segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

EU SOU VOCÊ AMANHÃ

A boate estava abarrotada. O show começou: aplausos, gritos, alegria. Alguém soltou um rojão. As faíscas atingiram o teto e em poucos minutos o lugar inteiro estava em chamas. Morreram 194 pessoas - quase meia a centena a menos do que em Santa Maria. Ainda assim, a comoção provocada pelo incêndio da República Cromañon, na noite de 30 de dezembro de 2004, foi tão grande que a tragédia logo foi chamada de "11 de setembro da Argentina". Um trauma nacional parecido com o do naufrágio do Bateau Mouche no réveillon de 1988 para 89, quando o Brasil inteiro sentiu uma espécie de culpa coletiva. Mas a repercussão por lá foi ainda maior. Durante meses, rigorosamente todas as boates de Buenos Aires permaneceram fechadas, tivessem alvará ou não - já pensou no prejuízo? E uma autêntica caça às bruxas começou. Omar Chabán, o dono do cenário da tragédia, foi transformado em inimigo público número 1. Pegou 20 anos de cadeia, mas não sobrou só para ele. Também foram condenados o gerente, vários funcionários públicos e até mesmo os membros da banda Callejeros (até hoje se discute se foi um deles ou alguém da plateia que teria soltado o fatídico rojão). E as feridas seguem abertas, com direito a páginas no Facebook e manifestações esporádicas de parentes das vítimas.

Ontem a desgraça se repetiu, com ainda mais mortos e detalhes ainda mais horripilantes. É inacreditável pensar que, mesmo depois do incêndio da Cromañon, alguém ainda solte fogos de artifício em ambientes fechados. Aliás, bem mais do que soltar: a banda Gurizada Fandangueira usava tantos efeitos pirotécnicos em seus shows que é até de se admirar que o fogaréu não tenha acontecido antes. A culpa começa com eles, não resta a menor dúvida, mas não acaba. Empresários, seguranças, autoridades, todos têm a sua parcela. É um replay perverso do antigo "efeito Orloff", cujo nome foi inspirado por um comercial de vodka: nos anos 80, tudo o que acontecia na economia argentina, se repetia na brasileira pouco tempo depois. "Eu sou você amanhã". Quem se lembra?

Eu era adolescente quando arderam os edifícios Andraus e Joelma em São Paulo, e até hoje a imagem deles me persegue. Pois morreu ainda mais gente em Santa Maria... Morreu mais gente do que no desastre da TAM em Congonhas, no da Gol na Amazônia, no da Air France no Atlântico. Uma única família perdeu quatro de seus filhos - eu comecei a chorar quando vi a notícia na TV. Desculpe-me quem acredita nessas coisas, mas se Deus estava precisando de uma nova tropa de anjos, então porque Ele não vai tomar no cu?

Um acontecimento desses faz a gente se descontrolar. Quando recuperarmos a calma, é bom repensar um monte de coisas. As entradas e saídas das casas noturnas, por exemplo. Elas são feitas jutamente para controlar a circulação das pessoas a conta-gotas. E o sistema de pagamento por cartões, tão raro em outros países? É mesmo o melhor? Veja bem, não estou acusando ninguém. Mas temos que debater as alternativas e exigir o máximo de segurança desses lugares. De qualquer lugar. A responsabilidade também é nossa.

A resposta argentina ao incêndio da República Cromañon foi duríssima. A cultura penal dos nossos hermanos é bem mais dura do que a tupiniquim: lá ainda existe prisão perpétua, por exemplo. Por aqui, não só duvido que tanta gente seja condenada, quanto mais que cumpram penas significativas. Mas isto, sinceramente, agora é o de menos. A dor e o choque neste momento são incomensuráveis. Quando diminuírem, temos que fazer o possível para que esses horrores não se repitam e mudar até mesmo a nossa maneira de pensar. Caso contrário, aquela gurizada toda terá morrido em vão.

66 comentários:

  1. Aqui em Porto Alegre proprietários de estabelecimentos do bairro Cidade Baixa estão reunidos nesse momento com a prefeitura e os bombeiros para discutir planos de prevenção. A verdade é que a maioria das boates não tem saída de emergência, são bombas-relógio prestes a estourar.

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  2. Não seja um de nós depois. É terrível perder um filho, um irmão, um pai em um desastre desses. Perdi meu irmão muito amado em um dos desastres da TAM, ainda me lembro do dia como se fosse hoje. Como um telefonema me uniu àquela tragédia, dividiu minha vida entre antes e depois, e eu não tinha saída, não dava para fugir, nem, jamais, para me conformar. A dor é imidiata, avassaladora, e qualquer promessa é um gerúndio - o inquérito vai estar apurando, a justiça vai estar sendo feita, etc.
    Mas, no país do Andraus, do Joelma, dos acidentes da TAM e da GOL, do Bateau Mouche. A infâmia se repete. E assim será. Choro de indignação, e de saudades, até hoje. Até quando?

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    1. Também perdi alguém no acidente da TAM em Congonhas, minha amada mãe. Essa dor não tem fim. Revivi tudo agora de novo.
      Deus escreve certo por linhas tortas. Pena termos que viver esta escrita!
      Abç ao colega aí de cima.

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  3. rs...Menos Tony...Menos...Quem mora aqui sabem muito bem que a coisa não foi tao assim e os argentinos estão elogiando como estão resolvendo as coisas no Brasil.O presidente na época, Nestor, continuou suas ferias tranquilo! Um amigo disse que nem ambulância direito tinha, ou seja saíram colocando corpos em caminhão! A decisão de condenar somente veio agora! O dono pegou 10 anos e 9 meses de cadeia! Julgaram o recurso e a imediata prisão depois de 8 anos! E informe se direito pq a banda, los callejeros, era muito bem conhecida pelo uso de "bengalas" e incentivar o uso durante os shows! O que pegou quase 20 anos de prisão, na realidade 18, foi um integrante do grupo que matou e colocou fogo na esposa!

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  4. Eu estive em Buenos Aires a trabalho nada menos do que 10 vezes no primeiro semestre de 2005. Não havia outro assunto nos jornais e na TV. Até hoje o caso repercute: basta dar uma googlada.

    Os Callejeros foram asbolvidos num primeiro julgamento, mas depois julgados novamente e condenados. Das notícias que achei na internet, algumas falam em 11 anos de prisão para todos os membros da banda, outras em penas diferentes para cada um. O líder do grupo, "Pato" Fontanet, chegou a ser internado numa clínica psiquiátrica e hoje carrega o estigma de segundo maior culpado pela tragédia, depois de Omar Chabán, o dono da boate.

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    1. E, segundo o Jornal Nacional de hoje, segunda-feira, o prefeito de Buenos Aires perdeu o mandato devido ao Cromañon. E isso é algo que nós brasileiros não conhecemos e deveria ser normal: um prefeito, governador ou presidente demitido por incompetência administrativa?

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    2. Anônimo, os instrumentos existem...

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  5. Alguém lembra que os Mamonas Assassinos também fazia shows pirotécnicos em lugares fechados (Dinho cantava com DOIS sinalizadores girando nas suas costas).

    O Rammstein faz TODAS as suas performances com FOGO, labaredas mesmo (mas eles são alemães, vou confiar na precisão deles e no fato deles só tocarem em lugares abertos)

    Sim, é uma ideia de Jerico. Mas foi uma sucessão de erros de muita gente. A Fosfobox aqui que foi interditada por não ter banheiros masculinos e femininos separados (mas tem uma saíde de emergência no subsolo, no FUNDO da pista).

    Idem pra TWRJ que também tem uma parede inteira de saídas de emergência atrás da cabine do DJ e dos banheiros.

    E Nautillus/Espaço Marun também ficou interditada um tempo. A casa funciona num sobrado e não tinha saída de emergência. A pista perdeu um espação, mas o dono foi obrigado a construir uma escada de emergência de segurança da pista pro térreo.

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    1. A saída de emergência da Fosfobox no andar superior dá para uma área externa de fumantes...que é gradeada.

      A saída externa do Galeria Café, que antes dava pra rua, dá pra área de fumantes que também é uma jaulinha.

      Vários exemplos de lugares que até foram projetados com alguma segurança, mas que foram alterados mesmo e "dane-se"...

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    2. Então denunciem! 1746 no Rio de Janeiro!
      F*da-se o denuncismo entre os donos de boates. A segurança do público vem em primeiro lugar.

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    3. O Rammstein toca em lugares fechados também, Daniel... em 2010 tocou no Via Funchal usando todos os dispositivos pirotécnicos possíveis... deixaram de usar alguns efeitos e diminuíram outros pois eles adequaram a apresentação às condições que o local disponibilizava. Existiu todo um estudo, análise e preparação para o show. Todos os membros da banda (inclusive o STAFF) tem por obrigação conhecimentos específicos sobre pirotecnia e segurança e além disso, a brigada de incêndio estava no espaço entre a banda e a audiência prontos para entrar em ação, caso fosse necessário. Agora pergunto: Será que a tal da gurizada tinha um décimo sequer da preparação dos alemães? Pra concluir, penso da seguinte maneira: "Se quer fazer alguma coisa, faça direito e sabendo o que está fazendo."

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    4. Então, melhor assim. A banda adotou este nome justo por causa de um desastre aéreo numa base americana na cidade de Ramstein.

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  6. Quando voce recuperar a calma, reveja o seu texto e tire-o do ar. Mandar Deus tomar no cu é de uma infantilidade atroz. Só ofende a quem acredita Nele.

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    1. Eu mando Deus tomar no cu! Quem vai me processar? Zeus?

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    2. Mandou Deus tomar no cu e Ele ainda disse 'Não me venha com gulozeimas!'.

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    3. É muito terapéutico mandar Deus tomar no cu assim num blog, sair em monitores coloridos por todo o Brasil.

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    4. NÃO NOMEEI VOCÊ MEU PORTA VOZ! Fale por você. Não me ofendeu em nada e eu acredito em Deus.

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    5. 'Se Deus estava precisando de uma nova tropa de anjos, então porque Ele não vai tomar no cu?'
      Só vc pra fazer a gente rir no meio de tanta tristeza!
      Como é que eu faço pra que meus comentários não saiam como anônimo? Acho a publicação um tanto confusa.

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  7. a lei n foi cumprida. mas quem cumpre integralmente? Realmente, foi assutador, mas uma fatalidade. O número de vitimas foi enorme, mas ainda me doem o assassinato de joao helio e da isabela nardoni.

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    1. Ninguém cumpre porque que ninguém fiscaliza como deveria ser fiscalizado.

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  8. Queria escrever qualquer coisa do tipo "o tempo cura tudo", mas não, o tempo não cura nem ameniza nada, o tempo só faz a dor e a tristeza e a revolta aumentarem cada dia mais. Dor pela saudade de quem se foi tão cedo e revolta pela impunidade que impera nesse país.
    Em 2011, perdi minha prima mais querida, que era filha única e tinha só 27 anos. Ela foi atingida na calçada por um mauricinho em altíssima velocidade, que fugiu sem prestar socorro, é claro. Ela era bailarina, professora e estava noiva. O cara, o assassino, continua livre, leve e solto, curtindo a vida numa boa. Minha família foi destruída para sempre. Então eu sei por experiência própria que não há palavras para consolar essas mães e esses pais que tiveram seus filhos mortos na boate de Santa Maria. Esse tipo de tragédia divide a vida da gente em antes e depois. É um abismo incontornável. Um poço do qual só emergimos mutilados.

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  9. Por favor, reveja o seu texto. Aquele trecho em que você se refere a Deus é de muito mau gosto independente da crença que cada um tenha.

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    1. Não. Eu pedi desculpas a quem acredita, mas não revejo não. Ele traduz como eu me sinto hoje.

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    2. Eu acho que Tony tem o direito de se expressar como deve, independente de religião. Eu sou ateu, porém respeito a crença de todo mundo como também gosto que minha falta de crença seja respeitada. E assino embaixo nos dizeres de Tony.

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    3. Essa merda de educação cristã, baseada em medo, temor e culpa. .. se esse deus, em q vcs tanto acreditam, for esse FDP... quem precisa de demônio ?

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    4. Se quem é ateu tem de respeitar a crença dos outros, porque os religiosos não têm de respeitar a posição dos ateus?

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  10. Só resta uma tristeza, enorme, infinita.

    Eu fiquei pensando o dia inteiro: "e se isso.... " , "e se aquilo.....", e em cada um tentando imaginar quantas pessoas teriam se salvado.

    Tony, 230 pessoas é gente DEMAIS.

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  11. O Brasil só está em choque pois essa fatalidade aconteceu no sul, só morreu gente linda, branca, olhos claros.... Queria ver se o mesmo acontecesse em Recife e morresse 230 jovens de lá ( eita povo horroroso).

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    1. Tony deveria deletar a mensagem acima pelo conteúdo preconceituoso.

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    2. Pois na verdade eu acho que ele atingiu um nervo. Será que estaríamos tão chocados assim se o incêndio tivesse sido numa favela? Se só tivessem morrido negros? Não estou dizendo que não nos chocaríamos, mas estaríamos TÃO chocados? A se pensar.

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    3. Nervo ? só se for o da idiotice.

      Talvez para você, por ser insensível ás tragédias - independente da classe social ou da "beleza".

      Continua sendo preconceituoso.

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    4. Você está entendendo o que está sendo dito? Estamos suspeitando de que nós mesmos somos racistas. Esta suspeita em si não é preconceituosa: o objeto dela é que é o preconceito em si.

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    5. O comentário continua preconceituoso e certamente errôneo duplamente - tanto no fato que as pessoas não se sentiriam chocadas caso fossem de Recife e que as pessoas de lá são horrorosas.

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    6. Não concordo mesmo com essa idéia de que se fossem jovens do Recife ou da Paraíba seria menor a comoção no país. Só se for em São Paulo e Curitiba que se pensa assim.

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    7. Acho o comentário do Anônimo ai de cima , preconceituoso sim. Entretanto , A questão não é se houivesse ocorrido no Recife ou em outro lugar, puxando na memória , basta lembrar a propaganda da midia , alguns anos atrás ,quando teve a enchente em Santa Catarina , e logo em seguida acho q no Pará , se não me engano. A de SC , veio primeiro , a outra veio depois. Para a primeira , mandaram até caminhão com quentinhas e a comida apodreceu pq não tinha gente hábil para auxiliar na logistica. Para os segundos , a midia , já tinha a sua desgraça , faltou tudo, e a própria dimensão e locomoção no país , atrapalha. E não houve mobilização para ir voluntários para lá. Acho q mais do que preconceito , é como o próprio país se enxerga. Q com certeza , não é com uma pele q não seja branca. vc trabalha com propaganda , entende estas questões de distância , e de auto reconhecimento , muito mais do q eu. Porém , eu acho q estariamos chocados sim , caso houvesse ocorrido numa favela , basta verificar as reações q teve os últimos desastres em favelas aqui no RJ. A quantidade de gente , as imagens, sempre vai assustar.
      E caro Tony , apesar de gostar do q vc escreve, e penso q vc deva ser um cara legal , o seu comentário :" Você está entendendo o que está sendo dito? Estamos suspeitando de que nós mesmos somos racistas. Esta suspeita em si não é preconceituosa: o objeto dela é que é o preconceito em si." é um pouco infeliz. pois me parece um ato falho e que está a entregar um suposto preconceito seu.
      De qualquer jeito , foi uma desgraça fudida , e poderia ocorrer com qualquer um q frequente locais de diversão. Uma sauna , um shoping , uma boate.

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    8. Eu escrevi a resposta num rompante e me esqueci que o primeiro anônimo (custava vocês inventarem uns apelidos?) terminava seu comentário com um "eita povo horroroso". Isto é preconceito, óbvio. Ato falho meu, sim.

      Mas o ponto por ele levantado me fez pensar: se fosse uma favela majoritariamente negra que tivesse perecido num incêndio, haveria essa comoção nas redes sociais? Esta é uma pergunta válida.

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    9. Aliás, toda uma corrente de solidariedade pelas vítimas, com doação de pele até do exterior, equipamentos de saúde do RJ, sangue, etc...

      Em Xerém, o preço da água subiu depois da chuva que arrasou o distrito.

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    10. Se por um lado existe o pensamento de São Paulo/Curitiba que vê o Nordeste como um lugar fodido, com gente feia, totalmente periférico, e que vive de Bolsa Família, por outro não deixa de ser verdade que a questão de ter sido no sul-de-olhos-azuis muda um pouco a abordagem. É o "Sul maravilha", onde isso supostamente não deveria acontecer devido ao IDH mais alto. Pois é, aconteceu. Assim como Porto Alegre tem o presídio mais superlotado do Brasil, o que já chamou atenção de várias entidades internacionais. Também não deveria existir, né? Gaúchos, baixem a bola e trabalhem nos seus problemas, assim como também trabalharemos nos nossos.

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    11. A resposta pra isso é simples. Pelo número de vítimas sim, haveria a mesma comoção. Talvez com mais daquelas piadinhas horríveis de redes sociais, talvez com mais julgamentos morais. Mas há o caso que aconteceu na Bahia e foi apontado como tapa de luva de pelica pelo deputado Jean Wyllys, sobre uma fábrica de fogos de artifícios que explodiu e matou mais de 60 mulheres e nunca veio a tona nacionalmente.
      Com o número de possíveis 20 mortes em Santa Maria, o Estadão já fazia cobertura do caso na primeira página de seu site. Acho que isso ilustra bem a situação. Então a resposta tem dois gumes. Um número de mortes tão alto como em Santa Maria, causaria comoção nacional da mesma forma. Mas se ocorresse um caso com 60 mortes em uma fábrica no Nordeste e o mesmo n° de vítimas em uma casa noturna no Sul... bem, acho que já temos a resposta.

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    12. Eu não tenho dúvida de que se a tragédia fosse no nordeste a comoção seria a mesma! Levantar a hipótese de que não o seria é que revela preconceito!

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  12. Para os xiitas das religiões, pitbuls das "fé", o texto do Tony esta longe de ser uma blasfêmia ou um ataque a qualquer crença ou religião. Não mudem o foco do holofote, esse buraco é outro e bem mais embaixo!

    O que ofende a vocês não passa apenas de um desabafo do tipo: "cadê Você nessas horas?".

    Tenho fé, não levanto placa de religião nenhuma e nas minhas orações e intimidade com D'us questionei o porquê como qualquer ser humano com um mínimo de sangue nas veias faria naturalmente.

    Parem de tratar D'us como um mauricinho mimado e como se Ele nao soubesse o que se passa nas áreas dos nossos pensamentos que até mesmo nós desconhecemos.

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  13. O acidente não foi uma fatalidade.
    Foi o fruto da soma fatores/falhas - corriqueiras em praticamente todas as boites desse país:
    empresários gananciosos que não se preocupam com a segurança, capacidades excedidas, locais sem sinalização adequada, sem extintores apropriados, sem brigada de incendio treinada, sem saidas de emergência em número suficiente, vistorias falhas e falsas...
    O maior culpado é o proprietário do estabelecimento seguido pelos orgãos públicos responsavéis pela fiscalização.

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    1. Muito mais do que essa marxista expressão 'empresários gananciosos' trata-se de uma nação frouxa, em que funcionários públicos não funcionam, prefeitos e governadores nomeiam parentes e bandidos da pior espécie querem ser presidentes do Senado e Câmara. E o povo? Porra nenhuma.

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    2. Anônimo, para de ler a Veja, please. Ridículo tudo que você diz. Desde 1988 o funcionalismo público no Brasil melhorou muito, não fala besteira. E para de jogar tudo pro Senado e a Câmara. O Brasil é muito melhor do que você acha que é. E para de ler Olavo de Carvalho e ver socialismo em tudo. O que o cara disse foi verdadeiro...muitas vezes a ganância vem antes da segurança. Chega de babaquice, pf.

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  14. a lógica dos crentes: "graças a deus fulano escapou com vida". E os 230 que morreram, foi graças a quem, então?

    deus, vai tomar no cu! :)

    ivan

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  15. Um amigo, ateu como eu, compartilhou no face tuítes nefastos de cristãos logo após a tragédia. Eram coisas como, num nível mais brando, "se essas pessoas tivessem aceitado jesus em suas vidas, isso não teria acontecido" ou, num nível de crueldade absurdo "em vez de dormirem cedo pra irem trabalhar no dia seguinte, esses hereges foram dançar e encher a cara, pois agora irão dançar no inferno com o capetinha espetando eles com seu garfo".
    O que é isso, minha gente? Então alegria agora tbm é pecado? Cadê a compaixão dessas pessoas? Será que não há um mínimo de empatia por esses jovens de vinte e poucos anos que perderam suas vidas de forma tão estúpida? Será que não há uma gota de solidariedade em relação aos parentes e amigos que perderam alguém nessa tragédia ridícula?
    Esses religiosos vivem em tamanha frustração que conseguem se regozijar frente a um acontecimento desses pelo simples fato de ACHAREM que isso corrobora que a vida de merda deles tá valendo a pena, já que pra essa gente o que aconteceu foi um castigo divino pra aqueles jovens que viviam em pecado e que eles, por renunciarem a tais tentações, foram poupados. Imagina o que essa gente não ia dizer se a boate de Santa Maria fosse uma boate gay...
    Não sei se um dia essas pessoas finalmente se darão conta de que, independentemente do que vc acredita ou deixa de acreditar, são suas atitudes que determinam se vc é bom ou não, se tem caráter ou não...
    Quanto a mim, dominei meu asco e meu ímpeto de mostrar ao mundo tamanho absurdo e ignorei a publicação do meu amigo. Não ia ser eu o responsável por fazer com que parentes e amigos das vítimas, em meio a tanta dor, tivessem ainda que ler esses absurdos de uma gentinha que não tem absolutamente NADA no coração, a não ser frustração, rancor e ódio.

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    1. Igor, a sua grande vingança é que Ele não existe.

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    2. Eu também vi esses posts e tuítes a que vc se refere. Não sei o que me indignou mais: a tragédia em si ou a crueldade desses 'cristãos'. E tb não pude deixar de pensar nos orgasmos múltiplos que eles teriam se tivesse sido uma boate gay.

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  16. Pessoal, não misturem as coisas. Tragédias como essas (com muitas mortes) sempre ocorreram e vão continuar ocorrendo enquanto houver a inabalável e absoluta força da natureza e as lamentáveis ignorância e incompetência humanas (aplicável a este caso). Faz parte da vida!

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    1. Pois é, contra as forças da natureza pouco se pode fazer mas contra as incompetências humanas é possível.
      Talvez por isso essa tragédia seja tão difícil de aceitar.

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  17. Prisão perpétua e penas duras não resolvem o problema. A questão é aplicar as penas. No Brasil, temos a 4ª maior população carcerária do mundo. Ou seja, impunidade é um mito inventado pela imprensa, e que só é verdadeiro em certos casos...geralmente envolvendo gente rica.

    Basicamente isso.

    A questão é colocar nossas leis em prática, e tornar os nossos presídios eficientes. Enjaular todo mundo, sem trabalho (interno) e e sem educação (interna) = gasto de dinheiro público para retorno nenhum, ou até mesmo retorno pior, já que muitos saem desses presídios pior do que entraram. Espero que as PPPs que andam rolando, como a de BH, tão veiculada na imprensa, mudem o cenário prisional brasileiro (vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ovIvi7j0X-Q ).

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  18. Tristemente verdadeiro, Tony. Nada do que se fará ou dirá pode reduzir a dor de quem perdeu uma pessoa querida nesse horror que aconteceu em Santa Maria. Um grande esforço deve ser feito, portanto, para que os lugares de diversão sejam devidamente fiscalizados e instalem o que for preciso para garantir a segurança das pessoas. A dimensão da tragédia aumenta na mesma proporção a visibilidade do problema. Mas tudo isso será inútil e pouco mais do que gerador de audiência imediata para as mídias jornalísticas se elas mesmas e todo o resto da sociedade não se preocuparem em saber a quantas anda a segurança dos lugares coletivos de lazer.

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  19. Você atribui a culpa do acidente às pessoas (show com fogos, poucas saídas de segurança, extintores que não funcionam) e ainda sim responsabiliza Deus e ainda usa uma expressão feia. Sei lá, às vezes acho que você coloca certas frases nos seus textos só pra chamar atenção mesmo, só pra dar um ibope, afinal, se vc acha que a responsabilidade é das pessoas pra que xingar Deus?

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    1. Porque eu quero muito acreditar n'Ele.

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    2. Para acreditar n'Ele você precisa conhece-lo.

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    3. Deus fala:
      João 6:37b
      O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
      Ele já esta cm você..
      basta você querer.

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    4. Tony , tinha me prometido q não ia escrever mais como anônimo , porém , a questão de deus , é surreal. Caso ele exista , sua própria função exige q ele seja indiferente, ou estaremos sempre em desvantagens , pois o cidadão em questão , será apenas um ser caprichoso.
      ps. a partir de agora , vou assinar.
      militar gordinho , meu heterônimo habitual. Abs

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  20. E com tragédias como essa fica difícil, né? Onde estava o onipotente nessa hora...Parabéns pelo texto e pela coragem de mandar o Todo Poderoso tomar no cú...

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  21. moro no interior de sao paulo , e tenho um restaurante quando meu contador foi dar entrada no alvara e eu fiquei sabendo das medidas de segurança tais como extintor de incendio gás encanado exaustor e cia cia achei tudo muito exageiro agora vendo essa tragedia lamento pelas autoridades de santa maria nao serem iguais a s de americana, mesmo assim fico estantado a ver como é facil burlar essas regras é comum ver baladas aqui com varias saidas de emergencia com o pequeno detalhe das correntes e cadeados .

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  22. Sim, acho que se fosse uma boate gay a reação não seria a mesma. E se preparem, no Centro no Rio de Janeiro existe a Sauna Meio Mundo (depois que fui lá só chamdo de "Fim-do-Mundo") num prédio antiguíssimo, com três andares muito mal conservados e com certeza com alvarás conseguidos por propina. A capacidade às segundas é inacreditável para um lugar tão pequeno e a frequência majoritariamente idosa. Anotem aí: é uma questão de tempo!

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  23. ai que medo, ontem mesmo pensei na Fim-do-mundo e o que eu faria se estivesse lá num incêndio, que horror! Tomara que os proprietários agora tomem providências.

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