sábado, 31 de julho de 2010
ERA UM, ERA DOIS, ERA CEM
Este ano ainda não vi nenhum filme brasileiro de ficção que fosse realmente bom. Em compensação, os documentários estão cada vez melhores. A bola da vez é o ótimo "Uma Noite em 67", sobre a final do Festival da Música Popular Brasileira (mais conhecido hoje em dia como Festival da Record) daquele ano. Os diretores Renato Terra e Ricardo Calil se concentram nas cinco primeiras colocadas: "Maria, Carnaval e Cinzas", com Roberto Carlos; "Alegria, Alegria", com Caetano Veloso; "Roda Viva", com Chico Buarque e o MPB4; e a grande vencedora, "Ponteio" com Edu Lobo e Marília Medalha. Como exceção da primeira, talvez o único samba gravado por Roberto em toda sua carreira, todas as outras se tornaram grandes clássicos da MPB e tocam por aí até hoje. O filme lhes faz justiça mostrando todas na íntegra, além do grande escândalo do ano: a vaia a Sérgio Ricardo, que fez com que ele quebrasse o violão e o atirasse na plateia (hoje seria preso e processado). A vaia, aliás, foi merecida, pois "Beto Bom de Bola" é simplesmente horrorosa. Saímos do cinema assombrados: como foi que canções tão elaboradas, tão sofisticadas, caíam tão fundo no gosto popular e provocavam verdadeiros tumultos entre os fãs presentes ao teatro naquela noite? E feitas por uma gente tão novinha: Chico tinha 23, Caetano um ano a mais. Eram realmente outros tempos. Aquela foi talvez a última geração da elite brasileira (nem todos "tinham berço", mas todos eram cultos e educados) que se interessou a sério por música. O resultado é que só agora seu domínio está arrefecendo, sem que outra geração do mesmo quilate tenha aparecido. Por quê, hein? Uma das minhas teorias é que o Plano Real favoreceu o take over da cultura brasileira pelas classes C e D. Claro que a música brega (hoje chamada de "romântica") sempre existiu, mas era relegada a um gueto, ao quarto das empregadas. Sertanejo, então, era o supra-sumo do ruim (e eu acho que ainda é...). O Brasil melhorou (um pouco) a distribuição de renda, mas a educação foi ladeira abaixo. E os um, dois, cem de 67 hoje parecem tão poucos.
WALK ACROSS AMERICA
A técnica é manjada. O tom de patriotada irrita um pouco. Para completar, é um comercial da Levi's. Mas sabe que eu até me emocionei com essa caminhada de Nova York até San Francisco, passando por tudo pelo caminho? O mapa da viagem pode ser visto aqui. Queria que fizessem algo parecido no Brasil.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
ESQUERDA, VOLVER

Em tempo: já está no ar o 2o. "popcast" com Marcos Carioca e eu. Ouça ou baixe aqui, no MixBrasil. Dessa vez tentamos pegar mais leve e começamos discutindo a festa com sexo explícito que rolou na Flexx semana passada. Tentamos, não conseguimos...
AS SETE RAZÕES
O vídeo acima é de 2007, mas eu só o conheci ontem graças a uma dica do Diego Rebouças. É um resumão de todos os argumentos que os homofóbicos e os defensores da desigualdade usam para negar os direitos dos homossexuais. Irônico, direto ao ponto e demolidor. Fora que o apresentador é um gatcheeenho... Lá vai uma tradução livre para quem matou as aulinhas de inglês:
Existem várias razões pelas quais a homossexualidade deveria ser proibida.
A primeira é que a homossexualidade é completamente anti-natural.
Assim como os óculos, o poliéster e os métodos anticoncepcionais são anti-naturais.
A segunda é que o casamento homossexual não é apoiado pela religião. E numa teocracia como a nossa, os valores de uma religião são sempre impostos ao país inteiro. É por isto que temos apenas uma única religião aqui nos Estados Unidos.
A terceira é que os casamentos homossexuais são inválidos porque não geram filhos. É por isto que casais estéreis ou de idosos não podem se casar legalmente, porquer o mundo precisa de mais crianças.
Quatro: o casamento gay vai encorajar mais gente a ser gay, do mesmo jeito que andar com gente alta faz com que você fique alto também. As evidências científicas provam que se trata de uma doença contagiosa.
Cinco: se permitirmos que os casais gays adotem, então eles
obviamente vão educar seus filhos para serem gays também, já que casais héteros só têm filhos héteros.
Seis: os casamentos homossexuais são simplesmente estranhos. Assim como os casamentos interraciais e a aveia instantânea, que também deveriam ser proibidos.
Sete: com relação à adoção por casais gays, as crianças jamais podem se dar bem sem ter um modelo masculina e outro feminino em casa. É por isto que pais solteiros são proibidos de educar seus filhos.
A maioria dos americanos acha que a homossexualidade deveria ser ilegal. E o que é popular é SEMPRE o certo.
Lembre-se: vivemos num país livre. Temos o direito de comer o que quisermos, de saltar por aí feito idiotas e de usar camisas havaianas ridículas em público. Também temos o direito de impedir duas pessoas que se amam de se casarem.
Portanto, vote pela justiça. Porque os gays não merecem as liberdades básicas. Obrigado.
ENTREVISTA COM A APÓSTATA

Para aqueles que se importam, e eu entendo quem não o fizer: hoje eu deixei de ser cristã. Estou fora. Eu continuo dedicada a Cristo como sempre mas não mais a ser “cristã” ou a ser parte do Cristianismo. É simplesmente impossível para mim “pertencer” a este grupo briguento, hostil, conflituoso e merecidamente infame. Eu tentei durante dez anos. Eu falhei. Sou uma 'outsider'. Minha consciência não permite nada além disto.
Anne tem um filho gay, o também escritor Christopher Rice. Veja o que ela diz em outra mensagem:
Como disse antes, deixei de ser cristã. Estou fora. Em nome de Cristo, eu me recuso a ser anti-gay. Eu me recuso a ser anti-feminista. Eu me recuso a ser contra os métodos anticoncepcionais artificiais. Eu me recuso a ser anti-Democrata. Eu me recuso a ser contra o humanismo secular. Eu me recuso a ser contra a ciência. Eu me recuso a ser contra a vida. Em nome de Cristo, eu deixo o Cristianismo e deixo de ser cristã. Amém.
Falou e disse.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
DOSE DUPLA

(chupei esse anúncio do blog do Marcello Queiroz, diretor de redação do jornal Propmark - o antigo Propaganda & Marketing - e baladeiro profissional)
A MARINA AUSTRALIANA

MALAYSIA'S NEXT TOP IMAM

quarta-feira, 28 de julho de 2010
QUARTA SEM LEI



PROGRAMA DE GAROTOS
Não tem jornalístico mais fofo na televisão brasileira do que o “Profissão Repórter”. O veterano Caco Barcellos comanda uma equipe ultra-jovem, com sobrenomes incomuns e carinhas de recém-saídos da faculdade. A garotada se atira às reportagens com o entusiasmo e a ingenuidade de quem ainda está fazendo o TCC. O programa de ontem foi bem ilustrativo: o tema era caliente, garotos de programa. Um universo sombrio e cercado de tabus, o que não impediu a turminha de ir a campo como se fossem bandeirantes vendendo caixas de biscoito. Dava vontade de por no colo o jornalista lindinho, chateado porque o casal que contratou um michê não o deixou acompanhá-los ao quarto do motel com câmera e tudo. Em compensação, uma sauna modesta em Curitiba foi invadida por dois intrépidos diletantes, com autorização do proprietário mas sem aviso prévio aos frequentadores. Já pensou? Você lá de toalha na cintura e tentando engatar um xaveco, e de repente entra a rede Globo filmando tudo? “Pô, ninguém quer dar entrevista”.
Calma, sempre se encontra algum exibicionista sem noção do perigo. Como o coitado sem casa, sem família e sem clientes, talvez o prostituto mais feio de São Paulo. Ou o escort carioca que atendeu a reportagem com tanta desenvoltura que acabou transformando metade do programa num infomercial de si mesmo. O desembaraço era tamanho que o aprendiz de jornalista chegou a desconfiar: “acho que o cara tá armando, disse que ganhou 600 reais por uma noite mas só mostrou 400…” Peraí, 400 reais?? Só se fosse o Lukas Ridgeston. O espertalhão estava tentando valorizar seu passe, e sua freguesa – que não mostrava o rosto, só as unhas pintadas de verde – não cansava de dizer como ele era carinhoso, “muito mais que o meu namorado”. Só faltou aparecer um telefone de contato na tela. Mesmo com tantos tropeços, o “Profissão Repórter” é bacana. Além de ser simpatizante à causa gay, ainda traz aquele frescor de quem está vendo o mar pela primeira vez e precisa contar como é para o pessoal que ficou em casa. Aproveitem, meninos: a juventude passa rápido.
terça-feira, 27 de julho de 2010
ESCRITO NAS ESTRELAS

segunda-feira, 26 de julho de 2010
SKY HIGH
A cantora americana Sky Ferreira tem um nome improvável e um excelente tino para os negócios. Ela queria um hit e foi bater na porta certa: a dos produtores suecos Bloodshy & Avant, que ganharam um Grammy pelo "Toxic" da Britney Spears, já produziram faixas para Madonna e Kylie e são dois terços da excelente banda Miike Snow. O resultado é "One", cheia de tecladinhos e vocaizinhos. Justo o que eu precisava hoje.
ENSABOA, MULATA, ENSABOA

(Fausto, valeu ela dica. Deixei escapar essa materia no dia em que saiu, mas você me salvou. Aprendi que o preço da igualdade é a eterna vigilância.)
ANIMADÉRRIMOS

(obrigado pela dica, Diego Rebouças. Você nunca me enganou.)
domingo, 25 de julho de 2010
ROMBO

EMBORAMENTE CINEMÍSTICO

sábado, 24 de julho de 2010
TAKE A BOW
E aqui está tudo o que você queria saber sobre o "shazai", a milenar arte japonesa de se inclinar para a frente como um pedido de desculpas. As nuances são quase infinitas e variam de acordo com a ofensa cometida, que vão desde um esbarrão no metrô até a ultra-corriqueira "ser pego em flagrante numa orgia do mal".
NEM DE BRINCADEIRA

sexta-feira, 23 de julho de 2010
PAPAGAIADA

ANDAR SEM FÉ EU VOU

MISS SIMPATIZANTE
Lembra da Carrie Prejean? Aquela idiotinha que perdeu o título de Miss América ano passado porque se disse contra o casamento gay? Uma loura burra no sentido clássico: como é que alguém se declara contra as bibas em pleno concurso de miss, cercada de cabeleireiros, maquiadores e personal stylists por todos os lados? A anta ainda tentou capitalizar em cima da derrota se posicionando como a paladina da moral de dos bons costumes. Mas, como sói acontecer, logo surgiram vídeos dela se masturbando - nada de mais para pessoas de bom senso, mas uma condenação no meio reacionário em que ela tentava se inserir. E nada como um dia após o outro. Este ano a candidata de Nova York, Claire Buffie, está concorrendo à faixa com uma plataforma pró-igualdade. Pois é, plataforma: lá para ser miss não basta ser bonita, tem que ter algum talento e ser articulada. É praticamente uma campanha política. E não, o discurso da moça não é jogada de marketing. Claire diz que tem uma irmã lésbica e zilhões de amigos homossexuais. Já estou torcendo por ela, apesar de não me parecer a mais gostosa do mundo. Isto é só um dos primeiros salvos da artilharia que vai pegar os homofóbicos de surpresa: o apoio dos parentes e amigos dos gays, que vai ser decisivo para se vencer essa guerra. Hahaha, não contavam com a nossa astúcia.
Quer ver outro exemplo sensacional de colaboração entre gays e héteros contra as forças da escuridão? O "reverendo" Fred Phelps, notório militante anti-gay, montou uma de suas odiosas manifestações em frente à Comic-Con, a gigantesca feira de cultura pop que está acontecendo em San Diego, na Califórnia. Aquele tipo de passeata em que malucos mal-comidos levantam placas do tipo "Deus odeia as bichas". Péssima escolha de local: os participantes do evento promoveram uma contra-passeata. Só que, ao invés de agredir os imbecis, ridicularizaram-nos ao extremo com placas geniais: "O Super-Homem Morreu pelos Nossos Pecados", "Deus Ama o Robin Gay" e "Alguém Viu Minhas Chaves?". Alguns manifestantes foram a caráter, como se vê na foto ao lado. Assista ao vídeo aqui. Mais um tiro pela culatra dos malvados!

quinta-feira, 22 de julho de 2010
HIPOCRISTIA

(Celso Dossi, Deus te abençoe por mais esta dica)
É UM PÁSSARO... É UM AVIÃO...

POR BAIXO DA ABAYA

quarta-feira, 21 de julho de 2010
EM PROL DA COLETIVIDADE

DEUS TÁ VENDO
Como seriam algumas passagens da Bíblia vistas pelo Google Earth? A resposta para esta questão torturante consumiu três meses de trabalho do artista australiano James Dive. Ele misturou fotos de satélite de vários lugares, não necessariamente os indicados pelas escrituras - alguém aí sabe onde a localização do Jardim do Éden? As árvores que Dive usou para reconstruí-lo ficam na Bélgica... E ele ainda acrescenta um toque blasfemo ao trabalho, ao dizer que este seria o ponto de vista de Deus.
Onde estão Adão e Eva? O artista garante que os incluiu nesta visão do Paraíso.
A arca de Noé encalhada no pico do monte Ararat, esperando o dilúvio baixar.
Os hebreus cruzando a pé o Mar Vermelho. Era mais emocionante no cinema.
Jesus crucificado, ao lado dos dois ladrões. Mas com tão pouca gente em volta? Sempre imaginei uma zona ao redor das cruzes: apóstolos, soldados, curiosos, crianças, cães, vendedores de salgadinhos kosher...




AGORA SHREGA

terça-feira, 20 de julho de 2010
SAIA JUSTA
I'M ON A HORSE
Isaiah Mustafa é o primeiro negro americano a fazer sucesso exclusivamente como símbolo sexual. Claro, existem outros bonitões afro-descendentes - Denzel Washington, Lenny Kravitz , até mesmo O.J. Simpson - mas todos se firmaram em áreas como cinema, música ou esporte antes de serem considerados uns tesões. Mustafa é o negro-objeto pioneiro. E isto, apesar das conotação negativa, é muito bom. Signfica que, em plena era Obama, a sociedade dos EUA está perdendo o medo racial e que um negão já pode ser apontado como o modelo a ser seguido. A bem da verdade, ele é mais do que um rostinho bonito (e um corparalhaço). Sua interpetação irônica foi fundamental para o enorme sucesso da nova campanha do sabonete líquido Old Spice. Aí em cima está o primeiro comercial, que ganhou nada menos que o Grand Prix no festival de propaganda de Cannes em junho passado. Muitos outros se seguiram, inclusive mini-respostas aos fãs que o seguem no Twitter e que só podem ser vistas no canal Old Spice do YouTube. Nem acho a ideia mais genial do mundo, mas gosto do approach de se falar com a mulher para se vender um produto para o homem. Os textos, para quem entender inglês, são tão bons que mais parecem sitcom do que propaganda. E Isaiah Mustafa é tão delicioso que até mesmo a Ellen DeGeneres, lésbica registrada em cartório, se derreteu por ele.
TRANSBRASIL

(obrigado ao Rafael e ao Emiliano pela sugestão)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
QUERO SER DZI CROQUETTE
Jovem gay: ao completar 18 anos, dirija-se ao cinema mais próximo e assista ao documentário "Dzi Croquettes". Isto é uma ordem. O filme é obrigatório para qualquer um que se interesse pela história dos homossexuais no Brasil. De onde viemos, onde estamos, para onde vamos: tudo isto está lá, nas entrelinhas para quem souber ler. Para os mais novinhos, então - aqueles que acham que Dicésar e Serginho são as figuras mais modernas e ultrajantes de todos os tempos - "Dzi Croquettes" vai ser uma revelação.
Para quem ainda não sabe: os Dzi Croquettes foram uma trupe de atores-bailarinos comandada por Wagner Ribeiro e Lennie Dale que causou furor nos anos 70. Um bando de rapazes que se montavam em cena, mas não eram travestis. Barbas, pelos, músculos, tudo isto convivia com toneladas de maquiagem e figurinos absurdos. Fizeram sucesso com seu show em boates do Rio, depois em teatros de São Paulo, depois no Brasil todo e finalmente em Paris. Quando estavam no auge, brigaram e se separaram, feito os Beatles. No comecinho dos anos 90 ainda fizeram um revival-despedida, e o burraldo aqui teve a manha de jamais vê-los no palco. Nem quando eu já era 'di maior'.
O filme é dirigido por Raphael Alvarez e Tatiana Issa, que é filha de um técnico do grupo (ela também fez novelas na Globo e a Ceci no horrível "O Guarani" da Norma Bengell, mas deixa pra lá). Reúne uma preciosidade em material de arquivo, com registros de shows e cenas dos Croquettes na intimidade. E mais um monte de depoimentos de estrelas de grande magnitude, como Liza Minnelli, Marília Pera, Betty Faria e Ney Matogrosso. Aliás, este último não deixa claro o quanto os Croquettes o teriam influenciado. Alguém poderia focar agora nos Secos & Molhados, o trio andrógino que lançou Ney em 73 com uma linguagem visual parecidíssima com a dos Dzi e que fez um sucesso estrondoso no Brasil inteiro. Dá para se imaginar, nos dias de hoje, um homem com voz de mulher rebolando na TV e tocando em todas as rádios AM do país?
Saí do cinema mais mexido do que eu esperava. Por quê é que não temos mais essa pororoca de talento que foram os Dzi Croquettes, onde cada um dos integrantes era um performer excepcional? O apogeu do grupo foi uma espécie de paraíso gay, com todos morando juntos, fazendo sucesso, ganhando dinheiro e se amando entre si. A mensagem deles continua tão revolucionária como sempre foi, mais política do que qualquer drag candidata a vereador. Claro que nem tudo foi purpurina: dos treze originais só restam cinco. Quatro morreram de AIDS, três foram assassinados e só um teve morte natural (aneurisma), mesmo assim jovem demais. Mas estava mais do que na hora deles serem lembrados, voltarem às conversas, voltarem a inspirar. Saí do cinema me sentindo como um fã do grupo diz em seu depoimento: minha vontade era chegar em casa, rasgar minhas roupas e me montar, nem que fosse só por dentro. Porque ser Dzi Croquette é, antes de tudo, uma questão de atitude.
Para quem ainda não sabe: os Dzi Croquettes foram uma trupe de atores-bailarinos comandada por Wagner Ribeiro e Lennie Dale que causou furor nos anos 70. Um bando de rapazes que se montavam em cena, mas não eram travestis. Barbas, pelos, músculos, tudo isto convivia com toneladas de maquiagem e figurinos absurdos. Fizeram sucesso com seu show em boates do Rio, depois em teatros de São Paulo, depois no Brasil todo e finalmente em Paris. Quando estavam no auge, brigaram e se separaram, feito os Beatles. No comecinho dos anos 90 ainda fizeram um revival-despedida, e o burraldo aqui teve a manha de jamais vê-los no palco. Nem quando eu já era 'di maior'.
O filme é dirigido por Raphael Alvarez e Tatiana Issa, que é filha de um técnico do grupo (ela também fez novelas na Globo e a Ceci no horrível "O Guarani" da Norma Bengell, mas deixa pra lá). Reúne uma preciosidade em material de arquivo, com registros de shows e cenas dos Croquettes na intimidade. E mais um monte de depoimentos de estrelas de grande magnitude, como Liza Minnelli, Marília Pera, Betty Faria e Ney Matogrosso. Aliás, este último não deixa claro o quanto os Croquettes o teriam influenciado. Alguém poderia focar agora nos Secos & Molhados, o trio andrógino que lançou Ney em 73 com uma linguagem visual parecidíssima com a dos Dzi e que fez um sucesso estrondoso no Brasil inteiro. Dá para se imaginar, nos dias de hoje, um homem com voz de mulher rebolando na TV e tocando em todas as rádios AM do país?
Saí do cinema mais mexido do que eu esperava. Por quê é que não temos mais essa pororoca de talento que foram os Dzi Croquettes, onde cada um dos integrantes era um performer excepcional? O apogeu do grupo foi uma espécie de paraíso gay, com todos morando juntos, fazendo sucesso, ganhando dinheiro e se amando entre si. A mensagem deles continua tão revolucionária como sempre foi, mais política do que qualquer drag candidata a vereador. Claro que nem tudo foi purpurina: dos treze originais só restam cinco. Quatro morreram de AIDS, três foram assassinados e só um teve morte natural (aneurisma), mesmo assim jovem demais. Mas estava mais do que na hora deles serem lembrados, voltarem às conversas, voltarem a inspirar. Saí do cinema me sentindo como um fã do grupo diz em seu depoimento: minha vontade era chegar em casa, rasgar minhas roupas e me montar, nem que fosse só por dentro. Porque ser Dzi Croquette é, antes de tudo, uma questão de atitude.
QUE FALTA EU SINTO DE UM BEM

A HORA DA REAÇÃO

Em tempo: outro dia esperneei que a grande imprensa dá pouca atenção à luta dos homossexuais por direitos iguais. Reclamei especialmente da "Folha de São Paulo". Pois bem, hoje a "Folha" publicou não só um editorial a favor do "casamento gay" (que nós blogueiros "decretamos" sábado que é um termo equivocado, mas zuzo bem) como também um artigo do diplomata Alexandre Vidal Porto conclamando o presidente Lula a ter a mesma coragem de Cristina Kirchner (estes links só servem para assinantes do UOL, mas quem não for pode ler tudo na íntegra no Bota Dentro, o blog do Gustavo Miranda). Fiquei especialmente feliz pelo jornal não ter dado voz ao "outro lado". Não há imparcialidade possível quando o assunto é a igualdade de direitos.
domingo, 18 de julho de 2010
PROGRAMA DE BICEI

UMA GELADEIRA

sábado, 17 de julho de 2010
HOUVE ASSUNTO

HAJA ASSUNTO

sexta-feira, 16 de julho de 2010
A MELHOR MARCA QUE SE PODE DEIXAR

Ela foi a primeira da nossa turma a se casar e a primeira a engravidar. Antes de dar à luz, um susto enorme: linfoma de Hodgkins, diagnosticado no 6o. mês de gestação. Ela esperou até o 8o. mês, fez uma cesariana e imediatamente começou a quimioterapia, o que a impediu de amamentar a filha. O tratamento durou um ano, mas foi bem sucedido. Depois ela ainda teve gêmeas, e viveu bastante tempo feliz e despreocupada.
Cinco anos atrás, o câncer voltou. Primeiro no seio. Depois no fígado. Depois no estômago. A vida dela virou um entra-e-sai de hospital e uma via-crucis de operações. Perdeu peso e cabelos, mas nunca o bom humor. Há dois meses nos encontramos na porta do Suplicy. Ela não tinha nem cílios mais, mas continuava engraçada como sempre.
Semana passada foi internada novamente. Sabíamos todos que era a reta final. Fui visitá-la anteontem e fiquei impressionadíssimo. Nunca tinha visto um paciente terminal de câncer. A barriga estufada, a pele quente e úmida por causa da febre. Ela dormia e respirava com dificuldade. A enfermeira garantiu que não sentia mais dor. E eu, apatetado, contava piadas inadequadas para os presentes, depois de ter chorado no carro.
Ela morreu na tarde de hoje, 10 dias antes de completar 46 anos. A família, com exceção das filhas, demonstra aquela dor serena de quem teve tempo de se acostumar com o inevitável. Amigos vieram de longe para um velório que começou ainda em vida. Ela era querida – a melhor marca que se pode deixar neste mundo. E mais uma vez não estou revoltado com Deus. Estou é agradecido por ter convivido com ela por tantos anos.
EU SOU VOCÊ AMANHÃ?

quinta-feira, 15 de julho de 2010
HEY BIG SPENDER
Quem já frequentava a noite gay de São Paulo no começo da década passada certamente tem ótimas lembranças do Ultralounge, a lendária boate que marcou época na rua da Consolação. A decoração suntuosa, a presença de modelos e fashionistas e um certo clima de festinha particular deram ao lugar uma aura mítica, que nem ele próprio conseguiu reproduzir totalmente quando mudou de endereço e se instalou do outro lado da rua da Consolação. O Ultra pagou um preço caríssimo por sua localização privilegiada: perseguido pela vizinhança, a casa cansou de brigar na justiça e fechou de vez há uns três anos. Mas agora ressurge das cinzas, a princípio como uma noite mensal, no badalado Lions Club. A estreia é amanhã, 16 de julho e a lista de DJs reúne profissionais do ramo com figurinhas carimbadas, bem ao estilo do velho Ultra. Já estou tirando o casaco de peles do congelador.
¡AL GRAN PUEBLO ARGENTINO SALUD!

¡Libertad, Libertad, Libertad!
Oid el ruido de rotas cadenas:
Ved en trono a la noble Igualdad.
¡Ya su trono dignísimo abrieron
Las provincias unidas del Sud!
Y los libres del mundo responden:
¡Al Gran Pueblo Argentino Salud!
¡Al Gran Pueblo Argentino Salud!
¡Al Gran Pueblo Argentino Salud!
Sean Eternos Los Laureles
Que Supimos Conseguir
Que Supimos Conseguir
Coronados de Gloria Vivamos
O Juremos con Gloria Morir
O Juremos con Gloria Morir
O Juremos con Gloria Morir
Eu sou você amanhã?
quarta-feira, 14 de julho de 2010
MANO A MANO

ATUALIZAÇÃO: APROVAAAAADOOO! 33 a 27, 3 abstenções. Brilha o sol da bandeira argentina, primeiro país da América Latina a aprovar o casamento gay, décimo do mundo. ¡Felicitaciones! E nunca na vida eu quis tanto ter nascido lá.
WILF

PRECONCEITO VELADO?

terça-feira, 13 de julho de 2010
A OUTRA VÍTIMA

A VOZ DA IDADE


QUEM PRECISA DE SOBRINHOS?

segunda-feira, 12 de julho de 2010
PROMESSA É DÍVIDA


EL MISMO AMOR, LOS MISMOS DERECHOS
Tenho horror ao casal Kirchner, os corruptocratas que saqueiam a Argentina há quase uma década. Mas a presidente Cristina teve o culhão que nenhum dos candidatos brasileiros demontrou que vai ter se ganhar a eleição deste ano. Ela está pressionando o Congresso para que aprove a lei que estabelece o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país. O debate está comendo solto, com associações LGBT veiculando comerciais a favor na TV e a Igreja Católica convocando passeatas contra. A mesma Igreja que convocou passeatas contra o divórcio nos anos 80 (e perdeu). A mesma que, em grande parte, apoiou a sangrenta ditadura militar. A votação acontece nesta quarta, e o placar ainda está indefinido. Vamos prestar atenção, porque de vez em quando o "efeito Orloff" ainda vale.
(Para quem não lembra: os antigos comercias da vodka Orloff mostravam um sujeito conversando com ele mesmo. O duplo se identicava assim: "eu sou você amanhã". Como muitas coisas aconteciam primeiro na Argentina e em seguida no Brasil, economistas cunharam a expressão "efeito Orloff".)
(Para quem não lembra: os antigos comercias da vodka Orloff mostravam um sujeito conversando com ele mesmo. O duplo se identicava assim: "eu sou você amanhã". Como muitas coisas aconteciam primeiro na Argentina e em seguida no Brasil, economistas cunharam a expressão "efeito Orloff".)
domingo, 11 de julho de 2010
BRIGAM ESPANHA E HOLANDA
E aí está a Leila Diniz numa cena de "Edu Coração de Ouro", de 1967. O filme foi dirigido por seu então marido Domingos de Oliveira, e ela recita um poema de seu futuro marido Ruy Guerra que prevê, com 43 anos de antecedência, a final da Copa que acontece neste exato momento. Quase tão boa quanto o polvo.
sábado, 10 de julho de 2010
QUESTÃO DE PRATICIDADE

sexta-feira, 9 de julho de 2010
JOGADO AOS SEUS PÉS

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