domingo, 20 de janeiro de 2013

SPAGHETTI NIGGERS

Claro que a esta altura da guerra o estilo de Quentin Tarantino já está incrustado nas nossas cabeças. Vamos ver um filme seu não só sabendo o que vem pela frente, mas batendo palminhas de contentamento: diálogos engraçadinhos, revisão histórica, sede de vingança, dezenas de mortes absurdamente violentas. "Django Livre" tem tudo isto, e vai ver que é por isto mesmo que eu saí ligeiramente decepcionado do cinema. Não há propriamente nenhuma surpresa, apesar de Tarantino se aventurar por um tema que é quase tabu em Hollywood - a escravidão. Há tão poucos títulos sobre este assunto que alguns intelectuais reclamaram: como é que uma sátira a este período tão, aham, negro, vem antes do grande épico coberto de Oscars que não foi feito até hoje? A melhor obra sobre a escravidão continua sendo a série "Roots", produzida nos anos 70. Ainda é o programa de TV de maior audiência de todos os tempos ns Estados Unidos, mas no cinema o público foge dos negros acorrentados. "Django Livre" também causou polêmica por causa do uso abundante do termo "nigger", o maior palavrão americano da atualidade, embora perfeitamente compatível com a época em que se passa a história. Mas para mim seu maior defeito é ser longo demais: a meia hora final é tão previsível que lembra uma paródia mal feita do próprio Tarantino. Pelo menos são muitas as qualidades, do uso de funks antigos e trilhas de spaghetti westerns ao trabalho excepcional do elenco. Christoph Waltz está ótimo como sempre, mas sua indicação ao Oscar de coadjuvante é meio injusta: ele está mais para co-protagonista, ao lado de Jamie Foxx. O injustiçado nesta categoria foi Samuel L. Jackson, repugnante como um mordomo puxa-saco que não hesita em ferir sua raça para garantir a própria sobrevivência. Agora fico intrigado com os próximos passos do diretor: depois dos filmes policias, de karatê, de guerra e faroestes, que gênero falta para ele desconstruir? Musicais! Tomara.

9 comentários:

  1. Tony concordo com você em tudo que falou sobre o filme, ainda falo mais o Tarantino vai ter que ser renovar nos próximos filmes , pois se não acontecer isso , já saberemos o começo o meio e o fim , mas o filme é bom o Samuel esta brilhante no filme eu como classe c, negro, homossexual e judeu ( o judeu é brincadeira ) fique pensando no preconceito internalizado e como isso prejudica tanto o nossos direitos de ter os mesmos direitos que uma parcela da população.

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    1. Realmente o Samuel está extraordinário no filme com um papel repugnante, e foi totalmente ignorado em todas as premiações. É impressão minha ou em Hollywood o Samuel é uma figura antipática?
      E uma puta falta de sacangem esquecerem do jamie tb. Ele, o Pauzão dele e o Christoph são os donos do filme!

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  2. Já o DiCaprio... a atuação mocoronga de sempre, parece teatro amador e ele é aquele que decorou o texto mas repete mecanicamente.

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  3. Só eu que achei o Calvin Candie, personagem do DiCaprio, um homossexual enrustido ?

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  4. Eu acho mesmo que o Tarantino devia fazer agora era um pornô, com todas as obsessões dele com os 70s, ia ser o máximo!!!! E lançar antes do filme de sexo explicito do Von Trier pra ensinar a ele como se faz. E o filme só reafirmou meu amor pelo Walz, pena q ela não tenha aproveitado esses ultimos anos e escolhidos projetos certos.

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  5. Próximos passos? Tarantino sempre trabalha com algum tipo de preconceito e massacres na história. Qual seria um bom tema, que garantiria a presença de muitos leitores do seu blog, que ser poderia recheado com todas as referências gays que ele ama, atuações brilhantes, trilha sonora protagonista, cenas de crueldade com final apoteótico? Stonewall. Só não sei se o tema está muito fresco e em voga para ele no momento.... ele gosta de não estar tão "na moda", ser mais "vintage". Mas fica aqui a ideia, os dedos cruzados e o desejo de ver isso no cinema, feito por ele.

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  6. Musical... Esse foi o desejo expressado pelo Nelson Motta n'O Estado de S. Paulo.

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  7. O mio babbino caro
    Existencialmente ele não se recuperou das pauladas do universo "straight outta compton"

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  8. Adorei Django..

    falta o Tarantino fazer um filme sobre extraterrestres...quem sabe vem ai ETs com pistolas a laser desintegrando terráqueos ou explodindo-os ao som de Nina Simone...Coisas de Tarantino!!!

    abração.

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