quarta-feira, 4 de agosto de 2010

MULHERES INCONVENIENTES

Uma moça tem um caso com um astro em ascensão. Engravida, tem o bebê e dá a ele o mesmo nome do namorado. Vai atrás do sujeito exigindo seus direitos e se dá mal. O cara tem conexões perigosas e consegue tirar a coitada de circulação. A história de Ida Dalser, que foi amante de Mussolini, infelizmente se repete até hoje e com ainda mais violência. É contada pelo filme "Vincere", que curiosamente manteve aqui o título original, difícil de ser pronunciado pelos brasileiros ('víntchere'), quando "Vencer" já bastaria. O veterano diretor Marco Bellocchio cria algumas sequências memoráveis colocando os personagens em sessões de cinema e interagindo com o que passa na tela, mas o recurso cansa quando é usado pela 4a. ou 5a. vez. O ritmo também desanda quando Ida é internada num manicômio, para nunca mais sair: o começo da trama, que reflete a ascensão do fascismo na Itália, é muito mais interessante. É o que dá quando o roteirista também é o próprio diretor. Nada é cortado porque tudo lhe parece importante, e assim o filme fica longo demais. Entretanto, "Vincere" tem muita coisa boa: fotografia, música e uma atuação impressionante de Filippo Timi como il duce ainda jovem. Ele convence totalmente como o esboço do ditador mais canastrão de todos os tempos, tornando mais humano - nem por isto menos assustador. "Vincere" serve para lembrar que os fascistas têm várias formas e ainda estão por aí. Continuam, inclusive, tratando as mulheres na porrada.

4 comentários:

  1. Este filme parece ser interessante. Eu fico muito triste em saber que as mulheres passa por situações como esta. Aqui no Brasil esta cheio de Mussolinis.

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  2. Caro Tony, trabalho na editora Língua Geral, no RJ, e gostaria de falar com você a respeito de um livro que lançaremos em breve ("Elvis e Madona", de Luiz Biajoni, baseado no filme do Marcelo Laffitte que estreia em janeiro). Poderia me enviar o seu contato?

    Obrigado e um abraço,
    Diogo

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  3. Claro, Diogo. Anota aí:

    tonygoes@uol.com.br

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  4. Hitler é tão canastrão quanto Mussolini. Em pensar que o contemporâneo Collor tinha o mesmo jeitinho teatral desses canalhas, e os brasileiros se deixaram levar.

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