quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MARIAGE POUR TOUTES!

Outro dia, no post sobre a manifestação anti-gay em Paris, falei do lado feio da França: a xenofobia, a arrogância, o provincianismo. Mas bien sûr que há outro lado, luminoso como a capital do país. Este lado está lindamente ilustrado pela edição da revista "Elle" que chega amanhã às bancas francesas. "Casamento para Todas!", grita a chamada de capa, avisando que lá dentro há um editorial belíssimo com vestidos de noiva, alianças, maquiagem e penteados - tudo para a lésbica glamurosa a-ha-zar no dia de seu casório. Também há um carta ao leitor assinada pela editora Valérie Toranian (aqui, em francês) deixando claríssimo de que lado a revista está. Mas nem lá dentro da redação existe um consenso quanto à adoção ou a criação de filhos por casais do mesmo sexo. Valérie examina a surpreendente complexidade que a discussão alcançou na França:

"Este debate não opõe de maneira primária os antigos e os modernos, a direita e a esquerda, os homofóbicos e os progressistas: existem católicos gays e pró-casamento, psiquiatras tanto de esquerda como de direita ferozmente ligados à simbologia da diferença de sexos e a uma necessária alteridade de gêneros para qualquer criança potencial. Existem feministas que militam pela fertilização in vitro para as lésbicas, mas que recusam as barrigas de aluguel para os gays, pois são contra a mercantilização do corpo das mulheres. E outras militam pela regulamentação e remuneração das barrigas de aluguel".

Moda, beleza e discussão política: que outro país combina melhor tudo isto?

11 comentários:

  1. "A França é o único país do mundo onde, se acrescentarmos dez cidadãos a dez outros, faremos não uma adição, mas vinte divisões" (Pierre Daninos)

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  2. Assunto complexo para o Brasil. Casamento gay não pode enquanto a Globo não colocar nas novelas...rs. Barriga de Aluguel tb não da certo por que na ultima hora a cabocla contratada desiste...só na França se discute tudo com seriedade...rs

    Obrigado pela visita.

    Abração.

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    1. Já vem sendo admitida a conversão de união estável em casamento em diversos estados. Acho que o problema mesmo é que os gays, tão defensores da causa, conseguem os direitos e não vão adiante...cadê os contratos de união estável, minha gente? Porque ninguém faz nada? Por que não conheço ninguém que tenha ido tentar converter sua união estável em casamento judicialmente (algo já admitido em alguns estados)? Vamos lá, gente...agora registrem tudo!!

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    2. Existe, sim... O meu casamento civil ocorreu em março de 2012... Com direito a troca de sobrenome.

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  3. Bem cansativo esse amor pela Europa que muitos gays no Brasil fazem questão de revelar o tempo todo. Morei lá quase cinco anos e tive que voltar por causa da caótica e ridícula situação econômica. Parte desse período passei na França e sofri muito: pessoas arrogantes, custo de vida elevado, preconceito. Só penso em voltar para turismo, morar neste continente outra vez não dá

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    1. Uma a menas!, a Europa nao e' pra qq um!!!!

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    2. Acho que depende muito do país, Anônimo. O que você descreve é um traço muito forte da França, o qual não existe na Alemanha dessa forma, por exemplo. Aliás, a Alemanha é mais desenvolvida e mais aberta aos estrangeiros.

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    3. Que nao existe na Alemanha?! Pode ser que nao exista para nos latinos, mas vai ter sobrenome turco na Alemanha para ver o que se passa contigo na hora de encontrar emprego. Uma das coisas que mais me chocou foi ver segunda geração de turcos na minha universidade em Hamburgo falando alemão... com sotaque turco! Eu nunca vi isso aqui na França.

      Tendo vivido num e no outro, sinceramente eu chego a conclusão que sao dois modelos completamente diferentes de integraçao, os dois com varios problemas. Na Alemanha, você pode ser o que você quiser mas nunca sera considerado "alemao" por nao compartilhar os valores deles desde o berço. Na França, a pressão para ser assimilado, para adotar os valores franceses é muito mais forte, mas a partir do momento que você mostra que aprendeu a cultura deles, que você se "comporta como um francês", você vira um deles. Os franceses sao muito abertos, mas desde o momento que você mostra que respeita os códigos e a cultura deles.

      E finalmente, a Alemanha pode ser mais rica que a França, mas o sistema social francês dá de 10 à zero no alemao. Nao custa lembrar que o pais onde a desigualdade mais cresce no mundo é justamente o vizinho do outro lado do Reno. ;)

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  4. Sapas e moda não costumam andar juntas, mas valeu a iniciativa, Elle.

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  5. Belíssima publicação... não só da Elle, mas a sua tbém!!!

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