sexta-feira, 9 de julho de 2010

SOMALIA'S NEXT TOP MODEL

Uma das boas consequências do 11 de setembro é o fim do relativismo cultural. Antes da queda das torres, era pecado mortal criticar qualquer aspecto de uma outra cultura. Todas se equivaliam, nenhuma era superior a outra. Esta noção revolucionária serviu para o Ocidente se penitenciar por seu passado imperialista, mas também permitiu que muitas barbaridades fossem perdoadas em nome da tolerância. Durante muito tempo a circuncisão feminina - na verdade uma mutilação dos órgãos sexuais externos da mulher - permaneceu imune a todo ataque; afina, trata-se de um hábito milenar. Foi preciso que as próprias vítimas se levantassem contra, e a modelo somali Waris Durie foi uma pioneira nessa luta. O filme "Flor do Deserto" é baseado em sua autobiografia, e funciona quase como um documentário fascinante quando narra a vida brutal no interior da Somália e a fuga épica da pequena Waris para a Inglaterra. Mas patina em muitos momentos dramáticos, um pouco por culpa da modelo-e-atriz etíope Liya Kebede, que não segura a onda. Também não deixa de ser sintomático o fato de tanto Waris como Liya terem alcançado o sucesso na Europa só por serem bonitas. Se fossem feias, estariam até hoje lavando o chão de lanchonetes.

9 comentários:

  1. 11 de Setembro como fim de relativismo cultural? Por favor, né Tony...

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  2. "Também não deixa de ser sintomático o fato de tanto Waris como Liya terem alcançado o sucesso na Europa só por serem bonitas. Se fossem feias, estariam até hoje lavando o chão de lanchonetes."

    Ué, mas não é assim em todo lugar, em qualquer contexto?

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  3. kkkkk..11 de setembro parece que virou o marco para tudo, é um argumento muito simplista! A colonização africana foi baseada no relativismo cultural neh? E as teorias pós 11 setembro sobre terrorismo que lidam sobre a cultura? Mas o que venho a perguntar e dúvido que terei uma resposta é que: e em relação as mulheres que defendem a a prática? Existem 4 tipos diferentes dessa prática ser feita! E se essa prática fosse feita nos hospitais com tudo higienizado? Acho muito fácil apelar para o argumento de que as mulheres que defendem essa prática não são corretamente "educadas", seria mais fácil chamá-las de ignorantes!

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  4. Aí é que está a beleza do fim do relativismo cultural. Hoje podemos chamar de bárbara essa prática em qualuqer uma de suas variações, mesmo se feita nas mais perfeitas condições de higiene. O objetivo é sempre reduzir o prazer sexual da mulher, o que é simplesmente inaceitável. Não está prevista no Alcorão, não tem nada de sagrada. É barbaridade pura e simpes, e precisa ser combatida. Uma associação médica americana propôs que os hospitais de lá fizessem o procedimento nas tais condições de higiene mas a gritaria foi tão grande que tiveram que voltar atrás. E as mulheres que defendem a mutilação - são sempre muheres que cortam as meninas - passaram por uma lavagem cerebral desde pequenas. Sâo ignorantes sim, e precisam de ajuda.

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  5. "Sâo ignorantes sim, e precisam de ajuda."

    Vamos educar essas mulheres então.Qual educação é melhor?O pior é que é sempre a nossa neh!Não seria uma boa ideia ensinar a essas mulheres como proceder? Acho q esse debate é mt amplo...

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  6. Andre, você jura que está defendendo a "circuncisão" feminina? Que horror!

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  7. Acho que ele não está defendendo a "circuncisão" feminina não... Lendo o texto e os comentários não posso deixar de concordar que "relativismo cultural" é tipo a simplificação da simplificação. Qto ao 11 de Setembro idem. Se estas mulheres tiverem escolha e escolherem a circuncisão é pq elas são ignorantes? E quem é o árbitro disso? Nossa cultura ocidental? Para mtas, e mtas mesmo, culturas a homossexualidade é bárbara tb. Na Alemanha nazistas gays eram castrados tb. Para os nazistas a castração não era uma barbaridade, mas a homossexualidade sim. A barbaridade sempre vai estar presente e sempre vai variar de contexto e cultura. O ponto não seria aqui que as pessoas tem q ter respeitados o direito de escolha. Algumas vão ser bárbaras aos nossos olhos. Outras não. O assunto é tão complicado qto profundo.

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  8. "Circunicão" feminina é um aato bárbaro sim, e não tem nada a ver com a escolha pessoal da mulher. É uma prática milenar que precisa ser combatida a todo custo, não importa o contexto cultural de onde ela tenha surgido. É isto o que eu quero dizer que o relativismo c ultiural estea encontrando seus limites: vamos para com esta ficção de que todas as culturas se equivalem, quer não hea cultura superior a outra. Uma cultura que permite a "circunscisão" feminina é bearbara sim e precisa ser combatida.

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  9. E ainda bem que temos vc para dizer o que é certo e errado!
    Cito o comentário do André: e em relação as mulheres que defendem a a prática? Devemos educa-las? Vc tem razão que obrigar as pessoas a fazer algo q elas são contra e que vai prejudica-las é uma barbaridade. A questão que foi aberta aqui é primeiro que o exemplo do 11 de setembro foi bem infeliz. Depois quem é o árbitro para dizer que esta cultura ou outra é superior aquela? Como foi citado acima tb, o escravidão foi baseada na ideia de que os brancos eram superiores aos negros. Culturas inteiras no nosso continente foram dizimadas pelos espanhois pq eles se julgavam superiores. No Brasil em nome de Deus e da cultura européia lavaram os cérebros dos nativos tb. Ou então eram escravizados ou assassinados. Qual cultura era superior? E quem é o juiz disso? A sociedade "evoluiu" baseada em princípios como esse _ e na força. É assim que o mundo "civilizado" anda, através da bárbarie. Em nome da civilização e da superioridade de culturas e raças civilizações inteiras são bárbaramente exterminadas. E isso não vai mudar. É assim mesmo que o mundo anda. Mas daí a acreditar que somos superiores é outra coisa. Somos todos bárbaros. Por isso que disse que talvez o ponto aqui, nesse caso das mulhereas somalis, o que deveríamos pensar é que se elas optassem pela "circuncisão" seria um direito, não mais uma barbaridade. O limite do relativismo cultural é a escolha. Não a arbitragem alheia.

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