domingo, 29 de agosto de 2010
OS PRIMOS GAYS DE SABRINA
Olhe bem para estas senhoras inglesas. As duas são hétero e a da esquerda é casada com filhos. E adivinha o que elas fazem para viver? Escrevem romances históricos e eróticos com protagonistas gays, recheados de cenas explícitas de sexo. E seu público é basicamente como elas: mulheres heterossexuais. Já tinha me surpeendido com o fato de várias lésbicas se excitarem com filmes pornôs gays. Como o erotismo feminino está muito na mais cabeça do que no olhar, até que não é de todo espantoso saber que a vertente "M/M" (man on man) é a que mais cresce dentro do bilionário mercado da literatura para moças, conhecido aqui no Brasil pelas séries "Sabrina", "Bianca" e "Julia". A revista "Out" deste mês, que tem o Daniel Radcliffe / Harry Potter na capa, traz uma matéria sobre este fenômeno, que pode ser lida aqui em inglês. O repórter praticamente não se conforma com a situação das duas senhoras, e fica provocando-as o tempo todo: têm certeza que vocês não são homo, bi, pansexuais? É então que a grandalhona da direita responde: sou um gay ativo aprisionado no corpo de uma mulher. O próprio pseudônimo com que ela assina seus livros já dá uma dica. É Erastes, o termo que definia o parceiro dominante (vulgo comedor) das relações homossexuais da Grécia antiga (o passivo era o erômenos). A outra senhora, Alex Beecroft, vai à Igreja e leva uma vida caretérrima, mas admite que se fosse jovem nos dias de hoje talvez tivesse explorado "outros lados". As feministas não sabem o que fazer destes livros: as personagens femininas são todas umas tontas, que sangram pelo nariz e estão sempre choramingando. Já os homens são viris, galantes, intrépidos, a fantasia costumeira. Só que preferem transar com outros homens, ou melhor, amar. Moral da história? A mesma a que já cheguei outras vezes: a sexualidade humana é muito mais rica e vasta do que os rótulos que lhe queremos aplicar.
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Engraçado que o publico dos mangás yaoi são quase totalmente feminino no Japão(aqui acho que nem tanto).
ResponderExcluirConcordo com o Fausto. Parece yaoi ocidental, quase um homosromantismo.
ResponderExcluirIa comentar o mesmo que o Fausto. Yaoi é predominantemente lido por mulheres, já Bara é o mangá gay voltado pro público masculino.
ResponderExcluirMas é muito nteressante que há esse mesmo "fenômeno" em outras vertentes da literatura.
Quando passava queer as folk eu assisti uma reportagem sobre mulheres heteros estadunidenses (me recuso chamar de amaericanas porque isso pra mim é coisa de pretensioso) que assistia a serie para ver as excitantes cenas de sexo entre os homens e como na cultura estadunidense os homens se excita em ver duas mulheres se beijando ou transando por isso eu não me espanto com estas inglesas. Pra mim elas são pessoas comuns.
ResponderExcluirPense comigo ser passivo sexualmente é uma pessoa que esta sendo estuprada por isso eu não uso esta palavra neste contexto.
Não me espanta. No japão, 90% dos autores de mangá que contém Shonen-Ai (romance entre homens) e Yaoi (romance mais explicito entre homens) são mulheres. O grande público desse tipo de mangá é também o público feminino. Existem várias explicações, porém eu tenho uma amiga japonesa que diz que ela e as amigas preferem os mangás feitos por mulheres pois tem um desenvolvimento do roteiro melhor, as histórias feitas por homens parecem um pornô de quinta...
ResponderExcluirFalando em sexualidade rica, lembrei que queria ver o filme Kinsey, que fala levemente do assunto, mas como sempre li que o filme era ruim, sempre deixei de lado. Vou dar uma chance agora hehe
ResponderExcluirTony, porque somos tão ridículos?
ResponderExcluirhttp://www.elmundo.es/america/2010/08/29/brasil/1283093953.html
Morro de vergonha aqui na Espanha...
escrever contos com temática homoerótica é surpreendente, e o público feminino costuma se interessar mesmo. as primeiras leitoras dos meus são sempre as amigas.
ResponderExcluirAdorei o post, Tony! Como falaram acima, me lembrou o yaoi, ou Boys Love. No Japão praticamente todos os mangás com temática gay são classificados como Boys Love e direcionados a mulheres. Isso fazia sentido antigamente, quando a estética era 100% voltada a garotos delicados para agradar as fujoshi (mulheres que gostam de sexo gay envolvendo garotos delicados). Por volta de 2000-2002 teve inicío um "surto de masculinidade", quando surgiram publicações de artistas homens desenhando mangás com temática gay (no ocidente os fãs puseram o nome de "bara", mas por lá tudo por muito tempo continuou sendo Boys Love - apenas recentemente foi cunhado o termo Mens Love como tentativa de diferenciação).
ResponderExcluirEmbora atualmente tenha de tudo - desde os clássicos homens delicados e afeminados, para as fujoshi, ao "gachi muchi" (homens másculos, musculosos, bears ou oyaji - "daddies", meus favoritos), para, teoricamente, gays - os mangás de temática gay SEMPRE são considerados mercadorias voltadas ao público feminino, publicados pelas editoras de mangás "jousei" (mulher adulta - não com conotação necessariamente sexual, mas em oposição aos mangás "de menina", para adolescentes/crianças). Eu acompanho Mens Love, ou "bara", antes de ter esses nomes e sempre quis saber se são mais mulheres (a quem são dirigidos os mangás) ou mais gays (os que realmente... utilizariam as histórias em quadrinhos - inclusive os mesmos artistas publicam histórias revistas similares às das publicações fmininas em revistas gays japonesas, como a Badi e a G-Men) que compram Mens Love, mas nunca encontrei dados a respeito.
(desculpa o tamanho do comment, mas me empolgo com esse tema!)
Pessoal, ñ é fantástico o q vai pela cabeça dessas duas senhoras, queria as duas HOJE p/ mãe e avó, respectivamente!! Romances adaptados para o homoerotismo, issó é um achado e tanto?! Já quero e imagino os títulos 'Júlio', 'Carlos', 'Mateus'... Do c***, realmente!!
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