domingo, 18 de julho de 2010

UMA GELADEIRA

Como não morrer de vontade de ver um filme com a sinopse de "Almas à Venda"? Paul Giamatti faz o papel de si mesmo. Cansado do peso da própria alma - e que, segundo ele, o está impedindo de encontrar o tom certo para interpretar "Tio Vânia" - o ator resolve extraí-la e estocá-la numa clínica especializada. É, isto mesmo. A crítica americana adorou essa produção indepentente. Chamou de "comédia inteligente com toques existencialistas" e daí para cima. Mas a triste verdade é que há muita pouca comédia. O roteiro se prestaria a milhares de piadas ótimas, quase todas desperdiçadas. E o tom imprimido pela diretora Sophie Barthes é uma de frieza absoluta, totalmente condizente com o título original ("Cold Souls") e reforçado pelas paisagens congeladas da Rússia, para onde a ação se transfere na segunda metade do filme. Talvez eu tivesse gostado muito se não estivesse esperando rir à pampa. É o que dá ir ao cinema com muita expectativa.

2 comentários:

  1. Ticontar que eu gostei foi muito! Vi no último Festival do Rio e justamente o que mais te incomodou para mim foi fundamental: a "frieza" e o distanciamento, de um filme que fala sobre a perda da alma anyway, é mais uma das ironias de um filme que não procura a gargalhada, mas a cumplicidade de quem assiste. Não esperava muito do filme mas fiquei o tempo todo com um sorriso no canto da boca.

    ResponderExcluir
  2. Cinema é sempre uma relação expectativa-resultado.

    ResponderExcluir