sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

AGORA É 11

Ia comentar a escandalosa não-extradição de Cesare Battisti, último e covarde ato do governo Lula, mas estou sem saco. Agora quero aproveitar estas últimas horas de 2010: o sol finalmente apareceu aqui no Rio, à noite tenho uma festa que promete e eu ainda nem comecei a me embelezar. Desejo uma virada daquelas para todo mundo, com muito champagne, sexo e drogas. Amanhã, se a cabeça ainda estiver sobre os ombros, eu conto como foi a minha. Feliz 2011.

OS PERSONAGENS DE 2010

E para encerrar essa retrospectiva interminável, lá vai uma listinha das pessoas (e um bicho) que dominaram as manchetes do ano. Não incluí figuras que na verdade marcaram a década inteira, tais como Lula, ou que estarão ainda mais em evidência no futuro, tais como Dilma. Mesmo assim, muitos dos selecionados já estavam por aí antes e outros continuarão a influir nas nossas vidas - de qualquer maneira, foram a cara de 2010. Trololololo...

BRUNO
O ex-goleiro do Flamengo foi o vilão do ano. Foi interessante vê-lo passar da empáfia sorridente ao desespero: a ficha de que estava mesmo sendo preso pelo assassinato de Eliza Samudio demorou a cair. Culpa da nossa absurda cultura futebolística, que perdoa (quase) qualquer coisa a quem for bom de bola. Quem será o próximo vilão? Neymar?

JULIAN ASSANGE
Durante uma semana, pareceu que o mundo ia acabar por causa dos vazamentos do WikiLeaks. Mas logo se percebeu que os telegramas diplomáticos americanos não continham nenhum grande segredo de estado. Muita fofoca, algumas alfinetadas, e irrelevâncias como o cardápio de um piquenique oferecido pelo presidente da Eritréia. Mas o criador do site, o australiano Julian Assange, virou um ator global, ajudado pelo visu meio andrógino e pela fama de garanhão insaciável.

LAERTE
E de repente o Brasil ficou sabendo que um de seus melhores cartunistas gosta de se vestir de mulher. Laerte rompeu barreiras, desafiou estereótipos e encorajou outros crossdressers a saírem do armário. É declaradamente bissexual, mas vive há anos com uma namorada - possivelmente a mulher mais compreensiva do mundo. Ela talvez esteja seduzida pelo ar de tia sábia do companheiro, daquelas que dá vontade de deitar a cabeça no colo e pedir conselhos.

MARINA SILVA
Uma mistura bem brasileira de consciência ecológica e conservadorismo religioso. Sua posição contrária ao casamento gay é uma mácula indelével. Surpreendeu com seus quase 20 milhões de votos e foi cortejada por todos os partidos. Mas sumiu do noticiário depois que terminou a eleição. Conseguirá se manter em evidência nos próximos anos, ou foi só uma onda verde que passou?

MARK ZUCKERBERG
O criador/ladrão do Facebook ficou conhecido do povão graças ao filme "A Rede Social", onde é retratado como um nerd inescrupuloso e antipático. Mesmo assim, não processou os produtores: deve ter percebido que a fama só lhe traria popularidade (e o título de "Pessoa do Ano" da revista "Time"), além de mais alguns bilhões de dólares. É o novo Bill Gates, por enquanto sem a pecha de gênio-do-mal-que-quer-dominar-o-mundo que assola o dono da Microsoft. Por enquanto.

MINEIROS DO CHILE
"Estamos bien, los 33". Com este bilhete começou em agosto um drama que teve final feliz em outubro, um dos maiores circos mediáticos de todos os tempos. Todos os anos mineiros são soterrados, sem merecer muito espaço nos jornais. A saga chilena serviu para revelar as condições desumanas em que essa gente trabalha. Agora os 33 vão virar livro, filme e figurinha. Mas quem mais merece aplausos é a equipe que conseguiu salvá-los todos.

POLVO PAUL
Vi um documentário no Discovery que dizia que, num futuro distante, quando a humanidade já estiver extinta, os polvos e as lulas irão desenvolver uma inteligência superior. Lulas à parte, acho que os polvos já chegaram nesse estágio: ninguém vai me convencer que os oito acertos seguidos do finado Paul foram mera coincidência. Prefiro acreditar que ele estava em contato com a energia primordial do universo.

RICKY MARTIN
Dizem que ele estava sendo chantageado por um jogador de futebol, que exigia milhões para ficar calado. Mesmo se isto for verdade, não diminui em nada a coragem do ex-Menudo, que se assumiu de maneira digna e ainda conseguiu dar um gás em sua carreira. Agora estamos todos curiosos para ouvir "Música Amor Sexo", o disco que sai em fevereiro. Tomara que seja mais caliente que a chocha autobiografia "Eu".

SAKINEH ASHTIANI
Uma pedra (ou várias) no caminho da diplomacia brasileira. O perigo agora é a ditadura dos aiatolás executá-la de qualquer jeito, só para se mostrar indiferente aos apelos do resto do mundo. É bom lembrar que Sakineh é apenas uma das milhares de pessoas condenadas à morte no Irã. Há um mês a amante de um ex-jogador foi enforcada depois de um processo bastante irregular, e a imprensa mal prestou atenção.

TIRIRICA
Não, não acho comovente a história de vida do palhaço que se elegeu deputado com mais de um milhão de votos, declarando que só quer se dar bem e demonstrando ser analfabeto funcional. Fico é com pena de mim mesmo, que gasto um terço do meu salário nos impostos que financiam os 100 mil mensais que nos custam cada parlamentar. Nosso rico dinheirinho merecia mais.

Qum quase entrou na lista? Marcelo Dourado, o homofóbico que venceu o BBB mas felizmente já evaporou; Kathryn Bigelow, a primeira mulher a ganhar um Oscar de melhor diretora; Cristina Kirchner, que aprovou o casamento gay na Argentina; Silvio Berlusconi, que se faz de latin lover mas na verdade só paga putas; e tantos, tantos outros... Mas este post precisa acabar, e o ano também.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

OS FILMES DE 2010

Minha lista dos melhores do cinema está meio esquizofrênica. Muitos dos escolhidos estão em todas as listas por aí, mas outros nem entraram em cartaz. Também não consegui ficar só com 10: são 11, e por pouco não foram 13 (tirei "Ágora" e "Os Homens que Não Amavam as Mulheres"). É, o ano foi bom.

A REDE SOCIAL
Conseguirá o filme sobre a criação do Facebook resistir ao teste do tempo? Não sei, mas neste momento nenhum outro tem tanto a cara de 2010. Diálogos certeiros, atores lindinhos e um trabalho de câmera discretamente sofisticado dão um ar de contemporaneidade a uma história de ambição e egoísmo velha como a raça humana. Ontem li que Zuckerberg representa o triunfo das classes trabalhadoras sobre a aristocracia (os gêmeos Winklevoss). Faz sentido.

A ORIGEM
O maior espetáculo da Terra. Uma alegoria do próprio cinema: entre os personagens dá para identificar o diretor, o roteirista, o produtor e até o próprio público. Os efeitos são de cair o queixo, mas não conseguem esconder que a trama é mais complicada do que complexa. Leonardo Di Caprio precisa urgente parar de fazer viúvos de mulheres malucas, mas Marion Cotillard está mesmo inquietante como a suicida Mal (êita nomezinho óbvio). E sim, era tudo um sonho.

TROPA DE ELITE 2
Ser a maior bilheteria do cinema nacional de todos os tempos é o de menos. Quantos filmes por aí podem se gabar de terem influído diretamente na realidade? As aventuras do coronel Nascimento prepararam o clima para a bem-sucedida ocupação do Complexo do Alemão. A primeira parte entrou para o imaginário brasileiro; esta entrou para a história. E fikadika para os bandidos - nem pensem em começar uma onda de ataques terroristas quando o inevitável "Tropa 3" (em 3D?) entrar em cartaz.

GAINSBOURG (VIE HEROÏQUE)
Vi no avião a caminho de Paris e depois comprei lá o DVD. Passou com precalços no Festival do Rio (o projecionista trocou os rolos numa sessão) e parece que nem chegou à Mostra de SP. Mas entra em cartaz em março, talvez embalado por várias indicações ao César. Eric Elmosnino está impressionante como o maior compositor francês de todos os tempos e Letitia Casta idem como Brigitte Bardot. Ah, e as musiquinhas da trilha são bem razoáveis.

IO SONO L'AMORE
Vi em DVD esta tentativa plenamente bem-sucedida de ressuscitar Luchino Visconti. Luxuoso, arrebatador, um deleite para os olhos e uma porrada no estômago. Tilda Swinton ainda melhor do que de costume, falando italiano e russo (mas meu prêmio de Atriz do Ano vai para Annette Bening, apesar de não ter gostado tanto de "Minhas Mães e Meu Pai"). Tomara que ganhe o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro: assim quem sabe algum distribuidor se atreve a lançá-lo no Brasil.

TOY STORY 3
Um triunfo artístico, um sucesso gigantesco e agora um sério candidato ao Oscar de melhor filme (o de animação já levou). A Pixar começou uma campanha para valer - o estúdio que nunca lançou um filme mal-sucedido agora quer o prêmio máximo do cinema. E pode até levar, pois a terceira parte da saga dos brinquedos conseguiu encantar as crianças e fazer os adultos meditarem sobre o amadurecimento e a passagem do tempo. Para completar, é um delírio visual.

AMOR SEM ESCALAS
O infelicíssimo título brasileiro sugere uma comédia romântica das mais bobinhas, mas, apesar das gargalhadas, "Up in the Air" é amargo como um gim tônica. George Clooney continua interpretando a si mesmo, mas é tão maravilhoso que não há do que reclamar. Sua química com Vera Farmiga é palpável - pena que depois ela sumiu para ter bebê. O diretor Jason Reitman merece atenção: emplacou 2 filmes entre os indicados ao Oscar em 3 anos (o outro foi "Juno").

NÃO ME ABANDONE JAMAIS
Não li o romance de Kazuo Ishiguro que inspirou este filme, o que só aumentou o impacto quando o vi na Mostra de SP. É uma ficção científica sem robôs ou computadores; uma realidade alternativa absolutamente aterradora, disfarçada de adaptação literaária de alta classe - e que diz muito sobre os nossos medos mais primários. Carey Mulligan, revelada ano passado em "Educação", mostra que será uma das grandes atrizes dos próximos anos. Deve estrear no Brasil em março.

DZI CROQUETTES
O Brasil tem produzido grandes documentários, e o melhor dos últimos tempos é este registro apaixonado e necessário do grupo de atores dos anos 70 que influenciou não só o showbiz, mas todo o movimento gay que veio depois. Os Croquettes eram lindos, livres e famosos, e pagaram um preço altíssimo por isto. Muitos tiveram mortes trágicas, mas, graças a este filme de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, puderam ser descobertos pelas novas gerações. Programinha obrigatório.

UM HOMEM SÉRIO
A vida de um professor judeu entra em colapso: a mulher o abandona, o filho se rebela, um aluno o chantageia, tudo o que pode dar errado dá e muito. E não há redenção à vista, não há intervenção divina; só um furacão que pode levar pelos ares o pouco que ainda resta. E é uma comédia - mais uma obra-prima dos irmãos Coen, talvez os maiores artistas do cinema americano atual. Um elenco achapante e uma direção de arte que recria os anos 60 complementam com perfeição um roteiro dos mais cruéis.

VIPs
O primeiro filme spielberguiano rodado no Brasil. Wagner Moura já seria o Ator do Ano só por causa de "Tropa de Elite 2", mas aqui ele demonstra tanta versatilidade e carisma que já pode ser considerado o Ator da Década. A história verídica do impostor que se passava pelo filho do dono da Gol tem humor, suspense e o potencial de fazer muito, mas muito dinheiro. Outro que eu vi na Mostra, outro que estreia em março. Cinemão do jeito que todo mundo gosta.

Menções honrosas: "Preciosa", "Tio Boonmee...", "O Mágico", "Dois Irmãos", "Homens e Deuses", "Guerra ao Terror"... É, o ano foi mesmo bom.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

OS DISCOS DE 2010

Sou tão ampthigo na maneira como consumo música que por um triz não chamei esse post de "Os LPs de 2010". Não, não chego ao ridículo de achar que nada supera o vinil, mas continuo comprando CDs físicos. Enquanto houver lojas, lá estarei eu: nada se compara a fuçar as prateleiras, pegar nas capinhas, reclamar com o vendedor. Claaaro que baixo muita coisa da internet, e sempre sem pagar nada a ninguém. Acho que já dei tanto dinheiro à indústria fonográfica que simplesmente mereço pegar o que eu quiser. Além do mais, na maioria das vezes em que baixo algo que me agrada, depois adquiro o disco - o download serve só como aperitivo. Mas é verdade que comprei menos este ano, talvez por ter viajado pouco, talvez por estar ficando velho e não sentir mais a necessidade de possuir tudo que me aparece pela frente. Meu 2010 teve menos latinos que nos anos anteriores, e quase nada de brasileiros. Mas para quem acha que eu só ouço divas beeshas, minha seleção até que é bem variada:

LA SUPERBE, Benjamin Biolay
Se este francês cantasse em inglês, a esta altura estaria coberto de Grammys e fazendo show nas areias de Copacabana. Mas vivemos num mundo anglófilo: uma puta falta de sacanagem, que faz com que muita gente simplesmente ignore a existência desse cantautor genial. Seu álbum duplo "La Superbe" é a melhor coisa que ouvi este ano, clássico e atual ao mesmo tempo. Biolay é um digno sucessor de Serge Gainsbourg, além de cantar com um charme infernal e ser lindo de morrer (sim, reatamos o noviado secreto - não resisti a seus apelos). Confira acima o clip da ótima "Padam", e se quiser baixe-a aqui. Em tempo: quem aparece cantando não é o próprio, mas sim o ator Micha Lescot. Pode mandar embrulhar que eu levo todos para casa.

NIGHT WORK, Scissor Sisters
Adoro essa banda americana de som meio britânico (de tão viado que é) desde o primeiro disco, e agora no terceiro eles se superaram. "Night Work" é bom do começo ao fim - principalmente no fim, quando chega a orgásmica "Invisible Light". Que também foi o ponto alto do show sensacional que eles fizeram em São Paulo em novembro. Paul McCartney? Desconheço.

THE ARCHANDROID, Janelle Monaé
Ela vem ao Brasil em janeiro abrir para uma cantora bêbada e decadente, e periga roubar o show inteirinho para si. Mas imagino que sua produção não tenha os recursos necessários para traduzir ao vivo a variedade e a ambição de seu disco, que mistura ficção científica com Broadway e funk. "Locked Inside" é uma das melhores faixas, mas nem chega a dar ideia da salada de gêneros que é o CD todo.

RECORD COLLECTION, Mark Ronson
Que delícia deve ser produzir um disco com a participação de seus ídolos. Adoro "Record Collection" porque as sonoridades misturadas pelo produtor de Amy Winehouse - Culture Club, Duran Duran, Kraftwerk - também fazem parte da minha coleção. "Somebody to Love Me" ressuscita Boy George em grande estilo, e é só um dos pontos altos desse CD que parece uma coletânea de grandes sucessos.

BRIEF ENCOUNTERS, Amanda Lear
A ex-modelo com fama de transsexual abalou a disco music nos anos 70 e reapareceu em 2010 com um tsunami de novos trabalhos. "Brief Encounters", um álbum duplo, ainda ganhou uma versão acústica e outra com remixes para dançar; não satisfeita, a diva misteriosa ainda lançou o saltitante "Brand New Love Affair". E dessa overdose toda a melhor faixa é "Someone Else's Eyes", um dueto com o italiano Deadstar.

HERE LIES LOVE, David Byrne & Fatboy Slim
Um dos projetos mais bizarros do ano: uma ópera-disco sobre a vida de Imelda Marcos, a ex-primeira dama das Filipinas que se notabilizou por sua gigantesca coleção de sapatos. Mais impressionante ainda é a coleção de cantoras aqui presentes: Cyndi Lauper, Tori Amos, Florence Welch, Santogold, Sia... E a faixa-título ainda tem um momento hustle, que a homenageada dançava no Studio 54.

PLASTIC BEACH, Gorillaz
A melhor banda do mundo formada por personagens de desenho animado lançou um terceiro disco sofisticadíssimo, com Snoop Dogg, orquestra sinfônica e percussão marroquina convivendo numa boa. "Stylo" fez bastante sucesso, mas minha favorita secreta é "Empire Ants", com seus teclados glaciais. Certas músicas já vêm com ar condicionado embutido.

APHRODITE, Kylie Minogue
Olha a diva beesha aí, gente! Que é que eu posso fazer, se a australiana mignon fez um disco que é pura gostosura? Nem uma única balada, só musiquinhas para tocar no rádio e inspirar coreôs absurdas, como a dos desinibidos rapazes da Randy Blue. A que eu mais gosto ainda nem saiu em single: é a que dá nome ao CD, a marcha militar de um exército inteirinho gay.

ANIMAL, Miike Snow
Eles estiveram no Brasil quase em segredo, para um show que não teve lá muita repercussão. Pena, porque esse trio (dois suecos e um americano) sabe dosar perfeitamente o som indie com refrões grudentos. Não é à toa que compõem para fora - é deles "Toxic", o ponto alto da carreira da Britney. Experimente aqui dois bons remixes de "Silvia", um tributo à rainha da Suécia.

BLEU NOIR, Mylène Farmer
A Madonna francófona lançou um disco mais fraco que o anterior "Point de Suture", o que não quer dizer que este aqui não seja bom. RedOne, o produtor de Lady Gaga, contribui com duas faixas agitadas, mas o tom geral melancólico é dado por Moby, em quem Mylène parece ter encontrado uma alma gêmea. A colaboração entre os dois atinge o nirvana na líquida "Toi l'Amour". Só eu gosto dela no Brasil?

E já que eu vou ser preso mesmo, lá vão mais três avulsas que eu a-do-ro para completar o seu iPod:

"Noir sur Blanc", quiçá a mais bela canção de 2010, na voz da imortal Françoise Hardy;

"Beautiful Sunshine"
, do colombiano Fonseca, que ficaria chocrível em versão tribal;

e o hino obsceno "Fuck You", do já-avô-aos-35-anos Cee Lo Green. Bom apetite.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

OS PROGRAMAS DE 2010

Alguém ainda assiste TV à moda antiga, em frente a um televisor, na hora em que o programa está sendo exibido? Às vezes tenho a sensação de que só eu ainda não baixei todas as temporadas das séries atuais, que alguns canais a cabo teimam em exibir com atraso. Mas não vou negar que o DVR me libertou: agora saio sem culpa e deixo meus programas gravando, para depois simplesmente esquecer de vê-los. O ano televisivo teve muita coisa boa, mas também trouxe frustrações. O final de "Lost" bem que se esforçou, mas era impossível não decepcionar. "Glee" transformou qualquer fiapo de trama em desculpa para números elaboradíssimos; concordo com os que acham que a série mais viada de hoje em dia desandou um pouco. E bem que "Ti Ti Ti" poderia trocar de horário com "Passione": ainda estou no trabalho quando passa o ótimo (e gay-friendly) remake de Maria Adelaide Amaral, muito melhor que essa hecatombe que é a novela de Sílvio de Abreu. No mais, continuo fiel a "The Office", "30 Rock" e "SNL" - mas o que realmente marcou o ano para mim foram os programas abaixo, em ordem alfabética:

AS CARIOCAS (Globo)
Largo qualquer coisa que estiver passando nos outros canais para ver algo assinado por Daniel Filho, ainda o mais genial homem de TV que este país já produziu. "As Cariocas" adaptou antigas crônicas de Stanislaw Ponte Preta para os dias de hoje e escalou um time de beldades que gerou a mais bela abertura do ano. Foram 10 episódios independentes, e é óbvio que alguns funcionaram melhor que outros. Adorei rever Sonia Braga fazendo uma nova Júlia (ao lado de Antonio Fagundes/Cacá e Regina Duarte/Malu, todos personagens icônicos dirigidos por Daniel), e não entendo porque a Angélica não investe para valer na carreira de atriz - ela poderia ser a nossa loura hitchcockiana. Mas o melhor capítulo foi protagonizado por uma atriz que eu não topo muito, a Alessandra Negrini, com um final surpreendentemente moderninho. A série pode ser vista na íntegra neste site aqui. E prepare-se: "As Paulistas" vêm aí em 2011.

JUNTO & MISTURADO (Globo)
Ninguém pode reclamar: a Globo tentou inovar sua linha de humorísticos, apesar dos resultados variáveis. "A Vida Alheia" foi muito bem escrita, mas não tinha lá muita graça; "S.O.S. Emergência" é uma cópia despudorada de "Scrubs". "Separação?" até que foi bem legal, mas o grande prêmio vai mesmo para "Junto & Misturado", que marca a chegada de toda uma nova geração ao horário nobre da emissora. Bruno Mazzeo já aprontava há tempos no Multishow e em quadros no "Fantástico", mas aqui ele tem a chance de deitar e rolar, apoiado por textos geralmente ótimos (claro que houve derrapadas) e um elenco coeso de cúmplices e amigos (Renata Castro Barbosa inclusive é sua ex-mulher e a mãe de seu filho). Um novo "TV Pirata"? Pode ser. Aguardemos a segunda temporada.

MODERN FAMILY (Fox)
Parece incrível que tenham conseguido atualizar o formato mais tradicional de sitcom, a comédia familiar. "Modern Family" merece todo o sucesso e os prêmios que conseguiu, pois é terna, engraçada e progressista, tudo ao mesmo tempo. O casal gay não seria muito crível na vida real - alguém consegue imaginar aquele ruivinho irriquieto casado com o balofo afeminado? Mas a maneira como é retratado o dia-a-dia deles é totalmente verossímil, e aposto que está ajudando a convencer alguns indiferentes a apoiarem os direitos igualitários.

TRUE BLOOD (HBO)
Gostei ainda mais da terceira temporada, com mais sexo e viadagem do que antes - além de uma mensagem política pró-igualdade absolutamente pertinente. A HBO tem outras séries ótimas, como "Boardwalk Empire" e "The Pacific", mas nenhuma é tão divertida quanto a saga dos vampiros e monstros sortidos no sul dos Estados Unidos. Fala sério, o que era aquela louca do rei dos Vampiros do Mississipi? E a espinha do apresentador de telejornal arrancada em frente às câmeras? "True Blood" ainda revelou o homem mais bonito do ano, o translumbrante Joe Manganiello.

VALE TUDO (Viva)
Houve um tempo em que as novelas tinham tramas bem amarradas, uma cena conduzia à outra e as vilãs não viravam boazinhas do dia para a noite. "Vale Tudo" é um exemplo esplêndido dessa estirpe e disputa com "Gabriela" o trono de melhor novela brasileira de todos os tempos. Está sendo uma delícia revê-la; apesar dos termos e modelitos datados, a história continua atual, graças às soberbas personagens femininas. O único problema dessa reprise é o horário: você também tem perdido a hora por causa da Odete Roitman, chéri?

SUBIDA INGRID

Chegou a hora de Ingrid Guimarães. Não que ela já não fizesse sucesso há tempos: "Cócegas" estourou no teatro faz 10 anos, e de lá ela foi para a TV e alguns filmes no cinema (inclusive o magnífico "Avassaladoras", cujo roteiro final é meu). Mas com "De Pernas pro Ar" Ingrid tem a chance de se tornar um household name, aquele tipo de ator que a sua mãe conhece direitinho, sem confundi-la com as colegas. Ingrid surge na tela com um corpo escultural (estava amamentando na época das filmagens) e um cabelo divinamente bem cuidado. Mas ela tem um queixo digno da bruxa malvada da Branca de Neve, e esse descompromisso com a beleza talvez lhe seja liberador. Nenhuma outra atriz de sua geração é tão física, tão sem vergonha de tropeçar, cair no chão, resvalar para o mais puro pastelão sem abrir mão da dignidade. O roteiro de "De Pernas pro Ar" é repleto de cenas que descambariam para a vulgaridade em mãos menos capazes. A protagonista transa com um coelho de pelúcia, veste uma calcinha vibratória e ainda tem um jock-strap amarrado na cintura, um enorme e ameaçador pau de plástico. Mas Ingrid não perde a classe nem a cumplicidade com a plateia. "De Pernas pro Ar" de maneira alguma é um grande filme, mas é competente na mistura de safadeza com conservadorismo tão ao gosto da classe média brasileira. Parte da premissa ultra-careta de que a mulher que trabalha muito merece ser punida por negligenciar suas funções primordiais de esposa e mãe - mas é disso que o povo gosta, não é mesmo? Maria Paula não chega a compremeter, apesar de ter se formado na Academia Casseta & Planeta de Artes Dramáticas. O show aqui é de Ingrid, que ainda encarna a estreia retumbante do ecstasy no cinema nacional. A estrela já tinha nascido: agora pode se tornar uma supernova.

BRITÂNICOS EMBAIXO D'ÁGUA

Ontem aconteceu aqui no Rio a lendária festa do Kevin Ridgeley, uma tremenda boca livre patrocinada por este americano cinquentão que vive há anos no Brasil. Como na edição do ano passado, o cenário escolhido foi o Bar da Rampa, que pertence ao Botafogo e avança por um píer sobre a baía da Guanabara. Ninguém teve que levar brinquedos para as criancinhas: pelo contrário, presentes foram sorteados entre os convidados, de tênis e camisetas até iPods e iPads. Também não havia dress code rígido, se bem que a sugestão era ir vestido com algo que remetesse ao tema da festa: "The Naughty British", os britânicos safados (eu fui com minha fabulosa t-shirt da Patsy Stone do "AbFab"). Mas talvez um tema mais adequado fosse "20.000 Léguas Submarinas", já que a chuva, torrencial no começo da noite, não cessou por completo em nenhum momento. O que não prejudicou a animação: afinal, todas as bebidas eram de graça, e ainda havia garçons fantasiados circulando com sanduíches, açaí e muffins. No mais, continua o eterno debate sobre o quê que o Kevin ganha com tudo isto. Ele não está se promovendo, não sobe no palco na hora do sorteio, mais da metade dos presentes nem deve fazer ideia de quem seja. Oficialmente trabalha numa gravadora, que, convenhamos, não é o negócio mais explosivo do mundo. A melhor teoria que ouvi diz que ele é agente da CIA. Foi infiltrado no meio gay carioca para levantar informações - sobre o quê, exatamente? Qual o suplemento que vai bombar no próximo verão? Se for isto mesmo, é o melhor emprego do mundo. Onde eu me inscrevo?

E atenção, rapazes que estão em Floripa: meu filhinho Duda Hering manda avisar que amanhã rola a festa Deleite, promovida por ele e pelo Ricardo Albani do Jivago Lounge. Vai ser no recém-inaugurado Espaço Cinemá, entre o centro e Jurerê Internacional. Mais informações, assim como sets dos DJs Nacho Chapado e Mauro Mozart, você encontra aqui.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

AS FRASES DE 2010

Pronto, pronto, passou, passou: para de fazer essa cara de choro, porque aqui finalmente começa minha formidável Restrospectiva 2010. E o pontapé inicial será dado por uma categoria que lamentavelmente deixei de fora ano passado, depois dela tanto brilhar em 2007 e 2008. Sim, são elas, as Frases do Ano. Coisas lindas e estúpidas que marcaram a minha vida, para o bem e para o mal. Segura que aqui vão elas, uma mais fenomenal do que a outra.

5) IVETE! IVETE!
Não importa que o público de Pato Branco não tivesse pago ingresso. Não importa que a culpa do atraso tenha sido de uma falha técnica, e não da Claudia Leitte. O que importa é que a cantora deu um show de instabilidade emocional e pouco profissionalismo, ao ficar magoadinha com a provocação que clamava por sua amyga e ryval. De ungida essa aí não tem nada.


4) PIOR QUE TÁ NÃO FICA
Claro que fica. Quantos meses serão necessários para o Tiririca se envolver em seu primeiro escândalo? Alguém aí põe a mão no fogo por ele? Talvez os imbecis que o aplaudiram efusivamente quando ele recebeu o diploma de deputado federal - qual façanha digna de aplauso ele cometeu, além de levar mais de um milhão de votos de outros imbecis? O fato de ser analfabeto funcional e ter "chegado lá" não é motivo de orgulho, é um sintoma de que algo vai mal no Brasil. Mais tolo do que isto, só meu tio Luiz Carlos Barreto, que pretende rodar um longa sobre a vida do palhaço. Parece que o fracasso de "Lula, o Flho do Brasil" não foi suficiente para mostrar que não há público para esse tipo de filme.

3) TÁ PENSANDO QUE TRAVESTI É BAGUNÇA?
O desabafo de Luana foi captado pelas câmeras do "Profissão Repórter" em maio, e até o final do ano sobrevivia na blogosfera em infinitas variações. O pior é que continuo com a sensação de que sim, travesti é bagunça.





2) PUTA FALTA DE SACANAGEM
Outro desabafo, tão sincero e sofrido que pegou mais do que ex-seminarista em baile gay. A fã que se frustrou com o no show do Restart foi largamente recompensada pela banda, que a convidou para os bastidores e o palco no espetáculo seguinte. Também deveria ser premiada pela Academia Brasleira de Letras por sua contribuição imorredoura à língua pátria.

1) IT GETS BETTER
A onda de suicídios de adolescentes gays nos Estados Unidos serviu para alguma coisa: esta maravilhosa campanha de vídeos criada pelo colunista Dan Savage. Até mesmo o Obama, a Hillary e o David Cameron, o novo primeiro-ministro britânico, já gravaram suas mensagens de encorajamento para as vítimas de bullying homofóbico (sintomaticamente, NENHUM figurão do Partido Republicano dos EUA se deu ao trabalho até agora). A ideia se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil. Agora em janeiro será gravado em SP uma versão nacional; outras certamente virão.

COPACABANA VINTAGE

Chegamos ontem ao Rio e hoje já fomos correndo visitar a Modern Sounds pela última vez. Depois de 44 anos em atividade, a mega-loja de discos de Copacabana fecha as portas sexta-feira, derrubada por uma dívida de mais de 3 milhões de reais. O Daniel Cassús contou em seu blog um pouco da história do lugar e lembrou que os preços praticados eram caríssimos, totalmente fora da realidade. E eles continuam lá, impávidos, apesar da promoção que oferece 30% de desconto a quem comprar mais de 100 reais e pagar em dinheiro, cheque ou cartão de débito. Bem que tentamos aproveitar, mas não deu. Para começar, muita coisa já se foi e várias prateleiras estavam fechadas. Um CD com um remix non-stop de Giorgio Moroder saía por inacreditáveis 84 paus - um absurdo ainda maior se lembrarmos que estou a apenas alguns cliques de baixá-lo grátis. As poucas pessoas que garimpavam alguma coisa eram todas da terceira idade, e este foi um dos motivos do óbito da Modern Sounds: quando morria algum cliente, o faturamento devia cair alguns pontos. Não havia reposição. A política de compras da loja também teve sua parcela de culpa. Contei nada menos que 14 exemplares da trilha sonora de "Four Rooms', filme hoje esquecido que tinha Madonna em seu elenco. A trilha é ótima, assinada pela banda neo-retrô Combustible Edison - mas 14 exemplares? Devem estar mofando lá desde 1996. Também havia uns 10 de um mesmo disco de Fernandel, outro artista que caiu no limbo. Nem num asilo de velhinhos tem público para tanto. Saímos de mãos abanando, sem achar nada que realmente valesse a pena. O sentimento melancólico felizmente foi varrido por dois lugares vintage de Copacabana que ainda estão bombando. Primeiro atravessamos a Galeria Menescal, que ainda tem lojas que marcaram a minha infância e tão lotadas como sempre foram. Depois fomos almoçar no Cirandinha, provavelmente o restaurante que introduziu os waffles no Brasil, em 1956. O cardápio oferece pratos démodés como língua à florentina, mas o salão continua cheio - e o maître me garantiu que a língua tem muita saída (Oscar pediu e adorou). O mergulho no passado carioca foi contrabalançado por uma ida ao mais novo cinema da cidade, o Cinépolis Lagoon. Essa rede mexicana desembarcou no Brasil disposta a explorar lugares distantes do circuito tradicional - em São Paulo ela abriu um complexo no Largo 13 - mas aqui está nada menos que sob o Estádio de Remo do Flamengo, com salas abaixo do nível da Lagoa Rodrigo de Freitas. O Rio de Janeiro continua sendo.

IRMÃOS NO ARMÁRIO

Fazia tempo que não estreava no Brasil nenhum filme de Ferzan Ozpetek, um cineasta italiano de origem turca. No começo da década vimos por aqui "Um Amor Quase Perfeito" e "A Janela da Frente", que, apesar das tramas diferentes, tinham temas semelhantes: a descoberta súbita da homossexualidade de personagens ausentes, segredos do passado que influenciavam o presente. "O Primeiro que Disse" traz estas revelações para o aqui e agora, mais exatamente para uma família conservadora em Lecce, na Puglia - o calcanhar da bota, e talvez a mais atrasada região italiana. Não é fácil ser gay naquele país: a presença sufocante da Igreja faz com que as bibas pouco se assumam. A Itália tem poucas boates e muitas saunas - é tudo feito na surdina, com toda a discrição. O título original deste novo filme de Ozpetek é "Mine Vaganti", ou, numa tradução livre, "balas perdidas". São elas os dois filhos homens deste clã tradicional: quando o mais novo avisa ao mais velho que irá sair do armário para os pais, este resolve passar-lhe à frente (daí o nome brasileiro). As primeiras cenas são fortíssimas, mas depois o ritmo descamba para uma vulgar comédia de costumes, que só piora quando chegam de Roma os quatro amigos enloquecidos do caçulinha. Aí vira uma variante da "Gaiola das Loucas", com um final pouco satisfatório. Mesmo assim, é sempre bom ver no cinema histórias de auto-aceitação homossexual. Além do mais, a beleza da paisagem e a de alguns dos atores vale o preço do ingresso.

domingo, 26 de dezembro de 2010

ÁGUEDA EXPLICA

Agora que o Natal já passou podemos falar outra vez do único assunto que realmente interessa: o Facebook. Ainda melhor se for com acento andalú.

sábado, 25 de dezembro de 2010

NOITE FELIZ DOS MORTOS-VIVOS

E para manter o clima de solidariedade e amor ao próximo que vigora nesta época do ano, nada melhor do que este vídeo educativo que ensina como se livrar dos zumbis que fatalmente virão tirar uma lasquinha da sua ceia.

(este é o post de no. 3.000 do meu blog, hohoho)

NATAL EM LÍNGUAS

A dupla Pink Martini, que faz uma mistura de lounge com world music, lançou "Joy to the World", um disco só com músicas de Natal e, como não poderia deixar de ser, parece ter sido gravado numa Assembleia-Geral da ONU. Aliás, nem é propriamente de Natal, mas de festas de final de ano, já que eles incluíram faixas saudando o Ano Novo e também o Hannukah judaico. Os resultados são quase sempre inusitados: "Ocho Kandelikas", que vem do folcore ladino (os judeus espanhóis), virou um mambo, e "Auld Lang Syne" - que aqui no Brasil é conhecida como "Adeus, Amor, Eu Vou Partir" - ganhou um adequado arranjo de escola de samba, já que é a canção com que os gringos festejam o Réveillon. Mas também há momentos de introspecção ecumênica, como uma versão de "White Christmas" em japonês ou "Stille Nacht" ("Noite Feliz") cantada primeiro no original alemão, depois num semi-sacrílego árabe (por ninguém menos que Fairouz, a diva-mor do Líbano) e por fim em inglês, com um coral de crianças. Meu marido Oscar se encantou: quando não está ouvindo as rádios de Natal da Soma FM, me pede para tocar este CD. E bimbalham os sinos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

BOLLY CHRISTMAS

Christmas kee badhaaeeyaan! क्रिसमस की बधाइयाँ!

(surrupiado do Facebook do Danilo Taveira)

QUEM QUER PERU?

Então é Natal. Adorável e deprimente Natal, aquele dia do ano quando a gente se sente uma merda porque o mundo inteiro está explodindo de felicidade e nós, não exatamente. O Natal é uma data postiça dentro da outra, feito uma coleção de bonecas russas. Um marciano que chegasse hoje à Terra acharia que estamos celebrando um ídolo pagão chamado Papai Noel, que se alimenta de presentes. Mas, não!, correm para dizer os mais devotos. O Natal é o aniversário de Jesus, nele comemoramos o nascimento do salvador. Aham, respondem os eruditos. Foi o papa Julio I, no século IV, quem determinou que essa data caísse em 25 de dezembro. Todos as evidências indicam que Jesus deve ter nascido na primavera, época em que os romanos faziam seus recenseamentos, e uns 4 anos antes do que chamamos de ano 1 (então feliz 2014 para todo mundo, e agora fodeu porque é o ano da Copa e não tem nada pronto). Sua Santidade alterou as datas para competir com as saturnálias, que marcavam o solstício de inverno. Ou seja, aqui no verão brasileiro estamos festejando um inverno que acontece do outro lado do mundo, travestido de celebração cristã, fantasiado de orgia consumista. Mas o que importa mesmo é a família, os amigos, a comida, os presentes... Sei não, nunca mais ganhei nada que superasse o sensacional zoológico de plástico que marcou meu Natal aos 10 anos de idade. Para mim começam hoje as férias coletivas e também um período de reflexão, entremeado de excessos de todos os tipos. Em breve começo a soltar os posts da retrospectiva do (meu) ano: melhores filmes, melhores discos e por aí vai. Mas hoje só quero saber de peru e rabanada. Hohoho, feliz Natal para tdo mundo.