sábado, 12 de janeiro de 2013

ZAPEANDO PELO TEMPO

O exibidor brasileiro batizou "Cloud Atlas" de "A Viagem" para que os incautos pensem que o filme é sobre reencarnação. Não é: o tema na verdade são as conexões entre as pessoas do passado, presente e futuro, tão vago que poderia servir para a próxima Bienal de São Paulo. Os irmãos Wachowski (um deles agora na forma de Lana) se juntaram ao alemão Tom Twyker para produzir um catatau de três horas de duração, mais confuso do que complexo. Mas de encher os olhos e prender a respiração: não há um só momento monótono nas seis histórias entrelaçadas. Às vezes demorei para perceber que havíamos trocado de era, e é constante a sensação de estar vendo seis filmes ao mesmo tempo, como num zapping desembestado. As tramas vão do trágico (um jovem músico que comete suicídio) ao cômico (um senhor de idade que promove uma rebelião num asilo), passando por assuntos grandiloquentes como a escravidão e os crimes das grandes corporações, para culminar num mundo pós-apocalipse. Tom Hanks dá mostras de sua versatilidade e Jim Broadbent é sempre incrível de se ver, mas ninguém me encantou tanto como o jovem ator britânico Ben Whishaw. A direção de arte e os efeitos especiais são formidáveis, mas a maquiagem é incrivelmente irregular. Os atores envelhecidos não convencem, e menos ainda os que têm sua raça "trocada" (Halle Berry faz uma judia alemã, por exemplo). A mensagem se pretende profunda, mas se dilui em bobagens como uma tatuagem em forma de cometa que assinalaria os "escolhidos" (para quê?). "Cloud Atlas" saiu de mãos abanando do anúncio de indicações ao Oscar, e dá para entender por quê. Tudo nele é ambicioso e grandiloquente, e há muitas sequências interessantes - mas rigorosamente nada está entre os cinco melhores do ano. Hmm, talvez a música.

16 comentários:

  1. nao resisti dessa vez e joguei rebelizao no google... nunca pensei que seus errinhos propositais fossem capazes de me confundir...

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    1. Meus herrinhos não ção proposithays.

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    2. Vc errou e muito dizendo que a Halle nao convence como judia alema, por acaso vc acha que nao existem judias negras/morenas?

      Precisa ampliar seus conhecimentos my dear!

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    3. Judia alemã negra, com certeza houve poucas.

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  2. Vi ontem na estreia e no geral eu gostei muito do filme apesar de pelas criticas, já imaginar que ele teria algum furo. Dito e feito. o problema é que é tudo tao confuso que nao consegui captar a tal ligacao entre todas as historias além da Somni e do
    Sixmith(!?). Nao sei se por gostar de homem, mas os mais interessantes mesmo foram o Ben Whishaw e o Jim Sturgess (q gatinho ele tava de asiatico nao? ate o Tom Hanks achei atraente).((((spoiller))) Foi ótimo ver o beijo gay no início do filme e o murmurinho de alguns expectadores... enfim no geral eu gostei mas poderia ser melhor e até mais curto.

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  3. Eu gostei muito do filme como diversão, achei cada uma das histórias interessante e bem executada, e não dei importância à possível conexão entre elas. Não me preocupei em procurar pistas.

    Mas hoje encontrei um documento interessante na Internet, este Your Guide to the Characters and Connections of Cloud Atlas que explica tudinho. As explicações são no mínimo interessantes e me deixaram até com vontade de assistir ao filme uma segunda vez. TrueTrue.

    Segundo este guia os personagens feitos pelo mesmo ator são, sim, uma espécie de reencarnação que determina a viagem espiritual de cada um (a seção “soul journey” de cada “ator” explica como ele evoluiu).

    Mas o que eu mais gostei foi da seção “onscreen connections to other characters/story lines” que traz uma avalanche de detalhes sobre o filme que são quase imperceptíveis para o espectador. Pegando por exemplo somente os personagens interpretados pelo Tom Hanks, a gente descobre que na história que se passa na floresta em 2321 o personagem dele usa ao redor do pescoço as pedras azul turquesa do colete do personagem Adam Ewing de 1849. E quem diria que mansão do compositor feito por Jim Broadbent em 1936 é o mesmo lugar que se transformou no asilo do qual o personagem tenta fugir em 2012?

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  4. QUando o filme acabou, fiquei com uma pergunta na cabeça: "E?"

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  5. Eu vi o trailer e não consegui sequer entender qual a proposta do filme. Assim fica difícil sequer ter interesse em ver.

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  6. Um filme que você precisa ler uma reportagem depois para entender as conexões feitas só pode ter sérios problemas... Um filme tem que se bastar por si só, não pedir complementos.

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    1. Não concordo, são estes pequenos detalhes que deixam um filme mais interesante.

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    2. Pequenos detalhes é uma coisa: Como deixar final em aberto, cenas e diálogos aparentemente jogados na narrativa, montar um quebra cabeça intricado. Outra coisa é a confusão armada pelo trio de diretores que não conseguiram dar ao filme um formato adequado.

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    3. Mas que final em aberto? A ultima história da linha temporal tem um final, fica bastante claro na ultima cena que eles conseguiram sair da terra. Já as outras histórias estão ali para mostrar os acontecimentos que levaram ao estado da terra naquela data. E achei o formato adequado, sim, pois o livro contem as histórias separadas, mas dessa forma a pessoa ia montando o quebra-cabeças durante o filme, melhor do que um monte de historias separadas, não acha?

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    4. Eu não disse que o final desse filme ficou em aberto, pelo visto você não entendeu o que eu disse (me referi a finais em aberto e outras coisas como boas soluções para um filme). A forma de contar as histórias seria adequada se fosse bem feita, o que não é o caso. O filme é um desastre.

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  7. O filme é sobre reincarnação.

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  8. Sabe aquele filme que vc não sabe dizer se gostou ou não? Vc reconhece algum mérito (acho q. gostei de cda história individualmente), mas não consegue ficar satisfeita (a conexão entre elas me pareceu tão mal amarrada q. na maior do tempo me senti "sapeando" os canais da TV)... enfim, foi assim pra mim... achei perfeita a postagem e fiquei curiosa sobre o Guia do filme comentao acima por Luciano...

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