quinta-feira, 31 de março de 2011

JÁ FEZ O BOLSONARO?

Estou adorando a mini-polêmica Bolsonara X Boçalnaro, provocada pelo post logo abaixo. O fato é que é divertido pensar em maneiras de expor a nobre deputada ainda mais ao ridículo. Algumas pessoas estão levando um pouco a sério, dizendo que devemos chamá-lo pelo que ele realmente é: fascista, racista, homofóbico, etc. Pois eu digo que rir é o melhor remédio, e se for humor sujo, melhor ainda. Um outro leitor sugeriu que seguíssemos o Dan Savage ainda mais de perto e batizássemos alguma coisa asquerosa com o nome do deputado. Foi então que meu marido Oscar deu a seguinte ideia: por que não tornar "bolsonaro" um sinônimo da boa e velha xuca? Perfeito! Olha só como tudo se encaixa: "fazer o bolsonaro" é expelir tudo que é merda e deixar o koo limpinho e cheiroso, pronto para ser penetradíssimo. Tenho frêmitos de prazer só de imaginar a reação da deps (olha a íntima) ao saber o novo significado de seu nome. E quem tiver outras ideias, vai mandando que serão bem-vindas.

SANTORUM E BOLSONARA

Em 2003, o senador americano Rick Santorum (republicano, evidentemente) comparou o casamento gay à bestialidade e à pedofilia. Disse que, se os homossexuais fossem autorizados a se casar entre si, logo o casamento entre humanos e animais também seria legalizado. Foi então que meu ídolo Dan Davage reagiu. Para quem não sabe, ele tem uma coluna de conselhos eróticos e amorosos chamada “Savage Love” absolutamente genial – e que serve de inspiração à “Pergunte ao Amigo Gay”, que eu assino na revista “Women’s Health”. Também é o criador, junto com seu marido, da campanha anti-bullying “It Gets Better”, de repercussão mundial. Enfim, voltando ao Santorum: o colunista, ultrajado com as declarações do senador, propôs um concurso aos leitores. “Vamos batizar de ‘Santorum’ alguma prática sexual bizarra, ou algo especialmente nojento que ainda não tenha nome”. O vencedor foi “aquela mistura espumosa de lubrificante e matéria fecal que às vezes é um sub-produto do sexo anal”. Genial! Savage então criou um blog, “Spreading Santorum”, e pediu relatos de experiências com a tal substância. Resultado: até hoje, quando se googla “Santorum”, o primeiro da lista é justamente o tal do blog. E o termo pegou de tal maneira que contribuiu para a não-reeleição de Santorum em 2006. Agora o ex-senador ameaça se candidatar à presidência dos EUA no ano que vem, mas alguns analistas garantem que ele não tem a menor chance – o santorum que grudou nele há oito anos ainda fede.

Eu imito o Dan Savage em tudo que posso, então quero propor algo semelhante em relação ao Jair Bolsonaro. Como quase todo homofóbico raivoso, é bastante provável que Bolsonaro esteja lutando contra fortíssimos impulsos homossexuais. Alguns dos maiores inimigos da causa gay se revelaram bichas enrustidas, que combatiam nos outros o que não conseguiam reprimir em si mesmas. Não me espantaria se o nobre deputado fosse flagrado no banheiro da rodoviária. Por isto, vou ajudá-lo a sair do armário e a abraçar toda sua rica sexualidade. De agora em diante, só vou me referir a ele aqui no blog como “Bolsonara”, assim como só chamo o papa de “Adolf I”. Ninguém é obrigado a me seguir, mas já pensou se a moda pega? Na blogosfera, no Twitter, na linguagem do dia-a-dia, todo mundo falando “Bolsonara”? Não manjo picas de Photoshop, então serei eternamente grato se alguém produzir uma imagem do brucutu devidamente montado e maquiado. Bolsonara, seus filhos e sua ideologia repulsiva de extrema-direita merecem todo o escárnio possível. Vamos aproveitar que vivemos numa democracia – a mesma que permite que ele professe sandices – e colar um santorum neles.

ATUALIZAÇÃO: Algumas pessoas comentaram que estou reforçando o preconceito ao apelidar o deputado de "Bolsonara". Entendo o raciocínio, mas, no meu universo pessoal, chamar alguém de "viado" é tão grave quanto chamar de "louro" ou "alto". São características, nem boas nem ruins por si só. Mas claro que o deputado acha que é a a ofensa das ofensas. E queria ressaltar muito a possibilidade dele ser gay enrustido, para provocá-lo ainda mais. Mas "Boçalnaro", como já vem rolando pela internet, também é ótimo, e não tem esse aspecto controverso de "Bolsanara". Mas não tem aquela pimentinha de "Santorum"... O que meu distinto leitorado acha? Insisto no "Bolsanara", ou adoto o "Boçalnaro", que já tem vida própria? Ou alguém tem uma sugestão realmente imunda e engraçada?

quarta-feira, 30 de março de 2011

CONFISSÕES DE UM EX-BBB

E agora, o que vou fazer da minha vida? Passei quase três meses ligado à "nave BBB" (eita apelido cafona). Perdi jantares com amigos, fui pouco ao cinema, minha vida social se reduziu ao mínimo. A obrigação de entregar uma coluna diariamente me obcecou: precisava ser engraçada e pertinente, e precisava ser enviada a tempo. Fiz três viagens durante o "reality" que me impediram de assisti-lo: Cidade do México, Buenos Aires e o cruzeiro "Freedom on Board". A TV da cabine do navio não pegava Globo, que tal? Mas graças ao bom Deus que existe a internet. Pude acompanhar o jogo pelos sites da Globo, do UOL e da própria "Folha", e algumas das minhas colunas com maior repercussão foram escritas - suprema revelação! - justamente quando não consegui assistir ao programa. A partir de meados de fevereiro, passei a sonhar com os "brothers" quase toda a noite - principalmente com Diana. Ainda não consegui tirá-la da cabeça... Que aliás está maior do que nunca, para acomodar o meu ego inflado. As centenas de comentários, as chamadas na home do UOL, as menções no Twitter... Conheci muita gente legal (alô, Nina Lemos!) e fui muito elogiado, mas também criticadíssimo. Entrei em brigas bobas com as fãs do Rodrigão, xinguei e fui xingado, me espantei com a paixão que o "BBB" ainda desperta em muita gente. Meu número de seguidores no Twitter explodiu, e agora quero trazer todos esses leitores aqui pro blog: vengentchy! Não vou repetir o que já disse na minha última coluna da "Folha Online", mas agradeço novamente a todo mundo. Sinto como se eu tivesse ganho um prêmio do programa. E agora sou ex-BBB, com muita honra.

P.S.: Esqueci de dizer, para mim o "BBB 11" ainda não acabou. Amanhã estarei no bate-papo da "Folha Online", das 17 às 18 horas. Fãs do Rodrigão, vocês ainda têm uma chance de acabar comigo!

terça-feira, 29 de março de 2011

FAMÍLIA DINOSSAURO

Estou chocado em Cristo por saber que os Bolsonaros são três: além do pernicioso deputado federal Jair, também tem seus filhos, o deputado estadual Flavio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, tão boçais quanto o pai. É um sintoma gravíssimo da nossa alienação quando esta família de energúmenos consiga eleger três parlamentares, enquanto nós gays só temos o Jean Wyllys lá no Congresso - e que mesmo assim só entrou por causa dos votos de sua coalizão. Também é terrível perceber que esse clã de trogloditas tem apoio suficiente para elegê-los e reelegê-los, por anos a fio. Pelo menos agora estão correndo atrás do prejuízo, o que não deixa de ser bom. Não duvido que pai Jair tenha mesmo entendido errado a pergunta que Preta Gil lhe fez no "CQC" de ontem: é típico das pessoas preconceituosas ouvirem o que quiserem quando vem da boca de alguém que elas não respeitam. A reação da cantora, de processar o deputado, é justíssima, ainda mais depois que ele e seus filhos continuaram a ofendê-la em suas declarações. Mas não vai dar em nada: racismo é crime, homofobia não. Leia aqui o texto brilhante que o Marcelo Cia do MixBrasil escreveu hoje sobre o assunto. Enquanto o PLC 122 não for aprovado, brucutus como estes podem nos xingar à vontade e incitar o bullying. E Jair Bolsonaro ainda tem a cara de pau de dizer que não é homofóbico! Ora, deputado, tenha a macheza de que o senhor tanto se gaba para assumir seus preconceitos. Quem é contra os direitos igualitários, contra o PLC 122, é homofóbico SIM. Não existe meia homofobia, assim como não existe meia gravidez. Seja homem, seu covarde.

EIKE LOUCURA

Que susto. Bati o olho na capa da revista "Alfa" e por um instante achei que o Eike Batista estava segurando uma camisinha de circunferência bem reduzida. Como que a tripudiar de todos os outros homens: "meu pau é bem fininho, mas a mulherada não liga". Na verdade, ele está segurando uma moeda de um real - esta sim, um afrodisíaco verdadeiramente poderoso. Qualquer discussão sobre tamanho de documento torna-se irrelevante diante de bilhões de dólares. Além do mais, quem gosta de homem bonito e bem dotado é viado, não é mesmo?

NIEVE DE MIERDA

Tirado de um programa humorístico da TV argentina.

segunda-feira, 28 de março de 2011

JOGANDO A TOALHA

Sim, este perfil é para valer. Agora, vai ver se o verdadeiro Mark Zuckerberg tem página no Orkut.

KILL BILL

A HBO Brasil exibiu ontem à noite o episódio final de "Big Love". E o pobre Bill Henrickson, marido polígamos e personagem central da série, teve um fim digno do Tony Soprano: morreu com três tiros à queima-roupa. Foi um desenlace supreendente, porque o crime não foi cometido por nenhuma de suas três mulheres, nem pelos muitos inimigos, na religião e nos negócios, que o cara acumulou ao longo de cinco temporadas. Foi por causa de uma briga boba com um vizinho. Dramaticamente acho até meio questionável, mas serviu para mostrar que a imensa família permaneceu unida mesmo depois da morte do patriarca (todo o bloco final pode ser visto aqui). "Big Love" foi uma série interessantíssima, apesar de alguns altos e baixos. O dia-a-dia de uma família mórmon tradicional, que ainda pratica a proibida poligamia, mostrou conflitos muito pertinentes aos dias de hoje. Até onde vai o amor conjugal? Os papéis do homem e da mulher, mudaram até que ponto? Como aguentar três sogras ao mesmo tempo? Agora estou com vontade de comprar tudo em DVD, pois perdi vários capítulos. Além do mais por causa de Chloë Sevigny, que teve na insuportável Nicki o melhor papel de sua vida.

domingo, 27 de março de 2011

ADEUS À GÁVEA

Estamos entregando nosso apartamento no Rio. Meu marido Oscar não trabalha mais na cidade, então não há mais razão de mantermos nosso pied-à-terre na Gávea. É uma pena, pois pagamos um aluguel bem razoável. Mas somado a condomínio, IPTU, Net e todas as outras contas, acaba ficando meio salgado para virmos só uma vez por mês. E ainda tem o custo da Ponte Aérea, cada vez mais absurdo. Pelo mesmo preço poderíamos ficar no Fasano... É com dor no coração que dou adeus a este endereço, que foi nosso por mais de 7 anos. Neste final de semana estamos empacotando algumas coisas e jogando fora muitas, muitas outras: é realmente espantosa a capacidade do ser humano de acumular quinquilharia. Sinto-me um pouco melancólico, mas também sei que não vou deixar de frequentar o Rio de Janeiro. Tenho família e amigos aqui, e sempre vim para cá várias vezes por ano. Nem mesmo o prédio do nosso ex-apê vai sumir das nossas vidas: a irmã do Oscar mora no primeiro andar, e foi por causa dela que viemos para o edifício Raffaello. Agora quero voltar para o Rio o quanto antes, feito criança que caiu do cavalo. Temos uma festa daqui a duas semanas, o aniversário de um grande amigo. Vai ser ótimo vir, mas também estranho ficar num hotel ou na casa de alguém. Tudo bem, um dia ainda viremos morar de vez na Maravilhosa. Agora é página virada e bola pra frente.

sábado, 26 de março de 2011

THAT'S ENTERTAINMENT

Este vídeo com o pequeno Emerson, de cinco meses e meio, é o novo hit do YouTube e explica perfeitamente como funciona o mecanismo do entretenimento no cérebro humano. Primeiro morremos de medo; depois, ao percebermos que a ameaça não é real, caímos na risada. Além do mais, o que seria da internet sem os vídeos de bebês e gatinhos?

MAMÃEZINHA PERDIDA

Nâo ia ao cinema desde o carnaval, há mais de duas semanas, o que é uma eternidade para mim. Vi um filme no avião para Buenos Aires, mas praticamente não conta: gosto de assistir na sala escura, assim como ainda gosto de comprar CDs. A carestia terminou hoje, mas não do jeito que eu queria. Chegamos meio em cima da hora ao Estação Vivo Gávea, no Rio, e todos os três filmes que pensávamos ver estavam lotados. Sobrou "Feliz que Minha Mãe Esteja Viva", um draminha francês que nem estava na minha lista. E de fato a trama segue em fogo lento até bem próximo do final. Um garoto que foi abandonado pela mãe e depois adotado por um casal resolve procurá-la quando jovem adulto, e acaba encontrando-a. Tenta estabelecer uma relação com ela, mas não esconde o ressentimento. Achei que ia ser mais uma daquelas bobaginhas tipo "só o amor constrói", mas de repente acontece uma coisa que rompe o relativo marasmo e justifica o ingresso. "Feliz..." está longe de ser um filme imperdível, mas bons atores (inclusive Christine Citti, a cara da Regina Duarte) e a direção sem firulas do veterano Claude Miller fazem dele um honesto quebra-galho.

OS PRIMEIROS MAFIOSOS

Quando "Vale Tudo" foi refeita para o mercado hispânico, Odette Roitman foi rebatizada de Lucrécia. Este é o nome clássico das vilãs nas novelas latinas, e tudo por causa de Lucrécia Borgia. Os historiadores modernos garantem que ela nem era tão malvada assim, mas sua fama persiste e rende frutos até hoje. Há mais de dois anos postei aqui no blog que a HBO estava preparando uma série sobre ela e sua família proto-mafiosa, que dominou a Igreja Católica cinco séculos atrás. Demorou, mas finalmente o programa está pronto: "The Borgias" estreia domingo que vem nos EUA, não mais na HBO mas em sua arqui-rival Showtime. A produção é luxo só e a direção ficou a cargo de ninguém menos que Neil Jordan, de "Entrevista com o Vampiro" e "Traídos pelo Desejo". Para o papel principal, o ultra-corrupto papa Alexandre VI, uma escolha até meio óbvia: Jeremy Irons, aquele da sexualidade dúbia. Não há previsão de data nem canal aqui no Brasil, mas isto não é empecilho, pisca pisca. Quem tem mouse vai a Roma.

sexta-feira, 25 de março de 2011

LADRÕES DE LEOPARDO

Já estava crente que o tão esperado dsisco do Duran Duran produzido por Mark Ronson seria o novo "Chinese Democracy", do Guns'n'Roses: um álbum eternamente prometido e jamais lançado. Mas "All You Need is Now" finalmente saiu esta semana, e a banda fez um show comemorativo em Los Angeles com a participação da Kelis, aquela do "Milk Shake". O vídeo acima é da faixa "The Man Who Stole a Leopard" e foi gravado ao vivo, mas sofre interferências de ninguém menos que David Lynch. O que me fez lembrar daquela velha piadinha:
- Quantos surrealistas são necessários para se trocar uma lâmpada?
- Peixe.

A AUTOBIOGRAFIA NÃO-AUTORIZADA

José Sarney é autor de vários livros, membro da Academia Brasileira de Letras e ainda assina uma coluna semanal na "Folha de São Paulo". Mesmo assim, na hora de escrever sua biografia, o faraó do Maranhão preferiu chamar uma profissional do ramo: a jornalista Regina Echeverría, que já havia escrito sobre Elis Regina. Talvez Ricky Martin devesse ter feito o mesmo, mas não. O cantor boricua resolveu escrever sozinho suas memórias, imaginativamente chamadas de "Eu". O livro é simpático e Ricky sem dúvida é um rapaz de coragem, mas longas descrições sobre sua abuelita ou constantes menções a Buda e ao Mahatama Gandhi tornam a leitura aborrecida demais. Cadê a as fofocas? Quem comia quem no Menudo? Afinal, ele cospe ou engole? Nada do que realmente interessa é contado nas páginas de "Eu". Então vou oferecer gratuitamente meus serviços de redator e reescrever alguns trechos, do jeito que o povo gosta. Vou escolher uma passagem ao acaso, vejamos...

"Olhando para trás, talvez tenha sido apenas por eu estar em outra novela, mas, na maior parte do tempo, sentia que o trabalho que estava fazendo não era para mim. Não estava bem integrado ao elenco e muitas vezes me senti mal compreendido, inseguro, como se de alguma forma nunca fosse ser capaz de me encaixar naquele mundo."


Bóóóring, não é mesmo? No entanto, bastam alguns toques para que o texto desabroche todo seu potencial:

"Olhando para trás, vi que não era apenas o ponta-de-lança, mas o time inteiro que estava atrás de mim. Não estava preparado para o meu primeiro gang bang, mas a língua bem treinada daquele mulato forte fez com que eu relaxasse lá em baixo e me sentisse seguro, como se de alguma forma fosse ser capaz de encaixar todo mundo."

Aceito encomendas para batizados e bar mitzvahs.

quinta-feira, 24 de março de 2011

BLANKETY BLANK

Já faz tempo que existem nos EUA locadoras de vídeo "cristãs" (bota aspas nisto), que editam dos DVDs as cenas questionáveis aos olhos do povo de Deus: sexo, violência, homossexualismo passivo, lesbianismo masculino e por aí vai. Agora or irmões em Cristo nem precisam sair de casa para cortar fora toda a graça dos filmes. Basta enfiar (ui) o disco neste player ungido, que ele automaticamente elimina tudo o que parecer marmota de Satanás. E o melhor é que você nem percebe! A história continua inteirinha lá, sem aquela promiscuidade gratuita. Pelo menos é o que garante o vídeo acima, que ainda faz uma demonstração super convincente de como a coisa funciona. Atóron especialmente o momento em que a apresentadora chuta a máquina de lavar e profere palavras de baixíssimo calão como "blankety blank", dignas do Flanders dos "Simpsons". Jesus, jogue álcool gel em meus olhos!

(dica do Celso Dossi, que merece ser repreendido. Ele sabe por quê)

ODETTE ROITMAN EXISTE

Tirei esta foto semana passada, adivinha onde? Pois é - no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires. Taí a prova irrefutável.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A ESTRELA DE OLHOS VIOLETAS

Certa vez participei de um workshop em Londres com publicitários de várias partes do mundo. Entre eles havia uma americana chamada Liz, cujo sobrenome de casada era Taylor. A organização do evento havia mandado um motorista buscá-la no aeroporto. E o camarada ficou lá, no desembarque, segurando uma plaquinha onde se lia... Liz Taylor. Foi o suficente para a moça ser recebida por um batalhão de fotógrafos e curiosos. Isto aconteceu em 1997, quando a "verdadeira" Elizabeth Taylor já havia deixado o cinema para entrar na lenda - mas sua fama ainda era colossal. Hoje muitos de seus obituários por aí estão dizendo que seu último filme foi "Os Flintstones", de 94, onde ela fazia uma ponta com a mãe da Wilma. Mas sua derradeira aparição em frente às câmeras foi mesmo no telefilme "These Old Broads", de 2001, junto com Shirley MacLaine, Joan Collins e sua ex-arquiinimiga Debbie Reynolds, cujo marido Eddie Fisher ela havia surrupiado no final dos anos 50 (o roteiro do troço era de Carrie Fisher, filha de Debbie e Eddie, e evidentemente uma pessoa que não guarda o menor rancor).

Elizabeth Taylor foi tudo o que uma grande estrela de cinema pode e deve ser. Uma mulher deslumbrante, com inéditos olhos violeta. Uma menina-prodígio que cresceu para se tornar uma das maiores atrizes de sua geração, vencedora de dois Oscars. E uma mega-celebridade que não tinha o menor pudor de ostentar riqueza e protagonizar escândalos. Seu caso com Richard Burton no set de "Cleópatra", em 1962, foi tão caliente que provocou até protestos do Vaticano (na época, ambos eram casados com terceiros). Depois, já quarentona, ela posava para fotos só com peles e diamantes, sem mais nenhuma outra roupa ou acessório - estrelice de terceiro grau, que hoje só as cantoras pop têm coragem de assumir. Famosa por ser famosa, "serial marrier" (nem ela devia saber quantas vezes casou e recasou, às vezes com o mesmo homem), pioneira no ativismo pela cura da AIDS, marca de perfume para senhoras, dona de uma saúde frágil que finalmente a levou relativamente cedo: Elizabeth Taylor foi uma supernova em vida, em constante ebulição. Hoje à noite vou olhar para o céu e procurar uma nova estrela, explodindo em tons de violeta. Será ela, finalmente no lugar que lhe é de direito.

terça-feira, 22 de março de 2011

'CAUSE I GOTTA HAVE TRUE FAITH

O Daniel Cassús já tinha postado o áudio da versão de George Michael para a extraordinária "True Faith", do New Order. O mundo inteiro está malhando o auto-tune que Yorgos aplicou em sua própria voz, e de fato não precisava. Parece que ele está afrontando público e crítica: "posso gravar qualquer merda que vira sucesso". E vira mesmo: a faixa está atualmente em 1o. lugar na Amazon UK e em 2o. no iTunes UK. Todos os lucros irão reverter para a caridade, mas quem quiser ir direto para o inferno pode baixá-lo daqui. Ainda mais inexplicável que esse atentado musical é o novo look de George Michael. Por que raios ele resolveu imitar Azis, o cantor-drag da Bulgária?

A RAINHA DA BROADWAY

Esqueça do Homem-Aranha. O musical mais quente da Broadway nesta temporada é "Priscilla, a Rainha do Deserto", que estreou domingo passado - bem a tempo de ser indicado para os próximos prêmios Tony. Até que demorou. O filme é de 94 e a versão para o teatro estreou há alguns anos em Sydney, onde fez o maior sucesso, e depois em Londres, onde idem. Não há canções originais: o repertório é o mais óbvio possível, com "It's Raining Men", "I Will Survive" e "Go West". Felizmente, "Finally", o melhor número da tela, foi mantido. E infelizmente, devo estar muito blasé: esperava mais brilho, mais glamour, mais sedução. Pelos vários clipes disponíveis no canal "PriscillaOnBroadway", no YouTube, tenho a sensação de que já vi shows mais luxuosos na Blue Space. Se bem que que a visualização literal de "someone left my cupcake in the rain", da letra de "MacArthur Park", ficou engraçadinha.

CACHAÇA NÃO É ÁGUA NÃO

E lá vamos nós outra vez. Saca só este anúncio da Cachaça Magnífica, criado pela Agência 3 do Rio de Janeiro para o mercado americano. "Seu filho" e "um amigo" estão assistindo a "Brokeback Mountain" na TV. O título diz: "Se você tem que ser forte, nós temos que ser fortes". OK, o anúncio parte de um fato concretíssimo: a reação problemática que muitos pais têm quando confrontados com a homossexualidade de um filho. Mas fazer piada com este momento tão delicado, e ainda por cima para vender cachaça, me parece não só sem graça, como também de um profundo mau gosto. Fora que a planta do apartamento que serve como ilustração tem quarto e banheiro de empregada, que inexistem nos EUA. Essa agência furreca nem se deu ao trabalho de pesquisar direito as características do mercado.

segunda-feira, 21 de março de 2011

SOY LOCA CON MI TIGRE

Estava louco para ver o show da Shakira, mas sem coragem de desembolsar 500 paus por um ingresso para a pista VIP. Dei sorte: na última hora, a "Folha de São Paulo" me convidou para fazer a crítica do evento. No final gastei "apenas" 10 reais por uma capinha de chuva, a "última" segundo o vendedor. Mesmo debaixo d'água, adorei o show, até mais do que eu esperava. Shaki faz a linha anti-Madonna: acessível, simpaticona, "gente como a gente". Cenário simples, banda o tempo todo no palco, poucos bailarinos, pegada rock'n'roll, tudo bem diferente de Madge. Shakira é uma força da natureza e rebolou feito loca mesmo molhadinha. Pena que três músicas foram cortadas do setlist, inclusive minha querida "Gordita". Minha resenha pode ser lida aqui, para assinantes do UOL ou da "Folha". Y yo ni un kiki.

domingo, 20 de março de 2011

TE BORRO DEL FEISBUH

Nai no nai no na.

O DISCURSO DO CISNE

Barack Obama acabou de falar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Um discurso simpático, agradável, mas sem grande impacto. A coisa seria diferente se tivesse acontecido ao ar livre, ali mesmo na Cinelândia: afinal, o objetivo era só aproximar o presidente dos EUA do povão. Mas o Serviço Secreto americano vetou a ideia e o discurso para uma plateia VIP ficou meio sem razão de ser. Esta parece ser a sina de Obama. Todo mundo espera muito dele, mas na hora do vamos ver o desapontamento é geral. Claro, ele é apenas humano, e agora acho que estava verde demais para o cargo mais poderoso do planeta. Hillary teria sido uma presidente melhor. Enfim, ele ainda tem tempo. Se não fizer nenhuma grande cagada, será reeleito em 2012. Mas bem que podia dar mais vazão a seu lado negro, e não estou falando de raça.

sábado, 19 de março de 2011

FOME DE CÃO

Como é que isto não foi transformado em comercial de comida para cachorro?

ONDE ESTÁ JESSE?

Jesse Heiman é o mais prolífico figurante de Hollywood atualmente. Seu tipo gorducho faz com que ele seja perfeito para adornar os fundos de cena ou passar com nonchalance bem em frente às câmeras. Saca só esta montagem com seus "greatest hits": é praticamente um Forrest Gump da vida real.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O MUNDO PRECISA DE BETHÂNIA

Não vou engrossar o coro dos escandalizados com o 1,3 milhão de reais para o blog "O Mundo Precisa de Poesia", de Maria Bethânia. Como disse o diretor Andrucha Waddington: se esta grana fosse destinada a um documentário sobre a cantora, ninguém daria a mínima. Ele sabe do que fala: dirigiu "Pedrinha de Aruanda", justamente um documentário sobre Bethânia que passou batido pelos cinemas. Com a diferença que blog não cobra ingresso, é grátis. O projeto é bonito - 365 vídeos com ela declamando poemas - e não dá para criticar antes de saber os detalhes da produção. Não vou saber me expressar melhor que o diretor Jorge Furtado, que escreveu um ótimo texto sobre o caso. Mas este imbroglio todo revela algumas particularidades bem brasileiras. Ainda achamos supérfluo qualquer investimento em cultura, por pequeno que seja (e sim, 1,3 milhão é uma ninharia). Adoramos gritar "mas tem gente passando fome!" quando surge uma ideia desse tipo, e depois não fazemos mais nada para alimentar essa gente toda. Somos extraordinariamente enviesados na maneira como entendemos as notícias: muita gente achou que seria um blog escrito e que Bethânia estaria sendo regiamente paga para escrever as bobagens que lhe passasem pela cabeça. Não é bem assim, mas agora é tarde. A cantora e sua equipe ainda teriam que ir atrás de patrocínio, mas qual grande marca vai querer se associar a este projeto agora? Só para ser acusada de insensível aos grandes problemas nacionais, de estar desperdiçando dinheiro público? "O Mundo Precisa de Poesia" já era. O que é uma pena - vocês já viram Bethânia declamando? O disco ao vivo onde ela recita "Eros e Pisquê", de Fernando Pessoa, me levou às lágrimas. O disco sozinho; nem precisei de imagens. Enfim: além de tudo ainda desperdiçamos um ótima oportunidade de discutir política cultural, Lei Rouannet, isenções fiscais, essas chatices todas. Está todo mundo mais interessado no Pinpoo.

VITROLINHA PORTENHA

Tenho duas lojas de CD favoritas em Buenos Aires. Uma é a Musimundo da Florida, bem em frente às Galerias Pacifico. Boa para comprar o pop mainstream en castellano. Mas as preciosidades são mais fáceis de encontrar na Miles, em Palermo (Honduras com Malabia). Foi lá que garimpei 9 dos 14 discos que trouxe, inclusive os 3 que comento neste post.

Fernando Santullo é uruguaio e participou de diversas bandas de rock e rap até se juntar ao coletivo Bajofondo na época de "Mar Dulce". Assinou algumas das melhores faixas daquele trabalho e agora está com um excelente disco-solo, produzido pelo duplamente oscarizado Gustavo Santaolalla e por Juan Campodónico, líder do Bajofondo. Santullo faz algo que dá para chamar de pós-tango electrónico. Mistura bandoneón com teclados, cria texturas bailables e outras nem tanto, e ainda canta com aquela voz irresistível de pelotudo. Confira "La Humedad", exatamente o tipo de música que não sai do meu iPod.

Soledad Villamil é a encarnação da covardia. Não basta ser uma mulher deslumbrante: também é uma atriz de sucesso (lembra dela em "O Segredo de Seus Olhos"?) e, fiquei sabendo agora, boa cantora. Ou seja, qualidades demais para uma pessoa só (vai ver que tem mau hálito). A moça já está no segundo disco, "Morir de Amor", cantando tangos não-eletrônicos com muito charme. Lá vai o meu favorito, "Pero Yo Sé".

Os DJs Pareja são isto mesmo: um casal de DJs gays, que adotaram este nome muito antes do casamento igualitário ser aprovado na Argentina. Os caras fazem música para dançar sem cair nas armadilhas do trance ou do tribal como o conterrâneo Hernán Cattaneo. Cinco anos depois do primeiro CD, lançaram "Marcha", alegre e sofisticado. Gosto muito de "Nuestros Trajes", mas há muitas outras bacanas. Que disfruten.

O EXPERT EM BS. AS.

Tanta gente me pede dicas de Buenos Aires que eu até preparei um documento em Word, para não ter que ficar reescrevendo tudo a cada vez. Mas meus conhecimentos portenhos empalidecem perto da familiaridade que o Cau Saccol tem com a cidade - e olha que já estive lá nada menos do que 25 vezes. Não, o Cau nunca morou na capital argentina. Mas é gaúcho e frequenta as orillas del Plata desde que era pibecito, com várias viagens por ano. Instado pelos amigos, ele finalmente resolveu repartir com a humanidade seu tesouro de informações. E o melhor: absolutamente de graça, o que é surpreendente para um lendário mão-de-vaca. O Cau não esbanja dim-dim, então suas sugestões não são daquelas que arrebentam os bolsos dos incautos. Confira seu blog recém-saído do forno, o Buenas Dicas. Só fiquei furioso dele ter posto tantas dicas no ar justamente quando eu estava em Bs. As. Só hoje, já de volta a SP, é que fiquei sabendo da existência - ou seja, não aproveitei esse manancial de endereços. Mierda, carajo, Cau!

quinta-feira, 17 de março de 2011

MAXIKIOSCO

Hoje vou embora de Buenos Aires com a sensação de que fiquei tempo demais mas não o suficiente. A cidade é inesgotável, mas tem uma hora em que cansa. Claro que amanhã, já de volta ao Brasil, vou estar morrendo de saudades. Então, para comemorar, lá vão algumas notinhas que soltas não renderiam um post, mas juntas lembram essas vendinhas que por aqui existem em cada esquina.

- A comida peruana chegou para valer. Não consegui reserva para jantar no badalado Osaka, mas hoje vou tentar na hora do almoço. Conheci o Sipan, no Microcentro, e adorei. O lugar é meio desconfortável, com mesas no corredor de uma galeria, mas oferece pratos das "cuatro cocinas peruanas": criolla, arequipeña, chifa e tacu-tacus. Em Palermo tem o Bardot, muito bonitinho, mas que espantosamente não aceita cartão de crédito.

- O cardápio de sorvetes de doce de leite do Freddo agora oferece a variante "Vauquita", com cubinhos de doce de leite durinho. O equivalente heladístico à área VIP do paraíso.

- Não, não comi os tais cookies de maconha vendidos na porta das baladas (pela foto parecem mais alfajores). Mas comprei sabonetes da erva na Sabater Hermanos, uma lojinha especializada na Gurruchaga que tampouco aceita cartão. Deve ser tendência.

- O look da moda entre os homens é um chignon no alto da cabeça: o sujeito embrulha os cabelos compridos numa bolinha e fica parecendo um sikh sem turbante.

- A cidade estrá coalhada de hotéis design, alguns muito bem localizados e com preços razoáveis. Mas cuidado: nos três que eu conheci desta vez, o wi-fi era bem fraquinho.

- Perseguiré...
los rastros de este afán...
como busca el agua la sed...
la estela de tu perfume...

quarta-feira, 16 de março de 2011

A FORTALEZA FORTABAT

Antigamente Buenos Aires era meio fraca no quesito museus. Havia o Bellas Artes e o Artes Decorativos, lindos porém relativamente pequenos. A coisa mudou de figura com a chegada do Malba há cerca de dez anos, trazendo a melhor coleção de arte latino-americana do mundo (incluindo o nosso "Abaporu"). Agora há um novo museu de visita obrigatória: é a Colección de Arte Amalia Lacroze de Fortabat, no comecinho de Puerto Madero. Abrigado num prédio que parece filho da caixa-forte do Tio Patinhas com uma cesta metálica de pão, o acervo foi reunido ao longo dos anos pela mulher mais rica da Argentina, Amalita para os íntimos.

É estupefaciente pensar que tantas obras importantes foram parar nas mãos de uma coleção particular. Um sinal inequívoco da injustiça e do absurdo do capitalismo. Fora que, sejamos francos, haja parede para tanto quadro... Por outro lado, é interessante adivinhar a personalidade de um indivíduo através de sua coleção. A de Amalita tem desde estelas egípcias até o mais extenso panorama de arte argentina que eu já vi, com muito Xul Solar e Carlos Alonso. Tem também horrendos retratos de família que aparecem pintados na Praça da República, muitos europeus dos séculos 19 e 20 (Turner, Alma-Tadema, Rodin, Chagall, Dalí...) e nada menos que "O Censo em Belém", uma das mais importantes telas do flamengo Brueghel.

Apesar dos trabalhos impressionantes, o museu é compacto e pode ser visitado com calma em menos de uma hora. Pena que um lugar tão metido a moderno ainda não tenha entrado na era dos smartphones: fui anotar o nome de um artista no bloco de notas do meu iPhone e levei um pito de um guarda. Expliquei que não ia tirar foto nem falar ao telefone, só escrever um nome - e ele me ofereceu lápis e papel, olha só que anti-ecológico. A arte exposta ali é imortal e sua dona periga também ser (Amalita completa 90 anos em 2011), mas a administração da Colección ainda está rpesa ao século passado.

DIANA ARROZ

Lucchetti era uma marca de temperos meio esquecida aqui na Argentina até entregar a conta para a agência Madre, a filial portenha da inglesa Mother - quiçá a mais criativa do mundo. Hoje virou mania nacional graças à personagem Mama Luchetti e sua família de bonequinhos 3D. Os comerciais são meio surrealistas e encharcados de cultura pop, como este aí em cima. Dá para imaginar as multinacionais Knorr ou a Maggi fazendo coisa parecida?

terça-feira, 15 de março de 2011

FELIZES PARA SEMPRE

Em 1998 eu morri e fui para o céu: fiz um estágio de uma semana no set de "The Nanny", nos estúdios da Columbia em Los Angeles. Eu e mais uma galera estávamos sendo preparados para implantar o formato sitcom no Brasil, um projeto que o estúdio já havia realizado com sucesso em muitos países do mundo (por aqui não deu certo, mas isto eu conto outro dia). Convivi durante alguns dias com o elenco e a equipe, e claro que fiquei sabendo das fofocas. Fran Drescher tinha acabado de se separar de Peter Marc Jacobson, co-criador e diretor da série, e estava de casinho com o ator que fazia o Mr. Sheffield (a vida imita a arte!). Seu ex, apesar de ser magro, havia 'virado' gay. Mesmo assim continuavam trabalhando juntos, e estão assim até hoje. A eterna Nanny Fine está para estrear uma nova série nos EUA chamada "Happily Divorced", sobre uma mulher que se separa depois que descobre que o marido é bicha. E adivinha quem está ecrevendo e produzindo o programa com ela? Peter Marc Jacobson. Pois é, o amor e o casamento vêm numa variedade de sabores maior do que a gente pensa.

segunda-feira, 14 de março de 2011

EFEITO COLATERAL

Cláudia Jimenez anda espalhando por aí que virou hétero depois que emagreceu. Quer dizer, não é bem isto: já faz uns anos que ela se diz bissexual, e não sei se a relação dela com o Rodrigo Pavanello foi exatamente entre sexos diferentes. Mesmo assim, algumas pessoas estão semi-escandalizadas com essas declarações, já que a orientação sexual é inata, imutável, etc. etc. Eu já não penso assim. Conheço muita gente que mudou de ideia, para um lado ou para o outro, e depois desmudou e mudou outra vez. A sexualidade humana é mesmo fluida. Também conheço uma ou duas moças gordinhas que gostavam de homens mas não faziam sucesso entre eles, e acabaram encontrando a felicidade nos braços de outra moça. Cláudia diz que quando era gorda não se sentia sexy o suficiente para seduzir um cara, e que agora se sente. Todo o poder para ela, mas fala sério - ela acha que agora está magra?

(este post foi sugerido por um anônimo que comentou o post sobre Antonio Gasalla, cuja peça Cláudia Jimenez está fazendo no Brasil)

A HEBE DA ARGENTINA

"Almorzando com Mirtha Legrand" é um programa que está no ar desde o século 18, muito antes da invenção da TV e do rádio. Claro que estou exagerando, mas esta impressão é válida: desde que comecei a frequentar Bs. As. a señora Mirtha (ela faz questão de ser tratada com formalidade) almoça todos os dias em frente às câmeras, sempre com convidados famosos. Ou melhor, almoçava. Mirtha entrou de férias no dia 18 de fevereiro, e agora o canal América diz que ela passará a comandar uma atração noturna semanal. Mas o que está todo mundo comentando é que tem o dedinho da Cristina Kirchner aí: é ano eleitoral, e la señora, apesar dos ares de grande dama, diz tudo o que pensa sobre os políticos no ar. Como sua colega brasileira Hebe Camargo, Mirtha também tem posições conservadoras, e muita gente a acusa de ter apoiado a ditadura - apesar de uma sobrinha sua ter sido presa e torturada na época. Mirtha vai ter que comer em casa, mas duvido que fique quietinha. Ela não tem papas na língua, como se vê neste vídeo abaixo - um hit no YouTube.

A MÃE QUE É HOMEM

Vim a Buenos Aires pela primeira vez em 1981, e tive a sorte de assistir a Antonio Gasalla num espetáculo de teatro de revista. O cara já era um superstar por aqui, uma espécie de Jô Soares portenho - só menos gordo e mais viado. Quase trinta anos depois, ontem fui vê-lo novamente. Gasalla está fazendo mais sucesso do que nunca com a peça "¡Más Respeto que Soy Tu Madre!", em cartaz há dois anos e já vista por quase meio milhão de pessoas. E mais uma vez ele faz o papel de uma mulher, como quase sempre ao longo de sua carreira. A mãe em questão é uma dona de casa do interior que vê sua vidinha pacata desmoronar por causa da grande crise de 2001, que levou a Argentina à miséria. Além disto, o filho mais velho se assume gay, a filha de 14 anos está se revelando uma putinha e o sogro velhinho resolve plantar maconha para faturar uns trocados. Gasalla praticamente não sai de cena e chega a trocar de roupa no palco. O cara é uma metralhadora verbal e eu boiei várias vezes, enquanto que a plateia lotada arrebentava de rir. A peça não tem bem uma trama: é mais uma série de esquetes baseados num blog do mesmo nome, escrito por Hernán Casciari entre 2003 e 2004 sob o pseudônimo de Mirta Berlotti. Nada faz muito sentido: o filho bicha de repente vira hétero, outro filho que não prestava para nada faz esculturas de cocô (eeewww) e se torna um artista famoso, e por aí vai. Mas Antonio Gasalla é uma força da natureza, que vale a pena ser visto ao vivo. O espetáculo ganhou versão brasileira e, depois de passar pelo Rio, estreia em SP na próxima sexta. "Mais Respeito que Sou Tua Mãe" é estrelado pela Claudia Jimenez, que por mais que tente não chega a ser um homem, e nem tem uma personalidade tão histriônica quanto a do Gasalla. Mesmo assim, agora fiquei curioso. Quero ver como adaptaram para o Brasil as diversas argentinices do texto.

domingo, 13 de março de 2011

CHICAS SÓLO QUIEREN DIVERTIRSE

Ontem, na casa do meu amigo em Martínez, nenhum dos convivas tinha ouvido falar do tombo da Ana Hickman no sambódromo. E olha que eram todos brasilófilos - como todos os argentinos, aliás. Mostrei a eles o vídeo no YouTube e foi a sensação da noite. Hoje descobri um fato ocorrido aqui em Buenos Aires há uns 10 dias que tampouco foi noticiado no Brasil. Cyndi Lauper estava no Aeroparque, o aeroporto semi-doméstico da cidade, quando teve seu voo cancelado. Ela e um montón de outros passageiros, claro. Para distrair a galera, a diva não teve dúvidas: tascou o microfone e cantou "Girls Just Wanna Have Fun" e "True Colors" para todo o aeroporto, acompanhada por umas trezentas pessoas nos backing vocals. Bobaginhas como esta precisavam atravessar mais pelas nossas fronteiras, não? Brasil e Argentina são tão próximos um do outro, e mesmo assim tão distantes...

TSUNAMI GAÚCHO

Claro que estou apavorado com as notícias que chegam do Japão, assim como toda humanidade. Não sei qual imagem me impressionou mais: aquela da onda imunda avançando terra adentro, cheia de detritos e até com focos de incêndio, ou a do redemoinho que tragou um barco com 100 pessoas a bordo. O impacto da tragédia é tão grande que varreu a Líbia do noticiário, dando carta branca ao Gaddafi para cometer atrocidades ainda maiores do que de costume. Também ofuscou a enchente em São Lourenço do Sul, uma cidade gaúcha que foi submersa pela Lagoa dos Patos. Há muitas outros lugares no sul e no centro-oeste do Brasil que estão sofrendo com as chuvas deste final de verão. Quem puder ajudar, que ajude rápido. E todos precisamos lembrar que a natureza também é cruel por aqui, e nem por isto estamos preparados como os japoneses. Já pensou se rolasse um tsunami no Atlântico Sul?

(dica do Fabiano Gouvêa, que é nativo de São Lourenço do Sul)

QUE MANÉ FRATERNIDADE

A Igreja Católica está tentando ser moderninha. Além de criar uma página no Facebook para o finado João Paulo 2o., que será beatificado em maio, também deu à Campanha da Fraternidade deste ano um tema da hora: o aquecimento global. Mas não nos deixemos enganar. A Igreja continua a mesma merda de sempre, e só preocupada consigo mesma. O papa Adolf I, em mensagem especial aos fiéis brasileiros, mais uma vez exortou-os a lutar pelo casamento entre homem e mulher. Que porra de fraternidade é esta? Não somos todos filhos de Deus, com os mesmos direitos e devers? OK, estou sendo injusto, a Igreja não tem nada contra os gays - contanto que sejam padres e abusem de criancinhas inocentes. Aí sim, ela os defende com unhas e dentes.

FERNETLANDIA

O Brasil tem a caipirinha, o Peru tem o pisco sour, o Mexico tem a margarita e a Argentina tem a fernet-cola. O drink nacional do país não tem nada de local: é a mistura do bitter italiano Fernet com Coca-Cola. Em nenhum outro lugar do mundo se faz esta combinação, e a princípio a família Branca - fabricante da marca mais conhecida de fernet - torceu o nariz para este coquetel pelotudo. Mas quando viram as vendas absurdas da bebida no mercado argentino, mudaram voando de ideia. Agora estão lançando uma variante que é até bem gostosa, a Branca-Menta com soda limonada. Super refrescante e bem menos amarga que a receita original, que eu sempre achei meio estranha. Mas a verdade é que a gente se acostuma rápido com a Fernet-Cola. Ontem depois do teatro fomos à casa de uns amigos em Martínez e, depois de uns três copos, eu hablaba como num nativo. Viva a integração do Mercosur!

SALÍ DE ABAJO

Já está virando piada. Vimos "O Deus da Carnificina" pela quarta vez, numa quarta montagem, numa quarta língua. A primeira vez foi em Londres, em 2008, com o magnífico Ralph Fiennes. Logo em seguida assistimos em Paris com a esplêndida Isabelle Hupert. Ano passado foi no Rio, com a marav... esteee... com a Deborah Evelyn. E agora finalmente em Buenos Aires, com atores de que eu nunca tínhamos ouvido falar. Mesmo assim, estávamos animados: os diálogos são sensacionais, e como argentino adora falar pelos cotovelos... Ledo engano. A montagem portenha é um desastre, uma aula do que NÃO fazer em teatro. O diretor parece não acreditar na força do texto de Yasmina Reza, ou então quer competir com ele. Deixou os atores fazerem cacos absurdos que não acrescentam nada, inventou marcas que distraem o foco da ação e ainda acrescentou cenas que são puro pastelão. Tudo isto num cenário horrendamente naturalista (todas as outras montagens que vimos eram estilizadas), com uma luz branca chapada que deixou com cara de um episódio de "Sai de Baixo" estrelado por Eri Johnson. A plateia uivava de rir e a peça ganhou todos os prêmios locais, mas o texto primoroso - provavelmente o melhor da primeira década deste século - merecia mais respeito. Una lástima.

sábado, 12 de março de 2011

A HISTÓRIA SE REPETE

Só hoje fiquei sabendo do assassinato do designer alagoano Flavius Lessa, encontrado morto há uma semana. A polícia finalmente conseguiu prender o principal suspeito, o modelo Frederico Safadi, que acabou confessando o crime bárbaro. O safado perfurou a vítima com uma lata de cerveja enquanto esta era estrangulada por um menor de idade, filho de seu padrasto. O caso é um repeteco deprimente da morte do jornalista português Carlos Castro, acontecida em Nova York na época do réveillon (e assunto de dois posts meus, este e este). Lá como cá, um gay mais velho e bem de vida namorava um rapaz bonito e ambicioso, mas inseguro de sua sexualidade. Safadi rompeu a relação, Lessa ameaçou contar tudo à namorada do ex... deu no que deu. Tenho horror de viver numa cultura onde alguém prefere cometer um crime para que o mundo não saiba de sua viadagem. Agora vou acompanhar com atenção o desenrolar dos fatos. Lá nos EUA, o ex-participante de reality show Renato Seabra continua em cana. E isto apesar de ter alegado a folclórica "insanidade temporária", que até música da Maria Orth já rendeu. Aqui, quero só ver - ainda mais num estado machista como Alagoas. Um bom teste para saber se o Brasil está mudando para valer.

(Obrigado ao Beto, que me deu a dica através de um comentário)

sexta-feira, 11 de março de 2011

CLARÍN PORTEÑO

Passei mais de sete meses entre o Rio e São Paulo, sem me aventurar por outras plagas. Agora, só porque tenho que escrever uma coluna diária sobre um programa idem, dei para engatar uma viagem na outra, e só para lugares onde não pega a TV Globo. Primeiro foi o cruzeiro Freedom On Line; depois, a Cidade do México; e amanhã, Buenos Aires, onde passarei quatro dias filmando dois comerciais. Não estou reclamando, óbvio. Bs. As. é um dos meus lugares favoritos no universo, e para saber o que aconteceu no "BBB" existe a internet, ¿verdad? Já estive lá mais de 20 vezes, mas não enjoo. A cidade está sempre cheia de novidades. A onda agora é a cozinha peruana-asiática: me indicaram alguns lugares, todos fervidíssimos. Há mais peças em cartaz do que nos palcos cariocas e paulistanos somados; estou muito tentado a rever "Art", da Yasmina Reza, só porque é estrelada pelo Ricardo Darín. E ainda tem compras, boliches, empanadas, Fernet-Cola... O duro vai ser trabalhar no meio dessa farándula.

quinta-feira, 10 de março de 2011

QUINTA-FEIRA GORDA

Meu pós-carnaval está sendo atribulado, com muito trabalho acumulado e pouco tempo para dedicar ao blog. Mesmo asim, alguns assuntos aleatórios povoam a minha cabeça:

- Pobre Christina Aguilera. Há mais de um ano que não dá uma dentro: filme ruim, disco fracassado, vexames sortidos e encosto da obesidade. Some-se a isto a suspeita de alcoolismo: desde que se divorciou, Xtina passou a entornar como nunca. Mas a mídia não tem dó e parece querer destruí-la ainda mais. Talvez, como naquele episódio de "South Park" sobre Britney Spears, de vez em quando precisemos sacrificar uma donzela aos deuses para garantir uma colheita farta.

- Silvio Berlusconi provou mais uma vez que o último degrau da espécie humana é dele e niguém tasca. Garantiu que durante o seu governo os gays não ganharão absolutamente direito algum na Itália, porque legal mesmo é hétero velho que paga para transar com puta adolescente. Verdade seja dita que a inlfuência maciça da Igreja no país impede grandes avanços para a causa LGBT, seja lá qual partido estiver no poder. Mas acho que está na hora do "caimano" ("jacaré", o apelido carinhoso do premiê) levar outro Duomo de ferro na fuça.

- Ano passado disse que preferia ver tinta secar do que assistir ao "Big Brother Brasil". Deus me castigou e agora tenho não só que ver o programa todos os dias como também ler os updates na internet, conferir o Twitter e acompanhar alguns blogs de fãs. Resultado: venho sonhando TODOS OS DIAS com pelo menos um dos participantes do "BBB". E nem sempre é o Rodrigão.

quarta-feira, 9 de março de 2011

TEM QUE VER ISSO AÍ

Nos últimos nove anos, a Beija-Flor de Nilópolis sagrou-se campeã do carnaval carioca nada menos que seis vezes. É uma façanha considerável, ainda mais se lembrarmos que o carnavalesco que colocou a escola no mapa, o mítico Joãosinho Trinta, há muito tempo não trabalha mais lá. Hoje a Beija-Flor conquistou mais um título, mas não me convenceu. Não tenho condições de julgar, porque não assisti ao segundo dia dos desfiles. Só acompanhei uns trechos pela TV e li uns comentários na internet. Mas sinto que essa vitória pertence muito mais ao Roberto Carlos do que à escola em si. Também sinto que os jurados votam na BF por default, ou talvez por algo mais grave. Não, não tenho provas nem estou acusando ninguém. Mas não é estranho que a escola vença mesmo quando há um consenso de que se saiu mal? Também achei irônico seus diretores acusarem a Unidos da Tijuca de estar desvirtuando o carnaval - a mesma acusação que as rivais faziam à Beija quando esta começou a atropelar todo mundo no final dos anos 70. Enfim, no meu coração a Tijuca e o Paulo Barros são os grandes campeões. Fora que ele jamais teria o mau-gosto de construir um carro tão horrendo como este da foto. Quem é esta entidade atrás do Rei? Deus Nosso Senhor? Ou Jesus assumindo os cabelos grisalhos?

terça-feira, 8 de março de 2011

ÉPOCA DE PARADOXOS

A revista "Época" desta semana aproveita o gancho do carnaval e traz uma matéria fria sobre um assunto quente: as agressões aos homossexuais, cada vez mais frequentes no Brasil. Ou mais noticiadas? Tenho a sensação de que gays e lésbicas simplesmente cansaram de apanhar em silêncio. Também acho que a violência está aumentando porque estamos mais visíveis, mais soltinhos, reclamando nossos direitos. A reportagem parte do paradoxo dos gays serem festejados no carnaval e perseguidos no resto do ano. E se arrisca até a explorar as raízes da homofobia, chegando à mesma conclusão que muita gente: os mais raivosos são bibas reprimidas. Homens tranquilos com a própria sexualidade não se incomodam com as preferências dos outros. A "Época" não traz nenhum dado realmente novo, mas faz um arrazoado bastante completo dos ataques recentes que gays e supostos gays vêm sofrendo por todo o país. Dá para ler um trecho aqui; quem quiser ler tudo vai ter que comprar na banca.

DEBBIE CANASTRONA

Deborah Secco é a melhor coisa de "Bruna Surfistinha", e também a pior. Quando anunciaram que era dela o papel, estranhei: a verdadeira Bruna é bem mais gordinha, e não tão bonita. Mas La Secco tem a desinibição necessária para as inúmeras cenas de sexo, a maioria com homens feios de dar engulho. Também torna glamurosa a antológica cena do boquete no guarda, e crível o desbagaçamento de uma das melhores falas do filme: "Hoje eu não vou dar, vou distribuir". Mas simplesmente não convence como a adolescente desengonçada do início. Faz caras de coitadinha e anda com os ombros curvados, mas não interioriza a solidão da personagem. A culpa também é do roteiro, que em nenhum momento mostra os problemas de Raquel/Bruna com seus pais adotivos. Devem ter sido gravíssimos, para fazer uma garota sair de casa direto para um puteiro. Nunca fica claro por que sua auto-estima caiu para abaixo de zero. O ritmo imprimido pelo diretor Marcus Baldini (com quem já filmei dezenas de comerciais) é pouco usual para o cinema comercial brasileiro, com pausas, silêncios, planos-cabeça. Mas quase tudo funciona bem, e o elenco de apoio está fenomenal. Adorei Drica Moraes e Fabíula Nascimento, mas a grande revelação é Guta Ruiz, que parece uma gêmea morena e malvada de Gisele Bündchen. "Bruna Surfistinha" é um bom programa, mas para ser comparável aos proporcionados pela verdadeira Surfistinha precisava de uma atriz mais densa que a espevitada Debbie.

segunda-feira, 7 de março de 2011

ESTA NOITE LEVARAM MINHA ALMA

Tem um episódio de "Seinfeld" em que Jerry e Elaine estão indo viajar de avião. Ao fazer o check-in, são informados de que há um lugar sobrando na primeira classe e que um deles ganhará um upgrade. Mas quem? Jerry convence Elaine usando um argumento maquiavélico: como ela nunca viajou na primeira, não vai sofrer se for de econômica, porque não sabe o que está perdendo. Mas o pobre Jerry já viajou, então seria cruel deixá-lo lá atrás no avião...

Algo parecido aconteceu comigo ontem. Nunca mais conseguirei assistir às escolas de samba do Grupo Especial se não for num esquema de mega-ultra-luxo-plus. Fomos convidados para o camarote da revista "Caras", co-patrocinado pela Procter & Gamble, cliente importante da Publicis, a agência onde eu trabalho. Não foi a minha estreia no gênero: em 1980, estava eu no camarote da Riotur, mas sem um pingo da mordomia que existe hoje. Naquela época havia uma geladeira de picolé Kibon e olhe lá. Faz tanto tempo que eu ainda tinha namorada.

Hoje a coisa é bem diferente, com comida e bebida à vontade. Tomei champagne a noite inteira. Também é uma folia comercial: os logos dos patrocinadores estão em qualquer lugar que se olhe. Eu mesmo só fui convidado porque a Procter colocou Gisele Bündchen, estrela de Pantene, sua marca de shampoo, como destaque da Vila Isabel. E também porque acabei de rodar uma campanha para o creme dental Oral-B Pro-Saúde, que também é da empresa, com Cauã Reymond e Ísis Valverde. Eles também estavam lá e foram simpaticíssimos comigo. Fiquei me sentindo parte integral daquele circo armado.

Aliás, para eu me sentir custa pouco. Depois de algumas tacinhas eu já investia para cima das celebridades, pior do que o Bozó do Chico Anysio. Alguns quase-vexames que protagonizei:

- You're Elle McPherson, right? You're so beautiful! Welcome to Rio!


Ainda bem que eu não falei:
- I've seen you naked!

Com Glória Pires:
- Esta é a Antonia? Como cresceu! E que linda que ela ficou, hein?


A.b.q.e.n.f.:
- Quando é que ela vai posar nua?


Com Camilla Belle:
- Você é meio brasileira, né? Lindíssima!


A.b.q.e.n.f.:
- Quando é que você vai posar nua?


Meu lado deslumbrex entrou em êxtase no meio de tantos famosos. Arlete Salles! Luiza Brunet! João Bosco! Ângela Vieira! Aquele português da novela! Mas de todos a mais impressionante é mesmo a Gisele. Nunca a tinha visto em pessoa: a mulher emite tanta luz própria que poderia iluminar uma pequena cidade. Já seu marido Tom Brady, tido como gato por muita gente, para mim lembra o homem de Cro-Magnon.

No meio disso tudo é quase fácil esquecer que está rolando um desfile ali do lado. Algumas escolas não ajudaram muito: a Imperatriz Leopoldinense estava simplesemente feia, com carros de mau gosto e fantasias disparatadas. A Portela nem pareceu ter sido afetada pelo incêndio, mas também não trouxe grandes novidades nem conseguiu arrebatar o público.

Aí entrou a Unidos da Tijuca na Sapucaí. Campeã do ano passado, a escola conta hoje com o melhor carnavalesco do Brasil, Paulo Barros. Ninguém é tão criativo e ousado. O cara leva ao extremo as possibilidades de um desfile, usando todos os recursos possíveis mas sem jamais perder o samba no pé. O enredo escolhido, "Esta Noite Levarei Sua Alma", era uma homenagem ao cinema de terror, aventura e ficçção científica. Cada carro alegórico era um tapa na cara, um mais incrível que o outro. A começar pelo abre-alas, com figuras tétricas que pareciam tirar as próprias cabeças do lugar; e mais o do Harry Potter, o do Avatar, o do Indiana Jones... E os velociraptors? E os passistas sendo devorados por tubarões? Um delírio absoluto, apoiado por um samba realmente bom que levantou a avenida. Já ganhou, já ganhou!

A Unidos da Tijuca é um game changer, uma escola que revoluciona o carnaval e obriga as outras a vir atrás. Foi assim com o Salgueiro no começo dos anos 60 e com a Beija-Flor na virada dos 70 para os 80. Depois de tantos anos de mais do mesmo, estava mais do que na hora do desfile se renovar. Meus amigos Fernanda Scalzo e Zeca Camargo sempre desfilam com o Paulo Barros - aliás, foi graças a eles que Oscar e eu participamos em 2008 da Viradouro, onde então estava o carnavalesco. Ano que vem vou implorar a eles para desfilar de novo. Se bem que nada substitui o impacto de ver a escola inteira, e de tão perto.

Depois da Tijuca a apresentação da Vila Isabel foi anti-climática. A escola veio correta, até bonita, mas sem aquea fagulha de criatividade de sua antecessora. Gisele estava bonita, simpática e cantando direitinho no último carro, mas não foi o suficiente. Começou a chover fininho e já baleados de cansaço, não ficamos para ver a Mangueira. Soube depois que veio linda, mas não faz mal. Foi uma noite esplêndida, e chegamos em casa de alma lavada.

domingo, 6 de março de 2011

FROUXO DE RISO

Segundo dia de carnaval e claro que eu estou de ressaca. Sem cabeça para escrever um post mais elaborado. Então lá vai o viral mais visto nos EUA esta semana: um bebê que tem um frouxo de riso enquanto o pai rasga uma folha de papel. O toque de ironia fica por conta do que era esse papel: uma carta rejeitando um pedido de emprego do pai. That's entertainment!

sábado, 5 de março de 2011

TRIO ELÉTRICO

Já é carnaval, mas vou ter que pegar no tranco. Levamos 9 horas para ir de São Paulo para o Rio de carro, debaixo de uma chuva que variava mas não dava trégua. Agora aprendi: nunca mais pego a Ayrton Senna em feriadão. Uma das melhores estradas do país fica polvilhada de engarrafamentos por causa da galera que vai para o Litoral Norte. Da próxima vez, Dutra do começo ao fim. Mas isto já foi. Daqui a pouco começa minha jogação propriamente dita, e faço o esquenta vendo os vídeos lançados estes dias por três das minhas divas beeshas favoritas. Toquei suas músicas novas no meu set no "Freedom On Board", mas qual delas se deu melhor depois que o visual virou quesito?
Lady Gaga criou um patamar altíssimo para si mesma. Se qualquer coisa que ela fizer daqui para a frente não trouxer a cura do câncer ou a paz entre as galáxias, será automaticamente taxada de "decepcionante". Ela tenta corresponder às expectativas no começo do clip de "Born This Way". Ao invés de citar Jesus como sua antepassada Madonna (que em compensação é citada no final), Gaga se veste logo de Deus, ou Deusa, dando à luz um universo de monstros. Adoro ela nem tentar ser bonita e gostosa, provavelmente por ter sido desengonçada na adolescência. Prefere levar ao extremo aquela escola do "sou feia então vou ser engraçada", muito comum entre as fashionistas paulistanas. Também é admirável que o refrão da música ganhe pouco mais do que uma coreô, sem maiores elaborações. Germanotta aparece de biquíni e com uma maquiagem idêntica à da Katylene. Loosho e ryquezah, mas não a salvação da humanidade. Esforce-se mais, garota.
Vou ser obrigado a repetir uma piada pela terceira vez: Britney Spears parece uma drag de si mesma, e nem é das melhores. Inclusive precisa pedir umas dicas para a Lea T. sobre como esconder direito a neca, que aparece muito volumosa nas cenas iniciais do vídeo de "Hold It Against Me". No mais, é um oceano de déjà vu: vai da saia gigante que Jean-Paul Goude fez para Grace Jones em 1981 ao recente episódio de "Glee" onde Nonô foi incorporada por sua sósia Brittany. Mas a música é boa, pois leva os cacoetes do tribal para as massas, e eu desejo sinceramente que Britney se dê bem sem dar muito vexame. Só um pouco.
Agora vai: sinto que Jennifer Lopez finalmente vai conseguir ressuscitar sua carreira, ajudada pela participação no "American Idol" e por "On the Floor". Seu novo single surrupia o refrão da famigerada "Lambada" da banda Kaoma, sucesso em Paris no verão de 88 - e que por sua vez já era uma adaptação de "Llorando se Fué', uma canção boliviana. J.Lo. traz Pitbull, o favorito das latinas neste momento, para aquela dose de testosterona necessária como contraponto à sua persona de chica del barrio que se deu bem. O merchandising é menos intrusivo que no clip da Britney e ela continua batendo um bolão, mesmo depois dos 40 e de um par de gêmeos. O vídeo é cafoninha e despretensioso ao mesmo tempo, assim como a música. Perfeito para a gente ir entrando no clima.

Aqueça ainda mais os tamborins baixando os remixes do DJ Guto Rodrigues para "Born This Wa", "Hold it Against Me" a algumas outras daqui, ó. E viva o Zé Pereira, viva o Zé Pereira...

UM TOQUE DE HITCHCOCK

Sobrou em São Paulo durante o carnaval? Então corre para ver "Os 39 Degraus". Está em temporada popular (a 35 o ingresso) e fica em cartaz só até o outro domingo. A peça é uma adaptação cômica de um filme de suspense de Alfred Hitchcock, e toda a graça está em reproduzir no palco os efeitos típicos do cinema. Trens, aviões, quedas livres, tudo isto acontece de maneira convincente e com pouquíssimos recursos. O elenco se diverte ainda mais que a plateia. Voltei a perdoar o Dan Stulbach, que vinha achando meio over nos últimos tempos. Mas o mais engraçado de todos é Henrique Stroeter, o manjado "Napão", que fica a cara da velha surda da "Praça É Nossa" quando se veste de mulher. São dezenas de trocas de roupa - impossível não lembrar de "Irma Vap". A trama rocambolesca ainda cita outras obras de Hitch, como "Intriga Internacional" ou "Psicose". Senti falta de um pouco mais de "one liners", aquelas falas reapidas e surpreendentes que matam a a gente de rir. Mas a brincadeira em cena e a fisicalidade dos atores valem a ida ao teatro.