Para o teatro e o cinema, não existe outro estilista. Nunca vi um filme sobre Dior ou uma peça sobre Balenciaga. Só dá Chanel, Chanel, Chanel. Claro que sua maison tem algo a ver com isto: interessa para os negócios vender Chanel como a grande inventora da mulher moderna (não foi a única). Nos últimos anos ela foi vivida no palco por Maríia Pêra e na TV por Shirley MacLaine. Agora estreiam ao mesmo tempo dois filmes sobre a Mademoiselle, e nenhum dos dois é grande coisa. Talvez por focarem em cortes específicos da carreira dela, e não se arriscarem num painel ambicioso à la "Piaf", do berço ao túmulo.
"Coco Antes de Chanel" tem Audrey Tautou no papel-título. Aqui ela faz uma espécie de anti-Amélie: sua Coco é antipática, mal-humorada, respondona. No começo do filme ela tem todo o charme e a allure de uma Marina Silva; sua transformação na muher mais elegante do mundo perde espaço para seus casos com nobres e ricaços. Já "Coco Chanel & Igor Stravinsky" (em cartaz na Mostra de SP) é um filme mais bonito, mas também mais chato. O breve affair da costureira com o compositor simplesmente não rende assunto para um longa. Anna Mouglalis faz uma Chanel refinada (e bem mais alta que a verdadeira); de alguns ângulos, ela lembra uma Marília Pêra mais jovem e melhor acabada. A sequência mais interessante rola logo na abertura: a estreia da "Sagração da Primavera" em Paris, com o público vaiando e abandonando o teatro. Daí pra frente, é muito carão e pouco conflito. Ainda se está por fazer o filme definitivo sobre Coco Chanel.
sábado, 31 de outubro de 2009
AS CHAVES DO MERCOSUL
Entre num supermercado em Caracas, e o que você vê nas prateleiras? Produtos brasileiros. Centenas de produtos brasileiros. Mesmo os mais básicos, como leite ou frango. É bom lembrar que a Venezuela não é um emirado árabe, que não consegue ter agricultura nem pecuária por causa do clima seco. O clima de lá é parecido com o nosso, e a vegetação também. Mesmo assim, os venezuelanos importam quase tudo o que comem, porque praticamente só produzem petróleo. E como o Brasil já é auto-suficiente em petróleo, não temos quase nada a comprar deles - e muito a vender. Nossas exportações para lá são 50 vezes maiores que as importações de lá para cá. Afinidades ideológicas à parte, esta é verdadeira razão do apoio de Lula à entrada da Venezuela no Mercosul. Em 10 anos no poder, Chávez não diversificou a economia venezuelana, nem melhorou a infra-estrutura. É patético faltar água num país onde rios e chuvas são abundantes. O caudilho dá esmolas aos pobres, mas está destruindo seu país. E, pelo menos por enquanto, o Brasil tem muito a ganhar com isto
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
A IMPERATRIZ E SEU PAÍS
Maria Bethânia está acima do bem e do mal. Nossa diva assoluta é mais que uma cantora, é uma entidade (quem já a viu no palco sabe do que eu estou falando). Bethânia é tão única que, ao contrário de sua amiga Gal Costa, não tem seguidoras. Não existem mini-Bethânias na nova geração; sintomaticamente, quem mais se aproximou disto foi a transexual Lívia do "Ídolos".
A irmã de Caetano ocupa um lugar bem no alto da pirâmide da música brasileira, mas não no centro. Porque foi-se o tempo em que ela vendia milhões de discos e tocava no rádio. Hoje Bethânia é cult, e se dá o direito de não abrir concessões. Mesmo sendo ultra-prolífica: não passa um ano sem que ela lance algum disco, às vezes dois de uma vez. É o que acontece agora, com os simultâneos "Tua" e "Encanteria". O primeiro só tem canções de amor e é lento como um garçom de Salvador. O segundo é mais animado, tem percussão e samba de roda, e fala de fé e baianidades. Não há covers, não há clássicos: todas as faixas são inéditas, e nenhuma tem cheiro de hit.
A crítica adora saudar Bethânia como a intérprete de um Brasil profundo, longe dos modismos das capitais, mas a verdade é que esse país que ela canta não existe mais, ou sequer existiu um dia. É um lugar rural, tranquilo, extremamente simples e incrivelmente sofisticado, a léguas dos sertanejos e calypsos da vida real. Não importa: Bethânia (ou Maria, para os íntimos) é a imperatriz desse Brasil, e eu sou seu súdito.
A irmã de Caetano ocupa um lugar bem no alto da pirâmide da música brasileira, mas não no centro. Porque foi-se o tempo em que ela vendia milhões de discos e tocava no rádio. Hoje Bethânia é cult, e se dá o direito de não abrir concessões. Mesmo sendo ultra-prolífica: não passa um ano sem que ela lance algum disco, às vezes dois de uma vez. É o que acontece agora, com os simultâneos "Tua" e "Encanteria". O primeiro só tem canções de amor e é lento como um garçom de Salvador. O segundo é mais animado, tem percussão e samba de roda, e fala de fé e baianidades. Não há covers, não há clássicos: todas as faixas são inéditas, e nenhuma tem cheiro de hit.
A crítica adora saudar Bethânia como a intérprete de um Brasil profundo, longe dos modismos das capitais, mas a verdade é que esse país que ela canta não existe mais, ou sequer existiu um dia. É um lugar rural, tranquilo, extremamente simples e incrivelmente sofisticado, a léguas dos sertanejos e calypsos da vida real. Não importa: Bethânia (ou Maria, para os íntimos) é a imperatriz desse Brasil, e eu sou seu súdito.
MAMÃEZINHA QUERIDA
Já está ficando monótono: hoje tem mais um artigo meu na "Folha de São Paulo". Desta vez é uma pequena crítica do filme "Eu Matei Minha Mãe", que eu vi há um mês no Festival do Rio e está passando na Mostra de SP. É um filme visceral, com o qual muitos gays vão se identificar. E está com legendas eletrônicas, ou seja - não há previsão de estreia no Brasil. Corrão. Como sempre, assinante UOL pode ler aqui.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
LATINOS NA ESTICA
Quando um país escolhe um filme para representá-lo no Oscar, lembra uma pessoa escolhendo roupa de festa. Ela quer parecer moderna e elegante, mas quem prestar atenção vai descobrir muito sobre sua personalidade. Digo isto porque vi dois filmes na Mostra que me pareceram bastante fiéis a seus países. O uruguaio “Mal Día para Pescar” tem aquele doce pessimismo dos nossos vizinhos do sul. Demorei para perceber que se trata de um filme de época (a história se passa nos anos 60). Afinal, basta ligar a câmera que o Uruguai inteiro parece de época, é quase tudo tão velho por lá. “Mal Día…” não tem nada a ver com pesca, e sim com um príncipe fajuto que empresaria as lutas de um campeão envelhecido. Tem ótimos momentos, algumas risadas e um pouquinho de barriga. Mas, como disse a Marta em seu blog, o final é mesmo imprevisível, e saímos do cinema satisfeitos.
“Backyard” tem este título porque a mexicana Ciudad Juárez é o quintal de El Paso, no Texas, com quem faz fronteira. É um filme tenso, sobre o estupro e assassinato em série de mulheres. Também é um bom retrato do México atual (apesar da trama se passar há 10 anos), que luta para sair da sombra dos EUA e controlar os demônios do crime e da corrupção. Não quero soar ufanista, mas os bandidos deles parecem ainda mais cruéis e selvagens que os nossos. Ou pelo menos não aparecem na tela com aquela desculpa de serem “frutos do meio”, nem o pseudo-romantismo das favelas. “Backyard” é bem feito e violento, e assim como “Mal Día...”, não deve ter muitas chances no Oscar. Mas quem sabe o que se passa na cabeça da Academia?
“Backyard” tem este título porque a mexicana Ciudad Juárez é o quintal de El Paso, no Texas, com quem faz fronteira. É um filme tenso, sobre o estupro e assassinato em série de mulheres. Também é um bom retrato do México atual (apesar da trama se passar há 10 anos), que luta para sair da sombra dos EUA e controlar os demônios do crime e da corrupção. Não quero soar ufanista, mas os bandidos deles parecem ainda mais cruéis e selvagens que os nossos. Ou pelo menos não aparecem na tela com aquela desculpa de serem “frutos do meio”, nem o pseudo-romantismo das favelas. “Backyard” é bem feito e violento, e assim como “Mal Día...”, não deve ter muitas chances no Oscar. Mas quem sabe o que se passa na cabeça da Academia?
INDÚSTRIA GAGÁ
Juro, às vezes tenho vontade de dar um tiro na indústria fonográfica. Que seria de misericórdia, pois todo mundo sabe que ela está mal das pernas. Fico puto quando as gravadoras, ao invés de buscar um novo modelo de negócios, tentam achacar seus consumidores mais fiéis. Uma das coisas que mais me irritam é essa mania de lançar edições “especiais” dos discos de sucesso, mais ou menos um ano depois do original. Acrescentam-se duas ou três músicas novas, muda-se a capa, e voilà: o trouxa aqui, uma das últimas pessoas da face da Terra que ainda compram CDs, se vê tentado a pagar DE NOVO por um disco que já tem.
É o que vai acontecer agora com a Lady GaGa. No final de novembro sai “The Fame Monster”, a versão “deluxe” do primeiro álbum da cantora. A bem da verdade, tem muita coisa nova: nada menos que 8 canções inéditas, além de algumas faixas-bônus que haviam sido lançadas apenas em alguns países. Mas o “The Fame” original, que eu tenho desde janeiro, está lá inteirinho. Com “Just Dance”, “Poker Face” e todas as outras que já enjoamos de ouvir. Sim, não sou santinho, já baixei o novo single “Bad Romance” (baixe você também: não é difícil encontrar, basta dar uma googlada). Mas como também sou antediluviano, lá vou eu gastar meu rico dinheirinho, só para poder abrir a caixinha e folhear o encarte. As gravadoras podem estar ficando gagás, mas eu ainda caio nesses truques feito um patinho.
É o que vai acontecer agora com a Lady GaGa. No final de novembro sai “The Fame Monster”, a versão “deluxe” do primeiro álbum da cantora. A bem da verdade, tem muita coisa nova: nada menos que 8 canções inéditas, além de algumas faixas-bônus que haviam sido lançadas apenas em alguns países. Mas o “The Fame” original, que eu tenho desde janeiro, está lá inteirinho. Com “Just Dance”, “Poker Face” e todas as outras que já enjoamos de ouvir. Sim, não sou santinho, já baixei o novo single “Bad Romance” (baixe você também: não é difícil encontrar, basta dar uma googlada). Mas como também sou antediluviano, lá vou eu gastar meu rico dinheirinho, só para poder abrir a caixinha e folhear o encarte. As gravadoras podem estar ficando gagás, mas eu ainda caio nesses truques feito um patinho.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
DO COMESSO AL FIN
E continua o hype de "Do Começo ao Fim". Hoje caiu na rede esse vídeo com bloopers, os erros da filmagem. Desculpe a nossa falha, mas o que queríamos ver mesmo eram erros de outro tipo. Por exemplo, a toalha ao redor do corpo nu Rafael Cardoso caindo ao chão por engano. Ou a cueca de João Gabriel Vasconcellos se perdendo na piscina. Ou... bom, já entenderam. Ah, e neste domingo a blitz promocional do filme faz escala no Café com Vodka. Os dois protagonistas, mais o diretor Aluísio Abranches, atacam de DJs no Sonique. A pergunta que não quer calar: vai ter coreografia sexy?
É POR ISTO QUE VOCÊ É GORDO
Mais um blog bizarro de comida: This is Why You’re Fat, que usa o singelo slogan “onde os sonhos se transformam em ataques cardíacos”. Sonhos não sei para quem – basta uma olhada nas fotos das receitas enviadas pelos leitores que a gente jura que só vai comer salada sequinha pelo resto da vida. O pior é que muitos dos pratos já existem na vida real, como o Cheeseburger Ponte Quádrupla de Safena aí na foto. Ele é servido numa lanchonete do Arizona onde as garçonetes se vestem de enfermeiras. Depois de saboreá-lo, o cliente é levado a seu carro em cadeira de rodas…
Outras são inventadas e francamente nojentas, como o cocktail McNuggetini. Saca só: milkshake de chocolate batido com vodka, num copo decorado com molho barbecue e meio McNugget. Ainda não teve engulhos? Então, que tal Coca-Cola frita? Ou o imbatível Porcorgasmo – um leitãozinho “reconstruído” com bacon, salsichas e todo tipo de carne suína, e depois defumado por três horas. O sucesso do blog é tanto que as melhores receitas já saíram em livro. Peça já o seu, e dê uma olhada toda vez que quiser perder a fome.
Outras são inventadas e francamente nojentas, como o cocktail McNuggetini. Saca só: milkshake de chocolate batido com vodka, num copo decorado com molho barbecue e meio McNugget. Ainda não teve engulhos? Então, que tal Coca-Cola frita? Ou o imbatível Porcorgasmo – um leitãozinho “reconstruído” com bacon, salsichas e todo tipo de carne suína, e depois defumado por três horas. O sucesso do blog é tanto que as melhores receitas já saíram em livro. Peça já o seu, e dê uma olhada toda vez que quiser perder a fome.
CÂNCER NA MENTE
Oremos pelo governador do Paraná, Roberto Requião. O que ele disse ontem – que o aumento da incidência do câncer de mama em homens é consequência das paradas gays – nem pode ser classificado de homofobia. É sintoma de um estágio avançado de câncer mental. Um tumor maligno está a lhe devorar as ideias, a decência e o senso político. Oremos para que este câncer não tenha cura, e que o governador tenha morte rápida. Indolor seria pedir demais.
TEESE ME
Prontofalei: tenho o maior tesão pela Dita Von Teese. E antes que algum engraçadinho venha dizer que esse tesão é pela produção da Dita - as plumas, os paetês, os saltos altos - quero deixar bem claro que o pacote inteiro me agrada. Adoro o fato dela se gabar de não possuir uma única calça jeans. Também adoro Dita ser totalmente artificial, a criação de uma garota bonitinha mas ordinária. Heather René Sweet era uma loura aguada, até que pintou os cabelos de preto, se encheu de silicone e, principalmente, devolveu o glamour ao strip-tease. Dita Von Teese se apresenta hoje na The Week São Paulo, num evento para o Cointreau, um de seus muitos contratos publicitários. Aí em cima está um comercial dela para a Wonderbra: juro por tudo que é mais sagrado, ela é capaz de me fazer mudar de time.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
POR QUÊ SEU CABELO É AZUL?
Não gostei de "Time for Miracles", o tema do filme-catástrofe "2012", gravado pelo Glambert. Já da capa do CD da biba, que só sai no final de novembro... O que dizer da luvinha furada, do make-up hipnotizante, da tipologia cafona? Amo muito tudo isto.
MORRER COMO ESPECTADOR
Ó raios, porque os filmes portugueses são tão chatos? Não devo ter visto mais que uns 20 em toda minha vida, dos quais 10 do imorrível Manoel de Oliveira. O único de que realmente gostei foi "Capitães de Abril", sobre a Revolução dos Cravos, dirigido pela Maria de Medeiros. Mesmo o recente "Amália" eu achei que podia ter rendido mais. Ontem caí na besteira de ver "Morrer como um Homem", na Mostra de Cinema de São Paulo. Não me toquei que o diretor João Pedro Rodrigues já havia cometido o horroroso "O Fantasma" - um filme muito apreciado em certos círculos paneleiros, mas que eu simplesmente detestei. A história de "Morrer" não me atraía muito - os últimos dias de vida de uma drag queen - mas, à falta de programa melhor, lá fui eu. O filme é lento, confuso, cruel e auto-indulgente (sim, isto é possível). E é loooongo... Tive vontade de morrer antes que o protagonista. Não sei porque o cinema de Portugal parece uma caravela presa na calmaria. Estou sendo injusto, leitores lusos? Ou há algum diretor que mereça mais atenção?
NA NA NA NA NA - BATMAN!
O comediante francês Rémi Gaillard é especialista em pegadinhas. Bem a tempo do Halloween, ele soltou em seu site nimportequi este simpático videozinho, que deve ter matado do coração alguns desavisados.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
COMO NASCEM OS NAZISTAS
Nunca me diverti num filme de Michael Haneke. “Funny Games” foi uma sessão de tortura. Não entendi as motivações da “Professora de Piano”. Não achei as revelações de “Caché” tão chocantes assim. E “A Fita Branca”, que eu vi na Mostra, me pareceu árido e pomposo. Mesmo assim, uma coisa curiosa aconteceu: quando dei por mim, as duas horas e vinte já haviam passado. Pode um filme ser chato e interessante ao mesmo tempo? “A Fita Branca” ganhou a Palma de Ouro em Cannes este ano, e é o indicado da Alemanha para o Oscar de filme estrangeiro. E é austero como um sermão protestante. Não tem trilha sonora, nem momentos descontraídos. Mas a fotografia em preto e branco é primorosa, e os enquadramentos lembram quadros, de tão bonitos. E os atores nem parecem atores – você simplesmente acredita que está vendo pessoas reais, numa aldeia alemã do começo do século passado. A trama é um whodunit: quem está por trás dos misteriosos atentados que sacodem a pacata vida da comunidade? O médico sofre um acidente a cavalo, o filho do barão é espancado, um garoto com síndrome de Down tem os olhos quase arrancados. A resposta surge aos poucos, e serve como uma alegoria das origens do nazismo. Acabou rendendo um bom debate com meu marido Oscar, que é alemão por parte de pai. Aliás, “A Fita Branca” parece uma versão animada de seus álbuns de família.
LOBA BOBA
Por quê é que 90% das cantoras precisam gemer e rebolar para fazer sucesso? Sim, eu também estou ficando enjoado das "peruas do pop", como lembrou o Daniel a partir de uma crítica que saiu no jornal "O Globo". Shakira é uma delas, e eu acho que essa cachorrice toda acaba ofuscando seu talento musical, que é sincerinho. Ela tem um vozeirão e anda compondo muito bem. Mas quando pensamos em Shakira, o que vem à cabeça é sua dancinha insinuante e suas poses vulgares. "She Wolf" é o primeiro CD de sua já longa carreira que é bom do começo ao fim. Os outros discos de ms. Mubarak eram meio desfocados, misturando pop, rock e influências árabes em faixas bastante desiguais. Aqui ela conseguiu fazer um trabalho consistente, melodioso, sem uma única balada (seu ponto fraco: ela sempre soa trágica quando diminui o BPM). Talvez por isto "She Wolf" seja tão curto - dura apenas 40 minutos, e, das 12 músicas, 3 são repetidas em versões en español. Aliás, Shakira está mesmo ficando americanizada: fez sozinha as letras em inglês, mas precisou da ajuda de Jorge Drexler para vertê-las à sua língua natal. Não faz mal. "She Wolf" é moderno sem ser vanguarda, e ficaria ainda melhor se sua autora não insistisse na bobagem de parecer uma rameira.
domingo, 25 de outubro de 2009
MULHERES DO ORIENTE
Se quisessem, até os Estados Unidos poderiam concorrer ao Oscar de filme em língua estrangeira. Vi na Mostra dois filmes de produção americana, mas falados quase o tempo todo em línguas do Oriente Médio e focados em mulheres daquela região. O primeiro foi "Amreeka" ("América" em árabe), que conta as dificuldades de adaptação de uma palestina e seu filho adolescente a um subúrbio de Chicago. Eles ainda dão o azar de emigrar justo em 2003, o ano em que os EUA invadiram o Iraque: todo mundo os trata feito terroristas, apesar de nem serem muçulmanos. Apesar dos inúmeros precalços, o tom do filme é leve e otimista. E ainda tem minha adorada Hiam Abbas como a irmã da protagonista.
Já "O Apedrejamento de Soraya M." não tem nada de leve - só as pedras que são jogadas na moça, que não podem ser grandes para prolongar ao máximo o suplício. Eu postei o trailer do filme em julho, e tive que me encher de coragem para vê-lo ontem. Teve gente que se chocou com a cena do apedrejamento no "Caçador de Pipas". Pois aqui ela é mil vezes pior, em todos os detalhes sangrentos. E a vítima nem sequer está com o rosto coberto: a pobre Soraya vê todos os seus algozes, inclusive seu pai e seus filhos. Penei muito mais do que na "Paixão de Cristo" (que aliás acho uma bosta como filme). E o curioso é que o Jesus de lá faz um repórter aqui: Jim Caviezel parece gostar de filmes torturantes. Também tem minha adorada Shoreh Agdashloo, então o sofrimento não foi total. E claro que a gente sai do cinema com vontade de declarar guerra ao Irã.
Já "O Apedrejamento de Soraya M." não tem nada de leve - só as pedras que são jogadas na moça, que não podem ser grandes para prolongar ao máximo o suplício. Eu postei o trailer do filme em julho, e tive que me encher de coragem para vê-lo ontem. Teve gente que se chocou com a cena do apedrejamento no "Caçador de Pipas". Pois aqui ela é mil vezes pior, em todos os detalhes sangrentos. E a vítima nem sequer está com o rosto coberto: a pobre Soraya vê todos os seus algozes, inclusive seu pai e seus filhos. Penei muito mais do que na "Paixão de Cristo" (que aliás acho uma bosta como filme). E o curioso é que o Jesus de lá faz um repórter aqui: Jim Caviezel parece gostar de filmes torturantes. Também tem minha adorada Shoreh Agdashloo, então o sofrimento não foi total. E claro que a gente sai do cinema com vontade de declarar guerra ao Irã.
sábado, 24 de outubro de 2009
NÃO CANSEI DE SER SEXY
Só mesmo tendo cunho político que um comercial de lingerie pode causar celeuma hoje em dia.
A BOA EDUCAÇÃO
O mais interessante de "Sedução", que eu vi ontem na Mostra, é que a história se passa em Londres, em 1961. Ou seja, às vésperas de surgirem os Beatles, a Swinging London, a contra-cultura, e toda os resquícios de caretice evaporarem numa borrifada de patchouli. O título original soa esquisito em português, mas é mais fiel à trama: "An Education", "uma certa educação" em tradução livre. Jenny, a personagem principal, é ótima aluna e sonha em ir para a universidade de Oxford. Sua vida de adolescente é sacudida quando ela conhece um cara mais velho, na casa dos 30, que a leva para um mundo de glamuroso de festas e viagens. A garota descobre o cigarro, o sexo e o jazz. Também descobre que talvez não queira mais estudar. A adorável Carey Mulligan está cotadíssima para o Oscar de melhor atriz, e o elenco ainda traz uma pá de bons atores ingleses (Emma Thompson está cada vez mais com cara de gansa), além do americano Peter Saarsgard, sempre meio creepy. Já está legendado, e deve estrear no Brasil no começo do ano que vem. Mas eu não resisti, corri para ver, e não me arrependo. "Sedução" é elegante e inteligente, tudo o que a gente quer ser na vida.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
O BARQUINHO VAI
Querido Papai Noel: eu estou sendo um bom menino este ano. Não bati no meu irmãozinho (só um pouquinho), paguei meus impostos em dia e só fiz xixi na cama quando me pediram. O senhor não acha que eu mereço este hotel de luxo, que por acaso também se desloca em alto mar? É um iate Wally Hermès. Não, não faço ideia de quanto custa. Não se pergunta o preço de um presente. Manhã de luz, festa do sol...
DOIS LADOS DA MESMA MOEDA
Minha relação de amor e ódio com a Mostra Internacional de Cinema está explicitada em dois textos diferentes que saem hoje. Eu odeio a Mostra porque é impossível ver tudo o que eu quero em tão pouco tempo, ainda mais em dias de trabalho. Me vinguei com um comentário na "Folha de São Paulo" de hoje, que os assinantes do UOL podem ler aqui. Mas este é só um lado da moeda (outra coisa que eu odeio). Meu amor pela Mostra se derrama na primeira colaboração que eu fiz para o Vipado, a revista eletrônica do Ailton Botelho, que está ainda mais bonita e fácil de navegar. O texto ainda não "subiu", mas deve aparecer no site ao longo do dia (né, Ailton?). E hoje à noite começa minha maratona. Fico com uma musiquinha da Copa de 82 rodando na cabeça: "vai começar de novo, é novamente tempo de paixão..."
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
PEQUENOS CORAÇÕES
Já comeu dim sum? São os equivalentes chineses das tapas espanholas, ou dos petiscos de boteco brasileiros. Pequenas porções de trouxinhas, rolinhos, almôndegas. Recheadas com quase tudo o que há sobre a face da Terra: carne de porco, frango, camarão, verduras, frutas, whatever, em combinações surpreendentes e muitas vezes picantes. Hoje fui com a Marta Matui e mais uma amiga conhecer o Ping Pong, a filial paulistana de uma cadeia inglesa de restaurantes especializados em dim sum. O nome chinês quer dizer "pequeno coração", ou "tocar o coração". Na China eles são mais consumidos no café da manhã, sempre acompanhados por muito chá. No Ocidente desvirtuamos um pouco a proposta, mas tudo bem: fizemos pior com os sushis, que no Japão são salgadinhos de festa (o equivalente japonês seria um restaurante que só serve croquetes e empadinhas). Enfim, comemos bem à pampa, e ainda finalizamos com maravilhosos flowering teas. Maravilhosos de ver, não de tomar - o gosto é de água de vaso fervida. Ah, e o preço é bem mais acessível do que a elegância do lugar faz supor. Mas claro que, sendo comida chinesa, no final da tarde eu já estava morrendo de fome.
VIL METAL
Metade dos 14 bilhões de moedas brasileiras está fora de circulação. Não temos o hábito de andar com elas: é consequência de décadas de inflação, em que estes pedacinhos de metal não valiam quase nada. O Banco Central está fazendo uma campanha para que este hábito se inverta; afinal, moedas facilitam o troco e têm vida útil muito mais longa do que as notas de papel. Pois eu vou ignorar solenemente essa campanha. Detesto moedas. Elas marcam minha carteira e se perdem nos vãos do carro. São uma tecnologia do século 5 a.C. Fora que as moedas brasileiras são difíceis de identificar: um mesmo valor tem vários tamanhos e cores diferentes. Por aqui não rola aquela facilidade do dólar, em que só de bater o olho a gente já sabe se é um dime ou um quarter. Aliás, notas não são muito melhores. São imundas, autênticos viveiros de coliformes. Sou pela universalização do dinheiro eletrônico.
VAMPIRA DENTE DE LEITE
Tudo o que eu queria ter aos 13 anos de idade era uma amiga como Eli, a menina-vampira do filme "Deixa Ela Entrar". Sim, vampira: alguém ainda tem saco? Fora que a moda agora são os zumbis, vampiros são muito semana passada. Mas este filme sueco tem um argumento interessante, que infelizmente fica aquém da realização. Oskar é um garoto que vive apanhando na escola. Ele se enturma com uma vizinha do prédio, sem saber que ela já tem 12 anos há muito tempo. A garota o incentiva a reagir às provocações dos colegas: uma leitura possível é que ela não passa de uma amiga imaginária, uma metáfora para a nascente coragem do guri. Pena que o ritmo só engrene no final, com muito sangue e vingança (sim, ando numa fase vingativa). Na maior parte do tempo, "Deixa Ela Entrar" é escuro e interminável como uma noite de inverno na Suécia.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
O BAILE DA SAUDADE
Achei super fofa essa história do papa convidar os anglicanos conservadores a se converterem ao Catolicismo. Parece festa no Retiro dos Artistas, com todos aqueles velhinhos fantasiados lembrando um tempo de glórias que ficou para trás. Porque nem uma invasão de caretas vai conter o sangramento dos fiéis esclarecidos, que fogem aos borbotões. Sua Majestade Satânica Adolf I vai entrar para os livros como o papa que acelerou o processo de definhamento da Igreja. Como poucas vezes ao longo de seus dois mil anos, o Trono de São Pedro não está se adaptadando aos novos tempos. Enquanto que quase todos os países da Europa Ocidental aprovam o casamento gay e a parceria civil, o véio bate o pé e espuma pela boca. Diz ele que prefere uma Igreja "menor, mas melhor". Vai ficar bem pequenininha, uma fofura só.
MELA CUECA
Andrea Libardi ataca novamente. Meu protégé já gravou muita música dance, mas desta vez ele vem mais mansinho. Ouça como ficou meiga sua participação no álbum do cantor argentino Marcos Pagán, que sai por lá no mês que vem: a balada "Sin Ti" pode ser baixada aqui. É um dueto bilíngue, em inglês e espanhol, e ficou tão gay poderia até ser trilha de "Do Começo ao Fim". Mas vem cá, Andrea: não tava na hora de você cantar em português?
terça-feira, 20 de outubro de 2009
DIVINA DÚVIDA
A produção do filme "Do Começo ao Fim" quer saber: qual ator é o mais gostoso? O louro Rafael Cardoso ou o moreno João Gabriel Vasconcellos? Bom, não é bem isso, mas é quase isso. Está aberta a votação para a escolha do cartaz do filme. As urnas fecham no domingo, dia 25, e o resultado será anunciado dia 26. Quem gostar mais desse aí ao lado, com fundo branco, manda um e-mail para cartaz1docomecoaofim@gmail.com. E quem preferir o outro aí em baixo (como eu) manda um e-mail para cartaz2docomecoaofim@gmail.com.
"Do Começo ao Fim" entra em cartaz dia 27 de novembro, em São Paulo, Rio, Salvador e Porto Alegre. Mas quem quiser muito consegue ver o filme antes: ele passa na edição paulista do Festival Mix Brasil, dia 12 de novembro. Também vão rolar pré-estreias especiais para os seguidores do filme no Twitter e no Facebook. E ainda vai ter um site, um blog e um sensacional sorteio das sungas dos atores. OK, esta última não é verdade, mas bem que ia bombar, hein?
(Marcos Carioca, valeu pela dica. E aí, fiz por merecer um par de convites?)
UPDATE em 26/10: Ganhou o cartaz 1, com 853 votos - apenas 50 a mais que o 2. Pra variar, meu favorito perdeu...
"Do Começo ao Fim" entra em cartaz dia 27 de novembro, em São Paulo, Rio, Salvador e Porto Alegre. Mas quem quiser muito consegue ver o filme antes: ele passa na edição paulista do Festival Mix Brasil, dia 12 de novembro. Também vão rolar pré-estreias especiais para os seguidores do filme no Twitter e no Facebook. E ainda vai ter um site, um blog e um sensacional sorteio das sungas dos atores. OK, esta última não é verdade, mas bem que ia bombar, hein?
(Marcos Carioca, valeu pela dica. E aí, fiz por merecer um par de convites?)
UPDATE em 26/10: Ganhou o cartaz 1, com 853 votos - apenas 50 a mais que o 2. Pra variar, meu favorito perdeu...
MUY AMIGO
A partir do mês que vem, passo a assinar a coluna "Pergunte ao Amigo Gay" da revista "Women's Health" brasileira. Agradeço ao Ludo Diniz pela graça alcançada: foi ele quem me pôs em contato com o pessoal da revista. E agradeço ao Tato Riccio, antigo titular da coluna, que mudou de emprego e preferiu não continuar se expondo tanto. Aliás, essa exposição toda também me dá um frio na barriga: além do meu nome, a coluna também vai mostrar minha cara para bater. Ontem fui à sede da Abril aqui em SP fazer a foto. Não teve nada de strike a pose: não sabia onde enfiar as mãos, se fosse no "Brazil's Next Top Model" eu seria eliminado. O maquiador também pagou um dobrado para cobrir minhas olheiras. Enfim, agora é tarde - em novembro já vou estar nas bancas, respondendo cartinhas das leitoras. Tem de um tudo: emergências de moda, problemas de relacionamento e até perguntas bem bobas, mas que rendem respostas engraçadas (tomara). Espero que as leitoras gostem. E seja o que Deus quiser.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
INRI-T PARADE
Ando meio afastado do caminho da salvação e desinformado das últimas versões místicas cometidas pela patota do INRI Cristo. Mas hoje vou tirar o atraso e dar duas sem tirar. Aí em cima temos "Just Dance" da Lady GaGa, com requintados valores de produção e muita atitude fashion. Embaixo, a inescapável "Single Ladies", melhor até que a releitura que Liza Minelli está fazendo para a trilha de "Sex and the City 2" (sim, isto é verdade). Acho que uma música só pode ser considerada um grande sucesso depois de ganhar as vozes, o charme e o veneno de Alíbera, Asusana, Assassina e Aserejé. Qual será o próximo hit a merecer o selo de qualidade inri-cristão? "Ximbication"?
I CAN'T GIVE YOU ANYTHING BUT LOVE
Ontem comecei meu set no Café com Vodka às 7 em ponto. Era para ter entrado antes, mas a Marina Person ainda estava enrolada no trânsito. Zarpei sem ela mesmo; na terceira música chegou Marina, esbaforida e perseguida pelos fotógrafos. O Sonique já estava cheio - dessa vez o povo botou fé e foi mais cedo, mesmo sendo o primeiro dia do horário de verão. Nosso back-to-back foi divinamente desencontrado: eu atacava de Culture Club, Marina respondia com Mutantes, eu ia de Gretchen, ela devolvia KC and the Sunshine Band e ninguém entendia nada. Mas nos divertimos muito, mesmo errando uns botõezinhos aqui e ali. A proposta é esta mesmo, fazer farra. Encerramos às 8 com o glorioso remix do DJ Zé Pedro para “Vou Festejar” da Beth Carvalho. Aí saiu do speaker uma voz masculina cantando accapella um standard americano, “I Can’t Give You Anything but Love”. “Que maneira curiosa de começar um set”, pensei. Então saquei que não era gravação, era alguém ao vivo no mezzanino. “Já é o número da Hillary? Mas essa voz está grossa demais para ser a dela.” Não era mesmo. Levei um puta susto quando vi que era meu marido Oscar, de microfone em punho, descendo a escada e cantando para mim. Com a casa abarrotada de gente. Sim, ganhei uma serenata de aniversário, o presente mais inesperado e maravilhoso de todos os tempos. Fiquei tão apalermado que corri para abraçá-lo, e acabei interrompendo a música antes do final. Não faz mal: a mensagem foi dada, e eu ainda fiquei encantado com a bravura do Oscar. Nem desconfiei que ele havia passado no Sonique para ensaiar, no meio da tarde. A festa ainda rolou até meia-noite, cheia de amigos e docinhos. Hoje estou um caco: a data oficial é só amanhã, mas já entrei dicumforça nos 49. E ainda me perguntando o que eu fiz para merecer um marido tão legal.
(a foto é do Henrique Luz)
(a foto é do Henrique Luz)
domingo, 18 de outubro de 2009
MENTALIDADE SALOIA
Portugal não tem outro assunto. O affair Maitê Proença continua rendendo além-mar. Agora até Hitler veio dar seu pitaco. Através de uma tática manjada - legendar cenas do filme "A Queda" - temos agora a reação do führer à cusparada da Maitensa, que tão cedo não poderá pisar em terras lusas. Mas, como brasileiro, o que mais me faz rir são as expressões locais, que aos nossos ouvidos soam exóticas: "grelha de programação", que tal?
(Smilius, obrigadinho pela dica)
(Smilius, obrigadinho pela dica)
O ESPIÃO ALOPRADO
É a "Síndrome de Michael Scott": vi dois filmes seguidos com protagonistas que parecem inspirados no personagem principal da série "The Ofice". O primeiro foi "Distrito 9", e o outro, "O Desinformante!", o quarto longa de Steven Soderbergh a estrear este no no Brasil. É baseado num caso real, desses que se tivessem sido inventados ninguém acreditaria. Matt Damon nunca esteve tão bem como aqui, fazendo um espião industrial que não resiste a contar para todo mundo que é espião. O ritmo do filme é irregular: lá pelas tantas a história fica chatíssima, recheada de detalhes corporativos, mas as coisas melhoram quando percebemos que a vaidade e a carência afetiva do personagem são na verdade uma desonestidade descomunal, que resvala na psicopatia. A música de Marvin Hamlisch, compositor fetiche de trilhas dos anos 70, dá um tom elegante e irônico ao imbroglio todo. Soderbergh emplacou mais um.
sábado, 17 de outubro de 2009
WE BELONG TOGETHER
Quando a gente acha que já viu a coisa mais boiola de todos os tempos, eis que surge um vídeo como este: um cara propôs casamento ao namorado em pleno palco do show da Mariah Carey em Las Vegas. Mas o que mais me espantou foi o tamanho da cantora, que está imensa, igualzinha ao RuPaul. Repare como ela parece que vai devorar os pombinhos quando eles correm para o abraço.
A REPÚBLICA DOS CAMARÕES
O diretor Neill Blomkamp jura que "Distrito 9" não é um filme sobre o apartheid, mas é claro que é. A começar pelo título, que já sugere um espaço delimitado, à parte do todo. É um exemplo raríssimo de filme comercial inteligente, com um herói covarde e vítimas não muito inocentes. A mensagem é meio óbvia, claro - "preconceito é uma coisa muito feia" - e a maneira como é aprendida pelo personagem principal é mais óbvia ainda: sentindo na própria pele. No final, fiquei esperando por uma revelação tipo "Planeta dos Macacos". Achei os aliens eram todos humanos antes de virarem camarões gigantes. Aliás, não quero comer camarão tão cedo.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
GANHOU, PLAYBOY
Desesperada com a queda na circulação e nas páginas de anúncios, a "Playboy" americana resolveu apelar. Olha só quem é a capa e o poster da edição de novembro, que chega hoje às bancas dos EUA: Marge Simpson. Deu certo. Depois de anos de irrelevância, de repente toda a mídia está falando da "Playboy". Claro que tem gente metendo o pau, dizendo que a mãe do "Family Guy" está mais na moda, ou que este mundo está perdido, já que até personagens de desenho animado estão mostrando as partes pudendas nas revistas. Mas como jogada de marketing, é sensacional. Agora, é torcer para que o Tintin saia na "G Magazine".
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
UP
Agora que o susto passou e o garoto foi encontrado escondido dentro do armário - hmmm - gosto de olhar para essas imagens e pensar que são todas as preocupações, todos os medos, todos os problemas indo embora. Quando finalmente o balão cai, surpresa: problemas, medos, preocupações, tudo se foi. Ele está vazio.
A TORRE DE BEBEL
Marisa Monte bem que tenta, mas a cantora brasileira mais conhecida no exterior é mesmo Bebel Gilberto. Claro que morar no exterior facilita as coisas: instalada há mais de 10 anos em Nova York, Bebel faz uma MPB para gringo ver. Que a crítica daqui geralmente detesta, acusando-a de não ter voz. Como se fosse preciso ter voz para cantar a digna descendente da bossa nova que Bebel grava em seus discos. Como se tivesse voz toda a ilustre linhagem da moça, que inclui seu pai João Gilberto, sua mãe Miúcha, seu tio Chico Buarque e a primeira mulher de seu pai, Astrud Gilberto. O recém-lançado "All in One" é o melhor CD de Bebel desde sua estreia em 2000, com o incrível "Tanto Tempo". E teria ficado ainda melhor se ela não tivesse brigado com Paula Lavigne, que impediu o lançamento das faixas que produziram juntas. Aqui tem uma lista de links do maravilhoso blog musical Arjanwrites: o último é para um download legal de "Chica Chica Boom Chic". Já está tocando na novela "Viver a Vida", e cai super bem neste ano do centenário da Carmen Miranda.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
COME JOIN THE PARTY
It's a celebration: neste domingo tem mais uma edição do Café com Vodka, a festa que provoca tumulto, destrói amizades e gera centenas de comentários. Desta vez Marina Person e eu vamos disputar as pick-ups no tapa, assim como a atenção do público. E também vou estar comemorando, com dois dias de antecedência, meus 49 anos, pâtaqueoparêu. Então já sabe: mande o nome pra lista, chegue cedo, evite confusões. Coz everybody wants to party with you!
VOCÊ VIU O CABEÇÃO POR AÍ?
A-do-ro um um desastre de relações públicas. A indústria da moda já é muito criticada por promover um ideal de magreza impossível, mas a Ralph Lauren foi longe demais. Este cartaz de sua marca Blue Label foi veiculado em algumas lojas do Japão, e mostra a modelo Filippa Hamilton tão photoshopada que sua cabeça está mais larga que os quadris. A empresa jura que foi tudo um engano, e está ameaçando processar os sites que reproduzirem a peça (meeedooo). A modelo, por sua vez, aproveita para dizer que foi despedida por ser gorda, hahaha – ao que a RL retruca que foi por mau comportamento profissional mesmo. Enquanto isto, mesmo com tanta campanha contra, a anorexia não sai de moda.
THIS IS IT
OREMOS, IRMÃOS
Cleycianne está por um fio. Pelo menos é o que diz seu noivo Wandersson no blog da modelo e fofoqueira evangélica: a serva do Senhor sofreu um acidente de carro, e agora está em coma. Pode ser só um golpe publicitário, mas talvez seja a morte anunciada de mais um blog. Depois do fim do Carioca Virtual e com o Que Pressão É Essa?! em recesso há quase um mês, será que eu aguento mais este golpe? Mas a blogosfera tem dessas coisas. O autor deve ter enjoado. Bem que os evangélicos de verdade podiam enjoar também e arranjar coisa melhor para fazer.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
INCIDENTE DIPLOMÁTICO
Portugal está a um passo de declarar guerra ao Brasil. Pelo menos é o que dão a entender este e este artigos, que me foram enviados por leitores portugueses. Tudo por causa de uma matéria feita pela Maitê Proença em terras lusas há dois anos, para o programa "Saia Justa" do GNT. A Maitensa descreve Sintra como uma "vilazinha perto de Lisboa", diz que seu hotel 5 estrelas mandou um porteiro para lhe consertar a internet e ainda cospe numa fonte medieval. Essa última é realmente muito feia, mas a reação dos tugas me pareceu meio exagerada. Os comentários das matérias transbordam "brasilofobia", quando a coitada da Maitê foi só sonsa, mal-informada e, sim, nojenta. Não se esqueçam que ela é chegada num toicinho do céu: há alguns anos namorou o Miguel Sousa Tavares, aquele escritor que eu adorava até saber que é homófobo e, talvez, plagiador. Mas preconceitos e mal-entendidos sempre vão surgir entre dois países que têm suas histórias tão unidas. Eu mesmo tenho veneração por Portugal - me mudaria para Lisboa amanhã - mas não resisto a umas anedotas de vez em quando. Como esta aqui, um clássico...
Estava um brasileiro em Lisboa a negócios. Certo dia ele perguntou ao concierge de seu hotel:
- Gostaria de ir à Livraria Bertrand, mas vou estar ocupado a semana toda. A livraria fecha aos sábados?
- Não, não fecha.
- Ah, então ótimo.
E lá se foi o brasileiro no sábado para a Bertrand, que fica ali no Chiado. Deu com o nariz na porta: estava fechada. Voltou ao hotel e foi reclamar com o concierge:
- Mas o senhor me disse que a livraria não fecha aos sábados!
- Não fecha porque não abre...
(A bem da verdade: estive em Lisboa ano passado e a Bertrand estava aberta em pleno sábado. Mas essa piadinha é só um exemplo de como portugueses e brasileiros pensam e falam diferente, e às vezes se desentendem deliciosamente.)
Estava um brasileiro em Lisboa a negócios. Certo dia ele perguntou ao concierge de seu hotel:
- Gostaria de ir à Livraria Bertrand, mas vou estar ocupado a semana toda. A livraria fecha aos sábados?
- Não, não fecha.
- Ah, então ótimo.
E lá se foi o brasileiro no sábado para a Bertrand, que fica ali no Chiado. Deu com o nariz na porta: estava fechada. Voltou ao hotel e foi reclamar com o concierge:
- Mas o senhor me disse que a livraria não fecha aos sábados!
- Não fecha porque não abre...
(A bem da verdade: estive em Lisboa ano passado e a Bertrand estava aberta em pleno sábado. Mas essa piadinha é só um exemplo de como portugueses e brasileiros pensam e falam diferente, e às vezes se desentendem deliciosamente.)
ZERO A ZERO
Meu set no deck do 00 estava previsto para as 7 da noite. Cheguei ao local às 6 e meia, crente que não iria encontrar mais do que meia dúzia de gatos pingados. Ledo engano: havia só um, o Daniel do Chato no Ar. Um. Vou repetir: um. Que prestígio, hein? Nem o Duda, o promoter da festa, se deu ao trabalho. Eu ligava pra ele e só dava caixa-postal. Quando finalmente o localizei, ele disse que ainda ia comer antes de ir para lá. Então eu fiz o que qualquer pessoa faria no meu lugar: fui rever o maravilhoso “Fados” do Carlos Saura, que assisti num avião da TAP no ano passado e está em cartaz no Shopping da Gávea. O filme é curto, e voltei ao 00 pouco antes das 10. A casa já estava bem mais cheia, mas nada comparável às 1200 pessoas da noite anterior. Era a 1a. vez que abria numa segunda, e a cariocada estava exausta do fim-de-semana agitadíssimo. Aí o Duda ficou com peninha de mim e me deixou tocar na pista de dentro. Recebi uma aula rápida da lendária Dri Toscano (sim, eu ainda esqueço onde fica o eject) e voilà, som na caixa! Só que eu estava preparado para fazer um set lounge, suave, cheio de exotismo e sofisticação. Meus back-ups eram o set que toquei no Café com Vodka em agosto. Mas a Dri foi enfática: toca Madonna! Toca remixes! E lá fui eu, queimando aos poucos os cartuchos que se encaixavam neste perfil. Nada das palhaçadas que toquei em SP, nada de “Xanadu”. E aí descobri que a versão original de “I Gotta Feeling” não é boa para dançar. Também descobri que o público do 00 só gosta de músicas manjadíssimas. Saí da cabine pouco antes das 11, a Dri entrou, mandou um “Jai Ho” e em segundos a pista lotou. Hmm… I gotta feeling que ainda não sei animar a galera. Mas não há de ser nada: domingo que vem eu me redimo.
MARCHANDO E PARANDO
O movimento gay promove marchas, paradas, caminhadas, e às vezes parece que nada sai do lugar. Anteontem aconteceu em Washington uma marcha chamada Equality Across America (Igualdade por Toda a América), clamando pelo casamento gay e outros direitos em todos os 50 estados americanos. Juntou menos de 200.000 pessoas, uma fração do milhão que compareceu a uma marcha semelhante há 9 anos atrás. As lideranças se dividiram: Barney Frank, um deputado abertamente homossexual, disse que a marcha era uma perda de tempo, e que a única coisa que ela iria pressionar seria a grama. Ele faz parte da velha guarda do movimento, que apóia Obama e pede paciência à militância. Mas a garotada tem pressa: eles querem todos os direitos já, sem mais delongas – afinal, gay rights are human rights. Essa geração gosta de ser chamada de Stonewall 2.0.
Por aqui não chegamos nem ao pré-Stonewall. No mesmo domingo iria acontecer a 4a. Parada Gay de Duque de Caxias, cidade vizinha ao Rio de Janeiro. Tudo pronto, bandeirona estendida, drags montadas, e eis que o senhor prefeito não deixa ligarem os carros de som, alegando “documentação incompleta”. A organização da parada esbravejou, dizendo que entregou tudo a tempo e nos trinques. Mas o som não foi mesmo ligado, e o que era para ser uma festa virou uma procissão desanimada. Depois, interpelado pela TV Globo, o prefeito José Camilo Zito, do PSDB, admitiu que a parada “incomoda muitas famílias e igrejas”. Bom, hoje em dia acredito que as paradas gays servem mais para emporcalhar a cidade e chocar os homófobos do que propiciar qualquer avanço real à causa. Mas este prefeito já entrou para o rol dos vilões do ano, ao lado da bruxa Rozângela Justino.
Por aqui não chegamos nem ao pré-Stonewall. No mesmo domingo iria acontecer a 4a. Parada Gay de Duque de Caxias, cidade vizinha ao Rio de Janeiro. Tudo pronto, bandeirona estendida, drags montadas, e eis que o senhor prefeito não deixa ligarem os carros de som, alegando “documentação incompleta”. A organização da parada esbravejou, dizendo que entregou tudo a tempo e nos trinques. Mas o som não foi mesmo ligado, e o que era para ser uma festa virou uma procissão desanimada. Depois, interpelado pela TV Globo, o prefeito José Camilo Zito, do PSDB, admitiu que a parada “incomoda muitas famílias e igrejas”. Bom, hoje em dia acredito que as paradas gays servem mais para emporcalhar a cidade e chocar os homófobos do que propiciar qualquer avanço real à causa. Mas este prefeito já entrou para o rol dos vilões do ano, ao lado da bruxa Rozângela Justino.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
É TRISTE PORQUE É VERDADE
Não existe ofensa maior para um adolescente americano do que ser chamado de gay. A palavra é usada a torto e a direito, até para denegrir coisas que nada têm a ver com a homossexualidade: "isto é tão gay" é um xingamento frequente. Por isto, não deixa de ser verdadeira essa campanha fake criada pelo site humorístico "The Onion", especializado em notícias falsas. A maneira mais eficaz de evitar que os adolescentes fumem é... associar o cigarro com a viadagem. A piada tem um quê de homofobia sim, mas o mais triste é que uma campanha dessas era bem capaz de dar certo.
R:EVOLUTION EVOLUTION
É uma delicia ver como as label parties cariocas estão subindo de nível, talvez pela concorrência com a ultra-profissional The Week. Foi-se o tempo do atendimento mal-humorado, dos banheiros enlameados e de uma certa precariedade generalizada, que dava a sensação que tudo podia despencar a qualquer momento. A última edição da R:evolution, da promoter Rosane Amaral, aconteceu no sábado passado no lindo Armazém 2 do cais do porto do Rio de Janeiro. O lugar foi todo reformado, e agora tem piso de mármore e paredes externas cor de rosa. A vista para a Baía de Guanabara continua a mesma, lindíssima. Também ajudou a enorme afluência de homens lindos, uma raridade em eventos do gênero. A festa lotou sem ficar abarrotada, e a música boa garantiu animação até o sol raiar. Ponto para a Zámaral.
Domingo teve mais função. A primeira edição carioca do Café com Vodka, em parceria com a tradicional Duo, fez o 00 transbordar de gente. Por volta da meia-noite ainda encontramos fôlego para tocar pra The Week, também cheiérrima por causa de mais um show da Preta Gil. Parece que ela não se deu muito bem em São Paulo: plateia fria, que aplaudiu pouco e cantou junto menos ainda. Mas no Rio Preta tem seu público cativo: as mesmas pessoas vão tanto ao show, semana após semana, que ela quase que conhece cada um pelo nome. Depois ainda teve Lorena Simpson, mas aí meu tanque estava abaixo da reserva.
Acabou? Ainda não. Hoje toco no 00, no deck, de 7 às 8. Pensei em fazer algo como no Sonique de SP, mas a esta hora o clima ainda é relax, bem lounge. Então acho que vou só enfiar o CD do Hotel Costes e deixar rolar, ninguém vai perceber. Só no trucão, hahaha.
Domingo teve mais função. A primeira edição carioca do Café com Vodka, em parceria com a tradicional Duo, fez o 00 transbordar de gente. Por volta da meia-noite ainda encontramos fôlego para tocar pra The Week, também cheiérrima por causa de mais um show da Preta Gil. Parece que ela não se deu muito bem em São Paulo: plateia fria, que aplaudiu pouco e cantou junto menos ainda. Mas no Rio Preta tem seu público cativo: as mesmas pessoas vão tanto ao show, semana após semana, que ela quase que conhece cada um pelo nome. Depois ainda teve Lorena Simpson, mas aí meu tanque estava abaixo da reserva.
Acabou? Ainda não. Hoje toco no 00, no deck, de 7 às 8. Pensei em fazer algo como no Sonique de SP, mas a esta hora o clima ainda é relax, bem lounge. Então acho que vou só enfiar o CD do Hotel Costes e deixar rolar, ninguém vai perceber. Só no trucão, hahaha.
domingo, 11 de outubro de 2009
A VINGANÇA DOS BASTARDOS
Apesar de ser uma fantasia destrambelhada sobre a 2a. Guerra Mundial, "Bastardos Inglórios" não é exatamente um filme de guerra. O tema principal é o cinema em si: como ele dá a liberdade de reescrever a história, e como ele próprio tem o poder de influenciar essa história. Mesmo recheado de absurdos - uma tropa de judeus caipiras e malvados, matando nazistas com tacos de beisebol? - este é o filme mais sóbrio de Quentin Tarantino. Ao contrário de "Kill Bill", aqui há poucas intervenções pop ou quebras de narrativa. As cenas são longas, chamadas de "capítulos", e o elenco enorme faz com que a trama às vezes pareça não ter rumo. Mas tem: o final é antológico, com toda a cúpula do III Reich encurralada dentro de um cinema em chamas. O austríaco Christoph Waltz é favorito para o Oscar de ator coadjuvante, talvez porque faça o que nenhum ator americano consegue: fala alemão, inglês, francês e italiano em cena, sempre com perfeição. "Bastardos Inglórios" é um bom programa: um delírio vingativo sobre o maior conflito de todos os tempos, com a inteligência emocional de um garoto de 14 anos.
(Em tempo: adoro o título despretensioso que o filme recebeu em Portugal - "Sacanas Sem Lei".)
(Em tempo: adoro o título despretensioso que o filme recebeu em Portugal - "Sacanas Sem Lei".)
A VIDA SEM SIDA
As campanhas de prevenção à AIDS geralmente enveredam pelo caminho do medo. É raro ver uma abordagem diferente, positiva, que ressalte não os problemas de se ter a doença, mas as vantagens de não se tê-la. É o caso deste anúncio francês, de título mais do que evidente: "a camisinha protege da AIDS" (ou SIDA, como se diz na França e em Portugal - aqui no Brasil soaria estranho, parece que fulano está saindo com a Cidinha). E que tal a cara da véia safada?
sábado, 10 de outubro de 2009
O SILÊNCIO QUE INCOMODA
Ontem levei mais de 12 horas para ir de São Paulo ao Rio, de casa a casa. De avião. Se tivesse sido de carro, teria dado para ir e voltar. Claro que o culpado foi mais uma vez São Pedro, que fez questão de regar todo o Sudeste com aquela chuva fininha que não para, bem numa véspera de feriado. Mas não foi só ele: a lei do silêncio que obriga o aeroporto de Congonhas a fechar às 11 da noite também fez sua parte. Quando CGH foi construído, ainda ficava longe do resto da cidade. A cidade foi chegando aos poucos, e hoje os habitantes da região exigem que ele feche cedo. Mesmo num dia como ontem, de caos na aviação brasileira, com o Santos Dumont fechado e o Galeão congestionado. Não dava para deixar Congonhas funcionando só mais umas horinhas, ainda mais numa sexta-feira? Não: para não incomodar os moradores que ESCOLHERAM morar perto do aeroporto, milhares de pessoas, que já esperavam horas por seus voos, tiveram que ser levadas de ônibus para Guarulhos. Embarque, trajeto e desembarque levaram quase duas horas. Resultado: meu voo das 5 da tarde, saindo de Congonhas, saiu só à 1 da manhã, de Guarulhos. Quando heguei em casa, no Rio, já eram mais de 3. Tô ficando meio de saco cheio: das minhas 4 últimas viagens, 3 sofreram atrasos longuíssimos por causa do mau tempo. Portanto, evite viajar de avião comigo. Devo ter alguma problema mal-resolvido com Iansã, porque atraio nevoeiros e tempestades.
TOO MUCH TOO SOON
Sou fã do Obama desde pequenininho, mas também estou entre os que acharam que esse Nobel da Paz veio cedo demais. Com menos tempo de mandato do que uma gestação, o presidente dos EUA conseguiu exatamente o quê? O Afeganistão está pegando fogo, o Iraque ainda não sossegou, palestinos e israelenses se odeiam mais do que nunca e os gays continuam sendo expulsos do exército americano. Nem mesmo a política interna o sujeito conseguiu apaziguar: apesar de estarem em franca minoria, os republicanos continuam enchendo o saco e inventando escândalos todos os dias. Mas também não é de hoje que o Nobel da Paz é dado a pessoas atreladas a processos que ainda estão em andamento, como no caso da independência do Timor Leste - é uma maneira de fazer pressão com luva de pelica, e apressar um resultado feliz. Mas por enquanto Obama só tem boas intenções, e boas intenções, ora ora, temos quase todos. Pelo menos foi um consolo por ele ter perdido as Olimpíadas para o Rio, kkkkk.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
GUIA DE BOLSO DO GAY CASADOIRO
Gentem, obrigado pela avalanche de cumprimentos pelo meu 19o. aniversário de casamento. Foram mais de 50 aqui no blog e mais de 20 no Facebook. E queria retribuir atendendo o pedido de algumas pessoas, que querem saber qual é o segredo dessa longevidade toda. É simples: pegue uma cueca do homem amado, bata no liquidifcador com coentro, noz-moscada e Chanel no. 5 e costure na boca de um mini-porco. Essa fórmula tem tanta chance de dar certo quanto qualquer outra, porque a verdade é que não existe receita para um casamento feliz. Ou existe? Acho que tenho credenciais para arriscar algumas patacoadas. Bora:
1) VOCÊ QUER MESMO CASAR? Esta é a primeira pergunta que você se deve fazer. Todo mundo quer amor, todo mundo sonha em amar e ser amado. Mas o fato duro e frio é que o casamento não é para todo mundo. Muita gente confunde casamento e amor, quando o primeiro é apenas UMA das formas de vivenciar o segundo. Tem gente que nasceu para morar junto, gente que nasceu para morar em casas separadas, gente que prefere uns namoricos light e gente que vai ficar pulando de galho em galho para sempre. A sociedade ainda impõe o casamento como um troféu, uma meta desejada por todos, mas ele está longe de ser o único caminho para a felicidade. Ao contrário do que diz a canção, é possível sim ser feliz sozinho. Então pense bem: depois de casado, você pode descobrir que aquela não é exatamente a sua.
2) O PRÍNCIPE ENCANTADO NÃO EXISTE. Dããã. Nada mais óbvio, né? Mas o que tem de bilú por aí procurando o homem perfeito, parece que nunca leram a revista “Nova”. Aliás, não estão exatamente buscando um semideus, mas têm uma ideia errada do que é a vida conjugal. Ninguém vive arrebatado de paixão 24 horas por dia, 7 dias por semana e assim por diante, pelo resto da vida. Muita gente confunde amor e paixão, e desembarca de um bom relacionamento assim que surge a primeira rusga. Um casamento se constrói aos poucos, no dia a dia, e a gente tem que abrir concessão o tempo todo. Quer alguém que faça todas as suas vontades? Então regrida aos dois anos de idade, e volte para a casa da mamãe.
3) TEM QUE TER ASSUNTO. É incrível o número de casamentos felizes na Índia, onde quase todos são arranjados. Uma razão é que os noivos vêm sempre do mesmo background, têm níveis educacionais e financeiros parecidos. Pode soar horrivelmente preconceituoso, mas amor entre milionário e favelado é muito mais frequente nas novelas que na vida real. Claro que existem milhares de exemplos de casais gays felizes de origens aparentemente diferentes – um é brasileiro e o outro norueguês, por exemplo – mas olhando de perto a gente vê que as semelhanças são muitas, e não é só a predileção por Madonna. Você não precisa só de alguém para trepar, mas também para conversar.
Ia acrescentar um quarto item, a sorte. Afinal se eu não tivesse ido ao Ritz na noite de 8 de outubro de 1990, talvez nunca tivesse conhecido o Oscar. Mas acho que, no fundo, quem quer casar casa, independentemente da sorte, da beleza ou de sei lá o quê. É preciso estar disponível, sem o “.com” como sufixo. Mesmo assim, desejo boa sorte para quem quiser casar. Eu tive.
(A foto que ilustra este post é de um filme dos anos 30 chamado "The Gay Bride". Mostra uma cacura ajudando a colega mais nova a se arrumar para o casório. Achei digno.)
1) VOCÊ QUER MESMO CASAR? Esta é a primeira pergunta que você se deve fazer. Todo mundo quer amor, todo mundo sonha em amar e ser amado. Mas o fato duro e frio é que o casamento não é para todo mundo. Muita gente confunde casamento e amor, quando o primeiro é apenas UMA das formas de vivenciar o segundo. Tem gente que nasceu para morar junto, gente que nasceu para morar em casas separadas, gente que prefere uns namoricos light e gente que vai ficar pulando de galho em galho para sempre. A sociedade ainda impõe o casamento como um troféu, uma meta desejada por todos, mas ele está longe de ser o único caminho para a felicidade. Ao contrário do que diz a canção, é possível sim ser feliz sozinho. Então pense bem: depois de casado, você pode descobrir que aquela não é exatamente a sua.
2) O PRÍNCIPE ENCANTADO NÃO EXISTE. Dããã. Nada mais óbvio, né? Mas o que tem de bilú por aí procurando o homem perfeito, parece que nunca leram a revista “Nova”. Aliás, não estão exatamente buscando um semideus, mas têm uma ideia errada do que é a vida conjugal. Ninguém vive arrebatado de paixão 24 horas por dia, 7 dias por semana e assim por diante, pelo resto da vida. Muita gente confunde amor e paixão, e desembarca de um bom relacionamento assim que surge a primeira rusga. Um casamento se constrói aos poucos, no dia a dia, e a gente tem que abrir concessão o tempo todo. Quer alguém que faça todas as suas vontades? Então regrida aos dois anos de idade, e volte para a casa da mamãe.
3) TEM QUE TER ASSUNTO. É incrível o número de casamentos felizes na Índia, onde quase todos são arranjados. Uma razão é que os noivos vêm sempre do mesmo background, têm níveis educacionais e financeiros parecidos. Pode soar horrivelmente preconceituoso, mas amor entre milionário e favelado é muito mais frequente nas novelas que na vida real. Claro que existem milhares de exemplos de casais gays felizes de origens aparentemente diferentes – um é brasileiro e o outro norueguês, por exemplo – mas olhando de perto a gente vê que as semelhanças são muitas, e não é só a predileção por Madonna. Você não precisa só de alguém para trepar, mas também para conversar.
Ia acrescentar um quarto item, a sorte. Afinal se eu não tivesse ido ao Ritz na noite de 8 de outubro de 1990, talvez nunca tivesse conhecido o Oscar. Mas acho que, no fundo, quem quer casar casa, independentemente da sorte, da beleza ou de sei lá o quê. É preciso estar disponível, sem o “.com” como sufixo. Mesmo assim, desejo boa sorte para quem quiser casar. Eu tive.
(A foto que ilustra este post é de um filme dos anos 30 chamado "The Gay Bride". Mostra uma cacura ajudando a colega mais nova a se arrumar para o casório. Achei digno.)
BOMBAS E PÁPRICA
Shantel é o nome artístico do DJ e produtor Stefan Hantel, que é alemão de nascimento e balcânico de coração. Seu som é perfeito para uma festa de casamento na antiga Iugoslávia, daquelas que têm banda de ciganos, urso dançarino, criança embriagada e acaba em tiroteio. Ele ainda promove uma label party concorridíssima na Europa, a Bucovina Club, só com ritmos croatas, búlgaros, romenos, aqueles povos todos que vivem se matando mas no fundo se amam. E eu estou amando o novo CD do Shantel, “Planet Paprika”. Baixe aqui “Sura Ka Mastura”, e dance como se Sarajevo estivesse sendo bombardeada.
SEU MAÇON, FAÇA O FAVOR
Eu devorei “O Código Da Vinci”. Aquilo não é literatura, claro, mas entretenimento do bão, com a dose certa de pretensão e água benta. Os capítulos curtos parecem cenas de cinema; é de fato impressionante que o filme tenha saído tão ruim, porque o roteiro já estava pronto. Agora estou lendo “The Lost Symbol”, o novo do Dan Brown, e se não soubesse que se trata do mesmo cara ia estar acusando o autor de plágio. As semelhanças são avassaladoras: um crime acontece num lugar de importância planetária (o Museu do Louvre no “Código”, o Congresso americano aqui), envolvendo um amigo e mentor do “simbólogo” Robert Langdon. E o culpado é uma figura bizarra de nome exótico (lá um albino, aqui um careca tatuado), interessado nos segredos de uma organização misteriosa (lá a Opus Dei, aqui a maçonaria). Nada disso seria problema se “Symbol” fosse um bom livro: não é. Dan Brown cria suspenses forçados, dá explicações óbvias, telegrafa as revelações e tem uma mania irritante de escrever em itálico quando quer estressar alguma coisa. Tremo em pensar a porcaria de filme que vai sair disto.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
BODAS DE ÁGUA MARINHA
Dezenove anos de casados, o que em gay years deve dar uns 120. É isto o que comemoramos hoje eu e Oscar - que a esta altura todo mundo já sabe que se chama Herbert, não faz mal. E o que dizer que eu ainda não disse nesses 19 anos? O que dizer que eu ainda não disse aqui no blog? Este é o post de 2007, e este é o de 2008. Ainda estão valendo. Quando eu era adolescente, pedi a Deus que não me deixasse morrer sem viver um grande amor. E agora que eu o vivo, só peço a Deus que não me fulmine. Ainda não. Só mais um pouquinho. Só mais 120 anos (em straight years).
(Alguém sabe o que é "cretone"? Fui procurar do quê eram as bodas de 19 anos, e deu cretone ou água marinha. Ah, e essa foto linda foi tirada pelo Ítalo)
(Alguém sabe o que é "cretone"? Fui procurar do quê eram as bodas de 19 anos, e deu cretone ou água marinha. Ah, e essa foto linda foi tirada pelo Ítalo)
MUSIC MAKES THE PEOPLE COME TOGETHER
Acabo de receber um flyer do 00 onde eu apareço listado como uma das atrações da segunda-feira: “DJ Tony Goes (SP)”. Claro que eu já sabia que ia tocar lá, mas ver meu nome com um DJ na frente me deixou nervoso feito a Ana Carolina recebendo rosas. Sim, serei parte da edição carioca do Café com Vodka, a festa produzida daqui de casa, com meu filhinho de promoter, meu marido no caixa e meu cachorro de segurança. Tomara, mas tomara mesmo, que a fila esteja quilométrica, e que renda muito choro e ranger de dentes, mwahahaha. Mas se estiver vai ser mais tarde: vou tocar de umas 7 às 8, provavelmente para uma plateia de galinhas selecionadas. Não importa. Music is my hot hot sex, e tocar no 00 não é para qualquer dijéia. Então vou aproveitar e celebrar meu aniversário com os amigos do Rio de Janeiro, com uma semana de antecedência. Acho bom vocês chegarem cedo, hein? Hey mr. DJ...
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
FEBRE SUÍNA
A gripe suína é tããão cinco minutos atrás... A moda agora na Inglaterra são os micro-porcos, verdadeira febre que está se alastrando entre celebridades e fashionistas. Quando bebês, os porquinhos cabem numa xícara de chá; adultos, não ficam mais altos que uma galinha. Vivem até 18 anos, são surpreendentemente quietos e limpos, e facilmente treináveis a fazer suas necessidades no lugar indicado. Faz tempo que os cientistas sabem que os porcos são animais inteligentes, e também não é de hoje que alguns modernos os adotam como pets. Como se não bastasse, os fofinhos são hipoalergênicos - ideais, portanto, para as filhas do Obama. Mas claro que there's a catch: cada filhote custa 700 libras, o que dá quase 3.000 reais. Pelo menos, assim os donos não ficam tentados a transformá-los em tábuas de frios.
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