domingo, 31 de janeiro de 2010

DAMA DE HONRA

Hoje à noite acontece a entrega dos Grammys, e Taylor Swift e Beyoncé devem dividir entre si os prêmios mais importantes. Para minha adorada Lady Gaga devem sobrar apenas os troféus da categoria dance, de melhor álbum para "The Fame" e melhor canção para "Poker Face". Pelo menos ela deve fazer o melhor show da noite, e ainda teve a honra de ser a escolhida para estrelar o comercial da cerimônia. Ma-ma-ma-ma.

sábado, 30 de janeiro de 2010

SAVE THE DATE

Taí o melhor convite de casamento de todos os tempos. Como é que as pessoas faziam antes de existir a internet?

MÃE BRUTA, FILHA BRUTAMONTES

E eis que surge um novo monstro no cinema, muito mais assustador do que Drácula ou Frankenstein. Mary parece um Tim Maia ligeiramente afeminado, mas bem ligeiramente. Olhou para o outro lado quando o namorado drogado começou a violentar a flha que tiveram juntos, e hoje trata essa menina, que está com 16 anos, da maneira mais brutal possível. O pior de tudo é que, ao contrário dos colegas monstruosos, Mary é real - ou melhor, baseada em centenas de mulheres reais. Interpretada pela comediante Mo'Nique, que nunca havia feito um papel "sério", ela explode na tela em toda sua humanidade. Assim como sua filha Precious - ou "Preciosa", que é o título que o filme ganhou no Brasil - chegamos a entender seus motivos, mas não a perdoá-la. "Preciosa" está longe de ser um filme divertido, mas é um drama tão intenso e bem narrado que suas quase duas horas passam depressa. A imensa novata Gabourey Sidibe nos corta o coração com o rosário de martírios sofrido pela protagonista, e o final esperançoso não chega a ser exatamente feliz. Ah, e a Mariah está mesmo ótima, com aquele peitame todo bem escondidinho sob a roupa discreta de uma assistente social. Apesar dos prêmios e dos elogios, o filme acabou não fazendo um grande sucesso nos EUA, e só chega ao Brasil porque vem embalado pelos ventos do Oscar. Deixe-se embalar, porque "Preciosa" é como uma injeção na veia. Dói pacas, mas faz bem à saúde.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ACEITA UMA BATATINHA?

A rede americana CBS está levando uma saraivada de críticas por ter se recusado a veicular o comercial acima durante o Super Bowl, a grande final do campeonato de futebol americano que acontece neste domingo. A emissora duvidou que o anunciante pudesse arcar com os 2,6 milhões de dólares pedidos por uma única inserção, mas claro que muitas ONGs e ativistas estão acusando-a de preconceito contra os gays - e a coisa fica ainda mais feia quando se sabe que um comercial de uma entidade contra o aborto foi aprovado. Mas vendo esse filminho bem amadorístico do site de pegação ManCrunch dá para desconfiar que é tudo uma jogada de marketing. Aposto que o site jamais teve a intenção de anunciar durante o Super Bowl. Só está se valendo da polêmica para gerar propaganda gratuita, o que não deixa de ser esperto. Agora, esse M que eles usam é igualzinho ao do logo da revista "Aimé" - quem copiou quem?

PERDUTTI

E então, pronto para encarar a última temporada de "Lost"? Eu também não. A série ficou tão confusa que parece mais um engima envolvido em segredos embrulhado em mistééério. Ainda bem que já existe esta recapitulação em 8 minutos, que evidentemente ignora a gloriosa participação de Rodrigo Santoro. Um pouco mais curta e bem mais divertida é essa recriação aí em cima, feita pelo humorista Mike Antonucci com sua família ítalo-americana. Tive a sensação que a qualquer momento o Tony Soprano iria irromper em cena e metralhar todo mundo.

DEZ É O NOVO CINCO

A Academia de Hollywood escolheu o ano errado para aumentar o número de indicados a melhor filme. Desta vez, ao invés dos 5 de costume, serão 10 - uma tentativa desesperada de aumentar a audiência da transmissão pela TV. Porque, se já fossem 10 em 2009, "Batman - O Cavaleiro das Trevas" seguramente teria entrado, e quem sabe o ibope teria sido maior. Mas em 2010 nem precisava: "Avatar" enmplacaria com facilidade entre os 5, já que é um dos mais cotados para o prêmio principal. Aliás, este ano promete ser mais excitante do que de costume, pois várias categorias não têm um franco favorito. Vamos às previsões:

MELHOR FILME

Avatar *
Bastardos Inglórios *
Educação
Guerra ao Terror *
Invictus
O Mensageiro
Nine
Preciosa *
Up
Up in the Air * (me recuso a usar o título em português)

Só os filmes que ganharam uma estrelinha ao lado têm a indicação garantida. Os demais estão na corda bamba, principalmente "Nine" - um fracasso de crítica e de público. Mas como ele foi produzido pelos irmãos Weinstein, que arrancam indicação até de pedra, então aposto que estará entre os 10 finalistas. Só que há várias alternativas: "Distrito 9", "Jornada nas Estrelas", "Um Sonho Possível", "A Última Estação", "Um Homem Sério", "Julie & Julia"... É a primeira vez neste formato. Tudo pode acontecer.

(UPDATE: Errei com "Invictus", "O Mensageiro" e "Nine". Os Weinsteins não são mais tão fortes assim, e tampouco o chato do Clint Eastwood. Entraram "Distrito 9", uma escolha legal, assim como o cult "Um Homem Sério" e o enorme sucesso "Um Sonho Possível", que só está aqui porque faturou mais de 200 milhões de dólares. Então o plano da Academia deu certo: com 10 indicados, filmes populares conseguiram entrar.)


MELHOR DIRETOR
Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)
James Cameron (Avatar)
Lee Daniels (Preciosa)
Jason Reitman (Up in the Air)
Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)

Estes seriam os filmes indicados se ainda fossem apenas 5. A favorita neste momento é Kathryn Bigelow, porque dizem que seu filme é ótimo e ela ainda tem a vantagem de ser racha. Seria bacana se Lee Daniels fosse indicado, porque é negro e gay, mas ele está sendo ameaçado pelo porre do Clint Eastwood. Tem também a dinamarquesa Lone Scherfig do elegante "Educação", mas será que a Academia consegue indicar 2 mulheres no mesmo ano?

(UPDATE: Acertei tudo, nhénhénhé)


MELHOR ATOR

Jeff Bridges (Crazy Heart)
George Clooney (Up in the Air)
Colin Firth (Direito de Amar - êita tiítulo cafona para "A Single Man")
Morgan Freeman (Invictus)
Jeremy Renner (Guerra ao Terror)

Esta categoria está praticamente fechada. As improváveis surpresas seriam o ex-Homem Aranha, Tobey Maguire, por "Entre Irmãos", ou Daniel Day-Lewis, que está péssimo em "Nine". Aqui também há um favoritaço: Jeff Bridges, queridinho de Hollywood, várias vezes indicado, nunca ganhou, chegou a hora dele. Que pena, eu estava torcendo pelo Colin Firth.


(UPDATE: Acertei tudo, nhénhetc.)


MELHOR ATRIZ

Sandra Bullock (Um Sonho Possível)
Helen Mirren (A Última Estação)
Carey Mulligan (Educação)
Gabourey Sidibe (Preciosa)
Meryl Streep (Julie & Julia)

A menos cotada é Dame Mirren, mas quem tem cacife para subsituí-la? Os Weinstein estão fazendo campanha por Marion Cotillard (em "Nine"), mas ela teria mais chance como coadjuvante. Tem também Emily Blunt em "Young Victoria" e Abbie Cornish por "Brilho de uma Estrela", dois dramas de época. Mas o drama agora está entre Streep e Bullock, com vantagem para esta última.


(UPDATE: Acertei tudo, bocejo)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Woody Harrelson (O Mensageiro)
Christian McKay (Eu e Orson Welles)
Christopher Plummer (A Última Estação)
Stanley Tucci (Um Olhar do Paraíso)
Christoph Waltz (Bastardos Inglórios)

Há vários outros atores com plena capacidade de abiscoitar a indicação: Alfred Molina por "Educação", Matt Damon por "Invictus", Anthony Mackie por "Guerra é Guerra"... Mas não importa quem seja indicado, o vencedor será o austríaco Waltz.

(UPDATE: Aqui realmente a coisa embolou. McKay foi substituído por Matt Damon, que foi indicado novamente depois de 12 anos. E muita gente boa ficou de fora.)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Penélope Cruz (Nine)
Vera Farmiga (Up in the Air)
Anna Kendrick (Up in the Air)
Mo'Nique (Preciosa)
Julianne Moore (Direito de Amar)

Penélope e Julianne são as mais frágeis. Podem ficar de fora por causa de Mélanie Laurent e Diane Kruger, ambas de "Bastardos", ou ainda Maggie Gylenhaal, por "Crazy Heart". E ainda tem o fator Cotillard, citado acima. Mas aqui também há uma barbada, que é a aterrorizante Mo'Nique.

(UPDATE: Sacanagem, Maggie Gylenhaal tirou o lugar de Julianne Moore.)


As indicações saem na próxima terça, dia 2 de fevereiro. Como sempre, farei um update para ver quantos palpites acertei. Ufa.

AGORA ELA ESCREVE

Gosto tanto de cinema que acabo deixando o teatro meio de lado. Ano passado só vi 8 peças, um recorde negativo histórico. Mas este ano estou me redimindo: já foram 4 só em janeiro. Ontem foi a vez de "Usufruto", a estreia da Lúcia Veríssimo como autora. Lúcia é amiga de meu marido Oscar há muitos anos, e lá fomos nós para o teatro meio apreensivos - e se o texto for ruim? No final, quando formos falar com ela, vamos ter que elogiar o cenário? Cabelo e maquiagem? Ou saímos de fininho, como já fizemos algumas vezes? Mas, graças a Deus, o texto é ótimo. Diálogos muito bem construídos entre um rapaz casadoiro e uma mulher mais velha, durante um encontro num apartamento vazio que ambos pretendem comprar. Claro que a conversa entre os dois estranhos evolui para uma cena de sexo, mas o que interessa é a discussão sobre fidelidade, casamento e amor. Tudo isto em 70 minutos: um bom programa para este verão. Usufrua.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

JESUS, ME CHICOTEIA

Um livro recém-lançado na Itália revela que o finado papa João Paulo II era chegado num bondage sado-masô, ou seja, gostava de se auto-flagelar. Bem que Sua Majestade Satânica o papa Adolf I podia se inspirar em seu antecessor e baixar o chicote nas próprias carnes, ao invés de flagelar os gays. Ai! Ui! Mais! Say my name! SAY IT!

PERGUNTE, CONTE, ASSUMA, ESCANCARE

A estúpida lei apelidada de "Don't Ask, Don't Tell" está com os dias contados. Para quem não está ligando o nome à pessoa: esta lei americana obriga as Forças Armadas a expulsar de suas fileiras qualquer militar que se assuma gay, mas proíbe que eles sejam investigados enquanto estiverem alistados. Esta monstruosidade fez com que, desde 1993, cerca de 13.000 homens e mulheres deixassem o Exército, a Marinha, a Aeronáutica e os Fuzileiros Navais (sim, nos EUA são 4 as Forças), dos quais pelo menos uns 800 eram essenciais. Faz algum sentido mandar embora um tradutor de árabe, em plena guerra do Iraque, só por quê o cara curte uma jeba nas horas vagas? Fora que essa babaquice acaba custando caríssimo. Estima-se que foram gastos cerca de 200 milhões de dólares na substituição dos expulsos. Este argumento talvez convença a extrema direita "cristã" que idealizou a lei, pois atinge o bolso sacrossanto. Os próprios milicos são contra: afinal, soldado bom é soldado bom, não importa que apito apite. Obama disse ontem em seu discurso anual ao Congresso que pretende acabar com a "D.A.D.T.", e nenhuma liderança expressiva reclamou. Tomara que o exemplo inspire o Estado-Maior brasileiro a também sair da Idade Média.

N'AVI BLUE

A revista "Rolling Stone" transformou alguns ícones da música pop em habitantes do planeta Pandora, mas em alguns casos a mudança ficou muito sutil.Madonna, por exemplo, parece apenas que exagerou no botox. De novo.Britney, como sempre, está acordando de ressaca.E quanto a Lady Gaga, bom, não há diferença alguma.

CALMA, BETTY, CALMA

E lá se vai pelo ralo mais uma das minhas séries favoritas. A rede americana ABC anunciou hoje que a 4a. temporada de "Ugly Betty" também será a derradeira. O programa vinha perdendo graça ultimamente, mas a própria emissora não ajudou muito: mudou o horário várias vezes, afastando o público fiel. Resta saber se Betty vai terminar com o patrão, como terminou nas 800 outras versões que a novela colombiana "Yo Soy Betty la Fea" teve no mundo. Vou sentir saudades - mas não da personagem-título, que é uma chata de galochas. Meus dias ficarão opacos sem a presença faiscante de Wilhelmina Slater. E como poderei viver sem Marc St. James, a melhor bicha televisiva de todos os tempos?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PELE FLÁCIDA SEGURA PERFUME MELHOR

Tem gente achando que "Chéri" é uma espécie de "Ligações Perigosas 2 - 100 Anos Depois". Não é para menos: o diretor é o mesmo Stephen Frears, a estrela é Michelle Pfeiffer e a história se passa numa França que não existe mais, cheia de rendas e brocados. As semelhanças não param por aí. "Ligações", um dos filmes da minha vida, era sobre o poder das emoções de estraçalhar até as pessoas mais manipuladoras. "Chéri" também conta como o amor invade espaços para onde não foi convidado, mas num tom mais de câmara, menos operístico. Os dois filmes terminam com longos takes silenciosos da atriz principal. No mais antigo, líamos na cara de Glenn Close todo o espanto e arrependimento de alguém que acaba de peceber que estragou a própria vida; aqui, Michelle Pfeiffer parece envelhecer em poucos segundos, diante dos nossos olhos. Aiás, um tema exclusivo de "Chéri" é o envelhecimento, ou o saber envelhecer com dignidade. Quando os personagens se esquecem disto, tudo fica mais engraçado: há uma cena onde as demi-mondaines veteranas se encontram para um chá das cinco que parece tirada de "Alice no País das Maravilhas", com a presença inclusive do Chapeleiro Maluco e da Rainha de Copas. São esses momentos, assim como os diálogos ferinos - como o que dá nome a esse post, dito pela soberba Kathy Bates - que deixam esse filme, no fundo melancólico, levinho como um petit four.

YOU CAN DANCE, YOU CAN JIVE

Ah, essa eterna insatisfação. Cá estou eu num Rio de Janeiro ensolarado, muito diferente da São Paulo submersa, e mesmo assim estou com vontade de estar em outro lugar. Queria me mandar para Londres, onde faz um frio da porra, para a inauguração do ABBAWORLD - o parque temático mais horrendamente fabuloso de todos os tempos. São 25 ambientes que expôem figurinos, instrumentos, prêmios, vídeos e até mesmo um show holográfico em que a plateia pode interagir com os músicos. Ou seja, é um pedaço do paraíso que se desprendeu e caiu na Terra. Para comemorar a abertura do parque, baixe aqui a abbabalhante "La Reina del Baile". Sim, sim, é a raríssima versão de "Dancing Queen" em espanhol, gravada pela própria banda. Não, a vida não fica melhor do que isto.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

DIVAGACIONES DE VACACIONES

- O melhor das férias é ter tempo para fazer o que mais se gosta, o que no meu caso é ir ao cinema. Não que eu vá pouco quando estou trabalhando, claro. Mas hoje aproveitei a desculpa do tempo levemente nublado no Rio para assistir dois documentários brasileiros de enfiada, ui, ambos ótimos. O primeiro foi "Cidadão Boilesen", em cartaz há uns 2 meses, sobre uma das figuras mais polêmicas da época da ditadura militar. Na sequência encarei o recém-estreado "Caro Francis", que me deixou com ainda mais saudades do Paulo Francis. Não vou fazer posts exclusivos para os dois porque senão esse blog vai ter que mudar o nome para "Tony Goes to the Movies". Mas fikdik: vá ver esses filmes. Fazem bem para os olhos e para os neurônios.

- Agora, o problema de se pegar um cineminha logo no começo da tarde é encarar a fila de velhinhas na bilheteria. Geralmente elas estão comprando ingressos para sessões mais tarde ou mesmo para o dia seguinte, mas ai de você se alegar que seu fime começa em questão de segundos. Elas não estão nem aí: querem saborear com toda a calma o pouco tempo que ainda lhes resta.

- Kebab is the new temaki. Lide com isto.

- Com a cabeça longe dos problemas do trabalho, acabo usando-a para o que realmente interessa: Deus existe? Tragédias como a do Haiti me levam a achar que above us, only sky - afinal, que divindade sanguinária teria interesse em matar Zilda Arns? Mas a própria família acha que ela teve uma morte "bonita". Não sei. Se foi instantânea, se ela não sofreu, claro que é mehor do que padecer meses numa UTI.

- Aliás, eu poderia ter culpado Deus pela morte da minha gata Sofia. Mas, ao invés de revolta, tive uma reação inesperada: agradeci a Ele por ter me proporcionado 10 anos de convívio com uma gatinha maravilhosa. Vai entender.

- Por fim, vou usar o blog para um recado pessoal. Um leitor chamado Will me mandou um scrap super fofo pelo Orkut. Apaguei o e-mail sem querer, e, quando fui adicioná-lo, o scrap não estava mais lá. Will, entre em contato de novo, porfa.

PROGRAMA DE MILHAGEM

Por quê, ó céus, o imbecil do exibidor brasileiro resoveu dar o nome de "Amor Sem Escalas" para "Up in the Air"? O título nacional remete a uma comédia romântica dessas bem bobocas. OK, até certo ponto o fime É uma comédia romântica - mas também está cheio de momentos sombrios, e tem um final pouco convencional. Ou seja, é um filme adulto, artigo cada vez mais raro nesse mundo dominado por super-heróis. George Clooney entrega tudo o que esperamos dele: toneladas de charme, sorriso matador, diálogos ferinos. Nenhuma novidade aí, mas como é bom vê-lo em ação. As surpresas ficam por conta de Vera Farmiga e Anna Kendrick, duas atrizes que ainda não tinham tido a oportunidade de brilhar desse jeito. "Up in the Air" (me recuso a usar otítulo brasileiro), com perdão do trocadiho fácil, passa voando: não olhei uma única vez no relógio. Como é que um fime sobre a solidão e outros medos contemporâneos consegue ser tão agradável quanto tirar uma passagem grátis com milhas acumuladas?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A ERUPÇÃO DA PRIMAVERA

Eu agora vou falar: Charles Möeller e Cláudio Botelho fazem o trabalho mais importante do teatro brasileiro atual. Os puristas vão torcer o nariz e dizer que de brasileiros eles têm pouco, já que a maioria de seus espetáculos são remontagens de sucessos da Broadway. Mas quando foi que algum purista teve razão? Möeller e Botelho são um selo de qualidade. Pode ir sem medo a qualquer peça assinada por eles, porque é tudo admiravelmente bem cuidado: texto, direção, música, absolutamente tudo. Principalmente os atores. E "O Despertar da Primavera", em final de temporada no Rio, revela quase 20 novos atores de uma vez, um melhor que o outro. É incrível pensar que Franz Wedekind escreveu o texto original em 1891, já que ele fala de sexo antes do casamento, masturbação e suicídio, além de trazer o primeiro beijo gay da história do teatro. Estava muito adiante de seu tempo: o "Despertar" foi proibidíssimo em quase todos os países, e só voltou a ser montado no final dos anos 50. Vi a primeira montagem brasileira em 82, com Daniel Dantas, Maria Padilha e Miguel Falabella. O sucesso foi tamanho que o grupo passou a se chamar "Pessoal do Despertar" nas montagens seguintes. Mas o que está em cartaz no Rio é uma versão do musical da Broadway, que recebeu uma pá de prêmios Tony há alguns anos. Apesar da ação continuar se passando no final do sécuo 19, as canções têm pegada de rock, o que combina com o elenco jovem. Assim, o que já era um texto contudente ganhou a força de um vulcão. E no meio de tantos garotos e garotas incríveis, o destaque vai para Pierre Baitelli, uma grande estrela com apenas 25 anos, lindo, carismático e de presença forte em cena. Prepare-se: em breve o veremos por todos os lados, na TV, no cinema, no palco. Ele é o Matheus Nachtergaele da nova geração.

domingo, 24 de janeiro de 2010

SETE

Aconteceu o que eu temia: "Nine" não é tão bom quanto eu pensava. Não é ruim, veja bem, mas está longe de ser a maraviha que eu vinha aguardando ansiosamente há mais de um ano. O filme tem dois problemas graves. O primeiro é de roteiro. Por quê fazer todos os números musicais se passarem na imaginação do protagonista, o diretor italiano Guido Contini? Porque o espectador comum acha "pouco realista" os personagens começarem de repente a cantar e a dançar? Foda-se o espectador comum. E até parece que carros que se transformam em robôs giganrts são realistas. Quem gosta de musicais quer mais é ver todo mundo cantando a plenos pulmões, como se houvesse uma orquestra escondida atrás da parede. O outro erro fatal de "Nine" foi mesmo a escalação de Daniel Day Lewis para o papel principal. Ele é um homem lindo e está malhadérrimo, com o abdômen ripado aos 52 anos de idade. Mas não tem o sex appeal necessário para o personagem: Guido é um pau ambulante, pensa em mulher o tempo todo. Javier Bardem, o primeiro convidado, teria sido muito melhor.

Tirando isto, "Nine" é sensacional. As atrizes estão todas fabulosas, apesar de Sophia Loren parecer embalsamada e Nicole Kidman estar indo pelo mesmo caminho. Mas Kate Hudson, Marion Cotillard e, principalmente, Penélope Cruz, arrasam. Esta última está tão gostosa em seu número musical que quase me deu uma ereção. Os números, aiás, são todos incríveis, assim como figurinos, cenários e fotografia. Pena que não se integrem direito ao resto do filme, que nem roça no impacto emocional que prometia. Por tudo isso, "Nine" não merece mais que uma nota sete.

sábado, 23 de janeiro de 2010

SOY EL NIÑO MÁS BONITOOO

Hoje é meu primeiro dia de férias pra valer depois de quase dois anos de trabaho insano, só parando entre Natal e Réveillon. Agora só volto ao batente depois do Carnaval. Já estou no Rio: vim de carro com meu cachorro, e daqui a pouco vou à pré-estreia de "Nine", iupiii. Na outra semana Oscar e eu zarpamos para a Colômbia, de onde pretendo voltar gordo e feliz como Adriansito, o Mini-Daddy. Aumenta que isto aí é reggaetón!

THE FAME MONSTER

"Onde Vivem os Monstros" parece um filme para crianças, mas não é. É sobre crianças: os medos, as angústias e o entusiasmo que todo mundo já teve um dia e ainda tem um pouco. O livro original é um clássico nos Estados Unidos, mas desconhecido no Brasil. Ao adaptá-lo para o cinema, o diretor Spike Jonze fez miagre: transformou as menos de 350 palavras do texto num filme simplesmente assombroso. A história é um prato cheio para um analista. Um garoto briga com a mãe, foge de casa e vai parar numa ilha onde vivem monstros fofos e apavorantes ao mesmo tempo, mas na verdade tão infantis quanto ele. O ator-mirim Max Records está um pouco grandinho para o papel principal, mas passa todas as emoçôes de alguém aprendendo a lidar ocm as próprias. E os monstros são um prodígio técnico: os corpos são fantasias com gente dentro, as vozes são de famosos como James Gandolfini e Forrest Whitaker, e as expressões faciais são feitas por computação. "Onde Vivem..." não estava na minha lista, mas ainda bem que eu fui convencido a ver. Já é um dos melhores fimes do ano.

LIFE IS A MYSTERY

Ontem vários canais americanos de TV transmitiram o "Hope for Haiti", um "telethon" organizado pelo George Clooney que teve a participação de praticamente todas as estrelas do universo. Fuça aí no YouTube que tem Beyoncé, Sting, Shakira, Alicia Keys, Stevie Wonder, Bono, Rihanna e até Jack Nicholson atendendo telefonemas dos espectadores. Madonna atacou com a versão mais sóbria ever de "Like a Prayer", que está em vias de se tornar um hino religioso. Aliás, esse tratamento comedido me fez suspirar outra vez: quando que Sua Madgestade vai nos brindar com um "Acústico MTV"?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

PRATO REQUENTADO

Existe um tipo de filme gay que já deu no saco pra mim. A história é mais ou menos assim: Fulanito, bicha assumidérrima, vive lindo, leve e solto, sem maiores preocupações do que soltar plumas e gargalhadas. Um belo dia, eis que surge à sua porta o filho/sobrinho que ele esqueceu que tinha. A criança precisa de um lar: e agora? Depois de muitos atritos, Fulanito descobre a alegria de ser pai/tio, abandona as farras e passa a viver uma vida caretona ao lado do filho/sobrinho. Para compensar seu sacrifício, os deuses lhe mandam um grande amor. O filme espanhol "À Moda da Casa" tem a audácia de seguir esse clichê sem acrescentar nenhum dado novo. Só alguns toques pretensamente almodovarianos: abertura em animação, trilha com canções cafonas, cores vivas e vários atores que já passaram pelas lentes do próprio. Não chega a ser desagradável, pois tem umas duas piadas boas e o exquisito ator chileno Benjamin Vicuña no improvável papel de um jogador de futebol que sai do armário. Gostei mesmo foi de ver um pouquinho das lindas ruas do bairro madrilenho de Chueca e aprender algumas gírias espanholas, como "soplanucas" (ativo), jajaja.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O CARA QUE DEU UM PAU NO OBAMA

Este gostosão aí em cima é Scott Brown, eleito ontem senador pelo estado americano de Massachussets numa surpreendente vitória dos republicanos. Calma: estas fotos são de 1982, quando Brown posou para a revista "Cosmopolitan" (cuja versão brasileira é a "Nova") para custear seus estudos na faculdade. Hoje ele tem 50 anos e ainda dá um bom caldo. Inclusive pode foder de vez com os democratas: sua presença desequilibra o Congresso e pode comprometer a aprovação da reforma da saúde, o mais acalentado projeto de Barack Obama. Mas acho que muita gente toparia, só pelo prazer de foder com ele.

A BRANCA E OUTRAS FITAS

É impressionante como a Alemanha é boa de Oscar. Nos últimos 7 anos ela emplacou 5 indicados aos prêmio de melhor filme em língua estrangeira, ganhou 2 e já é a favorita para o próximo. "A Fita Branca", com direção do austríaco Michael Haneke, está entre os 9 semi-finalistas deste ano, depois de faturar o Globo de Ouro domingo passado. Vi o filme na Mostra e achei chato e interessante ao mesmo tempo. Gostei bem mais de outra fita classificada, a argentina "O Segredo de Seus Olhos", que vi no Festival do Rio e estreia por aqui mês que vem. Este também era um dos mais cotados, junto com o francês "Um Profeta". Mas claro que toda lista como esta tem surpresas e injustiças. Ficaram de fora o ótimo iraniano "Procurando Elly" e a superpordução italiana "Baarìa", mas entrou o surpreendente "A Teta Assustada", do Peru. Alguns filmes pouco badalados também penetraram o shortlist: o israelense "Ajami", o holandês "Guerra no Inverno", o australiano "Sansão e Dalila" (falado numa língua aborígene), e mais um da Bulgária e outro do Cazaquistão com nomes longos e/ou complicados (preguiça...). Mais uma vez, o Brasil saiu de mãos abanando, com "Salve Geral". Chega de inscrever filmes violentos, né?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

DINHEIRO DO CÉU

A agência inglesa Mother é uma das mais premiadas do mundo. Todo ano eles criam um incrível cartão de Natal em vídeo: chegaram a inventar um personagem para substituir o Papai Noel, o sensual Chris Christmas Rodriguez. Mas vai ser duro superar o do ano passado. A agência mandou para centenas de pessoas um e-mail com a maior cara de golpe, desses que a gente recebe todos os dias. Escrito num característico inglês canhestro, os caras simplesmente prometiam 10 mil dólares para o primeiro que enviasse seu nome e dados bancários completos. Um único camarada respondeu. Assista o vídeo: não contei a história toda, que tem um final emocionante.

(agradeço ao Celso Dossi pela graça recebida)

DOBLE U, I GRIEGA

Como é que pode um rapaz tão refinado como eu gostar de reggaetón? É o equivalente latino-americano do funk carioca, que aliás eu também adoro: música que nasceu nas favelas, mas ganhou o “asfalto”. As letras são machistas (e às vezes homofóbicas), mas a batida hipnótica me vuelve loco. Só que ouvir um CD de cabo a rabo é tarefa árdua. Ainda mais se for a edição de luxo de “Revolución” da dupla boricua (porto-riquenha) Wisin & Yandel, que inclui um disco com faixas-bônus e remixes e um DVD com clips. A dor de cabeça é certa. Mas em pequenas doses o som de W (o “doble u”) e Y (o “i griega”, como eles costumam gritar durante as músicas) é estimulante feito uma lata de energético. Baixe aqui “Abusadora”, e prepárate: os caras ameaçam vir ao Brasil ainda este ano.

EAU DE TOILETTE

Maravilhoso trocadilho visual criado pela agência australiana JayGrey para uma marca de desinfetante. Por quê ninguém pensou nisto antes?

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ESCONDENDO ELLY

O filme iraniano "Procurando Elly" inverteu todas as minhas expectativas. Fazia tempo que eu não tinha saco para ver nada daquele país, porque muitos diretores de lá usam criancinhas da zona rural e metáforas complicadíssimas para falar mal do regime. Mas o ponto de partida de "Elly" me intrigou: um grupo de casais da classe média vai passar um fim de semana numa casa de praia. Essa situação tão banal poderia perfeitamente se passar no Brasil, e de fato, se não fosse pelos véus usados pelas mulheres, todos pareceriam brasileiros. A tal da Elly é a única mulher solteira do grupo, e só quando desaparece é que o filme revela sua face inegavelmente iraniana. Porque, ao contrário do que sugere o título em português, o que interessa dali para a frente não é o que aconteceu com a moça e sim a teia de mentiras que o grupo começa a inventar para justificar a presença dela entre eles. Afinal, o que seria corriqueiro no Ocidente por lá pode dar até cadeia. As contradições que envolvem os personagens refletem as da vida real: o filme foi proibido de estrear no Irã, mas também foi o escolhido pelo órgão estatal de cinema para representar o país no Oscar. É uma narrativa tensa e moderna, que lembra muito pouco as chatices kiarostâmicas de que eu costumava fugir. Não é exatamente divertido de se ver, mas não desgrudei os olhos da tela.

DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO

Às vezes tenho a sensação de que está absolutamente tudo no YouTube, da construção das pirâmides às trezentas versões caseiras de “Single Ladies”. Anteontem falei nos comentários sobre o curta-metragem “Almoço Executivo”, onde faço uma ponta. Foi o que bastou: um leitor já localizou o dito cujo. O filme foi dirigido pela Marina Person e pelo Jorge Espírito Santo em 1995, e reúne toda uma galera dos primeiros anos da MTV. Tem o Zeca Camargo, a Astrid Fontenelle, a Cris Couto, o Cazé e mais uma pá de gente. Eu “interpreto” um maître português: minhas falas estão todas no final da primeira parte, quando tento desesperadamente roubar a cena do André Abujamra. Os diretores dão uma de Hitchcock e também aparecem numa mesa do restaurante. “Almoço Executivo” ganhou um monte de prêmios, inclusive no Festival de Gramado, e passou outro dia no Canal Brasil. Hoje a Marina dirige longas-metragens e peças de teatro, o Jorjão manda chuva no GNT e eu continuo não sabendo falar português com sotaque lusitano.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A MORTA NO MATO

Dois garotos vão brincar na floresta e acabam encontrando um cadáver. Quantos filmes americanos começam desse jeito? Mas "Se Eu Fechar os Olhos Agora" é brasileiríssimo, apesar de seguir a receita clássica de um bom policial. Porque o primeiro romance do jornalista Edney Silvestre é recheado de elementos típicos da cultura nacional, como o racismo, o machismo e o poder patriarcal. A trama se passa numa pequena cidade fluminense no começo dos anos 60 e seu ritmo ágil deixa prever uma boa adaptação para o cinema. Cineastas, aproveitem: os direitos ainda estão à venda.

TEATRO CRU

Não gosto de ver peças na estreia, ou mesmo um pouco depois. Acho que os atores ainda levam um mês para engatar e descobrir como o público reage a determinadas cenas – e frequentemente não é a reação que o autor pretendia. Mas às vezes pintam uns convites, e quem resiste a um teatrinho de graça? Lá fui eu assistir “Sopros de Vida”, recém-estreada no Teatro CCBB do Rio de Janeiro. O pedigree do espetáculo é impressionante: tem Natália Thimberg e Rosamaria Murtinho no elenco, texto do inglês David Hare (mais conhecido por aqui como o roteirista de filmes como “As Horas” e “O Leitor”), direção de Naum Alves de Sousa e, last but not least, cenário da minha cunhada Celina. Mas o tempo para os ensaios foi curto, e o fato é que as atrizes ainda não “habitam” totalmente o texto. Rosamaria errou algumas falas de lugar logo no começo e precisou repeti-las. O sr. Branco Total ameaçou aparecer algumas vezes, proporcionando momentos involuntários de emoção. Ainda bem que este é outro dos males que o tempo cura: mais alguns dias e vai estar tudo tinindo. E a história do encontro de duas mulheres que dividiram o mesmo homem (uma, a esposa, outra, a amante) poderá ser devidamente apreciada.

VOTO POPULAR

O Globo de Ouro nunca foi um prêmio de grande credibilidade. Durante muito tempo, circularam boatos de que era possível comprar uma vitória, com dinheiro vivo ou agradinhos aos membros da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood. De fato, há alguns anos Sharon Stone presenteou com relógios cada um dos correspondentes, e em seguida faturou um prêmio de coadjuvante do qual ninguém se lembra mais. Hoje o Globo de Ouro se intitula como "a melhor festa de Hollywood", porque serve comida e bebida à selecionada plateia - principalmente bebida, muita bebida. Isto faz com que os discursos de agradecimento sejam mais soltinhos que no Oscar, e às vezes francamente constrangedores.

Mas a cerimônia de ontem não se destacou por nenhum momento especialmente engraçado, apesar de ter sido apresentada pelo Ricky Gervais. O que chamou a atenção, principalmente entre os prêmios de cinema, foi o predomínio dos grandes sucessos de bilheteria. Parecia até que foi o próprio público quem votou. "Avatar" faturou melhor drama e melhor diretor, "Se Beber Não Case" levou melhor comédia e Sandra Bullock venceu como atriz dramática por "The Blind Side". Agora o Oscar está mesmo entre ela e a antiga favorita, Meryl Streep - que ganhou seu 89o. Globo, dessa vez como atriz cômica por "Julie & Julia". O queridinho da crítica, "Guerra ao Terror", saiu de mãos abanando. E o odiadinho da crítica, "Nine", também, apesar das 5 indicações. Nem Daniel Day-Lewis emplacou, atropelado pelo "Sherlock Holmes" de Robert Downey Jr.

Será que o Oscar vai pelo mesmo caminho? Talvez - os 10 indicados para melhor filme são uma tentativa desesperada para recuperar o interesse do público. Mas a Academia também gosta de parecer culta e refinada, sem se dobrar ao gosto da patuleia. As indicações só saem dia 2 de fevereiro: uns dias antes, soltarei minhas previsões. Agora dá licença que eu vou limpar a bola de cristal.

domingo, 17 de janeiro de 2010

MEU NOVO NOIVO

Não está sendo fácil minha separação do meu ex-noivo imaginário,o cantor francês Benjamin Biolay. Ouço sem parar seu novo disco, "La Superbe", que tem músicas maravihosas - talvez inspiradas por mim. Percebo que ele quer voltar, mas resisto aos seus avanços. Além do mais porque sou bem biscate e já estou de olho num novo felizardo. Ontem fui ver "A Mente que Mente" e caí de amores pelo Colin Hanks, o filho do Tom. Ele é totalmente my cup of tea, com carinha de bom moço e de quem sabe pegar direito nos talheres. O filme em si também é gostosinho: conta a história de um mágico decadente, muito bem interpertado pelo John Malkovich, um ator que eu acho fascinante e repelente ao mesmo tempo. Colin se torna o assistente do ex-astro (o "Grande Buck Howard" do título original) e passa dois anos percorrendo teatros mambembes do interior dos EUA. Ainda tem a linda Emily Blunt e mais uma pá de atores famosos em pequenas participações, inclusive papai Tom - que produziu o filme como um veículo para ajudar a carreira do filhote. De certo: agora fiquei interessadíssimo em Colin Hanks, e estou louco para ver mais coisas com ele.

sábado, 16 de janeiro de 2010

SENHORITA CIFRÃO

E então, já está pronto para a "nova Lady Gaga"? Talvez estejamos mesmo precisando de uma nova, pois a velha teve um piripaque esta semana e precisou cancelar um show. Ke$ha é a bola da vez: sua música "Tik Tok" tirou "Bad Romance" do 1o. lugar da parada americana e seu álbum "Animal" encerrou as 6 semanas de reinado de Susan Boyle. Por enquanto acho um pouco meio muito. O som da moça é engraçadinho, mas não me parece que vai muito longe. Quase torço para ela sumir logo, porque dá muito trabalho ficar escrevendo um nome com cifrão.

ENTRE TAPAS E BEIJOS

Toda vez que acontece um prêmio de cinema, eu torço para a Meryl Streep ganhar. Não porque eu ache que ela mereça - geralmente merece - mas porque ninguém faz discursos de agradecimento mais engraçados. Ontem, durante a entrega do Broadcast Critics Film Awards, deu empate: Meryl teve que dividir o troféu de melhor atriz (por "Juie & Juia") com Sandra Bullock, que venceu pelo mega-sucesso "The Blind Side". Sandrão não se intimidou, e tomou a iniciativa. Primeiro puxou Meryl para a briga, depois quase sapecou-lhe um beijo de língua. Ah, como é bom estar vivo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

AMEAÇA À CRIAÇÃO

O argumento favorito dos inimigos do casamento gay é dizer que ele é "anti-natural". Como se os animais héteros se casassem na natureza, talvez de véu e grinalda. Dizem os reaças que o objetivo principal do casamento é gerar e criar filhos, coisa que os gays biologicamente estão impedidos de fazer (e apenas biologicamente). Ora, ora, ora. Este pode ter sido o objetivo algum dia, mas faz tempo que não é mais. Desde o início do século 20, pelo menos, que o foco do casamento monogâmico ocidental se deslocou da filharada para a felicidade pessoal. Ou seja: é o amooooor. Se o mais importante do casamento ainda fossem os filhos, o divórcio ainda seria proibido. Mas as pessoas se divorciam porque não se amam mais, e danem-se os bacuris. Nos dias de hoje, sem amor simplesmente não há casamento, por mais filhos que haja em volta.

E todo mundo acha lindo quando dois velhinhos se casam no asilo, apesar de não haver a mais remota possibilidade deles procriarem. Por quê? Porque ali há amor. Então, por quê só os héteros têm direito ao amor, mesmo quando não podem ter filhos? Alguém proíbe os estéreis de se casar? Sim, judeus ortodoxos proíbem (e a "culpada" é sempre a mulher), mas a imensa maioria dos brasileiros rejeitaria uma lei que só permitisse o matrimônio a pessoas de comprovada fertilidade.

Esse turbilhão me vem à cabeça quando leio coisas como este artigo do jornalista Gilberto Scofield Jr., publicado hoje no "O Globo". O site do jornal é restrito a assinantes e a reprodução da matéria é proibida sem autorização, mas foda-se. Lá vai, porque todo mundo precisa ler:

EM NOME DE DEUS?

Em sua avaliação anual dos acontecimentos mundiais, o Papa Bento XVI tratou de condenar o que ele chama de “casamento gay”, alegando que sua existência é uma “ameaça à criação”.

O raciocínio embutido nesta tese é tão absurdamente primário que qualquer pessoa com o mínimo de compreensão de mundo e de psicologia jamais perderia tempo tentando debatê-la não fosse por um simples fato: ela não é verdadeira. Gays e lésbicas não querem entrar de terno, véu e grinalda na igreja e receber de padres católicos ou protestantes suas bênçãos diante de Deus. O assunto nunca foi e nunca será da esfera dos conceitos religiosos. Tratase da discussão de um tema de ordem do direito civil e das garantias individuais, direito que já há muito deveria constar dos nossos códigos civis e cujo lapso transforma gays e lésbicas, em vários países do mundo, em cidadãos de segunda categoria.

O que se prega, aqui e em outros países do planeta, é o direito à união civil, um direito que dará aos parceiros de casais estáveis do mesmo sexo benefícios civis dos quais gozam casais heterossexuais, como o direito aos bens construídos pelo casal no caso de falecimento de um deles, direito de declarar imposto de renda em conjunto, direito de usar a renda do casal para a compra de casa própria, entre outros itens. Céu? Inferno? Purgatório? Não, não. O que preocupa gays e lésbicas do mundo inteiro não é o julgamento de Deus, mas a opressão dos homens, e está no terreno dos vivos, e não dos mortos.

A Igreja Católica possui um histórico no mínimo polêmico em termos de direitos humanos, que exige do Papa e de todos os representantes desta religião uma boa dose de cautela antes de saírem pelo mundo pregando intolerância.

A História está repleta de exemplos que vão dos abomináveis tribunais da inquisição até o recente caso da Igreja Católica irlandesa, que se calou diante das 320 queixas de pedofilia envolvendo 60 crianças molestadas em quatro décadas. E o que dizer de Galileu, condenado pela Igreja em 1633 por sua teoria heliocentrista (segundo a qual a Terra gravita em torno do Sol, e não o contrário), também considerada na época “uma ameaça à criação”? Há os exemplos individuais e, neste caso, me exponho. O sonho de muitos jornalistas é, em algum momento de sua carreira, atuar como correspondente internacional, especialmente em países que são o centro das atenções mundiais, como a China e os EUA, onde passei meus últimos seis anos (quatro e meio na China e pouco mais de um ano nos EUA, onde ainda resido).

Agora, vejo meu momento singular na carreira jornalística ser interrompido justamente porque não tenho, aqui ou nos EUA, a proteção da lei de um casal que está há sete anos junto.

Na China, meu parceiro possuía seu visto de trabalho individual. Eu tinha o meu de jornalista estrangeiro.

Nos EUA, um país mergulhado numa crise econômica sem fim, meu parceiro tem que entrar com um visto de turista em que está anotado que seu visto se liga ao meu porque somos uma união estável há sete anos. O Consulado Americano no Rio sempre foi extremamente compreensivo e atencioso com a situação, buscando a melhor saída possível para o problema.

Mas, como a entrada depende da mente mais ou menos homofóbica do funcionário da imigração americana (as leis de união civil são leis estaduais, e não se aplicam ao processo de imigração dos EUA, que é assunto federal), meu parceiro já foi parar na famosa “salinha de interrogatório da imigração americana” para explicar que ele não estava ali disposto a entrar nos EUA para ilegalmente limpar privadas. Era parte de uma união estável, união esta que não possui o amparo da lei porque não há visto de cônjuge para parceiros de mesmo sexo. Nos EUA ou no Brasil, diga-se de passagem.

O resultado é que estou voltando ao Brasil porque não quero que meu parceiro se arrisque a estes momentos de humilhação desnecessária.

Momentos de humilhação que só se tornam piores à medida em que o representante maior da Igreja Católica me chama de “ameaça à criação”. Isso num mundo onde as ameaças à criação de verdade andam com explosivos colados ao corpo ou sequestram aviões e os jogam sobre arranhacéus.

Tudo em nome de Deus, curiosamente.

Há algo estranhamente fora do contexto nisto tudo ou são apenas divagações de uma “ameaça à criação” ambulante.


- Gilberto Scofield Jr.

Fiquei passado quando terminei de ler. O Gilberto está sofrendo consequências em sua vida profissional porque a porra do Brasil não reconhece sequer a união civil. Fora que é de foder de dar risada ouvir a porra da Igreja dizer que os gays são uma "ameaça à criação" quando todo o clero católico é proibido de procriar.

Enquanto escrevo este post, está acontecendo na Califórnia o julgamento da constitucionalidade da famigerada Proposição 8, que proibiu o casamento gay no estado. É boa a chance dessa monstruosidade ser derrotada nos tribunais, depois de aprovada num plebiscito (digo e repito: não se submetem direitos das minorias à aprovação das maiorias. Se o presidente Johnson não tivesse se imposto, o racismo ainda seria legal nos EUA). Vamos então rezar para que os juízes cheguem a uma sábia decisão. Mas não rezemos a esse Deus escroto - e, by the way, inexistente - em que acredita Sua majestade Satânica, o papa Adolf I. Amém.

(Tommie Carioca, obrigado por ter me enviado o artigo do Scofield. Deus te abençoe. O verdadeiro.)

POR DENTRO DAQUILO

Tenho a maior dificuldade para "embarcar" em peças minimalistas. Acho um saco aquele tipo de espetáculo cujo cenário é só uma cadeira, mas a ação se passa no Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes. Pois bem: o cenário de "In On It" são DUAS cadeiras. E só. E tem apenas dois atores fazendo uma dezena de papéis sem jamais trocar o figurino franciscano da camisa com gravata. Perfeito para eu me desinteressar e ficar pensando no Campeonato Espanhol. Foi exatamente o que aconteceu no começo: mudanças abruptas de ritmo e personagens, longos "bifes", dificuldade de situar a ação no tempo e no espaço, e pronto - lá estava eu divagando. Mas aos poucos o texto sofisticadíssimo do canadense Daniel MacIvor foi me seduzindo, ainda mais na boca desses atores fabulosos que são Fernando Eiras e Emílio de Mello. A peça é mesmo um jogo, uma "play" nos dois sentidos, mas nem por isto deixa de ser séria. Discute temas como morte, solidão e realacionamentos, e ainda trata a homossexualidade de maneira absoltuamente natural. E nem por isto deixa de ser divertida: há momentos para se gargalhar alto. "In On It" não é teatro facinho para se assistir com a patroa antes da pizza. É preciso prestar atenção e não dar folga aos neurônios. Mas foi um dos melhores espetáculos em cartaz no Rio ano passado, e já é um dos melhores de SP neste ano.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

HAITI HATE

Como é que essa gentalha ainda ousa se chamar de "cristã"? O "reverendo" Pat Robertson, um dos mais conhecidos líderes evangélicos dos Estados Unidos, teve a audácia de dizer na TV que o terremoto que arrasou Port-au-Prince foi um castigo divino, porque o Haiti teria feito um pacto com o diabo para conseguir a independência da França. É certo que a sucessão de desastres que açoitam o país mais pobre das Américas há quase 200 anos parece mesmo o resultado de uma maldição. Mas é preciso ser muito canalha para dizer uma estupidez dessas no ar, ainda mais num momento de enorme comoção. Além do mais, o próprio Pat Robertson é evidência suficiente de que este Deus vingativo, que varre os maus da face da Terra, simplesmente não existe.

IRMÃO GRANDÃO

Mesmo com o elenco viadérrimo deste ano, não me animo a perder tempo assistindo o “Big Brother Brasil”. Acho mais produtivo ver tinta secar. Além do mais porque não há muito suspense. As estatísticas apontam que o vencedor deverá ser um homem branco. Foi assim em 8 das 10 edições anteriores. As mulheres só ganharam 2 vezes, e numa delas a campeã foi a Cida, só porque tinha a história mais triste. Então, nem adianta a gente se animar com as presenças do Dimmy Keer, da outra bibinha ou da sapata. O público brasileiro é conservador e, salvo um milagre como o que levou Jean Willys (ele também um homem branco) à vitória, nenhum deles tem muita chance. O “protagonista” do BBB é quase sempre o alpha dog. Preguiça, muita preguiça.

MUNDO AFORA

- Miséria, violência, corrupção, AIDS, furacões e agora um terremoto devastador: o Haiti jogou pedra na cruz? A constituição do país parece ser a Lei de Murphy elevada ao quadrado. Lá, tudo o que pode dar errado não só dá como ainda pega fogo, rola ladeira abaixo e atinge um ônibus cheio de criancinhas indo para a escola.

- Fiquei especialmente chocado com a morte da Zilda Arns, talvez a personalidade brasileira que mais merecesse um Nobel da Paz. Mas estou admirado com a serenidade com que sua família lidou com a notícia. “Ela teve uma morte bonita, morreu fazendo o que gostava”, disse seu irmão, o arcebispo-emérito D. Paulo Evaristo.

- Enquanto isto, na Venezuela, Hugo Chávez diz que aviões norte-americanos “invadiram” o espaço aéreo do país. Líderes populistas como ele sempre precisam de inimigos externos. As “invasões” devem aumentar nos próximos meses, para mascarar a incompetência de seu governo. É absurdo Caracas ter que sofrer quatro horas diárias de corte de energia elétrica. Mas como resolver esse e outros problemas, se o chavismo simplesmente não tem quadros?

- Outro que precisa de inimigos é o Ahmadinejad. O pobre cientista que morreu explodido era ligado à oposição e deve ter sido morto pelo próprio aparelho repressor iraniano. Se os EUA ou Israel pudessem, iriam matar os próprios aiatolás - não um cara como este. Sou "amigo" no Facebook de Mir Houssei Moussavi, olha só que metido, e ele cantou essa bola assim que aconteceu o atentado.

- Será que o Google sai mesmo da China? Duvido. É um mercado rico demais para deixar de mão beijada para a concorrência. Fora que o prejuízo para os opositores do regime pode ser ainda maior, sem a presença de uma empresa que não se submete automaticamente aos caprichos da elite comunista.

- Imaginemos que os terroristas que atacaram o ônibus da seleção do Togo atinjam seu objetivo, que é a independência da província angolana da Cabinda. Conseguirão estabelecer relações com outros países, depois de matarem tantos inocentes? Que burro que eu sou, claro que conseguirão. A Cabinda é riquíssima em petróleo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

DEVAGAR QUASE PARANDO

Sade Adu ouviu tanto a própria música que relaxou demais. Depois de quase 10 anos sem lançar nada, ela finalmente dá o ar de sua graça com o single "Soldier of Love" (o álbum do mesmo nome sai no começo de fevereiro). Sua carreira foi desacelerando junto com suas canções. "Smooth Operator", seu primeiro sucesso, hoje soa como um remix tribal perto da arrastada "Soldier", que pode ser baixada aqui. Mais lento que seus discos, só mesmo seu envelhecimento. Sade continua linda e elegante como na época em que surgiu, há mais de 25 anos. Preciso descobrir o telefone do demônio com quem ela fez pacto.

A PAIXÃO DE LULA

Agora já se sabe que “Lula, o Filho do Brasil” será um sucesso apenas mediano. Em dois fins de semana de exibição, o filme fez cerca de 400.000 espectadores – um resultado invejável para qualquer título nacional, mas muito aquém do estouro com que sonhavam seus produtores. Dificilmente vai chegar a um milhão, e olha que a meta eram cinco ou seis. Esse relativo fracasso de bilheteria mudou minha perspectiva sobre o filme. Ele não é mais a granada política que temiam os adversários do governo: não vai influenciar em nada a eleição deste ano, para nenhum dos lados, porque simplesmente não caiu na boca do povo.

Eu já havia previsto que “Lula” não seria mesmo um fenômeno, porque o público que frequenta os cinemas não morre de amores pelo presidente. Mas o filme em si também não ajuda: finalmente o assisti ontem, e agora entendo melhor por quê. Seu grande pecado é o roteiro, que só prega para os convertidos. A biografia de Luís Inácio Lula da Silva é simplesmente fenomenal, tão mirabolante que parece até inventada. Um material incrível para um bom filme. Mas o Lula que aparece na tela não é aquele que conhecemos. Ali vemos um santo, que só fala frases feitas sobre justiça e solidariedade. Bem diferente do político falastrão, que comete uma gafe atrás da outra, mas que seduz justamente por parecer uma pessoa comum. Ao puxar descaradamente o saco do governo, para garantir o patrocínio de inúmeras empresas interessadas em puxar descaradamente o saco do governo, os produtores erraram na mão.

Passei o filme todo comparando-o com seu modelo cinematográfico mais óbvio, “Dois Filhos de Francisco”. Eu sempre odiei música sertaneja, e continuo odiando. Mas fui no embalo assistir “Dois Filhos”, e adorei. Porque sua história emocionante era muito bem contada, independentemente do gosto musical do espectador. Mas, para se apreciar “Lula”, é preciso achar que o presidente é o rei da cocada preta. O filme dissolve uma vida rica e complexa num maniqueísmo barato, quase panfletário.

Alguns críticos perceberam que o roteiro segue a estrutura dos Evangelhos: há o nascimento na manjedoura, a fuga para o Egito, a mãe abençoada, os milagres, a morte e a ressurreição. Eu concordo, e digo mais: “Lula, o Filho do Brasil” é raso e grandiloquente, como a encenação da “Paixão de Cristo” em Nova Jerusalém.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

INFELIZ NATAL

Em 2009, o Natal caiu no dia 25 de dezembro. Isto mais uma vez pegou de surpresa aquela grande cidade do sudeste do Brasil, apesar do Natal acontecer todo ano na mesma época. A falta de preparo dos governantes e da população fez com que Papai Noel não conseguisse entregar presentes em milhares de residências cujas chaminés estavam entupidas, ou simplesmente tinham as janelas fechadas. O resultado? Milhões de crianças não ganharam absolutamente nada e abriram o berreiro. Agora a mídia procura culpados.

- Em apenas 24 horas, tivemos mais Natal do que em todos os outros 364 dias de 2009.
- Foi uma tragédia anunciada. Já havia acontecido em 2002, 2004 e 2007, e diversos especialistas alertaram que poderia se repetir este ano…
- É, mas nunca teve tamanha intensidade. Desta vez foram 7,2 milhões de crianças se esgoelando, ao contrário dos 6,8 de dois anos atrás.


O governador do estado só interrompeu suas férias de final de ano três dias após a catástrofe. Disse que não apareceu antes para “não fazer demagogia”. E, quando finalmente falou à imprensa, foi logo atirando:

- A maior culpa é das próprias famílias atingidas, que não fizeram a manutenção preventiva de suas chaminés.
- Mas, Excelência, como que o Natal pegou o governo desprevenido? Ele costuma cair em 25 de dezembro todos os anos.
- Nem todos, minha filha, nem todos. Houve muitos anos que sequer tiveram Natal, sabia? Está nos livros, informe-se.
- Mas isto foi antes de Cristo…


A TV se fartou de mostrar histórias tristes de crianças que haviam feito pedidos simples ao Papai Noel, e mesmo assim não foram atendidas. Comovida, a sociedade se mobilizou: artistas lideraram uma campanha de arrecadação de brinquedos para as vítimas da tragédia. Mas grande parte das doações não chegou aos destinatários, pois foi desviada no caminho.

Aos poucos a choradeira foi minguando, enquanto subia o som dos tamborins. Era o carnaval que se aproximava. O país despiu o luto e caiu na folia. Alguns comentaristas elogiaram o espírito indomável do brasileiro, que não desanima nem mesmo diante das maiores adversidades. A apuração dos resultados do desfile das escolas de samba acabou em confusão e acusações de fraude, mas, no final, vencedores e derrotados comemoraram juntos.

A alegria perdurou até meados de abril, quando um novo cataclisma atingiu o distraído Brasil. A Páscoa, inesperadamente, caiu num domingo, 40 dias depois do Carnaval. Como ninguém estava preparado, milhões de crianças ficaram sem seus ovinhos de chocolate. E abriram o berreiro.

I'M A FREE BITCH

Paródias caseiras de vídeos famosos existem às pencas na internet. Mas quantas são aprovadas e recomendadas pelo artista original? Foi o que aconteceu com “Badder Romance”, que reproduz take a take o clip mais bombado do momento. Lady Gaga herself comentou no Twitter que adorou a brincadeira (sim, é ela mesma – pode seguir sem medo). O vídeo em si não é mais engraçado do que as versões pobrinhas que as periguetes nacionais costumam postar no YouTube. E quem aguentar até o final ainda "ganha" um making of recheado de palavrões. Agora, pentelho mesmo é este site aqui ó, but in a good way (cortesia do Glamaddict). Aliás, porque as bees ainda não cantam ro-la ro-la?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PLAN COLOMBIA

Não tiro férias para valer desde abril de 2008. Passei boa parte de 2009 planejando uma viagem retumbante ao Egito. Cheguei a morrer numa grana tirando o visto para lá, mas a vida tomou outro rumo. O visto expirou em dezembro, sem que eu pudesse sair do Brasil. Agora a agência me obriga a sair de férias, porque em fevereiro já vencem outras e eu nem gozei as do ano passado. Sem tempo nem dinheiro, resolvi fazer uma viagenzinha pelas redondezas mesmo e ainda passar o Carnaval no Rio. Mas ir para onde? As capitais do Nordeste, conheço quase todas - e se fico muito tempo num lugar onde só tem praia, depois de dois dias começa a me dar ziquizira. Já quero me enfiar num cinema, num shopping, num outlet...

Buenos Aires, Santiago, Patagônia, Punta, todos velhos conhecidos. Pensei em ir para o Peru: estive duas vezes em Lima, mas a trabalho, e não conheço mais nada do país. Descobri um pacote ótimo, com todos os hotéis dos meus sonhos, mas aí lembrei que esta é a estação das chuvas. Não quero pagar o mico de ir até Machu Picchu e encontrar as ruínas fechadas por causa de um temporal (acontece). Já meio sem saber, me ocorreu um lugar: Cartagena de Indias, na Colômbia. Sol, mar, história, Gabriel García Márquez... Acabei fechando um roteiro sensacional: dois dias em Bogotá, três em Cartagena e dois mil num acampamento das FARC. ¡Chévere!

Brincadeira, espero. Depois de Cartagena passaremos três dias em San Andres, um ilha do Caribe bem em frente à Nicarágua mas que, por uma geopolítica misteriosa, pertence aos colombianos. Alguém tem dicas desses lugares para me dar?

PAPEL DE EMBRULHO

Quem gosta de filmes densos, de época, com tramas adultas e grandes atuações vai se interessar por “Amor Extremo”. Mas não se deixe enganar: o filme é bem menos do que parece. A sinopse do jornal fala num quarteto amoroso, com duas mulheres disputando o amor do poeta inglês Dylan Thomas e um soldado neurótico disposto a entornar o caldo, em plena 2a. Guerra Mundial. Elas são as badaladas Keira Knightley e Sienna Miller, e o soldado é o interessante Cillian Murphy, ótimo ator de feições esquisitas (o poeta é feito por um feioso sem carisma, Matthew Rhys). Mas o roteiro, escrito pela mãe de Keira, não consegue tornar impactante uma história real que já era bem mais ou menos. Esse pretenso filme de arte – com música, cenários e figurinos muito bem cuidados – parece aquele presente da tia que mora longe. O embrulho é lindo, mas aí você abre e descobre que não era bem isso o que queria.

DE UM INVERNO A OUTRO

Eirik Solheim é um fotógrafo e videomaker norueguês especializado em “time lapse” – aqueles vídeos que comprimem longos períodos de tempo em poucos minutos. Sua mais recente obra-prima está aí em cima, mostrando a passagem do ano no quintal de sua casa em Oslo em apenas 2 minutos (outras versões, de 1 minuto ou 1 minuto e meio, ficaram meio corridas). Quem estiver morrendo de vontade de saber como ele consegue pode visitar seu site. Eu não faço questão: só fiquei imaginando como seria morar num país onde as 4 estações do ano são bem definidas. Aqui no Brasil parece que só temos a época em que chove e a em que chove ainda mais.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O LUGAR DA MAMÃE

Muita gente implica com a Lady Gaga, dizendo que ela chupou o som e as roupas desconfortáveis da Róisín Murphy. Pois eu acho que quanto mais cantoras com músicas legais e figurinos esquisitos, melhor. E a nova da Róisín, "Momma's Place", é legalérrima. Ela está grávida de verdade na capa do disco: não, não é um prop gagaguiano. Mas também não deixa de ser... Baixe aqui a versão original desse primeiro sucesso dance do ano. Remixes virão.

SEM LUPA NEM CACHIMBO

Reparou como os filmes de ação deram uma melhorada? É que Hollywood parou de contratar campeões musculosos, tipo Arnold Schwarzenegger ou Steven Segal. Melhor que ensinar esses armários a falar é chamar logo um bom ator e botá-lo para malhar com um personal trainer (às vezes com a ajuda da Anna. Anna... bolizante.) Claro que é um pouco de forçação transformar o mais emblemático dos detetives num membro da família Gracie, mas até aí, a obra de Conan Doyle nunca foi alta literatura. É entretenimento puro, e portanto se presta a essas semi-aberrações. Robert Downey Jr. está bárbaro no papel-título: esculpido na medida, apesar desse corpitcho ser absurdo para um cavalheiro inglês do século 19. Ah, e a barbitcha por fazer também. Pena que o filme, uma superprodução dirigida por Guy Ritchie, o ex-sr. Ciccone, tenha uma trama óbvia e confusa ao mesmo tempo, e seja esquecível apesar de longo demais. A melhor coisa é mesmo esse Sherlock ser quase descaradamente gay: ele não suporta o fato de Watson estar noivo e resiste bravamente aos avanços da mocinha/bandida feita por Rachel McAdams. Um beijinho de consolação no rosto é tudo o que a coitada consegue. Elementar...

sábado, 9 de janeiro de 2010

COLUNISTA TAPUIO

De vez em quando acho graça nas boutades do Diogo Mainardi. Ele bem que tenta ter a verve do saudoso Paulo Francis, de quem se podia discordar mas que era, quase sempre, muito ferino e engraçado. Infelizmente, na "Veja" que saiu hoje Diogo usa uma argumentação burra e deselegante para atingir Dilma Roussef - de quem, aliás, também não sou fã. O nome da coluna é "Herbert Richers vive". Só que, longe de fazer uma homenagem ao meu recém-falecido sogro, ele enfia os pés pelas mãos ao praticamente acusá-lo, em linguagem irônica, de deturpar a língua portuguesa do Brasil e tranformá-la em "dialeto tapuio". "Violentando predicados, pervertendo complementos, corrompendo particípios, ele revogou todas as regras que constrangiam nossa fala. Em particular, ele nos libertou da estapafúrdia necessidade de expressar um sentido." Oi? Diogo já teve livros traduzidos, e sabe que nenhuma tradução, por melhor que seja, consegue ser fiel ao original. Com a dublagem, os obstáculos são ainda maiores: não só a versão dos diálogos deve ser bem feita - e a da Herbert Richers sempre foi superior à dos estúdios fundo-de-quintal que hoje proliferam - como tem que caber no tempo da fala original. Dublar uma voz e preservar sua intenção em outra língua é tarefa para poucos, e é por isto que existem relativamente poucos dubladores. É um ofício árduo, um trabalho de formiguinha. E, salvo honrosas exceções - como a voz brasileira do Dr. Smith de "Perdidos no Espaço" - sempre fica aquém do material de base.

Diogo Mainardi se deu ao trabalho de descobrir os nomes de város dubladores, e criticou o fato de cada um deles dar a mesma voz a atores diferentes. Sim, ele queria atingir o que entende por diversas faces da ministra Dilma, mas podia ter pensado um pouco mais e encontrado uma metáfora mais consistente e divertida. Já havia me irritado seriamente quando, há 8 anos, ele defendeu que o filho da Cássia Eller fosse criado pelo pai da cantora, com quem ela era estremecida, e não por sua companheira, com quem a criança convivia desde que nascera. Com essa nova estupidez, digna dos tapuias que ele tanto chocha, chegou a hora de parar de lê-lo.

(Mas quem ainda quiser ler encontra a coluna de hoje aqui.)

À LUZ DE VELAS

Beijo gay já não é novidade na TV americana. Logo antes do Réveillon, avançou-se mais um pouco. A soap opera "One Life to Live" - uma daquelas novelas intermináveis que são exibidas à tarde - mostrou sua primeira cena de sexo gay. Ou pelo menos o que seu público, basicamente senhoras desocupadas, imagina como seja uma trepada entre dois homens. É de foder de dar risada: tem velas aromáticas, taça de champagne, música suave, beijo sem língua e muito olho no olho. Ou seja, tudo o que uma mulher gostaria que acontecesse com ELA. E a cena pós-coito, com os dois rapagões cobrindo os mamilos com o lençol? Parece filme dos anos 40. E tão diferente do banheirão...

De qualquer maneira, eles estão a anos-luz da gente, com duas bibas se pegando bem no horário da tarde. Pelo menos ontem demos um passinho à frente: no último capítulo da novela "Caras e Bocas", o personagem gay do delicioso Marco Pigossi, que diziam que iria ficar com a Maria Zilda, arranjou um namorado e se mandou com ele para Paris. Sem beijo, infelizmente, mas com um leve roçar de dedos na hora de pegar a mala. É pouco, mas pelo menos o autor Walcyr Carrasco e o diretor Jorge Fernando, todos do time, conseguiram impor um avanço à caretíssima Globo. Vamo que vamo.