quarta-feira, 30 de setembro de 2009

GOROROBA DELUXE

O que aconteceria se o Introspective e o Celso Dossi tivessem um filho? Ele provavelmente escreveria um blog como o Fancy Fast Food, que tem apenas 5 meses de existência e já recebeu mais de 1 milhão e 200 mil visitas. O segredo do sucesso é simples: receitas de pratos refinados (uma das paixões do Intro), com ingredientes comprados em restaurantes de fast food (e trash é A paixão do Celso). Aí em cima, por exemplo, está o Le Chicken McConfit, feito com uma porção de Chicken McNuggets "desestruturados", um saco de batatas fritas (transformadas em purê), uma Coca (usada no molho!) e uma salada Fruit & Walnut (só encontrada nos McDonald’s americanos). A única coisa que veio de outro lugar foram as cebolinhas que decoram a gororoba. E ainda tem muitas outras delícias, como um crème brulée feito só com Dunkin' Donuts. Como diz o slogan do blog: Yeah, it’s still bad for you – but see how good it can look!

I GOT TWO FEELINGS

É bom sentir-se ambíguo. Também é ruim, claro. No momento, tenho opiniões conflitantes sobre alguns assuntos que estão na mídia, como por exemplo…

MANUEL ZELAYA – Com sua expulsão forçada do país, caracterizou-se o golpe de estado em Honduras. Se ela não houvesse acontecido, o episódio teria sido semelhante ao impeachment de Collor no Brasil, sem maiores riscos às instituições democráticas. Acontece que nem a própria família estava a favor do Collor, enquanto que Zelaya tem metade da população a seu lado. Foi por isto que foi expulso; também é por isto que a situação por lá agora nem trepa nem sai de cima. Sou totalmente contra o golpe em Honduras, e também totalmente contra o projeto bolivariano do presidente deposto. É óbvio que ele está lutando para retomar este projeto – ninguém se arriscaria tanto por apenas uns meses a mais no poder, só por amor à democracia. Zelaya quer se eternizar no trono, e o Brasil dá a maior força. Eca. Ah, e faço uma pergunta: será que a embaixada brasileira em Teerã abriria as portas para Mir Houssein Moussavi, se ele estivesse fugindo para valer do regime sanguinário e fraudulento de Ahmadinejad? Duvide-o-dó.

ROMAN POLANSKI – Artistas e intelectuais estão fazendo um abaixo-assinado exigindo a soltura imediata do cineasta, preso na Suíça por causa de um estupro cometido nos EUA há mais de 30 anos. Se fosse um zé-ninguém, não haveria mobilização nenhuma; como se trata de um grande artista, outro peso e outra medida. Parece até o Lula defendendo o tratamento diferenciado ao Sarney… O crime de Polanski foi mesmo horrível: ele drogou uma menina de 13 anos e lhe comeu o rabo, que tal? OK, muito tempo se passou e ele não oferece nenhum perigo à sociedade. É um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos. A própria moça, hoje uma mãe de família, quer que o caso seja esquecido. E todas as circunstâncias da prisão apontam que há alguém querendo se promover. Mas não consigo me decidir: Polanski merece ir para a cadeia?

E você, o que acha? Mande sua opinião. Ou não.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

COME ON, VOGUE

Graças a "O Diabo Veste Prada", Anna Wintour ficou famosa no mundo inteiro como a mãe de todas as über-bitches. Foi para dar uma arejada na imagem que ela deixou que uma equipe de filmagem invadisse a redação da "Vogue" americana justamente durante a preparação do número mais importante do ano, o de setembro. Deu certo: Anna aparece como uma mulher determinada no documentário "The September Issue", mas jamais como a fera insensível que era Miranda Priestley. Só que quem rouba mesmo a cena é a stylist Grace Coddington, até agora pouco conhecida fora do mundo da moda. Essa ex-modelo tem hoje mais de 60 anos, e parece uma feiticeira fashion, com longos cabelos ruivos e nenhuma maquiagem no rosto envelhecido. E o que ela faz é mesmo um pouco de feitiçaria: produz fotos incríveis, ao mesmo tempo em que toureia sua frenemy Wintour. O filme passou no Festival do Rio para uma plateia repleta de modeletes, e é pouco mais que um "Globo Repórter" sobre a maior revista de moda do mundo. Mas é divertidíssimo (o que é André Leon Talley "jogando" tênis com toalhinha Louis Vuitton?), e vai deixar muita gente com vontade de trabalhar no métier. Eu, pelo menos, fiquei.

COMIDA PORNÔ

Assistir “Julie & Julia” com fome é uma requintada sessão de tortura, digna de ser adotada na prisão de Guantánamo. O filme é um desfile de patos, lagostas e tortas de chocolate capaz de converter um adepto da macrobiótica aos excessos da cozinha francesa tradicional, hoje desprezada pelos chefs moderninhos. São duas histórias paralelas, que sozinhas não se bastariam. Numa delas, Julia Child aprende a cozinhar na Paris dos anos 40; na outra, quase 60 anos depois, Julie Powell se propõe a fazer todas as receitas do bíblico livro de Child, e a escrever sobre a experiência em seu blog. Problemas mais sérios são vistos de relance (a frustração de Child em não poder ter filhos, a frustração de Powell com qualquer coisa), e o que interessa mesmo é se o suflê vai subir. Tudo bem: é gostoso ver um filme levinho de vez em quando, ainda mais um que a crítica americana chamou de food porn. Mas você foi avisado: não vá para o cinema com fome.

DÚVIDAS OLÍMPICAS

Será que o Rio ganha mesmo? Será que a visita do Obama vai melar as nossas chances? Será que o site GamesBids vai acertar novamente a cidade vencedora? Por enquanto, o Rio está na frente, mas a menos de um ponto de distância de Chicago. E quem está por trás do hilário Chicagoans for Rio? Será que é um site fake, gerado a partir de computadores cariocas? E porquê que as exigências do COI são tão absurdas? Sydney, Atenas e Pequim estão cheias de instalações olímpicas pouquíssimo usadas. Finalmente, será que vamos aguentar a gabolice do Lula se o Rio ganhar mesmo? “Nunca antes neste país…”

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

DE GRUDAR OS OLHOS

"O Segredo de Seus Olhos" consegue ser dois filmes ao mesmo tempo: um thriller policial e uma linda história de amor. Ambos são ótimos, e o que é melhor: bem longe do padrão americano a que estamos acostumados. O thriller é quase lento, gradativo, mas tem um plano-sequência num estádio de futebol que vai entrar para a história do cinema, daqueles de tirar o fôlego. E o romance é crível, maduro, e igualmente arrebatador. Eu não esperava menos do diretor Juan José Campanella, que já havia cometido uma obra-prima em "O Filho da Noiva". Ricardo Darín, o Depardieu argentino, também estea incrível como sempre. Para mim a grande surpresa foi ver Guillermo Francella, que eu só conhecia de papéis de humor rasgado, num tom mais sutil e instigante. "O Segredo.." é o indicado da Argentina para o Oscar do ano que vem, e, segundo os sites especializados, já é um dos favoritos. A cópia que vi no Festival do Rio ainda está sem legendas: que elas venham rápido, porque os brasileiros precisam aprender como se faz filme assim.

A CANTORA CARECA

Não existe glória maior do que envelhecer com saúde e dignidade. No caso da cantora cubana Omara Portuondo, de 79 anos, a voz madura mas ainda potente justifica plenamente ela ter chamado seu novo disco de “Gracias”. É meio um balanço de sua longa carreira, com clássicos caribenhos, participações luxuosas de Pablo Milanés e Chico Buarque, e ainda uma inédita de Jorge Drexler, a canção-título, que pode ser baixada aqui. Omara foi perdendo os cabelos ao longo dos anos, mas não perdeu o talento e o bom gosto. Sua música me transporta imediatamente a uma rede imaginária à beira-mar, com um mojito nas mãos. Obrigado.

domingo, 27 de setembro de 2009

COMO NASCEM OS ANJOS

Não entendi "Ricky", o novo filme de François Ozon. Justo eu, que me gabo de entender tudo, de perceber entrelinhas que ninguém percebe, não saquei qual é a de "Ricky". É uma mensagem de esperança, uma afirmação de fé no amor, ou justamente o contrário? O personagem-título é um bebê que, com poucos meses de idade, começa a desenvolver asinhas e a sair voando por aí, feito um anjinho barroco. É uma alegoria, sem dúvida - mas do quê? O filme abre com uma cena fortíssima, de tom completamente diferente do que vem depois. Seria a chave para interpretar a obra? Porque, sem ela, tudo muda de sentido. A atriz Alexandra Lamy lembra uma Cameron Diaz que nunca foi ao dermatologista, e está ótima como a mãe atordoada. Meu adorado François Ozon está contido, quase sóbrio, e "Ricky" é um bom filme. Mas admito que não entendi: alguém mais assistiu? Vamos trocar uma ideia?

METALMODÓVAR

A filmografia de Pedro Almodóvar é um pouco como a de Woody Allen: todo mundo diz que prefere as comédias malucas da primeira fase, povoadas de porterias intrometidas e freiras lésbicas. Hoje ele é reverenciado como um grande cronista dos relacionamentos humanos, mas acho que seu maior leitmotiv é o próprio ato de criar. Na maioria de seus filmes recentes, os personagens principais são escritores, roteiristas, diretores de cinema. "Abraços Partidos" leva essa metalinguagem um passo adiante. É um filme quase triste, de cores sombrias e música solene, mas também há um filme dentro do filme: uma comédia maluca chamada "Chicas y Maletas", de cores berrantes, que cita descaradamente "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos". Não consegui me emocionar muito, talvez por que não vá com a cara do ator Lluís Homar. Mas Penélope Cruz está formidável, linda, boa atriz, exalando star quality. Agora, bem que o próximo filme de Almodóvar podia ser de novo uma comédia - ou, mais provavelmente, uma comédia sobre a criação de uma comédia.

sábado, 26 de setembro de 2009

EU SEI, MEU AMOR, QUE NEM CHEGASTE A PARTIR

Impossível assisitr "Amália" sem lembrar de duas obras recentes sobre cantoras igualmente emblemáticas: o filme "Piaf" e a minissérie "Maysa". Amália Rodrigues também derramou sua alma no palco e teve amores interrompido pela morte, mas sua vida, apesar de yodos os precalços, foi bem mais longa e menos trágica que a das colegas. O filme de Carlos Coelho da Silva reconstitui a época com graça (inclusive um Rio de Janeiro de fantasia, onde todo mundo usa roupas absurdamente coloridas), mas, durante grande parte dele, falta música, falta o fado. Amália era pobre e desconhecida, e na cena seguinte já é rica e famosa; os números musicais se concentram no começo e no final, dublados de maneira perfeita pela impressionantemente parecida Sandra Barata Belo. A mais cara produção do cinema português de todos os tempos passou no Festival do Rio com legendas eletrônicas em "brasileiro", sinal de que não deve estrear por aqui. É uma pena perceber que, mesmo depois de se reaproximarem nos últimos anos, as culturas de Portugal e do Brasil ainda têm um oceano a separá-las.

ARRANCA-ME A CALCINHA

Estou no Rio, tentando ver o máximo de filmes do Festival. Ontem assisti "Eu Matei Minha Mãe", do garoto-prodígio Xavier Dolan, que é mesmo tudo o que andam dizendo: contundente, honesto e incrivelmente ousado. Afinal, quantos rapazes de 21 anos têm coragem de dirigir a si mesmos numa cena onde fornecem o rabicó? Depois, para contrabalançar, tomei uma boa dose de cinemão, e ainda por cima mexicano. "Arranca-me a Vida" é a maior superprodução da história do México, baseado num best-seller de Ángeles Mastretta - um épico feminino de, sobre e para mulheres, à la Isabel Allende. Catalina (a maravilhosa Ana Cláudia Talancón) é uma moça de 15 anos que se casa com um general muito mais velho, e logo ela se descobre fogosa de um jeito que ele não dá conta. Pula a cerca grávida do primeiro filho, mas só vai se encrencar para valer quando se envolve com um maestro guapetón. Enquanto isto, o marido boçal se torna governador do estado de Puebla, e temos um painel da conturbada política mexicana dos anos 30 e 40. "Arranca-me..." tem seu título tirado de uma letra de bolero mas não é um dramalhão, e esbanja luxo, figurinos, cenários e milhares de figurantes. Acho que nunca fizeram no Brasil um filme da mesma escala. Entra em cartaz em meados de outubro, e quem gosta do gênero histórico-romântico vai se esbaldar com esse mole poblano.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PLUS ÇA CHANGE…

…plus c’est la meme chose. Este ditado francês (“quanto mais algo muda, mais fica igual”) se aplica perfeitamente à instituição que os caretas mais fingem querer preservar: a família. Com divórcios, gays e filhos de vários casamentos vivendo juntos, claro que a família tradicional mudou. E claro que continua sendo o paraíso e o inferno sob o mesmo teto. Esta semana estreou com muito sucesso nos EUA uma sitcom chamada “Modern Family”. Conta as histórias de três lares diferentes: um casal jovem com filhos pequenos, um cara de meia-idade que se casa com uma latina muito mais jovem, e (wuhuuu) um casal gay com um bebê adotado. Pelo trailer aí em cima o programa parece mesmo engraçado. Só espero que não mostrem as bibas como paradigmas de virtude e caseirice, como costuma acontecer nas novelas brasileiras.

AH, LIBANÊS

Confirmado: Mika é mesmo um major talent, do quilate de seus antepassados George Michael e Freddie Mercury. Seu novo disco "The Boy Who Knew Too Much" é um fenômeno, com muitas melodias serelepes e um pouco mais de maturidade que no álbum de estreia. Só um pouco: as letras ainda são cheias de referência a papai, mamãe e romances colegiais. E, principalmente nas músicas mais comportadas, há um certo viés disneyano - parecem trilhas de desenho animado. Mas já está mais que provado que esse filho de libaneses canta, compõe, toca e se apresenta muito bem. Tá mais que na hora de algum desses festivais corporate trazer o moçoilo para o Brasil.

(O Celso Dossi publicou um post com vários links para baixar o CD na íntegra. Queria deixar bem claro que foi ele, não fui eu.)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

LÁ VÊM AS NOIVAS

Dois casamentos agitam meu blog. Um deles é pra valer, o da Grá e do Cássio neste sábado. Olha só que coisa mais cool: um dia o filho deles vai se gabar na escola, “mamãe tocou na The Week vestida de noiva”. Vai ser uma festa de entrar pra história, e desejo toda a felicidade do mundo para os noivos. O outro casório que me ocupa a cabeça é de mentirinha, o do Jim e da Pam. A nova temporada da minha série predileta, “The Office”, estreou esta semana nos EUA com os preparativos dos pombinhos, que trocam alianças já no próximo episódio. Na vida real, o mais-meu-tipo-impossível do John Krasinski casou com ninguém menos que Emily Blunt, aquela linda atriz inglesa que esteve em “O Diabo Veste Prada” e vem aí com “Young Victoria”. Muito arroz pra todo mundo.

O MUNDO DA QUARTA DIMENSÃO

Todo mundo junto agora:

Kumo ka arashi ka
Inazuma ka
Heiwa o aisuru hito no tame
Morote o takaku
Sashinobete
Uchu ni habataku
Kaidangi
Ha, sono na wa Kido
Hei, Nationaro Kido
Bokura no Kido
Kido!
Nationaro Kido


Esta notícia supera o impossível: “National Kid”, um dos pilares da minha formação humanística, finalmente vai ser lançado em DVD no Brasil. Auika!

QUEM FALOU EM CASAMENTO?

Começou um debate nos comentários do post sobre o "Che 2", aí embaixo, que não tem nada a ver com o filme. Estão discutindo se o Conar agiu certo em tirar do ar este comercial de Havaianas, só porque uma doce velhinha ousou incentivar a neta a fazer sexo. O curioso é que a agência é a Almpa/BBDO, a mesma da infamérrima campanha homofóbica de Doritos. Dessa vez, fico do lado da agência, pois sempre achei que todo mundo deve transar à vontade (com responsabilidade, claro). E aí alguém pode perguntar: mas no que isto ajuda a vender sandália?

CUANDO SALÍ DE CUBA

Seis meses depois da primeira parte, estreou em SP "Che 2 - A Guerrilha" (no Rio, só depois de passar no Festival). E eu, que já não tinha me empolgado muito com "O Argentino", dessa vez quase dormi no cinema. O filme é didático, bem pesquisado, cheio de detalhes. Mas é como um remédio: faz bem ter visto, mas ver não é divertido. Benicio del Toro continua ótimo, mas, apesar de ser o protagonista absoluto, aparece realtivamente pouco. Quem rouba a cena são os coadjuvantes de luxo: a alemã Franka Potente falando um espanhol perfeito, o português Joaquim de Almeida como o presidente da Bolívia, e, numa pontinha, Matt Damon como um padre alemão. Só que, enquanto a parte 1 tinha um final feliz, com a revolução triunfante, aqui o desânimo é contagiante, vindo dos camponeses apáticos e dos guerrileiros cada vez mais apavorados. Com este já são três os filmes recentes sobre Ernesto Guevara (contando "Os Diários da Motocicleta", de Walter Salles), mas ainda é pouco. Falta um sobre o período que ele passou no poder, em Cuba, sua relação com Fidel e as pessoas que mandou para o paredón. Che merece sair das camisetas e voltar para a história.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O BELO ANTOINE

Antoine 909 é, tranquilamente, um dos DJs mais lindos do mundo. Mas só beleza não enche boate, e esse francês tem causado rebuliço na Europa com seus sets bon chic bon genre. Só este ano ele mandou bem no Circuit Festival de Barcelona, na festa do Matinée Group em Zurich e até mesmo no Festival de Jazz de Montreux, um loosho absoluto. Antoine já tocou três vezes na The Week SP, e está em negociações para voltar em dezembro. Ouça aqui seu último podcast, que também pode ser baixado, e vamos torcer para que essa beldade feche logo o contrato.

GROSSURA SUL-MATO-GROSSENSE

Ontem o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, disse que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, era viado e fumava maconha, o que só é ofensa na cabecinha podre de quem ainda vive na Idade Média. Em seguida, Sua Excelência conseguiu ofender a si mesmo, ao ameaçar estuprar o ministro em praça pública. Minc não aderiu à baixaria, e hoje deu um tabefe com luva de pelica na cara do governador, sugerindo que ele trate com carinho o próprio homossexualismo. Apesar do "ismo" politicamente incorreto, o ministro tem razão: é evidente que Puccinelli se sente desconfortável em seu corpanzil de baitola, e que tem tanta vontade de queimar a rosca que acaba se tornando violento. Só há uma pessoa capaz de fazê-lo sentir-se numa boa: a bruxa carioca Rozângela Alves Justino. Rô-Rô, este é mais um trabalho para você!

(vai que é tua, Anderson Moco)

DO PERU

Volta e meia eu dou uma de Introspective e faço um post sobre comida. Hoje vai ser sobre a culinária peruana, que finalmente parece estar entrando na moda no Brasil. Só em São Paulo abriram três restaurantes do gênero este ano: o requintado La Mar, da badalada dupla de chefs Astrid & Gastón, que tem filiais por todas as Américas; o Ají, que na verdade se define como latino-americano mas oferece muitos pratos do Peru; e o Killa, o "neoandino" que fica nas Perdizes, meio off-Broadway pra SP. Fui jantar lá ontem com a Libanesa, e adoramos. O lugar é pequeno e tem decoração simples, mas a cozinha é sensacional. Depois de uns pisco sours divinos, ela traçou um ceviche e eu fui de oro, a especialidade da casa: um filé mignon sobre uma cama de batatas desidratadas, re-hidratadas, o diabo, tudo com muita cebola, ají e coentro. Isto é um minúsculo recorte da riquíssima comida do país. Só de batata, são mais de 100 variedades, de cores que vão do preto ao branco, e em formatos absurdos. E mesmo eu, que não sou fã de frutos do mar, me rendo aos ceviches e tiraditos, perto dos quais sushis e sashimis ficam sem graça feito mingau de aveia. Ah, e ainda tem o mate de coca, o energético natural, que dá o maior ligão depois da sobremesa e é perfeitamente legal. Quem não experimentou, não sabe o que está perdendo: caia de boca no Peru.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

RADAR TANTÃ

Dois alunos do Massachussets Institute of Technology desenvolveram um software que analisa os dados da página de um cara num site de relacionamentos, tipo Orkut e Facebook, e determina com alto grau de precisão se ele é gay ou não (o troço não funciona direito com lésbicas ou bissexuais). Mas que perda de tempo e dinheiro, hein? Acho que, em 99% dos casos, só de bater o olho já dá pra saber qual é a do sujeito. Basta verificar se…

- ele tem muitos amigos que aparecem sem camisa nas fotos, ou de óculos escuros na boate, ou sem camisa e de óculos escuros na boate;

- ele participa de comunidades como “Quem cresce sozinho é planta” ou “Cher Guevara”;

- ele ganha muitos patinhos feios no FarmVille.

OK, nessa última eu forcei um pouco a barra. A verdade é que este e outros programas parecidos servirão para, num futuro bem próximo, deduzir várias coisas que as pessoas preferem não dizer em seus perfis. Mas começar justo pela orientação sexual me pareceu uma bobagem. Para coroar, os gênios batizaram o projeto com o nome ultra-mega-original de “Gaydar”. Já é sério candidato ao prêmio Ig Nobel deste ano.

(com um empurrão do Luciano de SJC)

MORRA, MAMÃE, MORRA

Xavier Dolan faz qualquer um se sentir um fracassado. O mancebo tem só 20 anos e já escreveu, atuou e dirigiu um filme que não só fez sucesso na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, como é o mais cotado para representar o Canadá no próximo Oscar. "J'ai Tué Ma Mère" ("Eu Matei Minha Mãe") conta uma história com que muita gente vai se identificar: a relação compicada entre um rapaz que está saindo do armário e sua mami dominadora. Passa neste fim de semana no Festival do Rio, e é claro que eu já comprei meu ingresso. Mesmo sabendo que depois da sessão eu vou me sentir ainda mais inútil do que já sou.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

AMOR BARATINADO

Costumo ver os filmes que me interessam no fim-de-semana da estreia, mas demorei um pouco para ver "Amantes". Não vou muito com a cara do Joaquin Phoenix, ainda mais agora que ele diz ter abandonado a carreira de ator para virar rapper (alguém acreditou?). Mas a verdade é que ele está muito bem neste que talvez seja seu último filme, fazendo um camarada que vive numa linha tênue entre a loucura e a "normalidade". Por isto mesmo, ele se vê dividido entre duas garotas: uma é simpática e atenciosa, e a família inteira faz gosto no casamento dos dois. A outra é sua vizinha sofisticada e maluquete, que namora um homem casado mas lhe telefona nas horas mais impróprias. Adorei a Gwyneth Paltrow, que está linda e luminosa no papel. Adorei também a legenda brasileira: quando batem as duas balas que a personagem toma numa balada de meio de semana, Joaquin pergunta se ela está "baratinada". E adorei ainda mais a trilha, que inclui até Amália Rodrigues cantando "Estranha Forma de Vida". De vez em quando é bom ver um filme de amor que não seja uma comédia romântica.

(E aqui tem um regalito: quer ouvir a música mais glamurosa de todos os tempos? Então baixe daqui "Lujon" do Henry Mancini, que também aparece na trilha de "Amantes". É ideal para ensaiar o carão em frente ao espelho. E obrigado pela dica, r5)

CÉU É UMA ESTRELA

O Brasil sempre foi um país rico em cantoras, mas a nova safra deixa muito a desejar. Não que as vozes sejam ruins: o que me incomoda nessas garotas é a sem-gracice do repertório, a enésima releitura de Chico ou Caetano, os arranjos caretinhas. Ainda bem que tem uma que destoa do resto da turma, e, talvez não por acaso, já esteja conquistando o mundo. Céu caiu no gosto dos americanos quando seu primeiro CD começou a ser tocado e vendido nas lojas da Starbucks, e chegou a ser indicada para o Grammy de world music. O curioso é que sua música não é exatamente comercial: são sambas, ou esboços de sambas, com letras esquisitas e teclados eletrônicos que jamais entrariam na quadra de uma escola. Seu novo disco, "Vagarosa", serve como música de fundo para um dia preguiçoso, mas uma audição mais atenta revela um monte de texturas inesperadas. Ouça aí embaixo a faixa "Bubuia", e se gostar, baixe-a daqui. Costumo reclamar que a música eletrônica que se faz no Brasil é desinteressante, mas Céu é a exceção que confirma a regra.

DISQUE EMMY PARA MATAR

Adoro cerimônia de entrega de prêmio, mas não consegui ver os Emmys todos ontem à noite. Estávamos no Café com Vodka, lotado como sempre, quando o programa começou. Voltamos para casa a tempo de ver "True Blood", e sucumbi ao sono quando acabou o episódio. Memso assim, de vez em quando dava umas zapeadas. Foi uma noite de poucas surpresas, e quase todos os favoritos ganharam: "30 Rock", "Mad Men", "Grey Gardens". O melhor foi mesmo o apresentador Neil Patrick Harris, que foi astro infantil e hoje é um ator de sucesso (inclusive estava indicado o Emmy de coadjuvante em comédia, que perdeu) mesmo sendo gay assumido. Mais uma vez, fico triste ao perceber como estamos longe disto no Brasil. Sim, aqui também temos gays assumidos no showbiz, mas geralmente eles enveredam pelo folcore, como Max Fivelinha. Nosso país ainda não permite que alguém combine o talento e a coragem de Neil, e isto é mesmo de matar.

(Raulito, gracias por el video)

domingo, 20 de setembro de 2009

UM DIA A CASA CAI

Esta noite acontece a entrega dos prêmios Emmy, em Los Angeles, e a HBO está aproveitando a deixa para exibir alguns de seus muitos indicados. Acabei de assistir as quatro horas da minissérie "A Casa de Saddam", que concorre a quatro troféus, e ainda custo a acreditar que tudo aquilo aconteceu de verdade. A saga de Saddam Hussein e seu clã deixa os Sopranos no chinelo, com sangue, violência e intrigas em escala global. O ator israelense Ygal Naor, que é careca na vida real, está perfeito e assustador no papel principal; minha querida Shoreh Aghdashloo traz uma classe que Sajida, a primeira mulher de Saddam, jamais teve. O ditador iraquiano conseguiu tudo o que quis, e não só perdeu tudo como destruiu sua família e seu país. Perto dessa história horripilante, "Macbeth" parece teatro infantil.

sábado, 19 de setembro de 2009

LIVE FROM SÃO PAULO, IT'S SATURDAY NIGHT!

Yesss!

DRAMA NOS BASTIDORES

- Vai você sozinho, o amigo é seu.
- Não, vamos juntos. Ele convidou os dois.
- Eu mal o conheço! Ele não vai dar pela miha falta.
- Então não vai ninguém. Depois eu ligo pra ele e digo que passei mal, que precisei sair do teatro às pressas...


É muito chato ir a uma peça a convite de um amigo ator, ODIAR a peça e depois ter que cumprimentar o tal do amigo na saída. Ontem Oscar e eu assistimos a um dos 5 piores espetáculos das putas das nossas vidas, e no final queríamos sair à francesa, o mais rápido possível. A peça era um desastre, com um texto datado e um elenco tão amador que parecia, sei lá, o grupo de teatro de um clube ou de uma igreja. Manja aquele pessoal super bem intencionado, bem ensaiado e sem talento nenhum? Pois é. E a porra toda durava duas horas e meia. Mas aí, você diz o quê pro cara que te convidou? "Obrigado por encurtar a minha vida?" "Hmm, adorei os drops da bombonière, os banheiros estavam limpos, seu cabelo tá óóóteeemo..." Conclusão: Oscar deu um alôzinho rápido e, aproveitando que outras pessoas iam falar com o ator, fugimos na calada da noite. Teatro quando é bom, é melhor que cinema, mas quando é ruim, até levar mordida de um porco é melhor.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A DESCULPA PERFEITA

Tá procurando um pretexto pra furar a dieta? Seus problemas acabaram! O ano novo judaico começou ao por do sol, e deve-se comer coisas doces para que ele também o seja. Então caia de boca, e l'shana tovah!

HI LILY HI LILY HI LO

Anteontem fui ao show da Lily Allen no Via Funchal, a mando da "Folha de São Paulo". Me diverti imenso, mas não vou me estender no blog: a crítica completa saiu na "Ilustrada" de hoje, que os assinantes do UOL podem ler aqui. Bom "aproveito".

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

JAMES DREAM

E se a bala não tivesse acertado Kennedy? E se Marx tivesse morrido ainda criança? A humanidade vive se perguntando "e se?", é normal. Como este comercial sul-africano para uma corretora de valores, que faz uma "restrospectiva" da vida gloriosa que James Dean poderia ter levado se não tivesse morrido num acidente aos 24 anos. É um pequeno prodígio de atuação, maquiagem, fotografia e direção. Claro que Dean também poderia ter virado ator de filmes B, depois coadjuvante de "A Feiticeira" e mais tarde vendedor de centrífugas naqueles infomercials que passam de madrugada na TV. E se?

(dica do Deco, valew!)

FOI O FRANGO QUE DEU

Ei boyzinho! Já ouvi falar em João de Morro? Eu nunca, até ontem de manhã. Aí soube de sua existência pelo jornal, procurei saber mais e agora é tarde. Sua música "Papa-Frango" não me sai mais da cabeça, e olha que é um samba daqueles de dançar na boquinha da garrafa. Mas a letra é fenomenal: fala de uma michele que ganhou tudo de seu "frango", até lanche "na" McDonald's ("tava lanchando para depois ser lanchado" - Oxum me esbofeteia!). Esse pernambucano de 30 anos é uma espécie de remix boiola de Carlinhos Brown, e estourou no Norte. Olha só como o som de João do Morro é definido em sua página no MySpace: "Suas letras versam sobre a homossexualidade, alisamento de cabelos, mulheres interessadas em carona, celulares potentes – porém pré-pagos." Ou seja, melhor impossível. Com ele e a indicação do Toffoli para o Supremo, ainda há esperança para o Brasil.

TOFFOLI TÁ DENTRO

Fico feliz com a indicação de José Antonio Toffoli para a o STF. Sim, ele provavelmente votará a favor do asilo para Battisti. Também deverá varrer o mensalão para baixo do tapete - afinal, foi advogado de Lula durante muitos anos, e ainda é muito ligado a José Dirceu. Mas Toffoli já declarou várias vezes seu apoio à união civil entre homossexuais, que diz ser garantida pela atual constituição (é tudo questão de interpretação). Dizem as boas línguas que ele teria o maior interesse nisto, if you know what I mean. Acho bem provável. Porque boa pinta, bem-sucedido e solteiro depois dos 40 anos, ou toma remédio tarjado, ou é gay.

CORREÇÃO, 18/9: Nenhuma das notícias que eu li ontem mencionava o fato, mas Toffoli é casado sim, e com mulherrrr. Not that there's anything wrong with that.

(Daniel, obrigado por ter dado o alarme)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

OOOIII ZEEENTE

Sou uma pessoa de mente aberta, mas também caipira o suficiente para ficar ligeiramente chocado com essas ilustrações. Elas vêm de um livro alemão de educação sexual para crianças, e me foram enviadas por uma amiga. Bobagem minha, o mundo é tão simples.

INDIANA JONES E O TEMPO DO ONÇA

Todo mundo sabe o que é um remake: a refação de um grande sucesso do cinema, geralmente anos depois do original ter estreado e com resultados muito inferiores. Agora, já ouviu falar em premake? Esse é o termo que um tal de Ivan Guerrero inventou para definir os trailers falsos que tem postado no YouTube. O cara imagina como seriam filmes mais ou menos recentes se tivessem sido rodados nos anos 50, com os astros e recursos da época, e monta trailers totalmente convincentes, só com cenas de outros filmes. Aí em cima está sua versão para “Cacadores da Arca Perdida”; aí em baixo, “Forrest Gump” e “Ghostbusters”. Não sei o que é mais impressionante: o fabuloso trabalho de edição de imagem e som, ou as toneladas de material que Ivan pesquisou para encontrar as imagens perfeitas.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

PURGATÓRIO DA BELEZA E DO CAOS

Acho que Sérgio Cabral é, de todos os governadores brasileiros, o mais simpático à causa gay. Ele também é esperto, e, de olho no pink money, está em plena campanha para que o Rio ganhe o título de Melhor Destino Gay do Mundo - algo que certamente trará à cidade mais turistas que o Cristo Redentor ser considerado uma das 7 Novas Maravilhas. Mas qualquer um que frequente a Belacap (adoro esse termo, é tão cafoninha) sabe que o dia-a-dia da viadagem carioca não é dos mais fáceis. Ontem fiquei estarrecido com esta matéria do jornal "O Dia", que me foi enviada pela Daniela Fonseca. Não contentes com o estrago que já fazem, traficantes e milícias ainda agridem e matam gays e lésbicas nas favelas. É algo que equipara o Rio aos lugares mais homofóbicos do mundo, como o Iraque. Aliás, taí um bom argumento para esfregar na cara de evangélicos e afins: já reparou como os países que perseguem os gays também são os que dão menos vontade de morar? Irã, Nigéria, Arábia Saudita... Enquanto que os de maior padrão de vida também são os mais gay-friendly, como os escandinavos ou a Holanda. E isto não é mera coincidência, claro. Mas voltando ao assunto: os governantes fluminenses têm que fazer algo rápido contra essa situação revoltante. Caso contrário, o título que o Rio merece mesmo é o de Cidade Mais Cara-de-Pau do Mundo.

A ÚLTIMA CEIA

Quem trabalha em firrrma sabe bem o suplício que são aqueles almoços de confraternização, gigantescos e barulhentos. Geralmente evito essas roubadas, mas hoje não deu pra escapar. Era a despedida de um rapaz que trabalhou direto comigo durante mais de um ano, ia ficar feio se eu faltasse. E lá me fui para uma churrascaria moderninha das redondezas, com mais 22 outros trouxas. Sentei na ponta da imensa mesa, cercado por pessoas que só conhecia de vista - isso depois do habitual mal-estar de haver mais gente do que lugares, uma obrigatoriedade em eventos do gênero. Evidente que o serviço do lugar era péssimo, com garçons trocando comandas, trazendo coisas erradas ou simplesmente se esquecendo do que você pediu. Na hora de pagar, a confusão inescapável: nem todos os 23 originais estavam ainda ali, e claro que quem se picou antes não deixou dinheiro suficiente. Jurei que nem Scarlett O'Hara: nunca mais passarei por isto novamente. Nem que eu tenha que passar fome.

DO OUTRO LADO DA VIDA

E Patrick Swayze virou ghost. Ditto! Ditto!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MISIÓN IMPOSIBLE

Estou me sentindo em relação ao novo disco do Miranda, "Es Imposible!", como um dos personagens das canções de amor adolescente que são a especialidade da banda: traído, desapontado, desiludido com a paixão. Depois de um CD exuberante como "El Disco de Tu Corazón", de dois anos atrás, os pibes voltaram mais comportados, se achando "amadurecidos". As músicas continuam cheias de refrões grudentos, mas os arranjos agora têm mais guitarras e menos teclados, como se isto fosse bom. Só "Mentía", a faixa de abertura, mantém o clima saltitante - ainda mais neste remix aqui do DJ Pablo. Quero o antigo Miranda de volta, histérico, maquiado, quase um Scissor Sisters portenho. Mas quando uma banda acha que está na hora de "crescer", de sentar na mesa dos adultos, é impossível convencê-la a voltar pro playground.

COMO MATAR UMA MÊNADE

Todo mundo que está acompanhando "True Blood" concorda: Maryann é a personagem mais interessante desta temporada. Mas o que é que ela é, exatamente? No começo achei que era uma bruxa, mas a verdade é um pouco mais sofisticada: Maryann é uma mênade. Uma bacante, uma sacerdotisa de Dionísio, ou Baco, o deus do vinho. Na prática, ela é uma dealer greco-romana: em suas festas os convidados sempre entram em êxtase, as pupilas crescem até ocupar o olho inteiro, e no dia seguinte ninguém se lembra de nada. E o que é que esta criatura está fazendo em Bon Temps? Procurando alguém para sacrificar ao seu deus, para poder juntar-se a ele. A segunda temporada da série acabou ontem nos EUA (aqui, em três semanas), e digamos que Maryann cumpre seu objetivo. Quem for como eu e não aguentar esperar, clique no video aí embaixo. Como não gostar de um programa que inclui rituais dionisíacos?

OS BRUTOS TAMBÉM AMAM

Ontem fui ao cinema com a Marta Matui, aquela amiga blogueira que alguns dos meus leitores acham ser “de difícil convivência”. Como nós dois somos platófilos – adoramos tudo que venha da região do Rio da Prata – escolhemos ver “Gigante”, o filme uruguaio premiado com um Urso de Prata no ultimo Festival de Berlim. Gostamos do filme, que é lento e meio despovoado como um domingo em Montevidéu. Mas enquanto ela se encantou com a doçura do personagem principal, eu o achei um crianção. O cara é um brutamontes que trabalha como segurança num supermercado e se apaixona em segredo por uma faxineira. Como tem a maturidade emocional de um garoto de 12 anos, não sabe como se aproximar dela, e prefere ficar seguindo-a à distância enquanto ouve rock pauleira. Confira aqui o que a Marta achou de “Gigante”: dessa vez, a pessoa de “difícil convivência” fui eu.

domingo, 13 de setembro de 2009

OSCAR RELOADED

Um prêmio de cinema só é importante se for capaz de influir na bilheteria do filme premiado. De quê adianta, por exemplo, vencer um Kikito em Gramado, e depois levar dois anos para entrar em cartaz e duas semanas para sair? Neste sentido, o único prêmio que ainda tem alguma relevância é o Oscar. Ainda.

Esta importância residual pode se evaporar em breve. Numa tentativa desesperada de aumentar a audiência da transmissão da cerimônia de entrega, a Academia de Hollywood mudou as regras do Oscar. A última vez que se conseguiu um resultado expressivo foi no já longínquo ano de 1998, quando “Titanic” estava entre os indicados. De uns tempos para cá, têm predominado filmes bons de crítica mas ruins de bilheteria, e a imprensa parece se interessar apenas pelo desfile de modelitos no tapete vermelho.

A audiência subiu em 2009, com um show mais ágil e divertido. Mas poderia ter subido ainda mais, ponderaram os acadêmicos, se blockbusters como “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, estivessem entre os selecionados para o prêmio principal. Simples, respondeu o diretor Bill Condon. É só aumentar os número de indicados a melhor filme de 5 para 10, e pelo menos um grande sucesso popular estará na reta final. A Academia topou na hora, e o mundo veio abaixo.

“Dez indicados irão diluir o valor do prêmio”, disseram vários nomes respeitados na indústria. Pior, retrucaram outros: com tanta gente no páreo, numa corrida apertada bastaria um filme ter 11% dos votos para sagrar-se campeão. O que poderia gerar o efeito contrário desejado pela AMPAS – uma obra “menor”, de pouca repercussão mas com o apoio de uns poucos fanáticos, paparia o prêmio, e alienaria ainda mais o público “normal”.

Isto provocou uma nova mudança nas regras. Ano que vem, ao invés de escolher seu favorito entre 5 indicados, os votantes terão que listar, em ordem de preferência, todos os 10 filmes finalistas. Vai ser complicado, e vai ter muito chute – grande parte do colégio eleitoral são velhinhos que nem vão mais ao cinema, e se baseiam na opinião de amigos e até empregados para votar. Mas também é uma maneira mais justa de decidir qual é o melhor filme do ano.

Esta é apenas uma das novidades: em 2010 não haverá mais a entrega dos prêmios honorários (ela ocorrerá numa cerimônia anterior), e as regras para a seleção dos indicados a melhor canção ficaram tão rígidas que a categoria periga não premiar ninguém. Tudo para deixar a longuíssima cerimônia um pouco mais curta, e talvez mais atraente para os telespectadores.

Claro que já tem gente reclamando que o Oscar virou um reles programa de TV, que só se preocupa com o ibope, sem dar bola para a qualidade dos premiados. Mas é um programa que movimenta milhões de dólares em patrocínio, e tem uma audiência potencial de bilhões de pessoas. O dinheiro é a regra do jogo – e esta é uma regra que a Academia não pode mudar.

sábado, 12 de setembro de 2009

O CARA É FORD

Quando eu soube que Tom Ford estava dirigindo um filme, há quase um ano, torci para que saísse uma porcaria - afinal, não é justo o cara ser lindo, rico, talentoso, inteligente, bem casado e, ainda por cima, bom diretor de cinema. Mas meu vudu não deu certo, e "A Single Man" foi muito bem recebido no Festival de Veneza. Acaba de sair o resultado, e Colin Firth gahou o Leão de Prata de melhor ator. Pelo trailer aí no alto, o filme é mesmo chiquérrimo. Agora estou fazendo um vudu do bem: tomara que passe no Festival do Rio ou na Mostra de SP. Vai ser ford se eu não vir esse filme logo, hahaha.

(obrigado pelos toques, r5 e Dudu Braga)

WHAT A FEELING

Girar, girar, girar, girar é uma maneira consagrada de se comunicar com Deus. Que o digam os derviches turcos no vídeo aí embaixo, uma das manifestações religiosas mais lindas do planeta. O engraçado (e triste também) no caso do Pastor Pilão é que fica claro que ali existe uma lôôôka, doida para se libertar, se montar, rebolar e ser feliz. Este sucesso da internet já ganhou dezenas de versões remix, das quais a acima é das melhores, pois incorpora alguns elementos do atual zeigeist. Ah, gira girou, esta galera...
(dica do Fábio Tabalipa)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A MAÇÃ NO ESCURO

É horripilante pensar que, há até relativamente pouco tempo, a homossexualidade era considerada crime na Grã-Bretanha, uma das pátrias da civilização, e punida com penas severas. Foi o que aconteceu com Alan Turing. “Desmascarado” como gay em 1952 e ameaçado de ir para a cadeia, ele preferiu a castração química que o governo lhe propunha. Turing tomou estrogênio, um hormônio feminino, para dimimuir a libido. E ainda sofreu um efeito colateral desagradável – seus seios cresceram. Foi humilhação demais. Dois anos depois ele se matou, comendo uma maçã envenenada. Essa história fica ainda mais pavorosa quando sabemos que Turing era um grande matemático e herói da 2a. Guerra Mundial, tendo inventado máquinas capazes de decifrar os códigos secrtetos alemães. Já há alguns anos que ele é reconhecido como um dos pais da informática. Agora também é um mártir oficial da causa gay: pressionado por um abaixo-assinado, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown emitiu um pedido de desculpas. Ah, nada como um dia depois do outro.

Aqui no Brasil, terra do jeitinho e da sacanagem, até onde eu sei a homossexualidade nunca foi considerada crime. Mas, assim como entre nós vigora uma pena de morte informal, com a polícia matando a torto e a direito, os gays sempre foram perseguidos extra-oficialmente, em casa, na rua, no trabalho. Fico feliz de saber que o Supremo rejeitou um pedido dos evangélicos para considerar inconstitucional uma lei paulista que transforma a homofobia em crime. É um passo pequeno, uma luzinha na escuridão, mas fundamental para que este país não se torne uma teocracia. E fica aqui um aviso: pastores, deixem as bichas em paz. Vão extorquir dinheiro dos incautos, mas não mexam com a gente. A história está do nosso lado.

DEGENERES GENERATION

Estou radiante com essa história da Ellen DeGeneres ser a nova jurada do “American Idol”. Só assim para me fazer ver um programa que nunca me interessou muito. Ellen é simpática, engraçada, ativista e engajada. Mil vezes melhor que aquela xarope da Paula Abdul, que aliás nunca teve cacife para julgar calouro nenhum. Já ouviu Paula cantando? Ela não passaria das primeiras eliminatórias.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ADOTE UM URUGUAIO

Como deve ser bom morar num país civilizado. O Uruguai aprovou uma lei que permite a adoção de crianças a todos os casais que vivam sob o regime de parceria civil. Na prática, essa lei libera a adoção por casais gays: é o primeiro país da América Latina a permitir isto. Enquanto isto, aqui nesta merda de Brasil, nem parceria civil temos. Um projeto que circulava na Câmara de Deputados ganhou um padre como relator, veja só - é como dar à raposa a chave do galinheiro. E aí o vigário deixou explícito no projeto de lei que ela não inclui, de maneira alguma, os casais homossexuais. Que beleza, não? Fico possesso quando o Lula diz que seu governo dá todo o apoio à biluzada, quando na prática não fez xongas por nós. O presidente prefere agradar às bancadas religiosas, muito mais organizadas e barulhentas, do que às bichas alienadas, mais preocupadas em comprar sungas Aussiebum e se colocar na boate. Pensando bem, tá certo ele.

IMAGENS PERTURBADORAS

O Ministério da Saúde informa: visitar o site do Perez Hilton logo após o almoço pode ser prejudicial à digestão. O primeiro choque foram fotos das filmagens de "Sex and the City 2", com Carrie, Samantha e Charlotte vestidas no estilo dos anos 80. A produção de Patricia Field está impecável como sempre (Sam traz até um walkman na cintura), mas Sarah Jessica Parker está mais para a Bruxa Malvada do Oeste do que para Madonna. Choque no. 2: as fotos bondage que Lady GaGa fez para a "Vogue" japonesa. Ela não tem medo de se despir, aplausos, mas essa corda apertada demais transformou dois lindos seios de 20 e poucos anos em muchibas repulsivas. My eyes! My eyes!!

VIDEO SHOW

Esta semana os assinantes de Nova York e da Califórnia da "Entertainment Weekly" tiveram uma supresa ao abrir a revista. Um encarte apresentava as novidades da nova temporada da rede CBS, prestes a estrear nos EUA; no meio de tantas páginas, o leitor encontrava uma janelinha de vídeo, com mais de 40 minutos de imagens dos programas. Esta nova tecnologia está causando um enorme rebuliço por lá, e, como mostra a reportagem da própria CBS, deve se tornar onipresente nos próximos meses. O melhor é que o monitor ultrafino que vem na revista é recarregável e retirável: o leitor depois pode recheá-lo com seu próprio material, e incluí-lo, por exemplo, num álbum de recordações. Buáááá, eu quero, compra pra mim, compracompracompra.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CHOOSE ME, GEORGE

Um cômico da TV italiana pediu George Clooney em casamento durante uma coletiva no Festival de Veneza, e ficou só de cueca e gravata para apimentar o pedido. Clooney não perdeu o rebolado: "the tie looks good".

HOUSTON, WE HAVE A PROBLEM

Whitney Houston surgiu em 1985 como a antípoda de Madonna: bem comportada, elegante, com um vozeirão. Nas entrevistas, inclusive, ela fazia questão de dizer que achava Madge uma vagabunda. Como eu sempre fui do Team Madonna, foi com enorme prazer que vi Whitney se afundar nas drogas e sua carreira ir pro beleléu. Jamais comprei um único disco dela, nem da Mariah Carey – detesto as power ballads que elas costumam berrar, e só suporto os remixes para as pistas de dança. E não mudei de opinião ao ouvir o novo CD de Whitney, o primeiro em 7 anos. “I Look to You” segue à risca a fórmula que fez com que ela vendesse trilhões de discos, e só tem musiquinhas inofensivas, que parecem ter sido testadas e aprovadas por focus groups. A única que se salva é “Million Dollar Bill”, que lembra Mary J. Blige. Quando sai o remix?

¿QUÉ ESTÁS PENSANDO?

Qual você prefere, o Twitter ou o Facebook? Sou mais este último, e que me perdoem meus milhares de seguidores no primeiro, onde quase nunca dou as caras. Acho que no Facebook dá pra fazer tudo o que se faz no Twitter, além de descobrir qual vilão de James Bond você é. O site é um fenômeno tão grande que vem ganhando capas de revista, estudos acadêmicos e até mesmo um livro argentino que tenta dissecar as razões de seu sucesso. O vídeo acima é um comercial para esse livro, "Faceboom", e, para ser mais malandrinho, só se um dos personagens recebesse um Congelado Orixá.

(Dica da Carolina, que não é a mesma que aparece no comercial)

DESOBEDIÊNCIA CIVIL

Vou ignorar solenemente essa lei absurda que está prestes a ser aprovada pelo Senado, cagando regras para a internet em ano eleitoral. E digo mais: acho que todo blogueiro, não importa sua opinião política, tem a obrigação moral de fazer o mesmo. Vamos ver se a Justiça consegue enquadrar todo mundo. Marco Maciel e Eduardo Azeredo acham que o Brasil é o Irã, e não entendem que o século 21 começou faz tempo. Aqui no meu modesto blog vou continuar a fazer o que eu sempre fiz: defender os candidatos que gosto e espinafrar os que detesto. Se me multarem, não pago. Se me prenderem, fujo. Essa lei não vai colar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

PARAÍSO TROPICAL

A nueva onda está para a Venezuela mais ou menos como a bossa nova está para o Brasil: um movimento que renovou a música do país, levando-a para o sucesso no mundo inteiro (no caso deles, por pouco tempo, kkkkk). E o Tom Jobim desse estilo é Aldemaro Romero. Nunca tinha ouvido falar dele até semana retrasada, quando comprei em Caracas o CD "Nueva Onda Nueva", uma compilação de remixes eletrônicos de suas composições mais famosas. É música melodiosa, alegre e tropicaliente. Então agora vou dar uma de Hugo Chávez e socializar o que a Venezuela tem de melhor: baixe aqui "De Repente", e embarque nessa onda.

É O FIM DO "CAMINHO"

Esta semana termina a única novela pela qual tive algum interesse nos últimos 10 an... ah, tá bom, vai, eu segui o final de "A Favorita". Mas "Caminho das Índias" me seduziu com seu sabor exótico, ainda que para apreciá-lo eu tenha que ter aguentado o Bruno Gagliasso revirando os olhinhos. Tenho DOIS primos esquizofrênicos, um de cada lado da família: nenhum deles se comporta daquele jeito, balbuciando e esfregando as mãos (vai ver que é por que tomam os remédios certos). Enfim, o "Caminho" acaba depois de enriquecer a língua brasileira com dezenas de expressões indianas; só não dou um tiro na fuça do próximo que me disser "hare baba" por que elas todas vão estar esquecidas daqui a um mês. E a foto aí de cima não é Photoshop, não: foi uma brincadeira dos atores, quando posaram para a capa do CD da novela. Claro que também é o final que eu pedi a Shiva...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A TURMA DO BALÃO MÁGICO

Será que estou me transformando num velho de coração duro? Não me emocionei com "Up" como eu achei que fosse. Claro que o filme é fabuloso, a animação é perfeita e as piadas são ótimas. Mas para mim faltou o encanto de "Procurando Nemo" ou "Ratatouille". Talvez porque eu tenha me lembrado o tempo todo daquele padre que decolou com balões no ano passado, só para desaparecer em alto mar. Enfim, a Pixar continua incrível, sem nunca ter feito um filme menos que bom. Mas bem que eu esperava que "Up" voasse mais alto.

CAFÉ COM VODKA OU MORTE

Alguém ainda tem forças para mais rebolation nesse feriadão? Hoje acontece a terceira edição do Café com Vodka, a festinha que meu filho Duda Hering promove quinzenalmente no Sonique, em SP. Claro que não vai ser tão boa quanto a última, quando eu toquei, hahaha. Eu ainda estou no Rio, mas chego à noite em São Paulo e vou direto pra lá. Vá você também: quanto mais gente for, mais rápido o Duda proclama sua independência.

domingo, 6 de setembro de 2009

ANTIFÊMEA

Não é novidade que Lars Von Trier gosta de fazer sofrer as mulheres de seus filmes. Björk, Emily Watson e Nicole Kidman não só comeram o pão que o diabo amassou na tela, como terminaram as filmagens rompidas com o diretor. Em "Anticristo", Trier consegue ir além: aqui a mulher nâo é mais a vítima da sociedade, e sim um de seus algozes. Desta forma ela pode ser punida das maneiras mais cruéis possíveis, pois fez por merecer. Charlotte Gainsbourg interpreta uma mãe que se corrói de culpa depois da morte acidental do filho pequeno; para se redimir ela arranca o próprio clitóris com uma tesoura, numa das cenas mais horripilantes de todos os tempos. Mas a verdade é que eu estava esperando mais sangue, mais tortura, mais sofrimento. Os personagens falam, falam, falam - até uma raposa fala, talvez escapada do infantil "Força G" - mas as tais sequências ultrajantes que chocaram o festival de Cannes se concentram no final. E a conclusão de "Anticristo" é que mulher é que nem barata: não adianta eliminar uma, que logo aparecem outras milhares.

PIZZA COM MACONHA

"Deus É Química" começa como uma leitura dramática de um episódio mucho loco de "Os Normais", com os atores sentadinhos lendo suas falas de um roteiro. Rui, aqui chamado de Adão, encomenda uma pizza com algo mais: um saquinho de maconha à parte, especialidade de uma pizzaria na Barra. Vani, aliás Eva, começa a questioná-lo: é o consumo de drogas que provoca combates como este que acontece neste momento fora de seu apartamento, entre a polícia e traficantes. Aí ela leva uma bala perdida, a pizza chega e a peça despiroca completamente, indo parar no Afeganistão. É o primeiro texto para teatro de Fernanda Torres, que tem se revelado ótima cronista nas páginas da "Veja Rio". Esperta, ela chamou Luís Fernando Guimarâes para sua peça e estreou na mesma época que "Os Normais 2". Resultado: plateia abarrotada e gargalhadas generalizadas. Mas ao final desse besteirol redivivo, sai-se do teatro com uma certa fome por algo mais substancioso que uma mera pizza. Ou maconha.

sábado, 5 de setembro de 2009

NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA

Eu já havia mandado tirar o casaco de vison do freezer. Já tinha marcado hora na Satiko. Estava todo empolgado com a chegada dos amigos de outras cidades e a perspectiva de duas noites fantásticas. O aniversário da The Week SP é uma das datas mais importantes do calendário biluzístico, e eu nunca perdi nenhum. Mas este ano, apesar de todos os preparativos, vou perder. Tive que vir ontem âs pressas para o Rio, no contrafluxo. Um problema na família do lado carioca vai me manter no balneário nesse feriadão. Nada que me impeça de conferir a TW Rio esta noite, hahaha. A gente faz planos, o destino desfaz, e a gente faz tudo de novo.

A MELHOR DEFESA

Os chamados estados "vermelhos" nos EUA são aqueles que votam maciçamente nos republicanos, têm grandes populações evangélicas e ensinam a castidade nas escolas como o único método anticoncepcional. Também são os estados com os maiores índices de gravidez na adolescência e divórcios, hahaha. Por isto, não foi surpresa para mim saber que Massachussets, onde o casamento gay existe há 5 anos, também é o estado com a mais baixa taxa de divórcio do país. A comentarista Rachel Maddow, lésbica assumida, brinca: o casamento gay é a MELHOR defesa para o casamento hétero, vejam só. Nâo há um estudo sério a respeito do fenômeno, mas eu concordo com as palavras do Luciano de SJC, que me sugeriu este post: "em qualquer sociedade livre de preconceitos e onde os direitos são respeitados, os cidadãos fazem escolhas mais conscientes e definitivas". Falou e disse.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

QUAL É O PENTE QUE TE PENTEIA?

Os negros americanos conquistaram muitas coisas, até mesmo a Presidência da República. Mas de uma coisa ainda não conseguiram se livrar: a obsessão pelos cabelos lisos. Essa imposição cultural atinge todas as mulheres, mas as negras sofrem ainda mais que as outras para atingir esse padrão artificial de beleza. E lá o que elas querem é cabelo lambido mesmo, sem o meio-termo do "relaxamento" adotado pelas brasileiras. O comediante Chris Rock se surpreendeu com a pergunta de uma de suas filhas pequenas - "papai, porque eu não tenho cabelo bom?" - e dirigiu todo um documentário a respeito do problema, com muito humor e provocação. "Good Hair" estreia em breve nos EUA, mas já vem causando espécie. Afinal, por mais poderosas que sejam Oprah Winfrey ou Michelle Obama, elas também se renderam ao henê.