quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ó CABELO, CABELO MEU

Sei que é o maior clichê do mundo dizer que todo homofóbico é uma bicha enrustida. Mas, bitch, please - saca só o picumã mal alisado do Marco Feliciano.  Esse pastor evangélico e deputado federal por São Paulo é o provável próximo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, o que equivale à Arábia Saudita assumir o comando de um órgão semelhante na ONU. Claro que estou revoltado, mas não tenho muito medo dele, não: amanhã o casamento gay já começa a valer em São Paulo, e deve se espalhar por tantos estados até o final do ano que vem que, segundo um presidenciável misterioso, nem será assunto nas próximas eleições. Nem por isto vamos ajudar Feliciano a dar um tapa no visu: as colegas cabeleireiras ficam pro-i-bi-das de fazer nele a chapinha da Michelle Obama, OK? Tapa nele, só se for na alma. Dói mais.

LET'S HAVE A PAPA

Lock the doors tight!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ZOMBIE HEPBURN

Este comercial do chocolate Galaxy está causando uma pequena celeuma. Não inseriram o produto num filme antigo de Audrey Hepburn: na verdade, ela é que foi inserida num filme rodado nos dias de hoje. E meio mal inserida, porque não está totalmente convincente. A sobrancelha ficou grossa demais...

DAQUI DO MORRO DÁ PRA VER TÃO LEGAL

Rindo alto até agora com os preços praticados no Aqueloo, a tal da praia mega-VIP que está escandalizando o Rio de Janeiro. Roupão por 300 reais? Toalha de rosto por 80? E olha que isto é só para alugar. O mais fascinante é que não só tem gente que paga, como o lugar está sempre lotado. Que na verdade não é bem uma praia, mas uma balada: a pista de dança fica mais cheia que o mar. Acho lindo que exista tanto hétero disposto a morrer em 250 paus só para entrar, pois gera imposto e emprego. Mas tenho pena dos vizinhos, que agora têm que suportar música eletrônica nonstop o dia inteiro durante os finais de semana. E acho que o nosso valoroso Exército envergonha a pátria mais uma vez, ao alugar para terceiros (e sem licitação) o que é uma área pública. É bom lembrar que foi dali, do Forte de Copacabana, que saíram os recos que, em 2010, deram um tiro naquela biba que fazia pegação num parque ali ao lado. Lembra?

MARINA, QUE ESTÁ NO CANADÁ

Marina Silva deu uma longa entrevista para o UOL. No trecho acima, ela ainda não diz com todas as letras e em alto e bom som que sim, é a favor do casamento igualitário. Mas seu discurso me parece bastante ponderado - assemelha-se, inclusive, à famosa posição adotada pelo Canadá, que garantiu as liberdades de expressão e religião ao mesmo tempo em que expandiu os direitos civis para toda a população LGBT. Agora, será que é só marketing por parte de Marina? Oremos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A VER NAVIOS

Quem tem coragem de embarcar no Titanic? Um bilionário australiano anunciou planos para construir uma réplica quase exata do navio mais famoso de todos os tempos. As diferenças serão mínimas: o casco será totalmente metálico (o oirignal tinha muita madeira), vai ter ar condicionado e dessa vez haverá salva-vidas para todo mundo. Mas nada de TV ou internet, e as zamigues que gostam de malhar todo dia vão ter que se contentar com uma cadjimia de 100 anos atrás (os resultados podem ser vistos no garboso frequentador, na marca dos 2'32"). A primeira viagem está prevista para o final de 2016, e - adivinha - será de Southampton para Nova York.  Ainda não se sabe se Céline Dion estará a bordo.

EU BOWIE, TU BOWIES

Sempre desconfiei que David Bowie e Tilda Swinton fossem a mesma pessoa. Pelo jeito não sou só eu: hoje descobri que existe até um Tumbl'r chamado Tilda Stardust disposto a provar por A + B esta obviedade ululante. E também que os próprios tentam provar o contrário com o vídeo para "The Stars (Are Out Tonight)", o novo single tirado do álbum que Bowie lança em março. Ele e Tilda combinam tanto juntos que parece até uma daquelas fantasias meio perversas em que o sujeito transa com si mesmo. O clipe também tem a participação dos modelos andróginos Andrej Pelic e Saskia De Brauw (ele fazendo papel de mulher e ela de home, evidémment), todos com ar muito bowieano. O que levanta outra questão: será que são TODOS David Bowie? Será que nós também somos?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

RELEASE THE TATUM!

Lembra de "Movie: The Movie"? O filme fake exibido no talk show de Jimmy Kimmel que reunia todos os astros de Hollywood, inclusive Meryl Streep de bigode? Acaba de sair a continuação. Perfeita para quem, como eu, já começa a sentir crise de abstinência, agora que a temporada do Oscar já acabou.

(Viu a cerimônia ontem? Minhas impressões sobre ela estão aqui.)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

COUNTRY LIVING

Danuza Leão escreveu uma carta de ódio e desprezo ao Rio de Janeiro Country Club em sua coluna na "Folha" de hoje. É uma declaração de solidariedade à atriz Guilhermina Guinle, que recentemente teve seu "nome na pedra" só para "levar bola preta". Um texto bem humorado, que no entanto não esconde uma ponta de ressentimento. Minha mãe contou que a própria Danuza levou bola preta, lá se vão tantos anos.

Não sei se é verdade, mas sei que é perfeitamente plausível. Conheço bem as engrenagens do Country: passei toda a infância e adolescência lá dentro. Meu pai foi diretor, membro do famigerado Conselho e, por dois mandatos consecutivos, presidente do clube. Esta foi sem dúvida a maior conquista de sua vida: ele transbordava de orgulho por dentro ao pensar que o rapaz de classe média da Tijuca tinha alcançado tamanha honraria. Por isto morreu realizado, sem casa própria - morava num apartamento alugado num prédio pegado ao Country.

Vendemos seu título por 45 mil reais e dividimos a grana pelos cinco irmãos. Isto foi em 2005; hoje em dia deve valer um pouco mais. Parece caro, mas o que custa mesmo os olhos da cara é a transferência: luvas pagas diretamente ao clube, que hoje estariam por volta de um milhão de reais. Um dinheiro gasto que não se converte em patrimônio.

O processo de seleção não é muito diferente do de outros lugares. O Country não é o único que coloca seus candidatos "na pedra": um quadro de avisos logo à entrada social, onde ficam expostas fichas com fotos 3 x 4 dos sócios potenciais e uma breve descrição de suas características - nome, idade, profissão, nome e idade do cônjuge, nome e idade dos filhos. Durante um mês, esses aspirantes têm o direito de usufruir das instalações, onde são observados pelos demais sócios. Na maioria das vezes essa análise nem é necessária, pois são filhos ou parentes de sócios antigos que já frequentavam o clube desde criancinhas.

Aí o Conselho se reúne (antigamente era na última quarta-feira do mês, não sei se ainda é assim) para analisar os pedidos. O voto é secreto e manifestado por três objetos diferentes, nas cores branca, preta e vermelha. Querem dizer, respectivamente, sim, não e tanto faz. Basta levar uma única "bola preta" para o sujeito ser recusado. Achou rígido demais? Pois bastam três "bolas vermelhas" para ser recusado também.

Sim, é extraordinariamente cruel e anti-democrático, totalmente incompatível com o mundo moderno e blá-blá-blá. Mas clubes para valer são assim. Lugares onde basta chegar e pagar para se associar não podem ser chamados de clubes. Lembre-se que, nos Estados Unidos, até os moradores de alguns prédios têm o direito de recusar novos vizinhos. Madonna foi uma que passou por tal vexame.

O que diferencia o Country de outras associações é sua visibilidade e, ao mesmo tempo, sua invisibilidade. O clube ocupa pouco mais de meio quarteirão em plena Avenida Vieira Souto, em frente à praia de Ipanema (quando foi fundado pelos ingleses cem anos atrás, era realmente um clube de campo, com um terreno muitas vezes maior). Mas não é fácil ver como é lá dentro. Dê uma googlada: quase não aparecem imagens decentes. Até o site do Country contribui para o mistério, pois só os associados podem navegar por ele.

Repare pelas poucas fotos que as instalações estão longe de ser luxuosas. São só duas piscinas, seis quadras de tênis, uma sede social e um gramado. Ponto. Nada de quadra poliesportiva ou salões suntuosos. Mesmo assim, os títulos são disputados à foice. Pois não passam de 800, sem a menor chance deste número crescer. Só quando um sócio resolve se desfazer do seu é que surge algum à venda. E não faltam pessoas dispostas a passar pelo humilhante processo de seleção, que hoje em dia lembra até a campanha bajulatória que um escritor precisa fazer para entrar para a Academia Brasileira de Letras.

Porém, não convém exagerar. Um candidato achou que estava garantido ao pagar toda a vultuosa conta do bar de um sócio influente, que estava pendurada há meses. Foi imediatamente defenestrado. Também são frequentes as rejeições a filhos de sócios - não por causa deles, mas por causa de seus pais. Um deles levou todas as bolas pretas, o que fez com que seu magoado papi se retirasse do clube para sempre. Dizem até que, se todos os membros do Conselho saíssem, metade não conseguiria voltar.

O falecido colunista social Ibrahim Sued, o mais poderoso do Rio entre os anos 50 e 80, foi barrado várias vezes. Aliás, nenhum colunista jamais foi aceito, e a razão é simples: ninguém quer um jornalista lá dentro, anotando que fulano deu vexame no restaurante ou que beltrana caiu de bêbada na piscina. Sim, baixarias a granel acontecem intramuros. E intramuros permanecem, como em Las Vegas.

A rejeição a Guilhermina Guinle ganhou as manchetes por causa do high profile da moça: além de atriz, ostenta um dos mais tradicionais sobrenomes cariocas. Desconheço as razões, mas garanto que não é pelo fato dela ser artista. O cantor Mário Reis e as atrizes Ilka Soares e Rosita Thomaz Lopes (todos de famílias "bem", é verdade) foram sócios.

Danuza sugere que a Prefeitura desaproprie o valiosíssimo terreno do Country e o transforme num parque. Eu não chego a tanto, mas claro que acho meio anacrônico o sistema de "bolas pretas". Tanto que jamais me submeti a ele, em nenhum dos três clubes a que eu costumava ir quando pequeno. Hoje não pertenço a nenhum, mas não sou como Groucho Marx ("não quero pertencer a um clube que me aceite como sócio").

Simplesmente não acho que o esforço valha a pena. É caro demais, o lugar é marromeno, e eu ainda teria que expor meu marido ao preconceito. Mas ainda tem muita gente disposta a passar por tudo isto. E, enquanto houver, bolas pretas aflorarão, como bolhas num lago sulfúrico. Ou numa taça de champagne.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

PARA QUEM EU DARIA DESSA VEZ

Bem-vindo à edição 2013 do "Mas Eu Daria...",  o tradicional post de véspera do Oscar que eu já faço há alguns anos. A corrida pela estatueta dourada está mais embolada do que de costume. Claro que há barbadas imensas, mas também categorias onde tudo pode acontecer. Então busque o casaco de zibelina da geladeira da Mme. Rosita, tire as jóias do cofre do banco e comece a fritar o Mandiopã, porque a noite vai ser boa. De tudo vai rolar.


Melhor Filme

Quem vai ganhar: "Argo". Ben Affleck tirou a sorte grande ao não ser indicado para melhor diretor. A boa vontade com seu filme é tão grande que ele levou até o César de melhor filme em língua não-francesa, entregue ontem em Paris.

Mas eu daria para... "Argo" mesmo. Revi o filme outro dia e ele resistiu muito bem. Meu segundo favorito é "As Aventuras de Pi", que eu também vi duas vezes.

Melhor Diretor

Quem vai ganhar: Steve Spielberg ou Ang Lee. É, bebé, não há favoritos. A Academia não revela porcentuais de votos, mas aposto que este páreo será resolvido no photo finish.

Mas eu daria para... Michael Haneke. Em termos puramente técnicos, nenhum diretor superou o deslumbramento que é "As Aventuras de Pi". Mas Ang Lee já ganhou uma vez, Spielberg ganhou duas, e Benh Zeitlin e David O. Russell podem esperar. Haneke é um nome importantíssimo do cinema contemporâneo e mais do que merece um homenzinho nu na prateleira.

Melhor Ator

Quem vai ganhar: Daniel Day-Lewizzzzzroinc. Já gostei muito dele, mas implico desde seu show de canastrice em "Sangue Negro". Acho-o totalmente over, e totalmente imerecedor de ser o primeiro cara a ganhar três vezes o Oscar de melhor ator. No fundo, acho que a Academia está premiando Abraham Lincoln.

Mas eu daria para... Hugh Jackman. Um talento completo que finalmente recebeu sua primeira indicação. Irretocável como Jean Valjean em "Os Miseráveis". Mas um personagem da literatura francesa vencendo o presidente mais reverenciado da história dos Estados Unidos? No way.

Melhor Atriz

Quem vai ganhar: Jennifer Lawrence. A indústria precisa premiar uma garota bonita e talentosa com uma longa carreira pela frente. Podia ser ela ou Jessica Chastain. Mas "A Hora Mais Escura" tem muita má vontade contra si, e "O Lado Bom da Vida" tem Harvey Weinstein a favor.

Mas eu daria para... Emmanuelle Riva. Por todas as razões: a performance em si, corajosíssima; sua carreira, cheia de filmes importantes; e sua idade, óbvio (ela completa 86 anos neste domingo). Imagine como vai ser emocionante ver seu discurso de agradecimento.

Melhor Ator Coadjuvante

Quem vai ganhar: Robert De Niro ou Tommy Lee Jones. Esta é a categora mais imprevisível de todas. Jones despontou como favorito na largada, mas De Niro está fazendo uma campanha pesada.

Mas eu daria para... Ninguém. Sério. Acho que todos os cinco indicados são atores excelentes, mas todos já venceram antes - uma situação inédita na história do prêmio. E nehum deles me parece estar precisando ganhar de novo. Eu ficaria mais contente se Eddie Redmayne ("Os Miseráveis") ou Matthew McConaughey ("Magic Mike") estivessem entre os indicados.

Melhor Atriz Coadjuvante

Quem vai ganhar: Dããã.

Mas eu daria para... Ela mesma. O take ininterrupto de Anne Hathaway se debulhando com "I Dreamed a Dream" em "Os Miseráveis" já entrou para os anais. Agora vamos ver se sai a esperada cinebiografia de Judy Garland, papel que Anne nasceu para fazer.

Demais categorias

Das que interessam, algumas já estão mais do que óbvias: "Amour" para filme estrangeiro, "Skyfall" para melhor canção... O resto é o resto. Nem por isto vou desgrudar o olho da TV,  até umas duas e meia da manhã. E segunda vou comentar a cerimônia no F5. Não ouse perder.

AMERICAN FAVELA

Ninguém está acostumado a ver a miséria norte-americana nas telas. Talvez por isto "Indomável Sonhadora" tenha ganho tantos prêmios: o filme revela uma realidade quase inédita, que no entanto existe. Realidade é modo de dizer. Como o canhestro título em português já entrega, boa parte da história se passa na imaginação da protagonista. O difícil é determinar quanto. As tais "feras do sul selvagem" são obviamente fictícias, mas toda a segunda metade do filme não é lá muito verossímil. Uma explicação possível é que, apesar da narração com voz de criança, estamos assistindo às lembranças da personagem já adulta - e a maneira como ela se lembra não corresponde exatamente ao que se passou, como todas as memórias infantis. O diretor Behn Zeitlin (que tem pai brasileiro e já veio para cá algumas vezes) fez uma estreia extremamente original, que no entanto perde um pouco do impacto para nós - afinal, estamos anestesiados pela pobreza absoluta nas portas das nossas casas. E a menina Quvenzhané Wallis é sem dúvida uma gracinha, mas ser indicada ao Oscar de melhor atriz? Por uma atuação aos seis anos de idade? No lugar da Marion Cotillard? Estamos todos sonhando?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

NESSA REDE EU NÃO CAÍ


Queria muito aderir à Marina Silva, mas não consigo. Esbarro sempre no mesmo lugar: ela é evangélica. Diz o Marcelo Cia em seu blog que isto é preconceito, e que a  Rede Pró Partido, o embrião político que a ex-senadora lançou esta semana, fala explicitamente em diversidade no seu estatuto:

Art. 5: “Respeito aos direitos humanos, garantia de igualdade de gênero e repúdio a todas as formas de discriminação: étnica, racial, religiosa, sexual ou outras, garantindo a cada grupo espaço próprio de participação política e de respeito e atenção às suas demandas específicas.”

Que beleza, não é mesmo? Mas vamos ler com cuidado. O texto garante respeito e atenção às demandas de cada grupo. Nada além disto. Promete ouvir, mas não promete fazer nada. Não apoia explicitamente os direitos igualitários.

Agora Marina está sendo criticada abertamente por Jean Wyllys, o que também gerou uma reação irada de seus partidários – um deles rebateu tudo e ainda conclamou o deputado a fazer “auto-crítica pública”, jargão típico de partido maoísta.

O fato é que Marina já falou sim em promover plebiscito sobre o casamento gay. Agora ela mudou o discurso e diz que só faria consultas diretas à população sobre aborto e maconha, e que é favorável à união civil desde criancinha.

Eu sou publicitário, e conheço bem as técnicas de falar uma coisa querendo dizer outra. Parece-me que Marina está preocupadíssima em vestir a embalagem de candidata moderníssima, sem que o produto em si corresponda. A esta altura do campeonato, quem se declara favorável à união civil não paga mais de antenado. Ela teria que dizer C-A-S-A-M-E-N-T-O com todas as letras, mas isto ela não faz.

As convicções religiosas de Marina afetam outros aspectos de sua plataforma política. Ela também já disse que é contra as pesquisas com célula-tronco e, horror dos horrores, que o criacionismo deveria entrar para o currículo das escolas. Se negou estas posições, por favor alguém me avise, porque eu não fiquei sabendo.

Por enquanto ela ainda não atraiu nenhum nome de peso para sua futura legenda. Paquerou muita gente, como Wyllys e Heloísa Helena, mas ninguém se bandeou ainda. Eduardo Suplicy chegou a prestigiar a festa de lançamento da Rede, temeroso que está em perder espaço no PT e a vaga de senador para a coligação.

Hoje surgiu a notícia de que Fernando Gabeira, o político brasileiro que eu mais admiro, talvez saia candidato à Presidência pelo PV em 2014. Não deve ter muita chance, mas é capaz de fazer um estrago daqueles entre o eleitorado marinista (ela conquistou 20% dos votos em 2010, uma cifra expressiva). Se sua candidatura vingar, eu não tenho dúvidas. Vou tranquilamente de Gabeira, pois nele não há nenhuma convição religiosa que me faça esbarrar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

ROMÂNTICOS DE CUBA

Era uma vez um país onde há saúde e educação para todos. Sem analfabetos, sem miséria e sem desigualdade extrema. Já deu água na boca? Já sabe de onde eu estou falando? Calma que tem mais. Lá nesse país também há total liberdade de expressão, de religião, de associação e de ir e vir. Diversos partidos se revezam no poder e o casamento igualitário foi aprovado há alguns anos. Estou falando do Canadá.

É assaz curioso como experiências bem-sucedidas como a canadense não povoam o imaginário de uma parte da juventude brasileira. E o grande país do norte não é um exemplo solitário: tem também a Suécia, a Noruega, a Holanda e mais alguns outros, todos no topo da lista do IDH. Sociedades pluralistas, que chegaram quase todas a um estágio avançado de progresso sem passar por um evento traumático. Na maioria dos casos, foi um processo longo e quase monótono, às vezes de séculos. Mas são quase todos países distantes, com climas frios, línguas esquisitas e culturas meio diferentes da nossa.

Nenhum teve uma revolução glamurosa como a cubana, em que um pequeno exército de rapazes com menos de 30 anos conseguiu derrubar uma ditadura corrupta com relativa facilidade. Nenhum teve a pós-revolução: os anos de propaganda, no sentido político e também no mercadológico. Cuba conseguiu forjar uma marca forte, muito mais sedutora que o produto em si. Um autêntico caso de branding, e justo num lugar que renega o capitalismo e seus métodos.

O poder dessa marca é tão grande que até hoje tem muita gente boa no Brasil que vem com argumentos do tipo "de que adianta liberdade de ir e vir, se o povo não tem dinheiro nem para a passagem do ônibus?". Falam como se fossem conjuntos excludentes: ou se tem saúde, educação e medalhas olímpicas, ou se tem eleições livres, eletrodomésticos e revistas de fofoca. Qual você prefere? E se esquecem que há muitos países que conseguiram tudo isto e muito mais.

Claro que nenhum deles é perfeito. O Canadá tem um conflito mal resolvido entre anglófonos e francófonos que de vez em quando descamba para a pancadaria. A Bélgica é uma barafunda da porra. A Noruega gerou um monstro como aquele atirador que matou dezenas de pessoas. Agora, esqueça a barreira da língua e fale sério: você preferiria ir morar em Cuba do que em qualquer desses países?

Um crítico ao sistema canadense ou holandês seria recebido com indiferença no Brasil. Aliás, um simpatizante também. Não damos a mínima para esses países. Não os tomamos como modelos, não prestamos a menor atenção neles. Mal existem pra nós. Preferimos acreditar que Cuba é uma utopia que só não é perfeita por causa do malvado bloqueio americano.

Ora, o bloqueio: não consigo pensar numa maneira mais rápida de eliminar o regime castrista do que a suspensão do bloqueio. Do dia para a noite, Havana seria invadida por milhares de turistas, dólares e gadgets dos Estados Unidos. Obama bem que gostaria de fazer isto, mas os ressentidos cubanos da Flórida não deixam. Uma contradição enorme, quando lembramos que os EUA fizeram as pazes até com o Vietnam, que pode se gabar de tê-los derrotado militarmente. O bloqueio acaba servindo para justificar tudo de mau que acontece na ilha.

A veneração pela Cuba socialista tem muito de religiosa, até de dogmática. Quem questiona a santidade do regime é imediatamente tachado de agente a soldo das potências estrangeiras. Os miltantes preferem calar aos berros quem se atreve a discordar, esquecendo-se do "sin ternura, jamás". Cuba é um sonho que a realidade não pode se atrever a despertar.

E o Canadá, hein? Muito longe, muito frio, muito chato. Muito sem romance.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

PAULA DOS ESPÍRITOS

As Testemunhas de Jeová sempre foram um grupo marginal. Ficaram ainda menos na crista da onda depois que morreu Michael Jackson, seu mais famoso adepto, e foram ofuscadas no Brasil com o avanço dos neopentecostais. Mas eis que de um dia para o outro elas estão de volta às manchetes: revoltados pela cantora Paula Fernandes ter admitido que é espírita, vários "Jeovás" (assim os chamava minha avó, que Jeová a tenha) estão riscando os CDs da cantora e jurando que nunca mais ouvirão suas canções inspiradas por demônios. É mais um sintoma da intolerância religiosa que cresce em nosso país, e eu vou resistir bravamente à tentação de chamá-los de fanáticos ridículos. Numa democracia, qualquer um pode escutar ou não o que quiser, seja lá pela razão que for. Eu, por exemplo, riscaria um CD da Paula Fernandes porque acho que sua música é chata beyond caralho.

HE LOOKS LIKE ME

Lembra daquele vídeo em que alguns gays diziam o que achavam das vaginas? O mesmo cara que dirigiu agora vem com este aí em cima: "Héteros Reagem ao Pornô Gay". Sim, sim, também achei que tem uns que não parecem héteros.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

AO PÓ VOLTARÁS

Se dirigir embriagado já é perigoso, imagine então pilotar um avião. Agora, imagine que além de bebum você também está cheiradaço - e exatamente por causa do padê, consegue o sangue frio para realizar uma manobra arriscadíssima num avião em pane e assim salvar quase todas as pessoas a bordo. Esta é a premissa de "O Voo", que rendeu mais uma indicação ao Oscar de melhor ator para Denzel Washington (merecida, mas menos que o injustiçado John Hawkes) e também uma para seu roteiro original. Que é composto por cenas bastante longas, com muito diálogo; é até interessante ver o diretor Robert Zemeckis, autor de estripulias como "Uma Cilada para Roger Rabbit", se conter a um estilo sóbrio e deixar seus atores brilharem mais que a câmera. Aliás, ninguém brilha mais que a inglesa Kelly Reilly, uma atriz mal aproveitada que aqui dá um banho como uma junkie arrependida. Mas voltemos ao dilema inicial: o piloto agiu mal se o pó que cheirou ajudou a evitar um desastre maior? Mas será que, se estivesse careta, conseguiria fazer uma manobra ainda mais sensacional e salvar todo mundo? O filme logo separa esse dilema em dois. Uma coisa - salvar muita gente - é uma coisa. Outra coisa - pilotar sob a influência - você entendeu. O resultado é um final triunfante e moralista, bem como os americanos gostam. E o mais curioso é que o álcool é pintado como o grande vilão, mas o pó, esse danado... nada como uma boa cafungada para espantar a ressaca e nos dar coragem, parecem dizer.

CON LOS TERRORISTAS

O próprio Psy se encarregou de jogar uma pá de cal sobre sua já insuportável "Gangnam Style" ao estrelar aquela equivocada campanha publicitária que tentava convencer os homens a rasparem os pelos do peito. Mas não temam, amiguinhos: já surgiu uma nova musiquinha pentelha para nos infernizar pelos próximos seis meses. "Harlem Shake" é um faixa instrumental lançada há quase um ano por um tal de Baauer, e estava passando desapercebida até um bando de garotos inventar uma dancinha boba para os primeiros 30 segundos da música (são o número 6 da compilação acima). Eles postaram o troço no YouTube e destamparam a caixa de Pandora: já existem milhares, quiçá milhões de outras versões, uma mais retardada que a outra. Volta, Psy, tudo está perdoado.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

SEXO É BOM

"Sex surrogate" é um termo difícil de ser traduzido para o português. Nem sei se elas existem no Brasil: uma mistura de prostituta com terapeuta sexual, que vai às vias de fato ao mesmo tempo em que registra a evolução do paciente com a maior seriedade. "As Sessões" trata dos encontros entre um portador de deficiência física com uma profissional deste tipo, e é um dos filmes mais eróticos que eu já vi na vida. Não no sentido de excitar (apesar de Helen Hunt estar batendo um bolão aos 49 anos de idade), mas por passar uma mensagem positiva sobre o sexo. A história real de Mark O'Brien, um escritor e jornalista que passou quase a vida inteira deitado por causa de uma pólio na infância, é comovente e inspiradora: nossos corpos são o que são, e ninguém precisa ter vergonha de nada. Nem por ser "tortinho", nem por sentir tesão. O diretor Ben Lewin também teve paralisia na infância e hoje anda com o auxílio de muletas. Talvez por isto seu filme não tenha um pingo de pieguice. O mundo seria melhor se o sexo fosse encarado com a mesma alegria e destemor que seus personagens. Aliás, que mundo é este em que o admirável John Hawkes não está indicado ao Oscar de melhor ator, e o intragavelmente pretensioso Joaquin Phoenix está?

DESDE CUBA

É fascinante perceber como ainda tem gente que apoia ditaduras. Parece hipnose coletiva, delírio de adolescente ou pura falta de informação. Primeiro senti muita vergonha alheia pelo grupo que foi receber Yoani Sánchez no aeroporto do Recife com faixas acusando-a de ser agente da CIA. Depois senti quase que peninha: mal pisou em terras brasileiras e Yoani já marcou um golaço nessa turma, pois o protesto lhe permitiu dizer que sonha com o dia em que os cubanos possam se manifestar contra algo sem medo de represálias. A mais famosa dissidente do regime castrista também se maravilhou com a velocidade e a liberdade da internet brasileira; esperamos para as próximas horas suas palavras de admiração pelos nossos abosrventes íntimos. Bem-vinda, Yoani, e aproveite para ir ao cabeleireiro.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

NO MORE MR. NICE JESUS

Nem Asterix liquidou tantos romanos como Christoph Waltz no "SNL" de ontem.

CHUPA, AI WEI WEI

A primeira parte da exposição é quase banal. Fotos em preto-e-branco tiradas em Nova York entre os anos 80 e 90, muitas naquele estilo "olha como meus amigos são transados". São boas, claro, mas qualquer visita ao Instagram traz imagens mais bonitas. Para piorar, a péssima iluminação do Museu da Imagem e do Som projeta a sombra dos visitantes sobre as fotos. Mas aos poucos elas vão ficando mais interessantes e consequentes, registrando protestos e acidentes. Vistas individualmente, nenhuma é grande coisa, mas em conjunto a coisa muda. Esta talvez seja a chave para começar a entender o trabalho de Ai Wei Wei, talvez o mais badalado artista contemporâneo. Ele não tem "uma" obra que possa ser pendurada na parede, não traz uma inovação estética nem encanta pelo vurtuosismo. Mas sua atitude é o que interessa: tudo  remete a algo mais, tudo é político, tudo está conectado. Por isto o nome "Interlacing" é perfeito para a mostra. Ai Wei Wei é designer, fotógrafo, arquiteto e ex-blogueiro (o governo chinês tirou sua página do ar) e essa facilidade com que flui de uma mídia para a outra também o faz ser totalmente da hora. Bobo alegre que eu sou, não resisti a produzir a piadinha visual que ilustra este post, mas que fique bem claro: chupa, Ai Wei Wei, mas no bom sentido.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O LADO ESCURO DA VIDA

Nunca me comovi com notícias de que os Estados Unidos estariam torturando prisioneiros ligados à al-Qaeda para obter informações. Prefiro um terrorista (ou um amigo de terrorista) machucado do que 300 pessoas mortas num atentado. Por isto foi com prazer quase sádico que encarei a primeira cena de "A Hora Mais Escura": uma longa sessão de waterboarding, uma técnica de simulação de afogamento denunciada por tudo que é órgão de defesa dos direitos humanos. Só que a tal sessão é longa demais. E não envolve só água: o malvado também é esbofeteado, acorrentado, chutado e encaixotado, até se borrar nas calças. Foi o bastante para que eu me horrorizasse e pedisse por clemência. Mas a diretora Kathryn Bigelow brinca com as suas emoções: assim que você começa a se apiedar do sujeito, ela corta para a explosão de um ônibus em Londres ou coisa que o valha. Não deixa nunca a gente se esquecer por quê aqueles caras estão sendo torturados. Ainda assim, "A Hora Mais Escura" perdeu sua condição de favorito ao Oscar por causa destas cenas iniciais. A esquerda americana acusou o filme de apoiar a tortura; a direita, de estar revelando segredos da CIA que poriam o país em perigo. Bigelow e o roteirista Mark Boal alegaram que estão apenas relatando a sequência de acontecimentos que levou à execução de Osama bin Laden, ou pelo menos o que pode ser relatado. A protagonista Maya, uma agente secreta sem vida pessoal, é uma combinação de várias mulheres diferentes. Jessica Chastain está bem no papel, mas ele não exige a mesma entrega emocional que suas rivais Jennifer Lawrence ou Emmanuelle Riva enfrentaram em seus filmes; duvido que fature o Oscar. Mas Bigelow estar fora do páreo pelo prêmio de melhor direção é inexplicável. A impressionante sequência final, que mostra o ataque dos Navy SEALS à casa de bin Laden em Abbottabad, é cinema em estado puro. O espectador fica com a respiração suspensa, tão palpável é a tensão - e isto apesar de saber como as coisas vão terminar. Pelo que se vê na tela, a ação não teve uma precisão tão cirúrgica assim, com crianças chorando, cachorros latindo e vizinhos acendendo luzes e vindo ver o que acontecia (além de um helicóptero que cai e explode, hehe). "A Hora Mais Escura" é um pouco longo demais e tem momentos maçantes, mas propõe um debate interessantíssimo ao jogar luz no lado sombrio da nossa moral e ainda tem um clímax grandioso. É um filmaço.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

COMERIA O ZÉ E O BEBÊ

Fabíola Reipert é uma cobra venenosíssima. Não é a primeira vez que ela solta uma notinha maldosa em sua coluna sem revelar a identidade dos envolvidos. A jararaca prefere esperar que o povo dê nomes falsos aos bois, e depois não só não os desmente como ainda põe mais lenha na fogueira. Já levou alguns processos, mas aposto que nem ela esperava por esta resposta espetacular do Rafinha Bastos. E quem diria que ele estava pegando o Inri Cristo?

COMPLÈTEMENT MALADE

Ao vivo, direto da Praça de São Pedro: Dalida renuncia ao papado!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

YET YOU'RE MY FAVORITE WORK OF ART




Olha que presente maravilhoso que o "Huffington Post" deu para a humanidade neste Valentine's Day: uma compilação das melhores cenas de nu frontal masculino do cinema contemporâneo em língua inglesa. Tem Richard Gere, Harvey Keitel, Geoffrey Rush, Viggo Mortensen, Kevin e seu Bacon, Jude sem Law, Sacha Baron Cohen em close e Ewan McGregor, claro, várias vezes e de vários ângulos. O melhor é que dá para ver em câmera lenta, parar, tirar print screen... Pronto, você já não está mais tão sozinho. Stay, little valentine...

AGORA EM NOVA EMBALAGEM

As declarações de apoio à renúncia do papa são de foder de dar risada. "Um ato corajoso", dizem os católicos devotos. Oi? Pelo menos um cardeal polonês teve o culhão de dizer que "da cruz não se desce" - e logo depois declarou que sua frase foi tirada do contexto etc. etc. Pois para mim esse papo de velhice não cola. Se estivesse tão caquético assim (e ontem vimos que ele não está), Ratzinger poderia ficar quietinho lá no Vaticano, sem viajar, aparecendo nas missas do galo e olhe lá. Mas parece que o que está em curso é mesmo um rebranding da Igreja. O grande defeito de Bento 16 é ser um velho antipaticíssimo, sem o carisma ou a fofura de seu antecessor. Por isto, aposto que o próximo papa será jovem (menos de 70 anos), bonitão, capaz de hipnotizar as massas com seu charme e veneno. Tudo para dourar a pílula, é claro, pois suas posições acerca de homossexualidade, celibato, ordenação de mulheres, aborto, camisinha e pílula serão as mesmíssimas do atual pontífice. Peter Turkson, o cardeal ganês, preenche todos esses requisitos, com o bônus de ser negro. Já tem neguinho por aí dizendo que ele defende a pena de morte para gays em Uganda, mas sua página na Wikipedia garante que não é bem assim: de fato, Turkson disse que "a intensidade da reação é proporcional à tradição", mas também que as sanções impostas por alguns países são exageradas. Ou seja: ele está mesmo no páreo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O JÂNIO DO VATICANO

Jânio Quadros renunciou à presidência da república em 1961. Sua abdicação foi prontamente aceita pelo Congresso, e acabou sendo o pontapé inicial da cadeia de eventos que desembocou no golpe de 64. Também entrou para a galeria da fama dos tiros que saíram pela culatra. A intenção de Jânio não era sair do Planalto: era voltar aclamado nos braços do povo, ainda mais poderoso do que antes. Essa história com mais de 50 anos se parece com a que está se desenrolando neste exato momento lá em Roma. Não, não estou dizendo que Bento 16 esteja pensando em recuperar o Trono de São Pedro. Mas estou cada vez mais convencido que essa renúncia papal, tão súbita e tão sem precedentes, não passa de uma manobra para manter o controle da Igreja nas mãos do grupo de Ratzinger. Quanto mais eu leio sobre o assunto, mais me dou conta de que Sua Majestade Satânica não está tão mal assim - certamente em muito melhores condições que seu antecessor, que a esta altura já tinha empacotado. Mas são enormes os indícios de que a Cúria está rachada, principalmente depois das revelações do tal mordomo no ano passado. Infelizmente, não são liberais e conservadores que se opõem: as duas facções são linha-dura. Mas agora Adolf I vai ter a oportunidade inédita de conduzir sua própria sucessão, influenciando os cardeais e tramando nos bastidores. Se a manobra der certo, ele não será mais o Jânio, e sim o Lula do Vaticano.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

MEU PERÍODO HOLANDÊS

Reza a lenda na minha família que o nosso "Goes" é de origem holandesa. Seríamos descendentes de funcionários ou soldados da Companhia das índias Ocidentais que vieram para o Nordeste com Maurício de Nassau, no século 17. De fato, existe uma cidade com este nome no sul da Holanda, e reza outra lenda que ela significa "ganso" em holandês arcaico. Mas nome e cidade também existem em Portugal, e não temos exatamente uma aparência nórdica. Só um exame de DNA poderá dizer. Enquanto fico na dúvida, me deleito com a história e a cultura dos Países Baixos. Estou lendo "The Island at the Center of the world", uma história super detalhada da colônia de Nova Amsterdam - que, depois de conquistada pelos ingleses, foi rebatizada de Nova York. O autor Russell Shorto defende que o espírito cosmopolita e tolerante dos holandeses já de quatro séculos atrás foi fundamental para a maior cidade americana se tornasse essa colisão de culturas que é hoje. Ele vai até mais longe: diz que, sem esse espírito, os Estados Unidos teriam nascido como uma teocracia puritana e seriam muito piores do que são hoje. O esplendor do império holandês durou pouco, mas um pedacinho dele pôde ser visto em São Paulo até hoje: é o quadro "Moça Azul Lendo uma Carta", a primeira obra de Vermeer jamais exposta no Brasil. A pintura está excursionando pelo mundo enqaunto sua casa, o Rijksmuseum, termina uma longa reforma (reabre em abril). Para quem acha pouco ir até o MASP para ver um quadro só, é bom saber que a exposição ocupa quatro salas que contam todo o contexto histórico e o meticuloso processo de restauração a que a "Moça" foi submetida. Está mas luminosa do que nunca, e provavelmente grávida. Olha, sou louco por Portugal, mas não ficaria chateado se fosse um pouquinho holandês também.

ARROTO DE CRUSH

Ed Sheeran estourou na Europa há quase dois anos, mas só fiquei sabendo da existência do rapaz depois que ele teve seu primeiro sucesso indicado ao Grammy de melhor canção. De cabelos vermelhíssimos e pele quase transparente de tão branca, esse inglês de 22 anos participou anteontem da cerimônia de entrega dos prêmios ao lado de seu padrinho Elton John, num dos momentos mais fofinhos da noite. Sua música soa como um arremedo do insuportável James Blunt - só que as letras são ácidas. A badalada "The A Team", por exemplo, fala de uma garota drogada que vive nas ruas e que de beautiful não tem nada. Agora, bonito mesmo é "+", o CD de estreia do ruivo. Não é nenhuma revolução, mas todas as faixas são boas. Vamos ver se a qualidade se mantém: Sheeran já foi cooptado pelo showbiz mainstream, e está escrevendo hits para luminares como Taylor Swift ou One Direction. Melhor consumir antes que vença o prazo de validade. Seu disco é um bom antídoto para o prugurundum desse carnaval esquisito, sequestrado por tragédias e pelo papa.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

NON HABEMUS PAPAM

Parece pegadinha. Sua Majestadde Satânica, o papa Adolf I, escolheu a segunda-feira de carnaval para anunciar sua renúncia. Fica no trono só até o final deste mês. Cansado e doente, diz que não tem mais forças para a missão. Talvez esteja querendo dar o exemplo. Insistiu muitas vezes que seu antecessor, que era ainda mais frágil e alquebrado, também renunciasse - mas foi em vão. Ratzinger será apenas o quarto papa a largar o osso por livre e espontânea vontade, e o primeiro desde 1415. Mas será que essa vontade foi tão livre e espontânea assim? Sinto frêmitos de prazer só de pensar que ele talvez tenha sido vítima de um complô no Vaticano, onde a intriga sempre foi o prato do dia. As delarações contraditórias daquele monsenhor na semana passada - primeiro apoiando os direitos dos gays, depois retirando o apoio - dão a entender que há um racha monumental nos bastidores da Igreja. Mas será que chegou mesmo a hora de uma correção de rumo? Lembro que, quando da eleição de Bento 16 em 2005, comentou-se que ele seria um papa de transição. Faria um pontificado curto, devido à sua idade já avançada, enquanto que seus pares discutiriam a relação e decidiriam o que querem ser quando crescer. Chegou a hora. Mês que vem teremos aquele ritual da fumacinha, aquela papagaiada toda. Será que a Santa Sé vai mostrar que se cansou de perder fiéis e entrar para o século 21? Não, não estou otimista.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

OLHA A COBRA


Hoje é o primeiro dia do ano da Serpente, o sexto signo do horóscopo chinês. Ando meio sem saco para a cultura chinesa: é graças a ela que os rinocerontes são dizimados na África, por causa das supostas qualidades afrodisíacas de seus chifres. Mas não resisti a postar este vídeo com Céline Dion participando de uma mega stravaganza em comemoração à data na CCTV, a TV estatal da China. Imagina, não foi nada, não precisa me agradecer. Engole esse choro, vai.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

BLONDE ADDICTION

"Deixe as Luzes Aceas" foi o filme de temática gay mais premiado de 2012. Faturou o troféu Teddy Bear do Festival de Berlim, fez sucesso em Sundance e ganhou ótimas críticas no mundo inteiro (inclusive esta aqui, assinada pelo meu chapa Raul Juste Lores no caderno "Ilustríssima" da Folha de São Paulo). Estreou em SP neste carnaval meio de sopetão, sem propaganda nem pré-estreia. Está em cartaz numa única sala e em só dois horários. Mas merece ser visto, pela crueza de sua história. Que é familiar para muitas bibas das grandes cidades: garoto conhece garoto no telefone da pegação, garoto come garoto, garoto se apaixona por garoto. Que é o próprio príncipe encantado - bonito, bem-sucedido, bem vestido - não fosse por um pequeno detalhe. É viciado em crack. E daí para frente o filme fala do vício desses dois louros, um pela droga e o outro pelo namorado. Nenhum consegue largar. O diretor Ira Sachs filmou um episódio de sua própria vida: o cineasta vivido pelo desinibido ator dinamarquês Thure Lindthard (que é hétero na vida real) é uma versão dele mesmo. Já o roteiro, co-assinado pelo brasileiro Mauricio Zacharias, é adaptado do livro do namorado junkie. Um amigo que leu disse que a barra pesa muito mais nas páginas do que na tela. De fato, o drogadicto do filme fuma crack durante quase dez anos e não perde um quilo, além de continuar com a pele macia e o cabelo sedoso. Isto me incomodou muito mais do que as barriguinhas da trama, mas nem por isto "Deixe as Luzes Acesas" deixa de ser um bom programa para quem não tiver disposição para encarar um bloco na chuva.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

POCOTÓ BURGER

Semana passada, os ingleses descobriram que a rede Burger King mistura carne de porco e de cavalo nos hamburgers que vende na ilha. Esta semana o escândalo foi maior: também tem cavalo morto no recheio de uma famosa marca de lasanha congelada. Foi engraçado ver a reação indignada de um apresentador da TV - this has got to stop! Enquanto isto, do outro lado do canal da Mancha, os franceses saboreiam sem culpa sua viande chevaline. Essa diferença cultural me fez pensar. Na verdade, os britânicos reagem como se tivessem encontrado carne de cachorro misturada em sua comida. Porque os pocotós gozam na Grã-Bretanha de um status semelhante ao dos totós: são companheiros domésticos, colegas de trabalho e símbolos de status. Na França, pelo jeito, nem tanto. Pois eu já comi cavalo e recomendo. A carne é magra e incrivelmente macia. Agora, cachorro, nem que me paguem.

DE FRENTE COM ADNET

Não sou jornalista. Sou colunista. Volta e meia tenho que explicar essa diferença para os acéfalos que me atacam no F5, cobrando "imparcialidade" - e isto porque no Brasil difundiu-se o mito que jornalista não pode emitir um fiapo sequer de opinião. Claro que, se essa opinião bater com a do leitor, tudo é perdoado... Mas enfim, tergiverso. O que eu quero dizer é que, apesar de sempre reiterar meu "colunismo", de vez em quando eu cometo "jornalices". Ano passado entrevistei Val Marchiori para a revista "Junior". E ontem fiquei quase uma hora pendurado ao telefone com Marcelo Adnet. Achei que seria bicolino chegar nele: afinal, foi meu irmão Zico quem o descobriu na MTV. Mas aí ele foi viajar, eu também fui, teve Natal, Réveillon, um contrato que parecia encalacrado e desencontros mil. Então finalmente rolou, mas a trabalheira não acabou: ainda tive que condensar em duas laudas o fluxo de consciência do moço, que fala e fala e fala. O resultado saiu hoje no F5. Sem revelações bombásticas, mas sincerinho. Pelo menos nenhum geneticista irá refutá-lo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

TOME ISTO! E MAIS ISTO!

Cara na poeira: depois do EPIC WIN de Eli Vieira sobre Silas Malafaia, hoje foi a vez de Maria Berenice Dias, a juíza mais fodona do Rio Grande do Sul, chamar o falso profeta na chincha. Ela desmonta, com a segurança de quem realmente entende de assunto, as falácias que o cramulhão vomitou sobre o PLC 122, e o convida a falar apenas de sua especialidade, a Bíblia - aquele livro que permite que um pai venda sua filha como escrava, ao mesmo tempo em que proíbe o uso de roupas de tecidos diferentes. Moral da história: Malafaia só convenceu a seus fanáticos. Está cada vez mais desmoralizado entre as pessoas que raciocinam.

LINGERIE DE TRANSIÇÃO

Do alto da minha ignorância, nunca desconfiei que mulheres transgênero tivessem problemas na hora de encontrar calcinhas e sutiãs adequados. Achei que no máximo elas fariam aquele truque manjado dos travestis: enfia as bolas para dentro, estica o pinto para baixo e voilà. Mas nos Estados Unidos já existe uma marca de lingerie voltada para esse público chamada Chrysalys - o nome em inglês do casulo onde a lagarta se transforma em borboleta. E o que é que as peças têm de diferente? Os sutiãs, por exemplo, vêm com bolsinhos para enchimentos de silicone. E as calcinhas são desenhadas de forma a esconder o "vênis", que é o termo usado pela marca para o bilau de suas clientes. Achei sensacional: sou a favor de tudo que deixe o mundo mais bonito e confortável.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

CURTA DE MONTÃO

Não faz muito tempo, o Oscar de melhor curta-metragem em animação era um mistério para boa parte da humanidade. Quase ninguém conseguia ver os filmes indicados - e isto numa categoria que, no passado, premiou ícones como Mickey Mouse ou Tom & Jerry. A verdade é que a animação era uma arte em extinção. Praticamente só se produzia para a TV, e com uma qualidade bem ruim. Os longas para os cinemas tinham cada vez menos repercussão. Mas então, no começo dos anos 90, uma série de fatores salvou os desenhos animados: o sucesso de "A Pequena Sereia" da Disney, o advento do Cartoon Network e, principalmente, os avanços da computação gráfica. Hoje, graças à internet, podemos nos deleitar com os candidatos deste ano. Dois deles ilustram este post. Aí embaixo, o lírico "Paperman" da Disney, exibido antes de "Detona Ralph" nos cinemas, mostra como o estilo 2D pode evoluir. E lá em cima, o delicioso "Fresh Guacamole", que lembra as experiências do canadense Norman McLaren nos anos 50. Seria o favorito ao prêmio, não fosse tão parecido com seu antecessor "Western Spaghetti", de quatro anos atrás. Mas dá para curtir, não dá?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

RULE BRITANNIA

A Câmara dos Comuns britânica acaba de aprovar o casamento igualitário para a Inglaterra e o País de Gales, por 400 votos a 175. A lei ainda precisa passar pela Câmara dos Lordes, mas isto ee mera formalidade. Emendas podem ser feitas e ainda tem uma certa burocracia até entrar em vigor, mas é mera questão de tempo. Mais um país entra para a constelação dos iluminados, e um país bem importante. O mais interessante é que o grande defensor da lei foi o primeiro-ministro David Cameron, do partido Conservador. Isto mesmo: con-ser-va-dor. Essa defesa rachou os tories, mas o resultado da votação mostra que mais de dois terços dos MPs ficou do lado para onde sopra o vento. E pensar que no Brasil um político de centro-esquerda como José Serra emporcalhou sua biografia ao se aliar ao Malafaia, o profeta das falsas estatísticas... Depois não sabe porque perdeu duas eleições seguidas. Ele que não me apareça pela frente.

DERROTA EM CRISTO

Ontem eu comentei aqui no blog que o resultado da entrevista de Marília Gabriela com Silas Malafaia seria neutro: os campos pró e contra ao representante de Satanás na Terra permaneceriam os mesmos. Agora estou começando achar que Gabi deu corda para Malafaia se enforcar. O "pastor" (põe aspas nisto) se enveredou a citar uma tonelada de dados pseudo-científicos, sem apresentar os estudos de onde tirou tantas estatísticas absurdas. Gritou inverdades, como se o simples fato de gritar tornasse-as verdadeiras. Gabi rebateu no que pôde: é leiga, mas bastante mais informada dos avanços da ciência do que o herege. Mas eis que ontem mesmo surgiu este vídeo no YouTube. Eli Vieira, um brasileiro que estuda biologia em Cambridge, se deu ao trabalho de desmontar ponto por ponto das canalhices inventadas que Malafaia urrou. Com tranquilidade e embasamento, ele demonstra por A + B que o líder da "igreja" Vitória em Cristo não faz a mais puta ideia do que está falando. É obrigação de todo gay, lésbica, simpatizante e parente assistir ao vídeo acima. Os religiosos também deveriam, mas duvido que o façam. Só que eles não têm mais como brandir argumentos da ciência contra a homossexualidade: o único caminho possível para justificarem seus preconceitos são os ditames de seu Deus, que aliás não existe.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

GOT ME LOOKING SO CRAZY RIGHT NOW

Como é que faltou luz durante 40 MINUTOS no maior evento da TV americana? Se isto acontece no Super Bowl, imagina na Copa! Pelo menos o apagão rendeu alguns tuítes hilários: teve até neguinho dizendo que estava mudando de canal para ver "Downton Abbey", porque lá ainda tinha eletricidade. E ainda bem que a Beyoncé saiu incólume. A negona simplesmente ahaseaux em seu show durante o intervalo. Terei forças para vê-la quando vier ao Brasil em setembro?

O MEU DEUS QUE TE PERDOE

Fiquei meio incomodado quando soube que Silas Malafaia, um dos representantes de Satanás na Terra, seria o entrevistado deste domingo no programa "De Frente com Gabi". Claro que há interesse jornalístico em saber o que se passa na mente infecta do Anticristo. Mas dar mais um palanque para ele escarrar seu ódio, e na segunda emissora de maior audiência do Brasil? Cheguei a temer pela performance de Marília Gabriela. Será que ela vai se ater à famigerada "imparcialidade", que na imprensa brasileira muitas vezes resvala para uma carta branca para o entrevistado falar o absurdo que quiser, sem a menor contestação? Ou vai encostá-lo contra a parede sem dó nem piedade?

Ufa. Que alívio. Gabi deu um show. Foi incisiva, inteligente, até bem-humorada. Com uma risada, conseguia desqualificar os absurdos que o "pastor" vomitava. Que foram muitos, como era de se esperar. Vestido como um bicheiro em dia de Sambódromo, Malafaia primeiro tentou desmoralizar a revista "Forbes", que recentemente o incluiu entre os religiosos mais ricos do mundo. Ele sabe muito bem que este é o maior calcanhar de Aquiles das igrejas neopentecostais: se a patuléia se der conta para onde vai o tão suado dízimo... Sempre com a voz exaltada, ameaçou "acabar" com a revista. Tudo para a plateia, claro. Não há a menor chance que isto aconteça.

Mas foi no segundo bloco que a conversa pegou fogo. Engraçado como esses fundamentalistas usam o nome da ciência quando acham que lhes convêm. "A genética não provou que alguém nasce homossexual", vociferou o herege, ignorando as últimas pesquisas. "A evolução é teoria porque não pode ser comprovada com a observação". Papo-aranha para convecer os desinformados: a evolução não é mais considerada "teoria" pela biologia há quase meio século. Há evidências demais, irrefutáveis. É só por pressão dos religiosos que a imprensa ainda a chama de "teoria".

Malafaia usa uma técnica consagrada de empulhação, que é gritar com convicção e denegrir seus adversários. Mas Gabi não se deixou intimidar. Rebateu quase todos os pontos com calma e precisão. O bicheiro de Deus tentava se esquivar aos berros, o que só expunha seu despreparo e sua má fé. Chegou a dizer que as igrejas evangélicas não são um bom negócio por que os obreiros ganham pouco - o que equivale a dizer que banco não dá dinheiro porque o salário dos caixas é baixo. Ainda falou que o islamismo é de "um radicalismo horroroso", colocando todos os muçulmanos no mesmo saco. O mesmíssimo tipo de generalização que os evangélicos dizem abominar.

Em termos práticos, a entrevista deve ter dado empate. Quem segue o Malafaia vibrou, quem odeia vai odiar ainda mais. Mas Marília Gabriela merece todos os aplausos. Não se manteve neutra e não se deixou enrolar. E ainda encerrou o programa com uma frase histórica quando o cramulhão desejou que "esse Deus que eu creio se revele cada vez mais a você". Gabi não pestanejou: "que o meu, que eu não sei se é o mesmo seu, te perdoe". S2 S2 S2 S2 S2.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

ROYAL LABEL BLACK

Jacki Weaver é a Fernanda Montenegro da Austrália. Com uma sólida carreira teatral naquele país, ficou conhecida nos Estados Unidos depois de ter sido indicada ao Oscar de atriz coadjuvante dois anos atrás, pelo filme "Animal Kingdom". Agora ela está no páreo novamente por seu papel em "O Lado Bom da Vida", mas não merecia. Seu papel é pequeno e ela faz pouco além de tentar controlar sua família maluca: tudo muito direitinho, nada além. A indicação de Jacki Weaver é só mais uma prova do poder absurdo que o produtor Harvey Weinstein exerce sobre os membros da Academia. Também é pra lá de discutível a presença de David O. Russell entre os cinco finalistas ao prêmio de melhor diretor. Isto não quer dizer que "O Lado Bom da Vida" seja ruim. É um filme agradabilíssimo, com roteiro inteligente e ótimas atuações. Mas não é uma obra de peso. Não entra para o panteão dos dramas familiares de que Hollywood tanto gosta, como "Kramer vs. Kramer" ou "Gente como a Gente". Se bem que trata de um tema cada vez mais presente nos dias de hoje: bipolaridade, instabilidade emocional, remédios tarja preta. O casal de protagonistas toma tantos antidepressivos que está na categoria nobre dos desajustados, os royal label black. Bradley Cooper vai deixar muita biba trantornada com seus olhos azuis, mas quem brilha mesmo é Jennifer Lawrence. Aos 22 anos, ela é um pouco jovem demais para o papel de uma viúva sofrida, mas traz tantas nuances para o personagem que já está oscarizada. Pobre Emmanuelle Riva, se ao menos tivesse nascido americana...

sábado, 2 de fevereiro de 2013

ÀS BARRICADAS

(Este é o primeiro post cantado da história deste blog. Pensei até em gravar um vídeo, mas fiquei com vergonhinha. Então, por favor, leia o texto abaixo com a melodia de "I Dreamed a Dream". Em voz alta.)

Ontem fui ver "Os Miseráveis"
E gostei como eu esperava
Achei os atores formidáveis
Mas a tela, apertada

O diretor vem da TV
Usa closes bem fechados
E é por isto que se vê
Até os poros dilatados

Mas Anne Hathaway está demais
Deu vontade de aplaudir
Ganha o Oscar e muito mais
É a melhor razão para ir

Quem não curte musical
Por favor fique calado
Eu não topo futebol
Portanto nem vou ao estádio

Sim, é longo e cansativo
E tem muita cena deprê
Mas o saldo é positivo
Vou comprar em DVD...

(soluços)           

Este vídeo pode ajudar na sua interpretação. É um apelo desesperado à Academia que está bombando na rede. Agora que Anne ganha mesmo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

LO QUE A MI ME VA MUCHO



Deus abençoe o iTunes. Demorei para me render à lojinha virtual da Apple, mas agora que aprendi o caminho das pedras, ninguém segura a loira. Minha última aquisição foi o espetacular álbum-solo de Juan Campodónico, integrante do coletivo Bajofondo - possivelmente minha banda favorita em toda a América Latina. Mas o som de "Campo" não se restringe ao tango eletrônico. Tem muita cumbia (como no clipe acima) misturada com temas eletrônicos e letras em inglês, além da participação do também uruguaio Jorge Drexler (no clipe abaixo). O disco está indicado ao Grammy na categoria "Latin Urban Alternative" e periga ganhar. Além de servir de aperitivo para o próximo trabalho do Bajofondo, "Presente", que sai em março.

LIBERDADE PARA AS BOLHAS DE GÁS

Outro dia vi numa vitrine um aparelho que faz refrigerante em casa, o tal do SodaStream. Achei a ideia interessante, mas inviável: o preço da geringonça era caríssimo, e quem é que vai ter saco para ficar comprando refill de sabores que não são exatamente aqueles que a gente adora? Mas nos Estados Unidos o SodaStream já está fazendo um estrago considerável. Tanto que este comercial aí acima iria veicular durante o intervalo do SuperBowl no próximo domingo, mas foi vetado pela rede CBS. Ataque desleal, alegou a emissora, e olha que nos EUA é super comum dar nome à concorrência na propaganda - muitíssimo mais do que por aqui. Claro que a verba deste anunciante nem se compara à de gigantes como a Coca ou a Pepsi, e adivinha com quem que a CBS quer ficar bem? Mas a própria estratégia adotada pelo Sodastream pode ser um sinal dos tempos: eles não dizem que são mais gostosos, mais práticos ou mais baratos. Fazem um apelo diretamente ecológico: economize garrafas. Pegará?