domingo, 28 de fevereiro de 2010

BATE CABELO

Este clip da banda francesa Vitalic é para uma música chamada "Birds", então obviamente só aparecem cachorros. Fiquei com vontade de experimentar o condicionador que eles estão usando.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

PORNÔ PARA SENHORAS

Levei minha mãe para ver "Simplesmente Complicado", que foi para ela o que teria sido para mim um vídeo com Jeff Stryker, Chris Rockaway e Ryan Idol transando sem camisinha: a fantasia absoluta. Meus pais se divorciaram depois de 25 anos casados, e ele logo se arrumou de novo. Ela teria adorado que ele voltasse a procurá-la, rabinho entre as pernas, ao mesmo tempo que um novo pretendente a cortejasse. É isto o que acontece com Meryl Streep neste filme, que fica confusa ante aos avanços simultâneos do ex (Alec Baldwin, gordíssimo e ainda um tesão) e do novo (Steve Martin, que não convence muito como galã). Mas o mais absurdo nem é esta situação idealizada: é o fato de todos os personagens serem lindos, ricos, bem-sucedidos e saudáveis. Filmado em cenários deslumbrantes do Orange County, na Califórnia, "Simplesmente Complicado" é uma escapada a um mundo de sonho, onde o maior problema que alguém pode ter é conseguir um croisssant de chocolate no meio da madrugada. Ah, quem que eu penso que engano? Isto não é pornografia para minha santa mãezinha. É para mim mesmo.

AVAHONTAS

"Avatar" é mesmo um caso curioso: uma experiência sensorial única, sobre uma história que já vimos antes centenas de vezes. Mais uma prova está aqui, neste "mash-up" feito por Randy Szuch, um cara que certamente tem muito tempo livre nas mãos. O áudio é do trailer de "Avatar", mas as imagens vêm todas do "Pocahontas" da Disney, em glorioso 2D. E o lip-synch é aflitivo de tão perfeito.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DEATH BECOMES HER

Metade da imprensa mundial ficou assanhadíssima com a aparição de Lady Gaga ontem no enterro do Alexander McQueen, e a outra metade ficou escandalizada. Só que não era a Gaga, e sim a socialite inglesa Daphne Guiness, com o pretinho menos básico de todos os tempos. Assim dá até gosto bater as botas.

O ARQUIPÉLAGO ALEMÃO

Sade ficou 10 anos sem lançar nada. Seu novo disco, “Soldier of Love”, parece levar outros 10 anos para ser ouvido do começo ao fim, de tão chato que é. Eu estava esperando a mesma coisa de outra banda que também surgiu forte, foi espaçando cada vez mais seus trabalhos e ficando cada vez mais vagarosa. Como todos os modernetes do planeta, eu também amava o Massive Attack, até vê-los depois do show do Kraftwerk no Free Jazz Festival em 1998. Foi uma ducha de água morna: como que eles se atreviam a fazer um espetáculo escuro, com canções arrastadas, depois do jorro de eletricidade áudio-visual dos robôs alemães? Fiquei com bode, que só aumentou com os discos seguintes. Mesmo assim comprei o novo, “Heligoland”, e não é que é bem legal? Sim, algumas faixas são em câmera lenta e não, não há nada revolucionário como “Unfinished Sympathy”. Na verdade, nada gruda muito no ouvido, mas para assobiar no chuveiro a gente já tem o ABBA e a Lady Gaga. As participações especiais deixam o disco bem variado, e nem tão frio quanto o título sugere – Heligoland é um arquipélago no Mar do Norte pertencente à Alemanha. Baixe aqui “Pray for Rain”: é uma boa trilha para este fim de semana nublado e chuvoso.

VAI BACON TUDO

Depois os americanos não sabem porque são tão gordos. Mesmo com todas as dietas da moda, toda a obsessão por corpos sarados, todos os avisos da comunidade médica, os índices de obesidade, diabetes e doenças cardíacas não param de crescer. Especialmente perversa é a paixão que os EUA sentem pelo bacon. Há alguns anos, num episódio dos “Simpsons”, Homer imaginava o que seria a coisa mais deliciosa do mundo: bacon com chocolate. O que era para ser nojento hoje é uma realidade, e receitas ainda mais absurdas não param de surgir. Prepare o seu estômago:A da esquerda tem um toque de elegância: uma vela de bacon, que pinga gordura derretida e acrecenta sabor (e colesterol) a qualquer prato. Mas pastilhas de hortelã aromatizadas com bacon são uma contradição em termos: como fica o hálito do cidadão?E sorvete de bacon, que tal? Sim, é doce. Depois, termine a refeição com um cafezinho devidamente baconizado e boa viagem rumo ao além.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ER WAR SUPERSTAR

Hoje é o aniversário do meu marido Oscar. E para manter a tradição pelo 3o. ano consecutivo, mais uma vez vou dedicar a ele uma canção aqui no blog. Só que dessa vez é uma piada interna.

Ooo rock me Amadeus
Rock me Amadeus...
Rock rock rock rock me Amadeus
Rock me all the time to the top

Er war ein Punker
Und er lebte in der großen Stadt
Es war Wien, war Vienna
Wo er alles tat
Er hatte Schulden denn er trank
Doch ihn liebten alle Frauen
Und jede rief:
Come on and rock me Amadeus

Er war Superstar
Er war populär
Er war so exaltiert
Because er hatte Flair
Er war ein Virtuose
War ein Rockidol
Und alles rief:
Come on and rock me Amadeus


Ich liebe dich. Muitomuitomuito.

TEM CUBA EU?

Lula entregou a política externa do Brasil à extrema-esquerda do PT, confiante de que o brasileiro médio não liga muito para o que se passa fora do país. Mas ontem ele deu um puta azar, ao desembarcar em Cuba bem no dia em que um prisioneiro político morreu por causa de uma greve de fome. Confrontado pelos repórteres, o presidente se enrolou e falou uma merda atrás da outra. Suas declarações ao "Jornal da Globo" são covardes e enganosas. Como assim, os dissidentes cubanos "escreveram uma carta mas se esqueceram de mandar"? Há dias que a imprensa vem noticiando fartamente que um grupo de dissidentes vinha implorando por um encontro com Lula, e dessa vez ele não pode se safar com a desculpa costumeira de não ler jornais. E, messiânico como sempre, ele ainda acha que teria convencido o coitado do Zapata a desistir da greve. O que os dissidentes queriam é que Lula interviesse junto aos irmãos Castro e parasse de ignorar que há mais de 200 presos políticos na ilha, em condições degradantes. Uma palavra do presidente do maior e mais influente país latino-americano teria enorme peso em Cuba, mas não: Lula preferiu continuar se fazendo de santo e jogando para sua plateia cativa, a ensandecida militância petista, do que agir com firmeza e humanidade. Que nojo, que ódio, que vergonha.

AI JESUS

A Prefeitura do Rio de Janeiro devia dar uma de Hugo Chávez e confiscar de uma vez o Cristo Redentor da Arquidiocese carioca. Faz tempo que o Cristo é bem mais do que um ícone religioso: é o símbolo da cidade, um logotipo tão forte quanto a Torre Eiffel ou a Estátua da Liberdade. Essa história da Igreja processar a Columbia Pictures por "uso indevido da imagem" no filme "2012", alegando que houve desrespeito à religião, cheia a grossa maracutaia. O mesmo filme mostra o Vaticano ruindo, assim como diversos outros monumentos ao redor do mundo, e mais ninguém reclamou. Muita gente (eu inclusive) se sentiu honrada por ver o Rio finalmente incluído num filme-catástrofe. Chegamos lá! Ganhamos a Copa, a Olimpíada e o direito de sermos destruídos! Além do mais, o Cristo só pertence à Igreja por ter sido erigido nos anos 30, quando ela ainda era praticamente uma unanimidade. Se fosse hoje, já pensou na gritaria? Os evangélicos iriam protestar, outras religiões quereriam levantar o símbolo delas, enfim - aquela saudável discussão digna de um estado laico. O Cristo Redentor não é propriedade exclusiva da Igreja Católica: ele pertence a todos os cariocas e a todos os brasileiros.

FIXAÇÃO ORAL

"Fumar é ser escravo do tabaco". Esta campanha anti-fumo da agência BBDP está causando polêmica na França. Feministas reclamam que as imagens banalizam a violência sexual e que acusam implicitamente o abusado de ser culpado pelo próprio abuso. Eu já acho os anúncios engraçadinhos, mas eles também me incomodam - só que pela razão oposta. Por quê demonizar o sexo oral? Nossa cultura machista ainda acha que, se alguém está chupando, é porque foi vencido e humilhado. Eu já acho contrário: quem chupa é quem detém o poder. Aquele que ainda não percebeu isto é porque sequer chegou à fase oral.

UPDATE: A ONG francesa DNF (Direitos dos Não-Fumantes) tirou hoje a campanha do ar, depois de uma saraivada de protestos. E houve pelo menos uma feminista com uma opinão parecida com a minha. Antoinette Fouque disse que "pelo que eu saiba, felação não provoca câncer".

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

MEGGA-FABULOUS

Era meio que inevitável: com o sucesso do Café com Vodka, meu filhinho Duda Hering fatalmente seria chamado para voos mais altos. Ele agora também é promoter da Megga, a enorme boate que o pessoal da Bubu abriu em SP no começo de 2008, fechou em seguida e vem reabrindo aos poucos desde o final do ano passado. A casa tem instalações sensacionais, mas há mil detalhes que precisam ser aperfeiçoados: do serviço à equalização do som, passando, é lógico, pela frequência - tanto em quantidade como em qualidade. Duda vai se meter em tudo e promete levar para lá DJs que se destacaram no Sonique, como Cella e André Rocc, além do consagrado Felipe Lira. Ah, e tem mais: em breve serão distribuídos cerca de mil cartões VIP, ou "Fabulous", desenhados pelo Pazetto (conhecido pelo povão como o apresentador do "Brazil's Next Top Model"). Se você faz parte dos 500 que já têm o cartão VIP do CcV, seu Fabulous está garantido. Se não faz, comece a puxar o saco do Duda desde já.

A PIOR NOTÍCIA DO MUNDO

Até o ano passado, apesar de algumas tentativas, não havia um único bom filme sobre a Guerra do Iraque. Coisas como “Leões e Cordeiros” ou “O Reino” se perdiam no didatismo ou na espinafração, e iam mal tanto de crítica quanto de bilheteria. A nova safra continua sem sucesso de público, mas vem colecionando prêmios – talvez porque sejam obras que não questionem as causas do conflito, mas retratem dramas humanos que poderiam se passar em outras épocas. “Guerra ao Terror” é o favorito para levar o Oscar. “O Mensageiro” também está indicado, mas apenas para ator coadjuvante e roteiro original, e estreou no Brasil sem chamar muita atenção. É pena, porque é muito bom. A ação se passa bem longe das trincheiras: o protagonista é um sargento que, recém-retornado do Iraque, recebe uma missão quase tão dura quanto. Ao lado de um colega mais velho, ele terá que, devidamente fardado, bater à porta das famílias dos soldados que acabaram de morrer em combate, e lhes dar a pior notícia de suas vidas. Já vou avisando: há cenas de dor lancinante que são um suplício de se ver. Mas quem aguentar vai ser recompensado por ótimos diálogos e atores de mira precisa. Ben Foster tem a perfeita cara de white trash para o papel principal. A inglesa Samantha Morton está com o sotaque e a gordura necessárias para convencer como uma viúva do interior americano. Mas o destaque vai mesmo para Woody Harrelson, merecidamente indicado ao Oscar. Ele faz um veterano da Guerra do Golfo que se enfronhou tanto no trabalho militar que não consegue mais ter uma vida pessoal decente: o Exército é sua família. “O Mensageiro” derrapa no terço final, mas merece ser visto por quem tiver estômago.

AH, TÁ MELHOR AGORA

Os blogs são uma espécie em extinção? Depois da euforia de alguns anos atrás, quando eles pareciam dar em árvore (o meu foi um desses), agora desaparecem no mesmo ritmo. O Twitter é o suspeito no. 1: o "Carioca Virtual" faleceu em outubro e o "Que Pressão É Essa?!" entrou em coma em dezembro, mas seus autores continuam firmes e fortes no reino do passarinho azul, assim como no Facebook. Nada contra, mas vamos combinar que, para certos assuntos, não bastam 140 caracteres. Por isto, é com muita alegria que eu saúdo a ressurreição de um dos meus blogs favoritos. O "Ah, Tá Bom Então" está de volta ao ar desde o começo deste mês, depois de quase um ano na geladeira. O Alê Bessa tem a melhor desculpa do mundo por nos ter deixado na mão: passou por dois namoros intensos, além de ter dado uma reviravolta na vida profissional. Com o coração apaziguado, ele voltou a sentir a coceira de escrever seus posts elegantes sobre arte, literatura e cenas do cotidiano. Bemvindo de volta, Alê, e vê se não some mais.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

FALA, RETRATO

O site "Huffington Post" fez uma seleção dos piores retratos falados de todos os tempos. E esta é a minha seleção da seleção:Este não deixa claro nem o sexo do suspeito. Mas para mim não há dúvidas: é o Kenny do "South Park".Juro que não é sacanagem: este retrato foi feito pela polícia portuguesa. Se corresponde à realidade, então foi fácil prenderem o dito cujo."E a polícia suspeita que este perigoso estuprador seja... eu."

PHOTOSHOP, PHORNO & PHOGÃO

Breve na cozinha da sua casa.

MALVINAS SALVADORAS

Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, Portugal apresentou uma proposta no plenário das Nações Unidas: as ilhas Malvinas ficariam para os argentinos, e as ilhas Falkland para os britânicos. A piada é boba e velha, mas tem respaldo na realidade. Cada país vê algo diferente naquele arquipélago desolado no Atlântico Sul.

A Argentina sente sua soberania ultrajada. Mas o fato é que ela nunca chegou a colonizar as ilhas para valer; o máximo que fez foi instalar ali uma colônia penal, na década de 1820. Em 1833 os britânicos, em seu ímpeto de dominar o mundo, invadiram o lugar para controlar melhor o tráfego de navios rumo ao Cabo Horn – então a única passagem entre o Atlântico e o Pacífico. Os argentinos não conseguiram reagir além de escrever em seus mapas e livros escolares que aquilo era terra deles. Todas as criancinhas aprendem desde cedo que “las Malvinas son argentinas”. Até hoje, na saída do aeroporto de Buenos Aires, há uma placa exatamente com esses dizeres. Além do futebol, é o único assunto que galvaniza nuestros hermanos.

A Grã-Bretanha tem nas ilhas um resquício do antigo esplendor imperial, mas também um baita problema. As Malvinas custam à Coroa muito mais do que rendem. As ligações com o continente sul-americano têm que ser feitas via Chile, o que é caro e pouco prático. E o lugar é tão isolado que corre o risco de repetir o que se passou em Tristão da Cunha, uma ilha esquecida no meio do Atlântico cujos menos de 300 habitantes têm apenas 8 sobrenomes entre si. Houve tanto casamento entre parentes que pululam as doenças crônicas. Manter a saúde dessa turma só satisfaz o orgulho britânico, porque a importância estratégica desses cafundós é ínfima.

Como brasileiros, claro que nos identificamos com a Argentina. Já pensou se Fernando de Noronha nos houvesse sido tomada? Mas a população das Malvinas é quase toda de origem britânica e, compreensivelmente, preferem ser súditos da rainha do que do casal Kirchner. Enquanto isto, cada governo usa o arquipélago para salvar sua própria popularidade, pois ambos estão com dificuldades internas. Não vai dar em guerra outra vez, ainda bem. Mas se derem certo essas prospecções de petróleo, inspiradas pelo pré-sal brasileiro, até Hugo Chávez é capaz de meter o bedelho.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O MICO DOURADO

Costumo acompanhar o Big Brother Brasil com o mesmo interesse com que sigo o Brasileirão, ou seja, abaixo de zero. Só tomo conhecimento quando algum ex-participante posa para a “G Magazine”, numa tentativa de prolongar os proverbiais 15 minutos. Mesmo assim, me sensibilizei com o pedido de alguns leitores, que gostariam que eu fizesse campanha pela eliminação do Dourado no paredão de amanhã. O Daniel recebeu pedidos parecidos e soltou um ótimo post conclamando a nação a varrer o lutador homofóbico para fora da casa. Já o Te Dou um Dado? fez o contrário, alegando que o rapaz nem é tão mau assim e que patrulha ideológica é la fin de la piquée. Eu mesmo visitei o site do BBB e votei pela saída do Dourado (me recuso a gastar dinheiro fazendo uma ligação ou mandando SMS). Mas, como prefiro olhar para uma parede do que assistir ao programa, não me sinto autorizado a ter uma opinião definida sobre o caso. Na verdade, mesmo com a presença dos gays, acho que TODOS os participantes do BBB deveriam ser expulsos, sem exceção. Ou tem alguém lá dentro que realmente mereça um milhão e meio caídos do céu?

ESCUCHA AQUÍ

Comprei 12 discos na Colômbia, mas não tenho saco nem tempo para falar de cada um deles aqui no blog. E menos ainda para aguentar os comentários de gente que não tem nível para apreciar a música latina e reclama de qualquer coisa que não seja rebolation. Se este é o seu caso, nem leia o resto do post. Os demais podem me acompanhar por um rasante sobre alguns dos melhores CDs que adquiri em terras colombianas.

Lembra de “Heater”, que tocou até enjoar nas boates há uns dois anos? Também conhecida como “a melô da sanfona”? Pois é: aquilo na verdade era um remix eletrônico de um autêntico vallenato, a música caipira da Colômbia e parente próxima do nosso forró. Eu adoro esse tipo de mistura, que é explorada à exaustão em “e-Colombia”. Toda vez que ouço coisas assim me pergunto por quê nossa cena eletrônica é tão tímida e vai pouco além de versões drum’n’bass para clássicos da bossa nova. Baixe aqui “Ojos Indios”, e bemvindo ao valle-house.

Rosario Flores só é conhecida por aqui por sua atuação em “Fale com Ela” do Almodóvar (ela faz a toureira que morre chifrada), mas na Espanha é uma grande estrela da canção. A moça vem de uma família do babado: sua mãe, Lola Flores, foi um mito da música cigana e tinha o maravilhoso apelido de “La Faraona”; seu irmão Antonio, também cantor, se matou dias depois da morte da mãe, de tão desesperado que ficou. O novo trabalho de Rosario, “Cuéntame”, só traz covers de grandes sucessos hispânicos dos anos 70 e 80: tem até mesmo a insuportável “Soy Rebelde”. A faixa-título é o tema de abertura de uma série de TV muito popular por lá, mas a primeira música de trabalho é o delicioso mambo “Cuéntame que te Pasó”, lançada pela banda cubana Los Van Van e imortalizada pelos americanos do Manhattan Transfer. É simplesmente uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos, e estou adorando esta nova gravação.

Outra que merecia ser mais famosa por aqui é Concha Buika, uma negona espanhola de voz arrasadora (seus pais vieram da Guiné Equatorial). O disco “El Último Trago” foi gravado com o incrível pianista cubando Chucho Valdés e é todo dedicado ao repertório da Chavela Vargas. São boleros devastadores que podem ter sido cafonas algum dia, mas hoje são o supra-sumo do requinte. Experimente “Soledad”: Buika canta como se tivesse um punhal cravado nas costas, mas o resultado é elegantérrimo. Para se acompanhar com um copo de tequila bebericado aos poucos (virar shot garganta abaixo é coisa de americano de férias em Cancún, mexicano que se preza não faz isto).

A IMPACIÊNCIA DE JÓ

Em quase 30 anos de carreira, os irmãos Coen nunca haviam lidado explicitamente com suas origens judaicas. Mas agora eles vêm com um dos filmes mais judeus de todos os tempos: “Um Homem Sério”, uma releitura do Livro de Jó do Antigo Testamento. Na narrativa bíblica, Jó é um homem rico, feliz e profundamente religioso. Satã convence Deus de que Jó só é religioso porque é rico e feliz, e recebe a autorização divina para tirar tudo do coitado. Jó perde sua fortuna, seus 10 filhos morrem todos de uma vez e ele ainda tem o corpo coberto por feridas: nem assim ele se revolta contra Deus. Impressionado com tamanha devoção e paciência, Deus devolve tudo a Jó, com juros e correção monetária – uma fortuna ainda maior e 10 filhos novinhos em folha, ainda mais bonitos que os primeiros. “Um Homem Sério” segue uma linha parecida: tudo parece dar errado na vida de Larry Gropnik. Sua mulher quer o divórcio, seus filhos o ignoram, seu irmão é um inútil que dorme no sofá de sua sala, seu emprego corre perigo, sua saúde vai mal. Larry procura a ajuda de advogados e rabinos, mas ninguém consegue aliviar seus problemas – nem ele mesmo, que sofre de maneira passiva e assustada. O roteiro sensacional é realçado pela direção de arte – a ação se passa em 1967 – e o maravilhoso casting característico dos irmãos Coen. O filme tem uma inquietação e um questionamento religioso típicos do judaísmo e também vários momentos engraçados, mas é seríssimo como o personagem principal pretende ser. Mas, ao contrario da Bíblia, aqui Deus não faz uma participação especial. Paciência.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

IMPERDOÁVEL

Os Estados Unidos deveriam convocar uma entrevista coletiva e pedir perdão à humanidade por crimes como o cometido contra o Tiger Woods. Obrigar o cara a se humilhar daquele jeito diante das câmeras é patético. O que Woods faz ou deixa de fazer entre quatro paredes deveria ser problema dele, não de bilhões de telespectadores. Mas a sociedade americana exige a perfeição de seus ídolos: não basta ser o melhor jogador de golfe de todos os tempos, também tem que ser um santo. Este é o verdadeiro esterco cultural, não as séries de TV. E não merece perdão.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A RETARDADA

Para aqueles que me acham "de direita", saibam que não há político no mundo que me cause mais ojeriza do que Sarah Palin. Não só tenho asco de sua pseudo-ideologia conservadora, como também a acho ignorante, oportunista, mentirosa - e perigosíssima, porque ela é popular entre pelo menos 25% do eleitorado americano. Sempre à cata de um gancho para se promover, Sarahcuda deitou e rolou esta semana graças a um episódio do "Family Guy", aquela série em desenho animado que é exibida pela Fox, o mesmo canal onde agora ela é comentarista. Tudo porque o programa mostrou uma personagem com síndrome de Down, que disse ser "filha da ex-governadora do Alaska". Pronto: Palin fez um escândalo no Facebook, foi à TV reclamar e disse que a atingida não era ela, mas sim seu indefeso filhinho Trig, que também tem Down. A extrema-direita dos EUA embarcou e fez um escarcéu, até que, ta-dah, levou uma resposta à altura. De ninguém menos que a atriz que dublou o personagem, Andrea Fay Friedman, também portadora da síndrome. Numa carta ao "New York Times", Andrea disse que Sarah não tem o menor senso de humor e que carrega seu filho deificiente como uma baguete debaixo do braço, só para ter ganhos políticos. A moça é apenas um exemplo de como os ex-"mongolóides" vêm se inserindo na sociedade, rejeitando o rótulo de vítimas que sempre lhes foi imposto. E que Sarah Palin, possível futura presidente, tem o retardamento mental de querer manter.

CHOCOLATE BARATO

Não consigo resumir o filme "Idas e Vindas do Amor" melhor do que a revista "Entertainment Weekly": "é como se alguém de quem você gosta muito lhe desse uma caixa de chocolates baratos, ainda com a etiqueta do preço". Mas consigo me estender, a começar pelo título imbecil: por que não manter o "Dia dos Namorados" original? Só porque aqui no Brasil ele é comemorado em junho? Mas isto é o de "menas". Ruim mesmo é o roteiro, que será estudado no futuro como um catálogo de tudo que não se deve fazer numa comédia romântica. Situações previsíveis, personagens absurdos, piadas inexistentes (com uma honrosa exceção para a última cena de Queen Latifah). São tantos os astros que coalham o filme que, quando eles surgem na tela pela 2a. vez, a gente nem se lembra do que eles estavam fazendo antes. E ainda há o recurso covarde a cachorros engraçadinhos e criancinhas meigas... Mesmo assim "Idas e Vindas..." tem seus momentos agradáveis, exatamente como um chocolate vencido comprado na liquidação. Anne Hathaway confirma sua supremacia sobre mim e, apesar da caretice generalizada, há uma mensagem pró-gays. Com tanta coisa boa indicada ao Oscar passando por aí, vá ver só se estiver a fim de algo leve e esquecível. Pronto, esqueci.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

CUIDADO, GAROTOS

Hoje eu enviei uma sugestão para o Celso Dossi, só que ele já tinha postado sobre o assunto há muito tempo. Mesmo assim, o Celso ficou com peninha e retribuiu com outra dica: este elucidante filminho educativo dos anos 50. Então cuidado, hein? Vocês foram avisados.

GATONA DE MEIA-IDADE

Já estou me deixando adubar por mais um esterco cultural americano. É a sitcom "Cougar Town", exibida pelo canal Sony às 21:30 de quinta, logo antes da minha queridinha "30 Rock". O programa marca a volta à TV da ex-"Friends" Courteney Cox. No esplendor dos 45 anos, ela agora faz uma divorciada que volta ao "mercado" e começa a sair com rapazes com a metade de sua idade (a gíria americana "cougar" corresponde a este tipo de mulher). O 1o. episódio estava um primor de bem escrito, e tinha a cena de sexo oral mais ousada que já vi na TV (não explícita, claro). O seguinte não era tão bom, mas li na internet que a série encontrou o tom certo e já tem garantida uma 2a. temporada. Mais uma razão para não sintonizar a TV Brasil.

(Este post é dedicado a uma grande amiga que está em plena fase "cougar". Sim, você mesma. Grrraur.)

O HOMEM-ESTERCO

Há muito tempo que eu tenho hó-rror ao Marco Aurélio Garcia, a besta-fera do PT. Entre outras barbaridades, o cara é um dos responsáveis pela pavorosa política externa brasileira – aquela que acha que Cuba e Venezuela são modelos de democracia e que as eleições do Irã foram muito mais limpas que as de Honduras. Mas agora ele extrapolou, porque me senti atingido pessoalmente.

Na semana passada, a besta-fera disse que as TVs a cabo brasileiras transmitem o “esterco” produzido pela indústria cultural americana. Usou uma argumentação pífia e ultrapassada, e deu a entender que esses canais precisam ser enquadrados. Garcia é o pior tipo de ignorante que existe, porque não apenas não sabe como não quer saber e tem raiva de quem sabe. Nunca deve ter visto, nem sequer ouvido falar, de “Os Simpsons”, “True Blood”, “Seinfeld”, “Sex and the City” e milhares de outros programas, todos eles melhores do que qualquer coisa transmitida pela TeVes venezuelana. Também ignora que a TV aberta brasileira produz localmente quase tudo o que exibe, fato raríssimo no mundo.

Ainda não sei em quem vou votar para presidente no final deste ano, mas uma coisa é certa: Dilma Roussef não vai ver a cor do meu voto. Adivinha quem é o coordenador do programa de governo dela? O próprio, o sr. besta-fera em pessoa. Já pensou no que pode acontecer se ele e sua quadrilha tiverem ainda mais poder do que já têm? Teremos o famigerado “controle social dos meios de comunicação”, vulgo censura política. Por isto, agora sou seu inimigo declarado. Não, não quero que ele morra cravejado por setas envenenadas, apesar de merecer. Quero que ele e sua ideologia velha, autoritária, rançosa, sofram uma fragorosa derrota nas urnas.

Ah, e os petistas de plantão podem me chamar de tucano, burguesinho, nazista, do que quiserem. Tô nem aí. Também podem agradecer por ainda vivermos num país onde podemos nos xingar à vontade. Ainda.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

LADY GAGA ON ICE

Nunca tive o menor saco de acompanhar qualquer competição esportiva. As Olimpíadas de Inverno, então, para mim estão sendo disputadas em outro planeta. Mas virei fã do patinador americano Johnny Weir, uma das estrelas dos Jogos de Vancouver. Ele confirma todos os estereótipos sobre os rapazes que se dedicam à patinação artística, e vai além. Seus figurinos bizarros dão a sensação de que ele vai sair cantando “Bad Romance” a qualquer momento. Johnny ainda se dá ao trabalho de fazer declarações como esta: “Não revelo a ninguém meu nome do meio, nem com quem estou dormindo, nem a marca do meu hidratante para as mãos”. E isto vindo de um cara que tem um chihuahua chamado Bon-bon. Amore, vamos combinar que não precisa declarar mais nada.

NOSSO HOMEM NO HAITI

Quer ler alguma coisa que vá além das baladinhas no Rio ou Floripa? Então visite o perfil do Willian Lyra no Facebook. Ele é farmacêutico e trabalha há muitos anos na Aeronáutica brasileira. E está, desde o começo do mês, fazendo parte da Minustah, a Missão das Nações Unidas no Haiti. Sua página no FB está cheia de fotos dessa aventura humanitária, além de postagens que revelam a dor e a delícia de se estar no olho do furacão. Tem desde um encontro fortuito com Angelina Jolie até momentos sérios e emocionantes. É como fazer uma visitinha diária a Porto Príncipe, sem sair do conforto do nosso próprio lar. E sem precisar ter a coragem e o valor do Will.

LA RENTRÉE

Setembro é uma boa época para se visitar Paris. Não só porque já amainou o calor que não combina com a cidade, como também quase todo mundo está voltando de férias. As aulas recomeçam, lojas e restaurantes reabrem, a nova temporada teatral estreia e a cidade inteira volta ao rebuliço habitual. É o que os franceses chamam de "la rentrée", a re-entrada, quando todo mundo está descansado e de fôlego renovado para enfrentar a labuta diária. Pelo menos teoricamente, é claro. Pois bem: hoje estou fazendo minha "rentrée". Resolvi pegar leve, não me chatear com bobagem e dar às coisas a importância que elas relamente têm. Fui ajudado pelo calendário do rodízio em SP, e só saí de casa às 10 da manhã. Cheguei à agência pianinho, me inteirei das novidades, abri com calma os e-mails. Por enquanto estou bem. Vamos ver se o efeito das minhas férias dura até as 7 da noite.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O LOBISVELHO

Os filmes de terror mais interessantes são aqueles que inovam na forma ou no conteúdo. Na forma: o "Drácula" do Coppola, que contava a mesma história do livro de Bram Stoker, com pouquíssimos acréscimos - mas com um panache visual que marcou época. No conteúdo: "Um Lobisomem Americano em Londres", uma releitura pop de um dos monstros clássicos do cinema. Este filme, de 1982, é muito mais moderno que esse "Lobisomem" que acabou de estrear. Apesar da câmera agitada e dos efeitos digitais, não passa de um remake do "Lobisomem" de 1941, relaizado pela própria Universal. Ou seja, é velho até a medula. Benicio del Toro está gordo e envelhecido para seus 43 anos e não é páreo para Anthony Hopkins - quanto mais ridícula for a cena, mais ele está se esbaldando. As cenas de violência são dignas de um açougue e a fera em si parece ter escapado de um trem fantasma de parquinho do interior. "O Lobisomem" pode ser visto como um divertimento trash de luxo, e mais nada.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CURA RESSACA

Ainda tem alguém vivo por aí? Aqui no Rio está rolando a lendária Pool Party da Rosane Amaral, mas eu mal tenho forças para levantar do sofá. Em SP acontece a 1a. edição do SuperCafé, no Sonique, que pretende misturar as duas festas famosas da casa, o Supersonique e o Café com Vodka. E em Florianópolis as pessoas já perderam qualquer noção espaço-temporal e estão sendo tragadas por um vórtex de flyers, areia e energéticos. Para afastar a ressaca desse último dia de carnaval, recomendo uma dose de "My Sharona", de 1979, o único sucesso do The Knack. Doug Fieger, o vocalista da banda, morreu de câncer esta semana, mas seu rock saltitante sobrevive. E sim, é a própria Sharona quem aparece na capa do disco, sua namorada na época. Hoje ela é uma corretora de imóveis cinquentona e ainda transborda orgulho por ter sido sua musa inspiradora.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TRÍDUO MOMESCO

- “Por quê você não foi para Florianópolis?” Não aguento mais ouvir essa pergunta. Nada contra a ilha de Membeípe (aprendi lendo “Cabeza de Vaca”), mas, em tempos de carnaval, o Rio é mesmo o epicentro do universo. Ainda mais com o sol que brilha há mais de uma semana. Gringos lindos, praia abarrotada e a alegria esfuziante dos blocos me deixam feliz feito um pinto no lixo. E olha que eu não gosto de cerveja nem de mulher.

- Tive a honra de introduzir um amigo peruano aos prazeres do meio mate, meio limão na praia (o de galão, claro, nunca o de copinho). O muchacho só conhecia o mate pelando de quente dos argentinos, e jurou nunca ter tomado nada mais gostoso. ¡Arriba Perú! - O choque de ordem na praia já era. Voltou-se a vender camarão, queijo coalho, ações da Petrobrás PP e ON, o escambau. Pelo menos o frescobol à beira d’água continua proibido.

- Realizei um sonho de infância e fui à casa de André Ramos e Bruno Chateaubriand, levado por um amigo em comum. Esperava encontrar com Vera Loyola, Narcisa Tamborindeguy, Pepêzinha e outras emergentes, mas só havia rapazes (muitos) e moças (poucas) bem novinhos. E eu de velho, claro.

- Coitadinho do Jesus Luz. As pessoas não têm a menor boa vontade com a incipiente carreira de DJ do rapaz. Amigos que foram ao Vivo Rio na sexta viram-no abrir para o Bob Sinclar e disseram que ele nem encosta nos controles, erra nas equalizações e assim por diante. Nessa hora, ter uma madrinha-amante como Madonna mais atrapalha do que ajuda.- Por falar em Sua Madgestade, tomara que sua filha Mercy ainda seja muito pequena para entender. Há menos de um ano, a garota estava jogada num orfanato do Malawi. Agora circula pela piscina do hotel Fasano e pelo camarote do governador na avenida. Já pensou no nó que poderia dar na cabecinha dela?

- E por falar em avenida, ontem assisti a uns pedaços do desfile pela TV. Vi toda a Viradouro, escola pela qual saí em 2008, e fiquei feliz por não ter saído de novo. Ela conseguiu desperdiçar um enredo riquíssimo como o México. Carros feiosos, alegorias com cara de feirinha de ciências do colégio, fantasias assustadoras. Nem a rainha da bateria de 7 anos de idade funcionou direito. Que falta que faz um carnavalesco como Paulo Barros.

- Quem, aliás, arrasou com a Unidos da Tijuca. Ainda faltam os desfiles desta noite, mas duvido que surja uma imagem de maior impacto que esta sensacional comissão de frente. As moças trocam 6 vezes de roupa em menos de 2 minutos! É ver para crer.

- A The Week Rio poderia ter se esforçado um pouco mais. Apesar dos ingressos salgados, não havia nem confete e serpentina à guisa de decoração. Parece que todas as atenções da casa se voltaram para Floripa. Nem mesmo a animação e a exuberância de Peter Rauhoffer (NOT) conseguiram deixar a noite de sábado sem cara de meio de ano.

- Que inveja da Paris Hilton. Ela é paga para fazer o que mais gosta, alias a única coisa que sabe fazer: ir a festas, rebolar e se divertir. Ficou ótimo o comercial para a cerveja Devassa que ela veio rodar no Brasil.

- Faltam só 2 dias para se acabarem minhas férias. Na quinta estou de volta ao batente em São Paulo. Até lá, bumbum praticundum burugundum.

O FILHO DA ÁFRICA DO SUL

“Invictus” promete muita emoção, mas não dá para se emocionar com um filme que anuncia seu final já no título. A gente entra no cinema sabendo tudo o que vai acontecer, por mais que o diretor Clint Eastwood tente criar suspense. Outro problema sério é a própria figura de Nelson Mandela, um político tão endeusado que, perto dele, nosso presidente não passa de um reles querubim. Toda vez que Mandela abre a boca no filme é para proferir frases grandiloquentes, do tipo “precisamos construir uma nação”. Há até um certo esforço em mostrá-lo como um ser humano falível, com uma vida pessoal conturbada, mas na esfera pública ele é simplesmente perfeito. Com tantos obstáculos, “Invictus” corria o risco de se tornar tão chato e chapa-branca quanto “Lula, o Filho do Brasil”. Mas o filme segura o interesse mostrando o convívio forçado entre brancos e negros nos primeiros anos da era pós-apartheid, quando ainda não se sabia se a África do Sul iria à matroca. Não foi, muito por causa da visão de tolerância de Mandela, incrivelmente incorporado pelo grande Morgan Freeman (já Matt Damon está bem sem graça e não mereceu a indicação ao Oscar). Fica a lição para os produtores brasileiros: quando a realidade já é grandiosa, não há a necessidade de dourá-la ainda mais.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

...E O VAMPIRO LEVOU

Ivan Guerrero, o gênio da edição que soltou no YouTube trailers falsos de "premakes" de filmes famosos, ataca novamente. Agora ele adere à moda dos mash-ups de obras clássicas com elementos de terror, e vem com "Gone with the Wind with Vampires". Porque é que não dão logo um Oscar para esse cara?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

BARRACO NO PALÁCIO

Senta que lá vem história. Era uma vez uma princesa chamada Orietta Doria-Pamphilj Landi, a última representante de uma das famílias mais ricas e tradicionais da Itália. A princesa não podia ter filhos, por isto ela e seu marido inglês adotaram duas crianças em orfanatos londrinos no começo dos anos 60. A princesa morreu em 2000, e hoje seus filhos adotivos estão metidos num imbroglio fabuloso sobre o destino de uma fortuna calculada em 1 bilhão de euros, um imenso palazzo em Roma e uma coleção de arte que inclui obras de Caravaggio, Tintoretto e Rubens. Gesine quer que tudo fique para suas 4 filhas e não reconhece a legitimidade dos 2 filhos de seu irmão Jonathan, que é gay e vive com um namorado brasileiro (sempre um brasileiro, hein? Brasil-il-il!). Jonathan contratou 2 mães de aluguel, e inseminou-as com uma mistura de seu esperma com o do namorado. Acontece que a lei italiana não reconhece as mães de aluguel, e é aí que Gesine se apoia. Tudo se resolveria se Jonathan simplesmente adotasse os próprios filhos, mas a Itália não permite a adoção por homossexuais. A irmã gananciosa quer se valer de uma legislação homofóbica e retrógrada para abiscoitar tudo, olha só que feio. O caso ainda vai a julgamento. E o detalhe irônico é que nem Jonathan nem Gesine tem uma única gota de sangue nobre correndo nas veias.

USA FOR HAITI

Mas que porre que ficou essa nova versão de "We Are The World", hein? Claro que a intenção é a melhor possível, ajudar na reconstrução do Haiti. Mas em termos estritamente musicais, "We Are the World 25 for Haiti" já nasceu velho. Apesar da presença do bebê desmamado Justin Bieber, a maior parte desse elenco atual já era veterana quando a música estourou pela 1a. vez, no distante ano de 1985. Tony Bennett e Barbra Streisand são ótimos, veja bem, mas cadê Madonna, Lady Gaga ou Beyoncé? Esses discos coletivos de caridade costumam ser legais porque funcionam como um retrato instantâneo da música pop num dado momento. Mas este aí não deu certo: tanto nós como o Haiti merecíamos coisa melhor.

ABRE AS ASAS SOBRE NÓS

Leo Gross, a Loura da Ilha, me mandou algumas fotos do cruzeiro Freedom On Board que rolou no fim de semana passado, com escalas em Búzios e Ilhabela. Houve farta distribuição de espinafre a bordo, para que todos coubessem em suas roupinhas de marinheiro Popeye. Também aconteceram shows das suspeitas de sempre: Amannda, Lorena Simpson e Penha Pinheiro - aliás, não é sensacional uma cantora voltada para o público gay chamada Penha? Esta foi a 2a. edição do cruzeiro, que já é um dos mais concorridos eventos pré-carnaval. E viva a liberdade.

A APÓSTATA

Cada vez gosto mais da Anne Hathaway. Ela é linda, boa atriz, boa cantora (mal posso esperar para vê-la fazendo Judy Garland no cinema) e, acima de tudo, boa pessoa. A versão britânica da revista "GQ" de março revela um lado corajoso e militante de Anne: ela e toda sua família, originalmente católicos, se converteram à Igreja Episcopal. "Porque eu deveria apoiar uma organização que tem uma visão limitada do meu querido irmão?", pergunta ela na entrevista. O irmão mais velho de Anne é gay, e é simplesmente comovente ver a família inteira tomar uma atitude dessas. Muitos católicos não concordam com as posições medievais do papa Adolf I, mas pouquíssimos têm a pachorra de sequer se pronunciar contra. Se mais gente tivesse o culhão dos Hathaway, a Igreja e o mundo seriam muito melhores.

(Mais uma dica do colaborador mais assíduo deste blog, o Luciano de SJC)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CARNAVAL COM STYLO

O ano musical finalmente começou, e em grande estilo. Já caiu na rede o novo single dos Gorillaz, a melhor banda-cartum de todos os tempos. "Stylo" soa como o Kraftwerk tocnado num daqueles programas de música soul dos anos 60, ou seja, é celestial. Não era para menos: um dos vocalistas convidados é o lendário Bobby Womack. O CD "Plastic Beach" só sai em março, mas "Stylo" já pode ser baixada aqui. E vamos esquentando os tamborins.

DOZE PROBLEMAS BUCAIS?

Não numa boca saudável!

GOD SAVE McQUEEN

Tô passado com o suicído do Alexander McQueen. Tanto sua figura, sempre sorridente nas fotos, como seus designs dramáticos, teatrais, me passam a impressão de uma pessoa com um grande amor pela vida. Dizem que ele estava muito abalado com a morte da mãe, ocorrida há alguns dias. Cada um sabe onde lhe dói o calo. Deus o salve, porque ele mesmo não foi capaz.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

FREAK LE BOOM BOOM

Nunca gostei de filmes de guerra, mas sempre há uma primeira vez. "Guerra ao Terror" (mais um título brasileiro pouco preciso) é um filmaço. Não há uma trama propriamente dita. As três primeiras cenas são longas sequências em que os personagens desarmam bombas no Iraque. Apesar da presença de um robô antepassado do Wall-e, a tensão é quase insuportável. Aliás, o stress quase não dá folga - só no finalzinho se respira um pouco, num momento que parece resolver mais um dos mistérios de "Lost" (não posso dizer o que é). Mas o mais surpreendente não é o suspense que a diretora Kathryn Bigelow conduz com maestria. "Guerra ao Terror" é uma profunda reflexão sobre a alma masculina, mais especificamente sobre aquele gênero de homem viciado em adrenalina. O personagem principal, feito pelo ótimo Jeremy Renner, é quase um freak, encapsulado numa relação de amor e ódio (para ser justo, mais amor do que ódio) por seu perigosíssimo trabalho. Bigelow é a favorita ao Oscar de direção não apenas porque será a 1a. mulher a vencer nesta categoria, mas porque assinou uma obra que é o oposto dos filmes "de mulherzinha" esperados de diretores que carecem de cromossomo Y, tipo "O Piano". Não é um filme gostoso de se ver, mas é para se pensar em casa depois. E poucos filmes tão cheios de explosões conseguem fazer a gente pensar.

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS

Álvar Nuñez Cabeza de Vaca foi um nobre espanhol do século XVI que explorou extensas regiões de um continente então recém-descoberto: os relatos de viagens. Ele escreveu um livro narrando suas incríveis peripécias pelas Américas, primeiro pela do Norte e depois pela do Sul, onde chegou a ser governador da província do Rio da Prata. Naufragou várias, vezes, foi capturado por tribos indígenas outras tantas, escravizado e condenado à morte. Escapou por um triz de tudo, e tudo indica que morreu velhinho em sua Espanha natal. O jornalista brasileiro Paulo Markun, aquele da TV Cultura, reconta essa incrível epopeia no livro "Cabeza de Vaca", que acrescenta um olhar crítico e inúmeros detalhes históricos ao texto original. Pode ser lido como um romance, que foi o que eu fiz durante a viagem à Colômbia. Quis ler sobre um cara que desbravou enormes porções do Novo Mundo enquanto eu mesmo fazia a minha exploraçãozinha, olha só que pretensão.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

BAYLY COMIGO

Há muitos anos que eu acompanho a carreira do escritor e apresentador peruano Jaime Bayly (fiz um post sobre ele em outubro de 2008). Ele é um dos mais ácidos comentaristas políticos da América Latina e seus programas fazem sucesso por toda a região. Também leva uma vida pessoal das mais públicas que eu já vi: seus romances são quase todos autobiográficos, e contam a história de um garoto rico de Lima que se descobre gay ainda adolescente, mas mesmo assim se casa e tem duas filhas. Depois se separa da mulher, consome toneladas de pó e acaba engatando um namoro firme com um jornalista argentino bem mais jovem. Tudo corresponde à vida real. Foi uma surpresa agradável descobrir que ele agora está radicado em Bogotá, onde seu programa "Bayly" vai ao ar de 2a. a 6a. pelo canal NTN, que se pretende uma CNN latina. Só que não é fácil fazer um programa diário com uma hora de duração. Bayly acaba repetindo os assuntos e se estendendo muito depois da graça ter acabado. Fora que ele pega pesadíssimo, de um jeito que nós brasileiros não estamos acostumados. Veja aí em cima como ele destrói uma pobre jornalista que entrevistou o presidente do Equador, Rafael Correa. Só porque a moça soltou uns suspiros, ele vai logo chamando-a de periodista erótica e convidando-a para trabalhar em seu programa - só que embaixo da mesa. Por aqui ele seria processado, mas por lá todo mundo acha fofo. Tanto que Bayly continua com seu plano maluco de se candidatar à presidência do Peru em 2011. Já pensou? Seria o primeiro país do mundo com um presidente gay assumido (se bem que ele se rotula de bissexual), e ainda de quebra com um "primeiro-damo" argentino.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

COLOMBIA A LA ORDEN

Pronto, a viagem já está se acabando. Estamos no lobby do hotel em San Andres, esperando pelo traslado que nos levará ao aeroporto. De lá, duas horas até Bogotá, mais duas em terra e outras cinco até São Paulo. Chegaremos à cidade às 6:15 da manhã, bem a tempo de pegar o engarrafamento matinal da Marginal Tietê.

A viagem física à Colômbia termina, mas claro que na minha cabeça ela vai durar para sempre. Aqui no blog também: quem estava torcendo para eu mudar de assunto a partir de amanhã pode ir sacando el caballito de la lluvia, porque agora chegou a hora de ouvir os discos, ler os livros e montar uma apresentação de slides com as 500 fotos que tiramos. Eu já havia estado em Bogotá duas vezes a trabalho, mas óbvio que 9 dias de férias mudaram a imagem que eu tinha do país. A Colômbia é ainda mais legal do que eu pensava. O povo é amabilíssimo, e responde a tudo com um "a la orden" ("ao seu dispor", às suas ordens"). Também adorei o fato de todos odiarem Hugo Chávez, mesmo os mais humildes, com quem teoricamente o caudilho venezuelano faria algum sucesso. Você também o odiaria se ele financiasse as narco-guerrilhas que querem implantar uma ditadura totalitária no seu país, ou ameaçasse entrar em guerra com você a torto e a direito. Chávez é alvo dos cartunistas dos jornais e motivo de chacota na TV. Agora que ele enfrenta dificuldades seríssimas, os colombianos estão assistindo a tudo de camarote, às gargalhadas.

Parece que estive em 3 países diferentes. Bogotá não chega a ser a "Buenos Aires das alturas" que uma amiga me disse, mas é muito legal. Um diazinho a mais na capital cairia muito bem, para visitar mais museus e jantar pela Zona Rosa. Cartagena é uma jóia, ainda não totalmente turistificada. E San Andres compensa com sua beleza estonteante o serviço bastante precário. Faça como eu: inclua a Colômbia nos seus planos. ¡Hasta muy pronto!

O CARIBE DOS POBRES

Sim, isto é o que é San Andres. Talvez eu devesse dizer que é o Caribe PARA os pobres, já que, a rigor, o dos pobres mesmo é sem dúvida o Haiti. Mas acho que dá para entender: San Andres é um lugar translumbrante, um mar de um bilhão de dólares, mas com a infra-estrutura turística de Itanhaém. Não há sofisticação alguma. Toda a água das torneiras da ilha vem do mar, que é dessanilizada numa grande usina perto da cidade. Isto quer dizer que ela é praticamente salobra, e tem um cheiro de enxofre que transforma o simples ato de escovar os dentes numa tortura. Há muitos hotéis, mas só uns 2 ou 3 podem ser chamados de elegantes. O resto é feio, frequentado por gente feia que bebe vinho tinto bem gelado. Estou sendo cruel: talvez eles ponham o vinho na geladeira porque seria simplesmente impossível tomar o vinho à temperatura ambiente. Ele ferveria.

San Andres é um porto livre desde 1948. A parte norte da cidade, a mais próxima ao mar, está coalhada de lojinhas duty free, quase todas de propriedade de libaneses e palestinos (há até uma mesquita nas redondezas). Mas não é exatamente um paraíso das compras, a não ser que você esteja em busca de marcas renomadas como os perfumes "Sex IN the City" ou "Vinolia's Secret". O hotel onde estamos funciona como um navio. Às 9 horas da manhã já rola uma aula de zumbaeróbica na piscina (não pergunte, imagine). Isto aqui é Porto Seguro sem Trancoso. É a ilha da CVC. Talvez seja o futuro: tem cada vez mais gente que nunca viajou viajando, e eles ditam o que deve ser feito.

Toda essa ladainha não significa que eu não esteja gostando. Hoje, ao final da tarde, mergulhamos num lugar chamado La Piscinita. Mais peixes de todas as cores e tamanhos, umna experiência realmente mágica. E, logo após o jantar na churrascaria do hotel - se é que podemos chamar de churrasco um reles contra-filé na brasa - fomos assistir ao final do show "típico" à beira da psicina. Tão típico que o encerramento era com músicas do carnaval brasileiro, que as mulatas colombianas dançavam perfeitamente. Nós nos divertimos à pampa, talvez por estarmos lubrifcados pelo vinho tinto geladinho.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

TERRA ADENTRO

Depois da overdose de sol e mar de ontem (e uma noite bem ardida), hoje resolvemos pegar mais leve e alugar um carro para explorar o interior da ilha de San Andres. "Carro" é força de expressão: alugamos um carrinho de golfe, o transporte favorito dos turistas sandresinos. San Andres tem apenas 27 km² e 15 km de uma ponta à outra, então em 4 horas dá para fazer bastante coisa. E fizemos: nossa primeira parada foi na mais antiga Igreja Batista da ilha, construída em 1844. Fica no alto de uma colina e tem uma vista linda. Logo em seguida demos uma de malucos irresponsáveis e aceitamos pegar uma guia para nos levar às quebradas mais fora da estrada. Era uma raizal chamada Beatriz, magrinha e machona - me lembrou muito a Mart'nália. Primeiro fomos com ela ao Big Pond, ou Laguna, a única fonte de água doce de toda San Andres. É o lago que aparece aí na foto, e é um verdadeiro zoológico: às suas margens vivem jacarés, tartarugas, garças e o lagarto típico daqui, que é azul com listras verdes. Depois fomos mais longe: um lugar chamado Four Mountains, na verdade 4 penhascos que circundam outra lagoa. Só que esta é formada por água da chuva, num lugar bastante ermo. No caminho para lá cruzamos com alguns homens carregando facões. Beatriz cumprimentou todos, e foi aí que eu pensei: como pudemos cair nesta? Dois macacos velhos, tão viajados, que agora vão ser assaltados e talvez queimados vivos numa cerimônia de vudu. Claro que não aconteceu nada, ainda mais porque não há vudu nestas ilhas. Beatriz nos explicou que a população daqui é muito prática: vão à igreja mais próxima de suas casas, seja ela batista, episcopal ou católica. Mais umas voltas por uns mirantes sensacionais e nos despedimos de nossa nova amiga, não sem antes morrer em 50.000 pesos (mais ou menos 50 reais). Valeu a pena: fomos a lugares que a maioria das pessoas ignora, e ainda conhecemos uma raizal engraçada. Mas que eu senti medo, ah, senti sim. Pessoas como a Mart'nália são mesmo intimidantes.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

ENCONTRANDO NEMO

O Brasil tem um dos mais longos litorais do planeta e eu precisei vir para a ilha de San Andres para mergulhar pela 1a. vez. Mesmo assim foi um mergulho pra lá de amadorístico, com máscara e snorkel alugados. Não importa: mergulhar num recife de coral é entrar no filme "Procurando Nemo", uma das experiências mais deslumbrantes da minha vida. O atol é rasíssimo e para caminhar sem machucar os pezinhos precisei comprar zapatos de buceo, mas valeu a pena. O engraçado é que, apesar do mar ser transparente, de fora não se vê peixe algum. Mas basta enfiar a cara n'água que aparecem cardumes de todas as cores, uma infinidade de ouriços do mar e até mesmo dois cações tímidos, escondidos debaixo de um coral. Fomos ao Haynes Cay, um aquário natural a poucos quilômetros da ilha principal, e depois ao Johnny Cay, uma ilhota de areia coberta por coqueiros. Não há sofisticação alguma: quem frequenta essas plagas é o povão mesmo, só falta comerem farofa na praia. Mas o mar é tão sensacional que eu estou me sentindo no melhor lugar do mundo.