, provavelmente as piores de sua vida. Dessa vez o CEO das massas Barilla lê, sem grande entusiasmo, um texto muito bem escrito, onde ele admite ter muito a aprender no debate sobre a "evolução da família". Não é nada, não é nada, é coisa para caralho: mais do que medo de perder vendas, a Barilla não quis que a imagem de homofóbica lhe grudasse em cima. Os tempos já mudaram. Mude também, ou morra.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O AMOR DE CRISTO NOS UNIU

O fotógtrafo espanhol Gonzalo Orquin clicou dezenas de casais do mesmo sexo se beijando em frente ao altar de diversas igrejas italianas. Sua exposição "Trialogo" deveria ter sido aberta em Roma anteontem, mas o Vaticano conseguiu proibi-la. O argumento é semelhante ao que o Infeliciano usou para mandar prender aquele casalzinho de lésbica: as fotos desrespeitariam os locais de culto e feririam a liberdade religiosa. Sem dúvida que Orquin qui fazer uma provocação - mas é triste uma religião que diz pregar o amor e tenta censurar fotos de beijos. Ah, e ainda bem que existe a internet: dá para ver a mostra toda aqui.

MY MTV

Em 1990, eu fiz teste para VJ na MTV. Já estava com quase 30 anos e acima da idade máxima exigida, que era 28. Mas vai que cola, né? Não colou. Mas a minha história com o canal só estava começando. O Zeca Camargo, grande amigo meu desde os tempos da faculdade, foi contratado como diretor de jornalismo, e eu acompanhei de perto todo o processo de implantação. A inauguração aocnteceu no mesmo dia do meu aniversário, 20 de outubro, e muitos dos funcionários deram uma esticada na minha festa. Dois anos depois, Zeca chamou meu irmão Zico para fazer umas traduções por lá. Mais alguns anos e foi a vez do Zeca sair, de volta à "Folha" e rumo à Globo. Mas o Zico continuou, chegando a diretor de programação. É neste posto que ele passa o ferrolho na MTV Brasil, talez o fenômeno mais importante da TV brasileira nas duas últimas décadas.

Nesse tempo todo, tive um único contato profissional para valer com a emissora: escrevi as perguntas para o "Quiz MTV", que foi ao ar de 1999 a 2000. Mas os contatos sociais foram inúmeros e constantes. Conheci muita gente, fiz muitos amigos, fui a quase todos os VMBs. Assisti de camarote ao surgimento das ideias mais malucas e a todo o drama da derrocada. É fácil dizer que a MTV deixou de ser o que era porque parou de passar tanto clipe, ou que foi vítima da ascensão das redes sociais. A juventude de hoje não é mais a de uns anos atrás, e não é só questão de gosto. Também é bom lembrar que a MTV perdeu força no mundo inteiro, e que, em países como a Rússia, ela sequer existe mais.

Vai sobreviver no Brasil, mas claaaro que não vai ser mais a mesma coisa. Há muito investimento e muita gente boa envolvida na nova encarnação, mas, enfiada no meio dos canais pagos, a MTV corre o risco de se tornar tão relevante quanto sua irmã VH1. E, mesmo que arrebente na audiência, os tempos são outros. A marca não tem mais o apelo que teve um dia, a garotada não tem quase mais nada de transgressora e a nova classe C prefere o sertanejo uiversitário.

Para mim é um ciclo enorme que se fecha, apesar de eu ter vivido muita coisa por tabela. Meu irmão está recebendo alguns convites interessantes, e dentro em breve deve anunciar para onde vai. De qualquer forma, ele conseguiu armar uma despedida de arromba para o canal onde trabalhou durante quase toda sua vida adulta. Neste domingo ele assina um artigo sobre sua experiência na revista "Serafina". Estou explodindo de orgulho - tanto que a melancolia se faz pequena, já que vem coisa nova pela frente. A MTV Brasil sai do ar, mas continua na linguagem que implantou, nos profissionais que se espalharam por outros canais e, principalmente, numa atitude de curiosidade e ousadia que nem a breguice dos dias que correm conseguiu eliminar. We gotta move these colour TVs!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

LARGANDO O PENNE

E daí que o presidente da Barilla é homofóbico? A gritaria causada por suas declarações desastradas ("não faremos publicidade com homossexuais porque gostamos da família tradicional") foi tão grande que está sendo divertidíssimo vê-lo tentar engolir as próprias palavras. Guido Barilla praticamente convocou um boicote a seus próprios produtos: "se os gays não estão de acordo, podem comer outra massa”. Foi prontamente atendido. Para desespero de seu departamento de marketing, o hashtag #boycottbarilla imediatamente bombou no Twitter, e seu concorrente Di Cecco correu para publicar um anúncio dizendo "noi siamo diversi". Logo depois lá estava ele nas redes sociais jurando amor eterno aos gays e suas famílias - pelo menos teve a decência de não dizer que tem muitos amigos gays. Pois é, bebé: hoje em dia, quem deixa escapar qualquer comentário homofóbico não só é perseguido como vê suas ações despencarem na Bolsa. E é assim mesmo que tem que ser.

pcPHONE

Levei uma semana para baixar o iOS 7 no meu iPhone. Primeiro tive que apagar duas dezenas de aplicativos e cerca de trocentas mil fotos, para liberar o espaço necessário para esta pequena maravilha. O resultado? Meu aparelho ficou com cara de produto Microsoft. A gente sempre estranha quando um design familiar muda de repente, mas esses ícones em 2D não tem cara de Apple para mim. De resto, ainda não consegui encontrar as vantagens práticas - e tampouco as desvantagens. Verdade que a bateria agora dura menos que três minutos? Que os toques não são mais aqueles aprendemos a amar? E o iTunes, ficou mesmo impossível de navegar? Soube que já tem nego desinstalando o iOS 7, morto de saudades do sistema antigo. Como está sendo para você? Vamos discutir a relação.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

YOU SAY YOU WANT A REVOLUTION

Faz mais de um ano que Madonna anda convocando seus fãs para uma revolução. Fazem alguns meses que ela começou a soltar os trailers do que seria seu projeto secreto com o fotógrafo Steve Klein. Agora sabemos do que se trata: "secretprojectrevolution" é um curta-metragem com cerca de 17 minutos em glorioso preto-e-branco, violento e fashionista ao mesmo tempo. Madge diz que é um manifesto contra todas as formas de opressão, mas também parece um de seus clipes sem o som original. Também lembra muito aqueles vídeos exibidos em salas escuras nas bienais, dos quais a gente aguenta ver 45 segundos antes de se encher e seguir em frente. Mas não dá para negar que é bonito, assim como são ótimas as intenções. A versão de Lady Gaga deve sair ano que vem.

CIDADE ALERTA

O GNT exibiu anteontem o último dos oitos capítulos da minissérie britânica "Broadchurch". Quem não viu precisa procurá-la no Now, o serviço on demand da Net HD, ou dar algum outro jeito: é simplesmente um dos melhores programas de TV de 2013, muitíssimo bem escrito e interpretado. E olha que "Broadchucrch" não traz novidades formais. É a história da investigação do assassinato de um garoto de 14 anos numa cidade pequena, o tipo de trama que já vimos um bilhão de vezes. Mas não se deixe enganar pelo ritmo algo contemplativo dos primeiros capítulos. Lá pela metade a coisa pega fogo, com novos suspeitos sendo lançados e descartados a todo momento. Claro que por baixo da beleza do lugar se escondem muitas perversões: adultério, incesto, pedofilia e até maus tratos a animais. Quando o culpado é finalmente revelado, a surpresa nem é tão grande - mas o impacto emocional, devastador. O sucesso foi tamanho que "Broadchurch" vai ganhar remake americano e uma segunda temporada no ano que vem. Tomara que aconteça um milagre e a mesma qualidade se mantenha.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

REDE DE INTRIGAS

Não é estranho que, num país com dezenas de partidos inexpressivos e/ou de aluguel, uma figura importante como Marina Silva não consiga criar sua própria legenda? Ainda mais quando ela aparece em segundo lugar nas pesquisas, à frente de nomes como Aécio Neves e Eduardo Campos. Sei que é feio dizer isto, mas parece que os cartórios receberam ordens de cima para fazerem corpo mole e não deixarem a ex-senadora registar sua Rede em tempo hábil para as eleições do ano que vem. Não tenho provas, ninguém me contou nada, não recebi  informações de cocheira. Mas não é estranho?

O NOME DA MÃE DO PROFETA

Aminah bint Wahb. Decore: nunca se sabe quando se vai precisar. Foi esta a pergunta que os terroristas do al-Shahab fizeram aos clientes que estavam naquele shopping de Nairobi, para descobrir quem era muçulmano e quem não era. O shopping, aliás, foi repetidas vezes chamado de "luxuoso" pela mídia, mas só se for pelos padrões do Quênia - nas imagens que aparecem na TV, não parece ter mais glamour que o Aricanduva. De qualquer forma, quando acontece um atentado como este, baixa em mim o fascistinha. Não quero saber de direitos humanos nem de amplo direito à defesa: pau nesses caras. Fora que o al-Shahab já anunciou que vai lutar até implantar a sharia nos quatro cantos da Terra, então o pau é mais que justificado.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

TELECATCH

Quantas mais o Bolsonazi vai aprontar até que sofra alguma consequência? O parlamentar mais truculento do Brasil já sofre inúmeros processos por causa das constantes agressões verbais a seus desafetos. Hoje partiu para as vias de fato, dando um soco na barriga do senador Randolfe Rodrigues na frente das câmeras. Ele nega - diz que foi só um empurrãozinho, o que as imagens desmentem - mas seu eleitorado boçal está vibrando. Pensar que ele está ereeleito é outra porrada.

EMMY DE MORNO

Há mais de uma década que a TV americana vive uma era de ouro. A abundância de programas bons se reflete nos indicados ao Emmy: todos os candidatos a melhor drama ou melhor comédia mereciam o prêmio, e ainda ficou um monte de séries de fora. Mas este nível altíssimo não proporcionou uma cerimôna de entrega memorável. O multi-talentoso Neil Patrick Harris até que se esforçou ao máximo, mas os tributos individuais aos mortos famosos ralentaram e entristeceram a festa. Verdade que houve muitas surpresas - tantas, aliás, que o apresentador disse que ninguém estava ganhando o bolão do escritório. Mas os Emmys também mantiveram a tradição de premiar os mesmos de sempre: Julia Louis-Dreyfus (2o. troféu consecutivo), Jim Parsons (3o.), "Modern Family" (4o.). Todos são incríveis, mas algo realmente inovador como "Louie" saiu de mãos abanando, assim como meus favoritos "Game of Thrones" e "Downton Abbey". Tudo bem, vai: essas premiações só existem mesmo para fomentar a cizânia.

domingo, 22 de setembro de 2013

BEURRE DE CACAHUÈTE

Marlon Brando pasou boa parte do final de sua carreira tirando sarro de seu papel mais famoso, o Don Corleone de "O Poderoso Chefão". Coisa parecida está acontecendo com Robert De Niro, que já fez muitos filmes parodiando sua persona mafiosa no cinema. "A Família" vai além: chega ao requinte de fazer seu personagem, um ex-capo escondido na França, comentar uma exibição de "Os Bons Companheiros", estrelado pelo próprio De Niro. Este é um dos pequenos prazeres deste filme de Luc Besson, que está mais comedido do que nunca. Outro é ver Michelle Pfeiffer tentando comprar manteiga de amendoim num supermercado da Normandia. A maneira como esse clã fugitivo reage com violência desmedida às pequenas agruras do dia-a-dia gera muitas piadas, mas lá pelas tantas comecei a me incomodar com a quantidade de inocentes mortos para proteger o que não deixam de ser bandidos. Mas foda-se o número de vítimas: o importante é que a família permaneça unida, n'est-ce pas?

sábado, 21 de setembro de 2013

SABIA QUE O SABIÁ SABIA ASSOBIAR?

Estou com um hóspede carioca. Hoje cedo ele me contou que dormiu mal por causa de um barulho insuportável que varou a madrugada: o canto de um passarinho. Expliquei que se trata do sabiá-laranjeira, o novo inimigo no.1 de São Paulo e tema de candentes debates nas redes sociais nesta semana que passou. Houve os que, insones há dias, pregam a exterminação sumária das aves, tão perniciosas quanto os ratos e as baratas; e também teve a turma do poncho-e-conga, que se escandaliza com alguém que não suporte qualquer coisa que venha da Mãe Natureza (sugiro a essa galera que experimente veneno de jararaca, que é 100% natural). Nesta temporada eu nem me incomodei (os sabiás têm filhotes nessa época do ano, e ensinam-os a cantar durante a noite, para escapar dos predadores), embora já tenha morado numa casa cercada de árvores onde a algazarra era diária e infernal. Mas acho que nenhum dos lados têm razão. É só ter paciência, gentem. Daqui a pouco os filhotes crescem, a cantoria cessa e a cidade pode voltar a reclamar do trânsito, da poluição e do preço extorsivo dos restaurantes.

ESTADOSUNYSIUM

"Distrito 9", o primeiro longa-metragem do sul-africano Neill Blomkamp, era uma alegoria de ficção científica sobre os horrores do apartheid. "Elysium", o novo filme do diretor, expande este tema para a escala global. O título se refere a uma estação espacial para onde se mudaram as belas e rykahs; aqui na Terra só ficou a gente diferenciada, quase todos com peles mais escuras e sotaques exóticos. É óbvio que, como qualquer exercício futurista que se preze, estamos falando do aqui e agora. A dicotomia Elysium/Terra é a mesma entre ricos e pobres, Primeiro e Terceiro Mundos, Estados Unidos e México. Foi neste último país que se rodaram boa parte das cenas, caracterizando as favelas do entorno da capital como a Los Angeles de 2154. Tudo isto me deixou salivando, mas "Elysium" se perde em cenas intermináveis de perseguição e luta. Dá para suspeitar que algum executivo de Hollywood ficava berrando "menos encucação! mais porrada!" nos ouvidos da equipe. O resultado é que o filme desbotou sua originalidade e se tornou mais um na multidão, o que talvez explique seu desempenho decepcionante nas bilheterias americanas. Por aqui, temos dois fortes chamarizes: Alice Braga, linda e competente como sempre, e Wagner Moura, fazendo bonito em sua estreia no cinema internacional. Mas é pouco para um projeto que nasceu tão ambicioso.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

AO REDOR DO OSCAR

Alguém sabe me dizer por que "Flores Raras" não estava nem entre os 14 candidatos à indicação brasileira ao Oscar? Desconfio que seja porque o filme de Bruno Barreto seja uns 70% falado em inglês - afinal, o prêmio é para obras em língua estrangeira. Teoricamente, até os Estados Unidos poderiam concorrer (a Inglaterra já inscreveu obras em galês e hindi). Verdade que as regras se flexibilizaram de uns anos para cá: o idioma não precisa mais ser o do país que inscreveu o filme (o que permitiu a vitória da produção austríaca "Amour", falada em francês). De qualquer modo, é uma pena. "The Art of Losing" (título do "Flores" em inglês) tinha boas chances, por ser a história de Elizabeth Bishop e também pelo prestígio dos Barreto em Hollywood. "O Som ao Redor", o escolhido pelo Brasil, teve críticas maravilhosas nos EUA (o "New York Times" incluiu-o em sua lista dos 10 melhores de 2012), e de vez em quando dá a lôca na Academia e ela indica umas esquisitices. Eu já não gosto muito, e aposto que os velhinhos que votam também vão estranhar. Acho que, mais uma vez, vamos passar batidos pelo Oscar.

CRENTES QUE ESTÃO ABAFANDO

Esta sátira fundamentalista ao Porta dos Fundos está no ar desde o começo do mês, mas só começou a bombar de ontem para hoje graças a uma matéria no meu saudoso F5. O resultado? Mais de 10 mil "dislikes" até o momento em que escrevo este post, contra apenas 406 "likes". Tem até evangélico reclamando, e não era para menos. Os valores de produção são tenebrosos e o nível da gozação é chamar o Rafael Infante de "Rafael Coca-Cola". Mas o pior mesmo é a mentira deslavada: até parece que o número de cliques do Porta vem caindo, ou que eles estejam doidos para ir para a TV. É a tática habitual dessa corja: soltar as maiores calúnias, porque , né, vai que cola? Mas dessa vez não deu certo.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

PARA A FRENTE, MAS NÃO MUITO

O papa Francisco está nas manchetes do mundo inteiro. A entrevista que ele deu para a revista "America", voltada para os jesuítas dos Estados Unidos, rendeu uma frase que encantou os editores: "Não podemos insistir apenas nos assuntos relacionados ao aborto, ao casamento gay e aos métodos anticoncepcionais. Isto não é possível". Claro que ele não está mudando a posição da Igreja sobre nada, mas tem toda a razão. A obsessão de seus antecessores (e de boa parte do clero) em condenar qualquer indício de modernidade está minando o futuro da instituição. Ainda não li a entrevista inteira, mas alguns trechos são reveladores: Francisco percebe que a Igreja está seriamente ferida, e dá pistas de que vai promover reformas profundas - mas não o suficiente. Logo adiante, ele reitera que a ordenação de mulheres continua fora de questão. Então eu também continuo fora da religião onde fui criado. Não dá para aceitar que um homem possa rezar uma missa e uma mulher não.

TOCA OUTRA VEZ

Um homem de 65 anos foi flagrado se masturbando numa praia da Suécia. Processado por atentado ao pudor, acabou sendo absolvido. O tribunal decidiu que não há nada errado em tocar uma em público, contanto que a pessoa seja discreta. Não pode ficar olhando para alguém em busca de inspiração, nem fazer mira. Só mesmo a Escandinávia para nos brindar com esse tipo de notícia. Quero só ver qual ver ser o critério para determinar o que é discrição. E claro que qualquer coisa é permitida desde que não seja descoberta, não é mesmo? Fora que há algo de heróico num sujeito dessa idade que não consegue se controlar. Toca Lulu!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A MINHA, DE MASSA FINA

Já que a pizza é inevitável...

A NOVA BOIADA

Vou contar como está sendo a minha transição. Parece papo de transexual, e é quase. Minha passagem de publicitário a roteirista vai ser um dos assuntos da mesa que eu vou dividir com gente muito mais experiente e consagrada do que eu: nada menos que Braulio Mantovani ("Cidade de Deus", Tropa de Elite"), Marçal Aquino ("Força-Tarefa", "O Cheiro do Ralo") e Tati Bernardi ("Sangue Bom", "Meu Passado me Condena"). Vai ser neste sábado, dia 21, às 13:45 (eita horário ingrato), durante o festival do Clube de Criação de São Paulo (programação completa, horários, endereços e preços estão aqui). Como que eu fui parar em companhia tão ilustre? Absolutamente nada do que eu escrevi este ano sequer entrou em produção, então claro que não é por causa do meu retumbante sucesso. Mas conheço o povo do CCSP (sou sócio há décadas) e a minha história gera curiosidade. Toda semana falo com um ou dois redatores que querem dicas para seguir meus passos. Ou seja, praticamente o oposto do slogan do festival, "Unbovine Yourself" ("Desbovine-se"). Sou um dos primeiros de uma manada que quer mudar de direção. Também conhecido como boi de piranha.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

BEIJINHO INDÓCIL

Marco Feliciano mandou prender duas garotas que se beijavam durante um mega-culto ao ar livre em São Sebastião, e a polícia local não se fez de rogada. Cobriu as duas de hematomas, só para liberá-las após uma rápida passagem pela delegacia. O deputado-pastor aproveitou, portanto, mais uma chance de aparecer na mídia (ele não gosta de ser sempre citado como pastor, mas todas suas ações têm a ver com o fundamentalismo). Repare que o tal do culto era uma espécie de Rock in Rio gospel, com dezenas de artistas se apresentando em local público. Ninguém invadiu templo nenhum, como os líderes neopentecostais gostam de assustar seus rebanhos. Era um protesto pacífico em prol do estado laico. Aconteceram coisas muito piores durante a visita do papa ao Rio e muitos católicos reclamaram, só que ninguém foi preso. Mas Infeliciano citou a Constituição para se fazer de vítima mais uma vez, e mais uma vez acionou os tiras. Está mais do que na hora de alguém fazer o mesmo quando for ofendido pelo pastor-chapinha, pródigo em declarações racistas e homofóbicas. Ou não: quanto menos os holofotes se voltarem para esse asqueroso, melhor.

ELA, CHARLOTTE

Como sou súdito de Sua Majestade Charlotte Rampling desde pequenininho, corri para ver "Eu, Anna", um thriller sob medida para os talentos da atriz. Também, pudera: o diretor Barnaby Southcombe é filho dela, e nem me surpreende que ele tenha dirigido a mami em cenas de violência e sexo oral. Charlotte sempre se arriscou ao longo de toda sua carreira e sempre se expôs, nua ou vestida. Agora ela esfrega na nossa cara o rosto envelhecido, sem o menor sinal de plástica - não fosse o cabelo que lhe empresta jovialidade, diríamos tratar-se de uma velhinha. Mas sua allure continua intacta, o que ajuda a prender a atenção numa trama complicada e cheia de pistas falsas. "Eu, Anna" não chega a causar o impacto sugerido pelo trailer, mas a fotografia de cores sombrias ajuda a criar o clima. Mas eu iria ver Charlotte Rampling mesmo se ela estrelasse "Se Beber Não Case 4".

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DESCONEXÃO

A Bielorrússia não frequenta muito o noticiário, mas é a última ditadura para valer da Europa. Em 2010, os membros de um grupo teatral que tinha ido se apresentar em Nov York souberam durante a conxexão no aeroporto de Heathrow, em Londres, que suas casas haviam sido revistadas e pessoas de sua família presas. Resolveram ficar na Grã-Bretanha onde, com a ajuda da comunidade artística de lá, fundaram o Belarus Free Theater. Esta história está condensada em dez minutos no curta "Conexão", onde Jude Law (fazendo o papel de si mesmo) cruza com um ator bielorrusso num terminal. O filme faz parte de uma série produzida pelo teatro Young Vic com o jornal "The Guardian". Gostou? Tem mais aqui.

ROCK É ROCK MESMO 2 - A MISSÃO

Toda vez é a mesma coisa. Entra Rock in Rio, sai Rock in Rio, e lá vem o coro dos falsos puristas. "Como é que tem show de Ivete Sangalo num troço chamado ROCK in Rio? E Beyoncé, Justin Timberlake, Olodum, Ivan Lins, desde quando essa turma toca rock?" Ai que preguiça dessa gente. Não viveram os anos 70, não têm a mais puta ideia da história do rock. Que, aliás, foi um termo ressuscitado quando surgiu o heavy metal. Antes disso, rock era Elvis Presley, Bill Haley, Chuck Berry, e tinha ficado lá atrás, na década de 50. Os Beatles não diziam que tocavam rock. Mas tocavam, e não só. Foram eles que expandiram as fronteiras do gênero, englobando praticamente qualquer coisa. Quando eu era adolescente, rock era um termo generoso, onde cabiam das viagens psicodélicas do Pink Floyd ao piano pop de Elton John. Só bem mais tarde é que surgiram esses chatos exigindo teste de DNA dos artistas que tocam no Rock in Rio. Que, aliás, há muito tempo virou só uma marca - haja vista as versões em Lisboa e Madri. Este ano o festival dividiu suas atrações em dois fins de semana bem diferentes, o primeiro mais pop e o segundo mais, aham, rock. Tornou mais fácil a vida dos apreciadores de cada vertente. Mesmo assim, os especialistas do Facebook ainda reclamam da presença de Ivetão. APS para essa turma.

(Eu também estou me repetindo. Em 2011, fiz quase que exatamente este mesmo post. APS para mim?)

domingo, 15 de setembro de 2013

XXADE

Sade e a banda The XX tiveram uma tórrida noite de amor, e o resultado dessa união é a dupla Rhye. A carga genética dos autores de "Islands" pode ser percebida nos vocais tranquilinhos e nos arranjos minimalistas. Mas o DNA da cantora de "Smooth Operator" se faz notar nos instrumentos acústicos, com uma levíssima pegada soul. É o tipo de som que eu amo/sou. Há dois dias que não paro de ouvir "Woman", o disco de estreia do Rhye.
"Woman" é até um título curioso, porque, apesar dos vocais melífluos, o Rhye é formado por dois homens: o dinamarquês Robin Hannibal e o canadense Mike Milosh. E quem canta é este último - além de render um excelente caldo, como se vê na foto ao lado. Milosh é hétero e dedica o CD à mulher, o que me desapontou um pouco. Mas isto não impede que "Woman" já esteja lá no alto da minha lista de melhores do ano. Para ouvir mais, visite o site do Rhye. Além de todos os vídeos e remixes, também dá para baixar algumas faixas na faixa.

sábado, 14 de setembro de 2013

GARGANTA RASINHA

"Lovelace" conta duas vezes a história da filmagem do maior clássico do pornô de todos os tempos, "Garganta Profunda". Na primeira parte,  Linda Boreman é retratada como uma típica bad girl, que dá suas escapulidas mais para irritar papai e mamãe do que propriamente se divertir. Ingênua feito um caipira recém-chegado à cidade grande (apesar de ter tido um bebê no ano anterior, dado para adoção), ela cai fácil na lábia de um sujeito asqueroso. Os dois logo se casam, mas isto não o impede de faturar em cima do enorme talento da moça para o sexo oral. Convence-a a estrelar um dos primeiros filmes adultos com roteiro e algum valor de produção, que chegou a ser exibido em cinemas "sérios" nos Estados Unidos. "Garganta Profunda" foi uma das maiores bilheterias de 1972, e sua protagonista ficou famosa e badalada do dia para a noite. Mas aí "Lovelace" volta várias casas e conta tudo de novo, dessa vez sem poupar a plateia dos horrores a que o marido cafetão submetia a pobre Linda. É um recurso que tenta imitar a percepção que o público teve da própria atriz: primeiro mulher liberada, depois vítima da violência doméstica e, finalmente,  heroína feminista. Ela passou os últimos vinte anos de vida (morreu num acidente de carro em 2002) pregando contra a indústria pornô. O fato é que sua história real é muito mais rica e controversa do que a que vemos na tela. A verdadeira Linda chegou a fazer filmes de bestialidade (com cachorros, eeewww)  antes de cair de boca no sucesso, e sua cruzada moralista lembra a das nossas cortesãs que se tornaram evangélicas. "Lovelace" tem uma fantástica reconstituição de época e Amanda Seyfried fazendo um puta esforço para que esqueçamos seus papéis de boazinha - mas quem acaba brilhando mais é Sharon Stone, fazendo a mãe megera. Minha melhor experiência com "Deep Throat" continua sendo a vez em que aluguei o vídeo no começo dos anos 80, recém-liberado no Brasil depois de quase dez anos da estreia. Era uma cópia dublada em espanhol, onde a personagem era chamada de "Linda Lazoamor".

QUERO VER O BAILE TODO

Desde que Madonna vestiu uma camisa do Flamengo no final de seu show no Maracanã em 1993, nenhuma outra cantora gringa tinha ganho tão fácil a plateia brasileira como Beyoncé conseguiu na noite de ontem para hoje, no Rock in Rio. A diva encerrou sua apresentação com uma coreô de menos de um minuto para "O Passinho do Volante", muitíssimo mais conhecida como "Lek Lek Lek". Melhor do que isso, só se alguns desavisados parassem de chamá-la de "Beyônce".

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A GRAÇA ALCANÇADA

O "Na Moral" de ontem tocou num dos assuntos que mais me interessam no momento: os limites do humor. Mas a conversa não foi muito longe, talvez pela ausência de alguém como Rafinha Bastos. A presença de Renato Aragão acabou dando a tônica do programa. Os demais convidados só faltaram se prostar aos pés do líder dos Trapalhões, dos quais foram exibidos alguns esquetes politicamente incorretíssimos aos olhos de hoje. O único momento mais quente foi quando o eterno Didi, depois de ver o clipe "Deus" do Porta dos Fundos, disse que jamais faria piada com a crença de ninguém. Gregório Duvivier discordou, criou-se um ligeiro impasse e o programa acabou. Claro que minha opinião coincide com a deste último. Acho que, em última instância, o limite do humor é ele mesmo: se houver graça, tá valendo. E religião é um assunto grande demais para permanecer, aham, sagrado. A rigor, o Porta nem tira tanto sarro das fés individuais, mas sim da maneira como alguns tentam impor sua fé a quem não compartilha dela. O vídeo "Cura", desta semana, é um exemplo disto. Sim, Jesus é retratado quase como um mágico de circo, mas o foco da piada é o preconceito dos fundamentalistas (e também o de quem assiste,  hehe). Mesmo assim, acho lícito tirar sarro de qualquer religião. Queria só ver o bafafá se um musical como "The Book of Mormon" fosse montado no Brasil: lá os mórmons são riculzarizados da primeira à última cena. E sabe qual foi a reação deles? Não, não rolou processo nem censura. A maioria riu muito.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A TURMA DO DEIXA-DISSO

O Brasil quer mudar, mas nem tanto. O Supremo Tribunal Federal parece ter caído em si: "como assim, estamos mandando poderosos para cadeia? Parou tuuudo!" Claro que a chegada dos ministros Zavacki e Barroso serviu para melar o longuíssimo julgamento dos réus do mensalão. E claro que há uma contradição evidente quando se condena quase toda a antiga cúpula de um partido que ainda está no poder e tem grandes chances de mantê-lo nas eleições do ano que vem. Mas há algo de maior no fundo: é o espírito brasileirto do deixa-disso, que faz com que até a "Folha de São Paulo" defenda em editorial a absolvição do Zé Dirceu e sua turma. O mesmo espírito que mantém o mandato do Donadon e que impede qualquer reforma política profunda. Paradoxalmente, também acho que é ele que se manifesta nos "black blocs". A violência dos mascarados conseguiu afastar das ruas a imensa maioria dos manifestantes que as tomaram em junho, para imenso regozijo dos políticos. Quer coisa mais deixa-disso do que isto?

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

iMOVIE 5C

Todo mundo falou tão mal de "Jobs" que eu até gostei mais do que esperava. Mas não o suficiente para achar que se trata de um bom filme: apesar da recriação meticulosa da história da Apple e da longa duração, ficou mais coisa de fora do que no iPhone 5C. Fala-se muito de tecnologia e de negócios, mas o lado humano de Steve Jobs mal dá as caras. A relação dele com os pais - os biológicos e os adotivos - aparece de raspão, assim como a ainda mais complicada ligação com as mulheres e os filhos. Tudo bem, vai: o lado tirânico, egocêntrico e ligeiramente alucinado são bem captados por Ashton Kutcher, que está supreendente. Mas a história termina de sopetão, com o lançamento do iMac em 98, talvez para ter um final feliz. Os 13 anos seguintes, que foram de glória e dor para Steve Jobs, são solenemente ignorados - os produtores devem ter pensado que o público já está familiarizado demais com esse período. Hoje em dia eu só tenho um produto da Apple a mais de um metro do meu corpo quando tomo banho, e isto é só até inventarem o iSoap. Foi bom ver no cinema um pouco desse homem que afeta tanto a minha vida. Mas tenho a sensação de que a vida dele era material para minissérie.

BATE O SINO PEQUENINO

Quem mais aí precisa se segurar quando entra na iTunes Store? Meu, tem dias em que eu me entusiasmo e começo a comprar tudo o que me vem pela frente. Ou o que me brota na memória, como o "Tubular Bells" de Mike Oldfield. Quem tem menos de 40 anos talvez nunca tenha ouvido falar, mas este é um dos discos seminais do pop. Lançado em 1973, quando seu autor tinha apenas 19 anos de idade, foi um dos marcos iniciais do que se convencionou chamar de "rock progressivo" - um gênero que depois virou motivo de chacota, tamanha a pretensão de seus expoentes. Eu tinha 13 aninhos na época, e achei aquilo estranhíssimo: duas longas faixas instrumentais, uma de cada lado do LP de vinil. Oldfield tocou quase todos os instrumentos, com a então revolucionária técnica do "overdub". A introdução foi usada como trilha do filme "O Exorcista" e se tornou manjadíssima: clique aqui, aposto que você conhece. A iTunes Store oferece diversas versões ("Tubular Bells" teve várias continuações e remixes), e eu optei pela regravação de 2003, onde até a capa foi retrabalhada. É música viajandona, perfeita para divagar.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O MÍNIMO PARA SER UM IDIOTA

A "Ilustríssima", o caderno high brow que cirucla com a "Folha" aos domingos, deu uma entrevista de página inteira com Olavo de Carvalho. O mote foi o livro recém-lançado por ele, "O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota" (que já é um best-seller) e o surgimento de uma "nova direita" no Brasil. O cara falou muita coisa - algumas com a verve de um Paulo Francis, outras dignas de burros no pasto. O zurro mais alto de todos foi o seguinte:

O que o sr. pensa sobre o projeto da cura gay?

Ninguém pede ajuda a um psicólogo para livrar-se de uma conduta indesejada se é capaz de controlá-la pessoalmente ou se não quer abandoná-la de maneira alguma. Quando alguém vai a uma terapia com o propósito de livrar-se do homossexualismo, é porque não o vivencia como uma tendência natural da sua pessoa, e sim como uma compulsão neurótica que o escraviza. 
É bem diferente de alguém que é homossexual porque quer, ou de alguém que deixou de ser homossexual porque quis e teve forças para isso. Proibir o tratamento de uma compulsão é torná-la obrigatória, é fazer de um sintoma neurótico um valor protegido pelo Estado. É uma ideia criada por psicopatas e aplaudida por histéricos. 

Dá para perceber que Olavo não sabe o mínimo dos mínimos sobre homossexualidade, o que já é mais do que o bastante para qualificá-lo como um idiota. Mas há quem goste. O jornal de hoje trazia duas cartas sobre a matéria, uma contra, outra a favor. Reproduzo aqui apenas esta última:

Muito boas as colocações do filósofo Olavo de Carvalho ("Cruzada anti-idiotas", "Ilustríssima", 8/9), sobretudo as que se referem à esquerda e ao projeto de cura gay. Em relação a este último, creio que suas palavras são definitivas. Deturparam o projeto. Se você é feliz sendo gay, continue assim e não queira que todos sejam como você. Agora, se você está sofrendo com "uma compulsão neurótica que o escraviza", procure ajuda. É disso que trata o projeto, permitir que um profissional da psicologia atenda um cliente que vá procurá-lo em busca de ajuda.
                                                   HUMBERTO SANCHEZ, médico (Araçatuba, SP) 

E o pior é que assinada por um médico, talvez formado pela mesma escola que o doutor César Khoury. Impressionante como nem um nem outro se dão conta que as maiores vítimas da cura gay são menores de idade internados pelos próprios pais, e que não há nenhum estudo sério que comprove que qualquer técnica - científica, religiosa ou de faz-de-conta - que realmente funcione na reversão da homossexualidade. É por causa de idiotas como estes dois senhores que ainda temos um longo caminho pela frente.

A RELAXING CUP OF CAFÉ CON LECHE


Ana Botella é o Joel Santana da Espanha. A prefeita de Madri (e mulher do ex-primeiro ministro José María Aznar) está sendo responsabilizada pela derrota da candidatura de sua cidade aos Jogos Olímpicos de 2020, só por causa deste discurso macarrônico que ela fez em Buenos Aires sábado passado. Uma frase específica deixou os espanhóis bolados: "There is nothing quite like a relaxing cup of café con leche in Plaza Mayor". Claro que virou meme. Já tem remix dubstep, versão feat. Bette Midler e perfil no Twitter com 20 mil seguidores. Madriud is fán!

(gracias por la dica, Ali Bgs)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

NOT FOR THE FAINT OF HEART

Em novembro do ano passado, durante o concurso Miss Bumbum, eu dei uma longa entrevista para a jornalista britânica Daisy Donovan explicando as razões epistemiológicas da preferência nacional pela derrière feminina, da qual ela aproveitou uns dois segundos. Era para a série que Daisy estava gravando para o Channel Four, "The Greatest Shows on Earth", sobre os mais bizarros programas de TV do planeta. Agora o episódio brasileiro está disponível na íntegra no YouTube, e com legendas em português. É um retrato interessante das nossas misérias vistas por um olhar estrangeiro, mas meio injusto. Programas de qualidade foram totalmente ignorados, e o espectador desavisado pode achar que a nossa TV só exibe humorísticos machistas e noticiários policialescNÃO PERA

(para os meus fãs: apareço a partir da marca de 14:40)

O CÉU CAI SOBRE AS NOSSAS CABEÇAS

"O Verão do Skylab" não tem exatamente uma história com começo, meio e fim. É, na verdade, um continuum: um retrato da vida de uma família numerosa há mais de 30 anos, que prossegue nos dias de hoje com novas caras mas os mesmos conflitos. Qualquer pessoa que já passou férias na praia ou na fazenda com um bando de primos vai se identificar com o microcosmo apresentado pela diretora Julie Delpy, muito mais conhecida como atriz. Os tios malucos, as avós generosas, a descoberta do sexo e da música para dançar: todo mundo passou por isto. A ação se passa no verão de 1979, quando a estação espacial Skylab estava prestes a cair sobre a Terra. Alguns personagens têm medo de ser atingidos por ela, e essa metáfora revela a transitoriedade daquele momento. Crianças crescem, velhos morrem, tudo muda o tempo todo - só que não, como mostram o prólogo e o epílogo do filme. Apesar do elenco recheado de grandes nomes do cinema francês (inclusive Emmanuelle Riva, recém-indicada ao Oscar por "Amour"), "O Verão do Skylab" é pequeno e despretensioso. Mas gostoso como um feriadão ao lado de gente querida.

domingo, 8 de setembro de 2013

GLASNOST

Outro dia o Rodrigo Rosner emprestou um vestido de um antigo desfile seu na "São Paulo" (que é como os profissa chamam a SPFW) para a produção de uma foto no Rio de Janeiro. O vestido foi passando de mão em mão até ressurgir no corpo de Daniele Winitts, durante o prêmio Multishow na terça passada. A celeuma foi tão grande que ainda não acabou, e é óbvio que o Rodrigo está adorando essa publicidade gratuita e inesperada. Mas ele é educado demais para dizer como a Daniele errou na produção. Para começar, ela é baixa demais para o modelito: reparou como o desenho frontal, que deveria cair sobre a "região íntima" (adooooro esses termos de propaganda), caiu foi sobre o joelho? Também é peituda demais, e nem vou me estender muito sobre as calçolas pretas que acabaram dividindo o troço no meio. Até o brinco era pesado... Enfim, ela já disse que irá visitar em breve o ateliê dele, então terá a chance de vestir um autêntico conceito R. Rosner. Mas, em nome da transparência, achei por bem revelar o que está por trás.

VOCÊ ASSISTE TODA A NOVELA?

Se acreditarmos no que as pessoas estão comentando nas internets, Bárbara Paz e Daniela Mercury se engalfinharam num ringue de gel durante o "Altas Horas" de ontem à noite. Infelizmente, o embate entre as duas não foi tão épico assim. Daniela, a nova porta-estandarte do movimento LGBT brasileiro, questionou a caretice da família de Félix, de "Amor à Vida". E Bárbara saltou em defesa do autor, explicando um pouco da história da novela. As duas têm razão. Achar que a TV não deve mostrar coisas "feias" como o racismo ou homofobia, mesmo num contexto de ficção, é indigência mental disfarçada de correção política. Mas o texto de Walcyr Carrasco é mesmo antiquado, e não só nessa trama. A novela inteira parece ter sido escrita nos anos 50 do século passado. Se bem que boa parte do Brasil deve continuar atrelada a essa época, haja vista a boa audiência.

sábado, 7 de setembro de 2013

A MESMA MÁSCARA NEGRA

Na boa, gente: vamos parar com essa viadagem. Quem quer sair na rua mascarado não está pensando em manifestar seu pensamento livremente. Está é querendo quebrar fachada de loja, ponto de ônibus e vidro de carro dos outros. Por quê, exatamente, eu não sei. Desconheço se algum sistema de governo mudou por causa de vidros quebrados. Engraçado como muita gente boa defende o sacrossanto direito ao vandalismo anônimo, e até o Caetano não resistiu à vaidade de posar de tuaregue. Mas só eu que percebo que uns 98% dos black blocs são jovens do sexo masculino a fim de queimar adrenalina? Estão numas de zoar, e quem sabe, acirrar as contradições do sistema. Já me disseram até que é o Garotinho quem está por trás desses caras, que chegam ao paradoxo de exigir o fim do voto secreto enquanto ocultam suas verdadeiras identidades. Continuo achando que essa molecada viu filme de super-herói demais e agora quer brincar de Liga da Justiça. As máscaras não os escondem assim tão bem.

MARMELADA DE ROMÃ

Mais uma vez o Comitê Olímpico Internacional envergonhou a si mesmo. Pensou só no próprio umbigo, no sucesso de seus joguinhos, nos recordes de que ninguém se lembra mais depois de alguns minutos. Fez a escolha mais preguiçosa possível ao indicar Tóquio como a cidade-sede das Olimpíadas de 2020. E ainda deu um tapa na cara da Turquia, ao dizer que o país ainda não está preparado para se sentar à mesa dos adultos. Foi nada menos que a quinta vez que Istambul viu sua candidatura olímpica fracassar, e olha que ela nunca tinha chegado tão perto da vitória. As causas da derrota são óbvias: as recentes manifestações, que põem em dúvida a estabilidade política da Turquia; os atrasos da Rio-2016, que deixaram o COI com o cu na mão de agraciar novamente o Terceiro Mundo; e até mesmo, não duvido, o bom e velho preconceito contra os muçulmanos. Tóquio vai fazer uma Olimpíaida eficientíssima, corretíssima, sensaborona. Provavelmente será parecida com o horrendo vídeo promocional que eles exibiram hoje durante a cerimônia realizada em Buenos Aires: parece ter sido feito por um diretor de animé erótico. Mas não há de ser nada. Tomara que Godzilla emerja mais uma vez das águas do Pacífico e pulverize a capital japonesa com seus raios, enquanto Istambul continua deslumbrante, deitada languidamente nas almofadas do sultão e sorvendo um refresco de romã.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

REDONDAMENTE ANTIQUADO


A televisão a cores começou no Brasil em 1972, mas eu só me lembro em preto-e-branco da primeira versão de "Saramandaia". E me sinto ainda mais antigo quando comparo as duas versões da explosão de Dona Redonda: na versão original da novela, de 1976, Wilza Carla só dava um tchauzinho e bum! Um efeito tão pouco especial que parecia ter sido feito com barbante e cola de farinha de trigo. Mas a cena exibida ontem no "remake" foi melhor em tudo, inclusive na dramaturgia. Agora Dondinha explode também de raiva e de preconceito, numa ótima sacada do re-autor Ricardo Linhares. Isso é que é cena de impacto.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

MELHOR DE TRÊS

O Comitê Olímpico Internacional irá anunciar a sede das Olimpíadas de 2020 neste sábado, dia 7. Dessa vez, só três cidades chegaram à reta final: Madri, Tóquio e Istambul. Torço por esta última por várias razões: estive lá em abril, adoro os turcos e acho que a Turquia está mais do que na hora de receber um evento deste tamanho, assim como o Brasil. Mas, se formos levar em conta o bafafá em torno dos Jogos de Inverno de Sochi, talvez a antiga Constantinopla seja quem menos merece. Afinal, trata-se de uma metrópole num país islâmico - se bem que o mais ocidentalizado de todos - e os gays quase não têm nenhum direito por lá. OK, vai, a repressão não chega aos níveis russos, e a Parada Gay de Istambul tem crescido a cada ano. Também devem pesar na decisão do COI os recentes protestos contra o premiê Erdoğan, que anteciparam os brasileiros e deixaram os cartolas da FIFA traumatizados. Sem falar que, das três concorrentes, Istambul é a mais bagunçada e desigual. Meu palpite? Vai dar Madri, que quase levou os jogos de 2016.

MÍSSIL DE LONGO ALCANCE

Harry Louis talvez seja o trigésimo brasileiro que se tornou um astro do pornô gay internacional, mas com certeza é o primeiro a frequentar as revistas de celebridades. Verdade que não é por causa de seus dotes consideráveis, mas por ser o namorado atual do estilista Marc Jacobs. Harry ( Edgar Xavier) abandonou a carreira, lançou uma marca de chocolates artesanais e agora dá até entrevista para Marília Gabriela. Ele foi o convidado de ontem do "Gabi Quase Proibida", e surpreendeu pela franqueza e bom humor. Minha cabeça torta sempre espera que os astros do sexo explícito sejam uns viciados balbuciantes, mas Harry Louis me pareceu extraordinariamente centrado e bem resolvido. Como os links para embedar os vídeos do SBT são umas bostas, quem quiser ver o programa inteiro vai ter que clicar aqui, aqui, aqui e aqui. Vale a pena: acho que foi a primeira vez que a TV aberta mostrou alguém contando que goza tão longe que até já atingiu o câmera.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

YO NO SÉ SI ES PROHIBIDO

E mais uma vez a Argentina passa na frente do Brasil. Depois de aprovarem o casamento igualitário há mais de três anos, agora nossos vizinhos exibiram um beijo gay numa novela do horário nobre, em plena TV aberta. Foi no capítulo de ontem de "Farsantes", que conquistou uma grande audiência para o canal Trece de lá, e um dos besucones é ninguém menos que Benjamin Acuña (que também aparece em "Prófugos", a série chilena da HBO). Como esta notícia repercutiu até mesmo no blog do Aguinaldo Silva, reacende-se a esperança de que o dia em que a nossa TV exibir um beijo entre dois homens não esteja tão longe assim.

CHARLIE BIT MY FINGER

Charlie Hunnam foi escalado para o papel de Christian Grey na adaptação cinematográfica de "50 Tons de Cinza". Charlie who? Esse ator inglês ainda é pouco conhecido, apesar de ser o protagonista da série "Sons of Anarchy" e também do filme "Círculo de Fogo", atualmente em cartaz. Mas já tem algumas cenas de sexo no currículo, inclusive em seu primeiríssimo papel na TV: o do garoto Nathan, na versão inglesa de "Queer as Folk" (que foi rebatizado de Justin no remake americano). Pelo menos com outro homem ele é super convincente.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

SEM MAIS DELONGAS

Como é que é? Alain Delon disse que a homossexualidade é "contra a natureza"? Gentem, ele foi AMANTE de Luchino Visconti! Voilàj'aiparlé.com.fr. As declarações do ator francês, que durante umas duas décadas foi considerado o homem mais bonito do mundo, causaram furor no mundo inteiro, mas não é exatamente um segredo que ele foi a comidinha do diretor italiano que lançou sua carreira. Delon falou numa entrevista à TV que é contra a adoção por casais gays, mas não se incomoda com o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ainda assim, reiterou que "os homens existem para cortejar as mulheres", uma frase imbecil típica de quem diz que não é homofóbico, mas... Enfim, o discurso dele condiz com sua geração, mas não deixa de ser decepcionante que um cara que conviveu - para não dizer trepou - com tantas bichas famosas venha com tal barbaridade a essa altura do campeonato. Sua biografia não precisava disso.

O PIOR ENTRE OS PIORES

Qual é a pior ditadura do Oriente Médio? Não, não é a Síria - pelo menos não era, até o regime de Bashar al-Assad matar criancinhas para se manter no poder. Também não é o Irã, apesar dos aiatolás enforcarem homossexuais e escolherem quem pode ou não disputar eleições. Pelo menos por lá existem eleições, por mais suspeitas que sejam. Na Arábia Saudita não existe nada disso. Também é o único país do mundo onde as mulheres não podem sequer ter carteira de motorista. Mas o Ocidente pega leve com os sauditas, pela singelíssima razão do petróleo. No entanto, talvez esteja na hora de não fazer vistas tão grossas. Os sauditas já declaram apoio irrestrito aos militares egípcios, que estão enterrando a Primavera Árabe e voltando o calendário para três anos atrás. Também são os sauditas que armam a oposição síria, e não exatamente porque queiram instalar uma democracia por lá. Agora os EUA se vêem num impasse terrível, onde parece não haver alternativa correta: ou ataca a Síria, e corre o risco de ver o país nas mãos de franquias da al-Qaeda (que tem raízes sauditas, nunca devemos esquecer), ou não faz nada e passa recibo de cagão. Mas se indispor com a Arábia, de cujo petróleo dependem? Out of the question. Ainda bem que um dia essa riqueza toda vai se esgotar.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

AMOR AO SHOW DA VIDA

O domingo foi pra lá de simpatizante na tela da Globo. Primeiro, Antonio Fagundes fez uma longa participação no programa do Faustão. O ator disse que o pior defeito de seu personagem César, em "Amor à Vida", não é o fato dele ser mais galinha que a Pintadinha, mas a homofobia que ele nutre contra o filho Félix. O público concordou, e o próprio Fausto Silva defendeu a "opção" sexual de cada um. Nem vou reclamar do uso da palavra politicamente incorreta, porque logo em seguida, no "Fantástico", a emissora finalmente incluiu o preconceito contra os gays no quadro "Vai Fazer o Quê?". O mais legal é que a postura do Ernesto Paglia foi claríssima: é errado se incomodar com dois homossexuais se acariciando em público. Não teve essa de "todas as opiniões merecem ser respeitadas". No final ele chegou a dar um telefone para as pessoas fazerem denúncias. Claro que nos comentários da internet tem muito boçal acusando a Globo de ser a reencarnação de Sodoma e Gomorra, mas deixa que digam, que pensem, que falem. Ter um canal deste tamanho do nosso lado não é pouco não.

BODAS DE ALGODÃO DOCE

Uma comédia de casamento! Iupiii! Quem não adora uma comédia de casamento? Todo mundo se identifica com as alegres confusões que se formam ao redor dos noivos, ainda mais quando a família é podre de rica. Porque, quando não há problemas financeiros, dá para focar no que realmente interessa: as picuinhas tolas e intermináveis que jogam os parentes uns contra os outros. "O Casamento do Ano" investe neste filão, com o auxílio luxuoso de um elenco estelar: Robert De Niro, Diane Keaton, Susan Sarandon, Robin Williams... Pena que também tem a chata da Katherine Heigl (ex-"Grey's Anatomy"), talvez a atriz que mais me provoque urticária da face da Terra. Mas nem esses atores todos conseguem superar as deficiências de um roteiro tenebroso, que pinta os católicos como fanáticos fundamentalistas ao mesmo tempo em que distribui piadas (?) de baixo calão a torto e a direito. "O Casamento do Ano" é o equivalente cinematográfico de um algodão doce: parece colorido e delicioso, mas não tem a menor consistência e faz mal para a saúde.

domingo, 1 de setembro de 2013

YEEZUS ME CHAMA

Na minha ânsia desesperada de permanecer moderno, de vez em quando eu me forço a comprar discos que não são exatamente a minha praia. Basta a crítica dizer que se trata de uma obra-prima fulgurante para eu me sentir obrigado a comprar o troço, seja lá qual for o gênero - até mesmo sertanejo universitário, a mais baixa forma de expressão artística jamais inventada pelo homem. Foi justamente por causa do clima de oba-oba que eu me vi impelido a adquirir "Yeezus", o novo CD de Kanye West. Nem é a primeira vez que eu me rendo a um dos dois rappers mais famosos do mundo (o outro é seu amygo e ryval Jay-Z, de quem eu continuo virgem). E olha, não me arrependo: "Yeezus" é um trabalho inquieto, de pesquisa musical, jamais fácil de escutar mas sempre interessante. Tem participação dos meu querido Daft Punk e mais um monte de astros do hip hop, além de samples de Nina Simone, trechos de musicais, pancadão e eletronices. O problema, para mim, é o rap. "Yeezus" tem rap demais. Pois é: não gosto de rap, mas compro disco de rapper. Vai entender.