terça-feira, 31 de agosto de 2010

A LIBERDADE DE SER PARCIAL

É engraçado como muita gente cobra "isenção" da imprensa no Brasil. "Neutralidade". Onde é que está escrito que a imprensa sempre tem que ser apartidária? Na França, a tendência política dos jornais é cristalina: o "Libération" é socialista, o "L'Humanité" é comunista, o "Le Monde" é de centro, o "Le Figaro" de direita... Mas ai do grande jornal brasileiro que declarar sua preferência. Isto talvez por causa da ditadura militar que tanto sufocou a liberdade de expressão por aqui. Explico: quando as amarras amainaram, muitos órgãos trombetearam-se "sem rabo preso", em busca de credibilidade e objetividade. Evidente que não ter rabo preso é um bom diferencial: inúmeros veículos brasileiros são escandalosamente atrelados aos caciques locais (vai ver se o "Estado do Maranhão" fala mal da família Sarney, vai). Mas neutralidade total é impossível, e era bom nos acostumarmos com isto. Muita gente reclama que a "Veja" é direitista. E daí? Veja bem, não estou defendendo o ponto de vista da revista. Mas defendo o direito dela ter esse ponto. OK, a "Veja" ainda se vende como imparcial, quando é óbvio que não é. Mas nem todo jornal ou revista precisa trazer no título para que lado pende. O "New York Times", por exemplo, tem como slogan "Todas as notícias que puderem ser publicadas" (all the news that's fit to print) - mas, apesar da presença de alguns colunistas conservadores, é descaradamente liberal (ou seja, costuma pender para os Democratas). Claro que o bom jornalismo busca sempre a verdade, ouve todos os lados envolvidos e não se deixa empapuçar por ideologias. Mas para sermos totalmente objetivos primeiro precisaríamos deixar de ser humanos.

16 comentários:

  1. Citação ipsis verbis

    "Onde é que está escrito que a imprensa sempre tem que ser apartidária? Na França, a tendência política dos jornais é cristalina(...)"

    Mais uma vez você tem razão, meu amigo. A imprensa pode ser partidária, mas tem que ser cristalina. Tem que declarar voto e dizer, com todas as palavras e com todos os porquês: NOSSO CANDIDATO É FULANO. É o mínimo que a imprensa que se diz séria deveria de respeito ao leitor.

    Mas o que temos no Brasil? Uma imprensa que se veste com o manto de paladino da Verdade, aquela, com "v" maiúsculo, e diz defender o povo contra o estado, aquele, com "e" minúsculo, porque mínimo. Na verdade, vemos todos os dias nas manchetes dos jornais um vale-tudo que defende somente os próprios interesses, e elege um candidato como seu, mas sem a coragem de declará-lo. A questão, mais uma vez, não é ter ou não um candidato, A questão é declará-lo, assim sabemos quais são os interesses por detrás da notícia. Hoje, quem está enganando a quem?

    Tudo isso e não posso deixar de ter uma certa compaixão melancólica com a grande imprensa. Tirou as jóias da família do cofre e acabou apostando no cavalo perdedor do páreo. É a vida.

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  2. Fidel assume culpa por estigmatizar homossexuais em Cuba:
    http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/08/31/fidel-assume-culpa-pela-onda-homofobica-em-cuba-ha-50-anos-917515049.asp

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  3. O Le Monde não é exatamente de direita...rs...

    Concordo com você, Tony. Só que a imprensa brasileira tenta se passar por imparcial. Raros são os editoriais mais incisivos. Dá para perceber a orientação das publicações, mas é difícil ver alguma posição claramente tomada.

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  4. A Veja é uma vergonha nacional. Chuvas em SP (governada pelo PSDB e aliados) é problema climático, no Rio (governada por aliados de Lula) é falta de planejamento, falta de trabalho do governo.
    E a Folha, com seu Datafolha, mostrava empate entre Serra e Dilma, enquanto nos outros institutos Dilma estava há anos luz na frente.

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  5. Tony, acho que seria melhor não escrever nada do que escrever esse monte de asneiras. Uma coisa é ser parcial, outra é não checar a veracidade do que é publicado e perseguir sitematicamente, como a revista Veja já faz há tanto tempo com o Lula e agora com a Dilma. Daqui a pouco você vai estar divulgando no blog aquele email falso que diz que a Dilma participou do sequestro do embaixador americano e não pode entrar nos Estados Unidos. Gosto do seu blog, mas prefiro quando você trata de assuntos mais triviais.

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  6. Só o Fidel?? E o bosta do Che que muitos gays endeusam usando camisas com a estampa da cara imunda dele!!

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  7. Eu sou igual o New York Times liberal.

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  8. O Le Monde não é, definitivamente, de direita. Basta ir a uma banca da Paulista e folhear um exemplar de um produto do jornal, o Le Monde Diplomatique, em sua versão em português, para ver isso. É de centro. Quase centro-esquerda.
    Milton.

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  9. Já corrigi a posição do "Le Monde". Excusez-moi.

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  10. Pas de problème, Tony. Gros bisous.
    Milton.

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  11. A Veja é uma vergonha nacional [2], principalmente por continuar se vendendo como imparcial.

    Falta peito pra fazer isso aqui: http://www.cartacapital.com.br/politica/por-que-apoiamos-dilma

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  12. Saco cheio das pessoas me falarem que sou isso ou aquilo por assinar a Veja. Assino, leio e absorvo aquilo que eu quero.

    É a única revista semanal que oferece um português descente. Tem muita coisa forçada, daí eu escolho pular a matéria ou rir da forcação de barra. Tudo tem meias verdades, basta ter sua própria opinião.

    ps, odeio Carta Capital.

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  13. "É a única revista semanal que oferece um português descente."

    A gente sabe o porquê.

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  14. Concordo plenamente com o Anônimo aí em cima. Fiquei falando de ameninadades pq qdo vc se aventura pelo comentário político-social vc derrapa e dá perda total.

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  15. Ai, errei no "descente". ahuahuhauhauah
    Quem é essa cafona que me corrigiu? kkkk

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  16. Perseguir sistematicamente o Lula? em primeiro lugar - tks ao Bolsa Familia, a popularidade do presidente continua em alta. Segundo - desde o inicio de seu governo ate hoje, nenhum m^es - insisto - nenhum ficou sem apresentar um escandalo de nosso governo & partidos que o apoiam. A Veja 'e veladamente partidaria? Sim, talvez. Mas inventar, no chance.

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