segunda-feira, 27 de junho de 2011

SAFARI SILENCIOSO

Agora que estou de novo em Manaus posso contar com luxo de detalhes como foram os três dias no Mamirauá. Aquilo lá não é um parque nacional, é uma reserva de desenvolvimento sustentável. Tem gente morando lá dentro. Mas o Instituto Mamirauá, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, quer garantir que esta população melhore sua qualidade de vida sem destruir a floresta. O que nasceu como uma área de proteção para o macaco uacari, que só existe lá, é hoje um projeto de conservação ambiental de repercussão internacional. E a Pousada Uacari serve como fonte de renda. Mas não é um hotel comum. É um "lodge" para ecoturistas, com algo de colégio interno. A guia acorda os hóspedes às seis e meia da manhã. Antes das oito, nessa época de cheia, já estamos em canoas rumo ao interior dos igapós, as matas alagadas. O almoço é servido por volta do meio dia e meia, e não há carne vermelha no cardápio - por razões práticas, não filosóficas. Depois, mais passeio de canoa, e depois do jantar, que sai às sete e meia, é exibido um documentário ou uma palestra com pesquisadores do boto cor de rosa. Às dez e pouco já está todo mundo desmaiado na cama. Só faltou ter chamada oral, né?

São apenas 10 quartos, espalhados por cinco cabanas. Todos têm terraço com rede e banheiro privativo. Com água quente, que eu nem cheguei a usar por causa do calor. Mas não tem ar condicionado nem ventilador de teto: só ventiladorezinhos na cabeceira das camas, que nem ligamos. Dormimos com os mosquiteiros em volta das camas, mas não havia mosquitos dentro do quarto (já lá fora, ao entradecer...). TV? Quáquáquá. Mas também não faz falta, porque a grande atração é mesmo o programa ao vivo do Animal Planet que se desenrola à nossa frente. Vi todos os bichos possíveis, menos a onça, que na cheia vai para lugares mais altos. O resto, todos: do boto cor-de-rosa à cigana, um pássaro tão antigo que lembra o arqueoptérix. A canoa desliza em silêncio pelo igapó e paramos toda vez que o guia desconfia que há algo interessante por perto. Ninguém pode dar um pio, o que só aumenta nossa percepção dos barulhos da floresta. O mais impressionante de todos é o ronco dos guaribas, ou bugios, que lembra um trovão feroz na distância. Há momentos chatos? Sim, tem horas em que não aparece nada. A vida real não é brinquedo da Disney, com os bichos desfilando uns atrás dos outros. Mas é uma experiência única, impressionante e maravilhosa. Saí do Mamirauá com a sensação de ter visitado outro planeta. E com vontade de gritar como os militares da Amazônia se saúdam: "selva!"

5 comentários:

  1. Mudando de assunto... Tony, agora você vai casar? Escreve um post sobre esse assunto e sobre os comentários da "atriz" Myrian Rios.

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  2. Eu não conseguiria fazer esse tipo de viagem. Pra mim, o máximo que eu tolero é um hotel-fazenda e olhe lá.

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  3. HAHA HUHU A AMAZONIA É NOSSA. LINDO DEMAIS.VC MERECE UM DESCANSO,SEMPRE ME TRAZ ALEGRIAS COM SEU BLOG, QUE VC POSSA VIR RENOVANO DE SUA VIAGEM.

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  4. Papai Urso do Interior28 de junho de 2011 às 13:20

    Foi muito pitoresco o lance do silencio (não vamos deixar os bichinhos estressados), mas isso não é vida. Desenvolvimento sustentável só é bom mesmo pra bicho, para comunidades ribeirinhas é a certeza de que nada evolua. Cai feito ṕatinho no papo de Marina Silva por anos e anos, hoje a odeio por me fazer acreditar numa utopia ridícula, enquanto ela gira mundo como personalidade internacional pregando mentiras convenientes pra ascensão política dela (ah não bastasse ser ecochata é tb evangélica = ojeriza ao cubo). Graças Deus vc voltou pra luz, Tony, rsrsrs.

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