segunda-feira, 3 de junho de 2013

QUEM SAI DO ARMÁRIO É PRA SE MOLHAR

Pela terceira vez, assisti à Parada do Orgulho LGBT de São Paulo do terraço do apartamento de meu amigo Tomás Amorim, bem na esquina da Paulista com a Consolação. Ele mora no terceiro andar: a altura perfeita para vermos tudo com riqueza de detalhes, e também para sermos reconhecidos pelas zamigues que desfilam. Claro que dessa vez a chuva atrapalhou. Depois de um sábado de sol deslumbrante, a cidade amanheceu nublada e úmida. Muita gente ficou em casa, com preguiça de enfrentar as intempéries. O resultado foi que a Parada não estava tão compacta como nos outros anos. Aquele tapete humano cobrindo a avenida até que apareceu, mas não o tempo todo. Os carros também não estavam muito bonitos. Quase todos vieram com coberturas de lona para proteger seus convivas, e por causa disso pareciam caminhões frigoríficos. Outra ausência notável foram famílias, cachorros e velhinhas. Talvez pelo gigantismo do evento e pelo medo de arrastões, essa turma simpatizante não deu as caras. Mas a segurança funcionou muito bem, e pela primeira vez em anos não houve uma única morte no entorno da Parada. Quem cobra mais politização deve ter ficado satisfeito: além da presença do deputado Jean Wyllys, do prefeito Fernando Haddad, da ministra Marta Suplicy e do governador Geraldo Alckmin, não faltaram cartazes e palavras de ordem contra o Infeliciano. Às vezes é bom ter um alvo definido, não? Também teve nego que reclamou da falta de celebridades (uai, Geisy Arruda não conta?), mas o fato é que todas elas teriam sido ofuscadas por Daniela Mercury. A diva do axé só apareceu quando o carro da Bahia já estava na Consolação, portanto não tive o prazer de vê-la ao vivo. Mas, com seu talento, beleza e carisma, segurou a peteca até o final, misturando discursos firmes com alegria e animação. Protagonizou até mesmo o primeiro beijo exibido em horário nobre pela Globo, assunto da minha coluna de hoje no F5. Compensou, dessa forma, o público menor que das outras vezes: o Datafolha diz que foram apenas 227 mil pessoas, muito longe dos cinco milhões apregoados pela organização da Parada. Mas é bobagem entrar nessa guerra de números. A edição 2013 foi um sucesso, sem ocorrências graves e com ótima repercussão. Para o ano que vem, tomara que mais empresas privadas se animem a patrocinar, como já acontece há muito tempo em Nova York e em outros lugares. Dessa vez havia um carro do Google, que sempre foi assumidamente gay friendly. Mas cadê Itaú, Lacta e outras companhias que adoram fazer anuncinhos simpatizantes na internet só para pagar de modernas? Tá mais do que na hora de vocês saírem do armário, queridas.

13 comentários:

  1. Isso aí. Fazer anúncio na internet dirigido a público específico é fácil, mas chega na hora do vamo vê essas empresas se encolhem. Meu cu.

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  2. Tudo a favor da Parada, mas fica o sentimento de que falta alguma coisa, ou muitas. A música dos Tribalistas a favor do casamento gay, por exemplo, não ouvi nem uma só vez nos trios elétricos (que por sinal tocavam músicas horríveis), então fica a sensação de que o movimento gay (se é que é possível usar essa palavra), é desarticulado, frouxo. Acho que deveríamos eleger um deputado gay por São Paulo, mas onde estão os candidatos? Espero que apareça alguém com chances, mas para isso é lógico que nós mesmos devemos criar essa chance -- alguém arrisca uma proposta mais concreta? Se Daniela Mercury se candidatasse, já estava eleita!

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  3. Olá Tony, tem quase um ano que acompanho seu blog e sou simpatizante das suas opiniões.
    Mas eu acho que você podia comentar sobre a Fátima Bernardes que aparentemente está se mostrando bem "gay friendly", espero que isso seja sincero. Já vi ela debatendo sobre a homofobia, aceitação da família e o casamento igualitário algumas vezes em seu programa, e acho que ela foi bem generosa com a Daniela Mercury em seu programa hoje, principalmente se estamos falando em um programa que passa no horário matinal da Globo(horário que muitas donas de casa estão assistindo). E o que você acha?
    Espero que essa atitude seja sincera, afinal precisamos que o assunto seja debatido, principalmente em rede nacional.

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    1. Já falei super bem do posicionamento da Fátima Bernardes há alguns meses, nesse post aqui:

      http://tonygoes.blogspot.com.br/2013/03/encontro-marcado.html

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    2. Hum, falha minha, não devo ter visto seu blog neste dia, enfim, é bom que ela sempre coloque o assunto em pauta.

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  4. O sorriso de Daniela já mostra toda a felicidade que ela vive. Acho o máximo. E gosto também do fato dela ter se tornado esse símbolo tão rapidamente só por amar.
    Daniela brilhou na Parada, e eu adorei. Essa edição foi sim, histórica. Não tem chuva ou tempo feio que diminua as cores vistas em SP.
    Ano que ve to la de novo!
    Woof!

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  5. Este não foi exatamente o "primeiro" beijo gay exibido em horário nobre na TV Globo. Em 2011, em reportagem do Jornal Nacional sobre um casamento gay coletivo realizado no Rio de Janeiro, a emissora já tinha exibido um beijo entre duas mulheres. À época, o assunto foi notícia no meu blog. Infelizmente, o vídeo não está mais disponível na Globo.com. Me chama atenção que tenha passado batido pela grande mídia. Será porque não tinhamos um Infeliciano a quem combater?

    Link do post/reportagem:
    http://fastfoode.wordpress.com/2011/06/22/tv-11/

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    1. Eu não vi (ou não me lembrava) desse beijo.

      Ano passado também teve um beijo entre um casal de noivas no "Na Moral", o programa do Pedro Bial, mas aí não era horário nobre, né?

      De qualquer forma, a Globo ainda está nos devendo um beijo gay demorado e em close (selinho não vale) entre dois personagens do mesmo sexo de alguma de suas novelas.

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    2. Pelo que tenho acompanhado, a linha editorial da emissora é clara: primeiro retratar jornalisticamente -- ou seja, é fato, existe. Posteriormente inserir o beijo no universo das telenovelas.

      Se levarmos em conta a novela das 21h, "Amor À Vida", o enredo leva a crer ser um bom momento p/ o tão falado beijo. Ao mostrar um gay sem escrúpulos e um "casal homossexual familia", ficará claro que o autor quer mostrar que sexualidade não tem qualquer relação c/ caráter. É a desconstrução dos (pré)conceitos retratada e discutida em horário nobre.

      A meu ver, isso vale mais do que qualquer beijo gay.

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    3. Tony, achei o link da reportagem a que me refiro no post no YouTube. Além do beijo entre duas mulheres no final, também há um beijo entre dois homens no meio da reportagem.

      Segue: http://www.youtube.com/watch?v=_dZpt3zq6Zk

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  6. O mio babbino caro
    A felicidade das pessoas na Parada superam de longe suas dificuldades.

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  7. GENTE, CASEM-SE

    VAMOS OCUPAR AS ESTATÍSTICAS!

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