segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O QUE NÃO TEM REMÉDIO NEM NUNCA TERÁ

Brasileiro adora se automedicar. Por isto, o governo proibiu a propaganda dos remédios antigripais: eles podem mascarar os sintomas da gripe suína, e não são eficientes contra ela. A medida me soou um pouco exagerada, mas o que mais me espantou foi a reação de alguns médicos entrevistados sobre o assunto. Eles disseram que a propaganda de remédios que não precisam de receita deveria simplesmente ser proibida, e ponto final. A alegação dos doutores é que são produtos que sempre oferecem algum risco (e por isto a Anvisa já obriga os comerciais da categoria a exibir uma tela azul com textos alertando sobre as contra-indicações). Aí já acho um pouco meio muito. Todo e qualquer produto apresenta algum risco. Já pensou se a propaganda de automóveis trouxesse um aviso tipo, “em caso de aciente, este veículo pode provocar a morte de motoristas, passageiros e pedestres”? Mas esta também é outra característica irremediável do brasileiro: é muito disseminada entre nós a noção de que a propaganda deve ser combatida. Tramitam no Congresso dezenas de projetos de lei que pretendem restringir, ou até mesmo eliminar, a publicidade de cerveja (a única bebida alcóolica que ainda pode anunciar), guloseimas e brinquedos. Engraçado que os mesmos políticos que propõem essas barreiras também adoram o marketing eleitoral… Neste sentido, nossa mentalidade ainda é pré-capitalista, pré-industrial e pré-democrática. Não existe país onde haja liberdade de imprensa e de expressão sem que a propaganda também seja razoavelmente livre.

13 comentários:

  1. Essa gripe suína ainda vai ser lembrada como a maior histeria coletiva da história.

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  2. Tony,
    não concordo como teu raciocínio. Você compara produtos diferentes. Carros são para adultos devidamente habilitados para dirigí-los e há todo um esforço de fiscalização para que assim ocorra.
    A propaganda, no meu ponto de vista, serve para seduzir o consumidor a comprar o produto que anuncia. Tudo perfeitamente tranquilo até ai.
    Ocorre que "seduzir" consumidores para comprar remédios me parece, sorry, nada legal.
    Aliás, como é a legislação no primeiro mundo a esse respeito?

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  3. Ixi! Mas tem um comercial de Doril no ar!
    E eles tao falando de gripe!
    Conar neles! rss
    beijos

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  4. Mike, a legislação varia muito de um país para o outro. Nos EUA, por exemplo, além de ser liberada como aqui a propaganda de medicamentos OTC (over the counter, sem necessidade de receita), também é facultada a de remédios Rx (com necessidade de receita), o que no Brasil é proibido.

    Já temos uma série de regras ditadas pela Anisa que, se por um lado moralizaram bastante o mercado, também impuseram algumas restrições bastante draconianas. Claro que o problema maior é cultural: o brasileiro precisa mesmo é parar de se automedicar...

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  5. Tomara que o Daniel aí em cima é que esteja certo.

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  6. A comparação de um carro a um remédio é tão rasa que é difícil acreditar que li isso em seu blog. De qualquer forma, até concordo que a propaganda dos medicamentos deveria continuar liberada. O que deveria ser combatida é a venda desses medicamentos sem receita.

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  7. É como o caso do bolsa família. Chega uma hora em que a coisa desandou tanto que uma medida forte tem que ser tomada. Mas a causa do porque as pessoas se automedicam tanto, ninguém quer tratar.

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  8. Como disse "Rody", a comparação de um carro com remédio é muito superficial. Todos os medicamentos tem contra-indicações e efeitos adversos, inclusive os mais simples como a Aspirina (AAS), a Aspirina é muito usado contra a gripe, dores de cabeça, mialgias, febre... Suas contra-indicações vão desde hemofílicos a pessoas com ulcera gástrica (o que hoje em dia é super comum, devido aos “costumes da vida moderna”), o ideal (na minha opinião) seria que os pacientes não se automedicassem, e um primeiro passo para isso, seria sim proibir as publicidades, ñ menos importante seriam campanhas de conscientização sobre os riscos da automedicação, mas nada disso seria efetivo, se não houver melhora no Sistema de Saúde brasileiro, afinal o contrario de automedicação seria medicação com indicação médica, e o sistema se saúde (púbico e privado), não esta preparado para um incremento tão importante de consultas, o que torna o problema uma “arma de doble filo” . Mas honestamente, conselho medico, nunca se automedique, nem com “anador”, bla bla bla!!! É perigoso!!
    Abraços

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  9. Oi Toni, explica pra que serve(iria) a propaganda de medicamentos na situação ideal (as pessoas não se medicando, só "consumindo" o que o médico prescreve), por favor? Obrigado antecipadamente!

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  10. A comparação com o carro está perfeita. Algumas pessoas é que não compreenderam a idéia da redução ao absurdo. Medicamentos também eram para ter toda uma fiscalização governamental em cima, mas como o governo não lucra nada com isso, a coisa é feita nas coxas e tem farmácia vendendo até TP sem controle. Aí se transfere o ônus que era pra ser das autoridades para a população e para a iniciativa privada. uma total inversão de valores.

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  11. No fundo, é uma coisa muito cultural e atávica do brasileiro isso dele se fazer de coitadinho e é lógico que governo, comércio, religiões e quem mais possa lucrar com isso já se antenou nesse nicho mal explorado...

    Tudo o que dá errado na vida do brasileiro médio, jamais é culpa dele: ou é de qualquer OUTRA pessoa ou, no mínimo, sempre tem "alguém" pra ele dividir a responsabilidade.

    TUDO ele tem que ser avisado centenas de vezes, meses a fio, desenhar prá ele, levar pela mão, prorrogar prazos até dizer chega... A culpa de toda merda é do Estado, do "sistema", inclusive do fato da pessoa vir com livre arbítrio sem air-bag.

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  12. Alto lá, Tony.
    Não acho superficial a tua comparação com o carro... afinal, acidentes de trânsito matam bem mais do que a medicação incoerente.
    é difícil discutir com um publicitário a propaganda, assim como é difícil discutir com o médico a saúde: cada um inevitavelmente vai querer vender seu peixe.
    Mas acredito que nesse ponto, falando como futuro médico, tu te equivocaste. Por ano 10 mil pessoas morrem só nos EUA por medicação enganosa (tal índice, lógico, não existe no Brasil) sem contar os suicídios. e aí vem a pergunta se aquele remedinho pra gripe pode matar alguém.. bom, pode. Mas não está aí a preocupação.
    Eu mesmo sou um descrente da contra-indicação: brinco que remédio só é contra-indicado pra hipocondríaco... mas pra mim o maior problema é o dano que TODO o medicamento faz no corpo da pessoa que o toma.
    uma cartelinha de Tylenol - o over the counter mais famoso do mundo - é extremamente hepatotóxico (causa danos no fígado) e já foi o responsável por muitas mortes e doenças hepáticas decorrentes do uso indiscriminado do remédio.
    esse dado é fato. e quem de nós já nao tomou mais que uma dose de tylenol pra curar uma dor de cabeça?
    não adianta ser hipócrita e culpar a sociedade. a auto-medicação é algo irremediável. TODO MUNDO se auto-medica e vai continuar assim.
    o que DEVE ser combatido é a medicação enganosa. Tu como estudioso do assunto deve saber que gripe, por exemplo, não é curada com Benegrip. O vírus não morre com dipirona (falando nisso, tenho um colega que é alérgico a dipirona, quase morreu ano passado quando tomou e não sabia). Então o paciente toma o benegrip achando que vai curar-se, danifica relativamente a sua saúde com o remédio, e não adianta nada... amanhã ele vai continuar doente.

    Por isso que acho que publicidade de remédio deve ser extremamente fiscalizada. Não por preconceito ou por 'guerra' contra a publicidade: simplesmente pela urgência que se tem de evitar o engano e a morte.

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  13. muito bom mas para o meu trabalho faltou um pedaço

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