segunda-feira, 31 de agosto de 2009
BLACK POWER
A banda americana Black Kids é uma espécie de B-52's da era Obama: sua formação não só mistura meninos e meninas, como também raças diferentes. Como sua antepassada, o som é perfeito para festinhas, do tipo "não consigo controlar meus pés". Lançaram o CD "Partie Traumatic" em 2008, mas só estouraram este ano com a faixa "I'm Not Gonna Teach Your Boyfriend How to Dance with You". É óóótema, mas minha favorita é "Hurricane Jane". Black is beautiful.
NO SOUP FOR YOU!
Se houvesse justiça no mundo e as sitcoms fossem reconhecidas como uma forma de arte, "Seinfeld" seria sua Capela Sistina: o apogeu do gênero. Onze anos depois da última temporada, a série continua a ser reprisada, e várias frases que lançou continuam circulando por aí ("yadda yadda yadda", "master of my domain" e a que dá o título a este post, por expemplo). Agora o elenco original vai se reunir no programa atual de seu criador, Larry David. A nova temporada de "Curb You Enthusiasm" (no Brasil "Segura a Onda", exibida pela HBO) vai ter a participação de Jerry Seinfeld, Julia Louis-Dreyfus, Michael Richards e Jason Alexander durante 5 episódios. A imprensa americana já está se coçando para o que chama de maior evento televisivo do ano. Eu também.
COUP DE THÉATRE
Quem gostou da exposição de Yves Saint-Laurent no CCBB do Rio e estiver por São Paulo nos próximos dias pode se preparar para um deslumbre ainda maior. A mostra "Christian Lacroix - Trajes de Cena" está em cartaz na FAAP, com vitrines e instalações repletas de figurinos que este recém-falido costureiro francês criou para óperas e balés. São peças elaboradíssimas, cheias de detalhes, e que demonstram não só uma pesquisa profunda de tecidos e materiais, como também um amplo conhecimento das necessidades cênicas. Aqui Lacroix não é prisioneiro do mercado, não precisa criar roupinhas para vender (o que, aliás, ele nunca soube). É um prazer ver um grande artista dar quase o máximo do que pode. E guarde seu fôlego para a última sala, com projeções de filmes nas cortinas e tutus voadores, que me fizeram lembrar das fadinhas da Bela Adormecida: Fauna, Flora e Primavera.
domingo, 30 de agosto de 2009
ACHAR GRAÇA É NORMAL
Claro que a crítica dita especializada iria torcer o nariz para "Os Normais 2". É um alvo fácil demais: a segunda investida no cinema de uma série de sucesso, extinta há quase 6 anos, e produzida pela maior empresa de mídia do país. Mas se você era fã do programa - e quase todo mundo que eu conheço, é - não dê a menor bola a esses intelectualóides que dizem que o filme é o último suspiro de uma fórmula esgotada. Não é. Para mim, foi como ver "Sex and the City" na telona ano passado: o reencontro com velhos amigos. Eu mudei, eles mudaram, mas logo a gente descobre um ritmo comum e corre pro abraço. "Os Normais 2" tem o mesmo humor anárquico e escatológico da TV, e tantos insights verdadeiros sobre a vida a dois que só poderia mesmo ter sido escrito por um casal na vida real. O tom vira quase dramático no final, quando Rui e Vani tem sua primeira briga séria ever, mas prepara um desenlace perfeito, que eu não vou dizer qual é. E abre caminho para a quarta temporada da série, prometida pela Globo para 2010.
sábado, 29 de agosto de 2009
AMOR DEMAIS
Hoje saiu minha segunda colaboração para a "Folha Ilustrada", uma crítica sobre a série "Big Love" (ou "Amor Imenso"), que passa na HBO. O programa vem sendo ofuscado pelos vampiros de "True Blood", do mesmo canal, mas também é excelente. Quem for assinante do UOL pode conferir a matéria aqui. Quem não for, corre para a banca mais próxima!
A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA
Comecei a ler "Julie & Julia" porque não aguento esperar pelo filme, que só estreia por aqui em outubro. Mas o livro só conta um lado da história, o de Julie Powell. É a versão romanceada de seu blog "The Julie/Julia Project", onde ela relatava suas aventuras ao executar a tarefa insana que se impôs: executar, ao longo de um ano, todas as 524 receitas do livro "Dominando a Arte da Cozinha Francesa", da chef e apresentadora de TV Julia Child. A outra metade do filme é focada no período que Child passou na França, fazendo escolas de culinária e se esbaldando; todos os críticos são unânimes em dizer que esta é a parte mais divertida, e não só por causa de Meryl Streep. Enfim, o livro de Powell tem muitos momentos engraçados e ela escreve realmente bem, mas também traz um caminhão de minúcias sobre sua família e amigos que não dizem respeito a ninguém. Mas para mim há um aspecto interessante: o cotidiano de Julie como blogueira. Suuper me identifiquei com o entusiasmo dela ao receber os primeiros comentários, ao ver sua audiência crescer, ao chamar a atenção de pessoas que ela nem conhecia. Neste ponto, o livro vai muito além das deliciosas receitas francesas transbordando manteiga e colesterol. Assim como Julie, eu também quero transcender a internet: meu sonho é igual ao dela, quero ver meu blog transformado numa major motion picture, hahaha.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
MURPHY AIRLINES
Meu voo de volta ao Brasil saiu antes do horário, iupiii. Mas a alegria se esvaiu quando estávamos para chegar: devido à forte neblina, Guarulhos e quase todos os aeroportos da região sul estavam fechados. E lá fomos nós para o Galeão. Aí começou a via crucis. Tudo o que podia dar errado, deu. Desembarcamos às 6 da manhã, e só nos chamaram de volta às 9. Mesmo assim, o vôo para SP só decolou depois das 11, pois tínhamos que esperar Cumbica reabrir. A caminho, voltas e voltas sobre Ilhabela - visual deslumbrante, mas um sinal claro de que a situação em GRU estava preta. E estava mesmo. Aterrissamos ao meio-dia e meia, e ainda ficamos um tempão a bordo esperando o ônibus para o terminal. As malas levaram quase uma hora para aparecer, e a fila para o táxi estava imensa. E claro que, sendo sexta-feira, a Marginal estava toda parada. Cheguei em casa às 3 e meia da tarde, exausto, imundo, neurastênico. Como é que o maior aeroporto da América do Sul, que se pretende uma grande hub regional, onde chegam vôos de Dubai, Istambul e Campina Grande, não tem equipamento para funcionar no nevoeiro? Êita paisinho difícil. Isto aqui está virando uma grande Venezuela.
A MULHER MONTADA NA ANTA
Afinal, o que é que me incomoda tanto na Venezuela? Tentei abstrair minha antipatia pelo Hugo Chávez, e mesmo assim o país continuou me parecendo chato. Acho que é uma certa indefinição de personalidade, pelo menos aos meus olhos viciados. Por exemplo, não existe um drink típico venezuelano. O Brasil tem a caipirinha, o México, a margarita, Chile e Peru disputam o pisco sour, e até a Argentina tem a horrível Fernet-Cola. Mas a Venezuela, berço de alguns dos melhores runs do mundo, não tem um cocktail característico. Para mim isto é grave. A comida também é meio genérica, podia ser de qualquer país da América Latina, e a música tradicional idem. Já a música pop é divina: forrei a mala de discos novos, de house, lounge e outras eletronices com sabor criollo. Ah, e o povo é simpaticíssimo, parecido com o brasileiro tanto no "jetinho" como no tipo físico - por lá também se vêem todas as raças batidas no liquidificador, es chévere. Mesmo assim, é sempre um alívio tomar o rumo do aeroporto. No caminho, costumo passar por uma estátua da María Lionza, uma divindade popular, como a Escrava Anastácia é para os cariocas. Olha, qualquer país onde Deus é uma mulher nua montada numa anta não é de todo ruim.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
¡QUÉ PAPELÓN!
No Brasil, eu jamais seria flagrado tomando caldo de cana. Nem morto. Mas aqui na Venezuela, longe dos paparazzi que me perseguem, posso me encharcar de papelón con limón, que é nada menos que rapadura (chamada aqui de "panela") dissolvida em água fervente. Depois de bem gelada adiciona-se limão, e pronto: não consigo parar de beber. Ah, e o melhor de tudo é que é diet! (NOT)
UNIVERSO AO SEU REDOR
São dois os assuntos do dia aqui na Venezuela: as bases americanas na Colômbia e a miss Universo. Este último, aliás, está mais para assunto do ano. Venezuelano gosta de concurso de "reina de la belleza" como brasileiro gosta de futebol. O bicampeonato "inédito" está sendo saudado como uma conquista histórica, e a imprensa não para de entrevistar o entorno da vencedora, Stefanía Rodriguez: o noivo, os avós, o gato, o encanador... Espera-se para breve uma declaração bombástica da nova miss, como a que sua antecessora Dayara Mendoza fez ano passado, ao se encantar com a prisão de Guantánamo.
ME VI TE VENDO
Zapear os canais da TV venezuelana é uma experiência curiosa. Parecem emissoras de países diferentes, retratando distintas realidades. A Venevisión, da riquíssima família Cisneros, aderiu ao chavismo para sobreviver, e agora exibe alegremente comerciais do governo exaltando "el rumbo al socialismo". As três TVs estatais são pura e simples propaganda, numa escala inédita até nos canais controlados pelos coronéis nordestinos. A mais nova delas é a TVes ("te vés""), que entrou no lugar da cassada RCTV. A direção de arte das vinhetas é linda, colorida e moderninha, mas o grosso da programação são documentários chatíssimos, geralmente sobre a luta pela libertação dos povos da América Latina. Mas ainda há resistência: o canal de notícias Globovisión continua no ar, metendo o pau no governo, e a própria RCTV subsiste em sinal a cabo, restrito à área de Caracas. No mais, uma enxurrada de novelas exageradas e programas baratos de auditório, com muita alegria! risadas! animação! Mas nada foi mais engraçado que uma chamada de "A Favorita", que estreia semana que vem pela Televén. Eles simplesmente entregaram que a malvada é a Flora, antes da novela começar...
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
A AMAZÔNIA DA JANELINHA
E já estou em Caracas, feliz como um pinto no lixo (NOT). A viagem para cá foi boa, apesar da tal da nova classe Comfort da Varig/Gol ser uma tremenda empulhação. A poltrona é quase igual à da econômica, e reclina muito pouco. Não existe o prometido "entretenimento de bordo": nada de música, nada de vídeo, só aquela revista feiosa da Gol. E a comida? Lasanha numa caixa de papelão. Tá bom, vai, pelo menos não é Maxi-Goiabinha. Mas qualquer classe econômica da Lan Chile, por exemplo, dá de dez, e sai mais barata. Pelo menos o tempo estava bom, e deu para ver um desfile impressionante de rios do norte do Brasil. Curioso é que bem nessa hora eu estava ouvindo no iPod o último disco da banda colombiana Aterciopelados, "Río". Os monstros aquáticos que eu via da minha janela lembravam mesmo a cobra da capa do CD, grossos galhos marrons literalmente serpenteando pela mata verde. Só tenho um adjetivo para descrevê-los: amazônicos.
LIGHT UP THE SKY LIKE A FLAME
Daqui a pouco embarco para Caracas, a agradabilíssima capital da Venezuela (NOT). Vou viajar o dia todo, então post novo só de noite. Mas deixo dois presentinhos: aqui tem o remix de Paul Oakenfold para a nova versão de “Fame”, cantada por Naturi Naughton, e aqui tem o do Chris Cox. A trilha saiu ontem nos EUA, mas o filme só daqui a um mês. Ah, achou que a qualidade do mp4 não está lá essas coisas? Então compra o CD, caraleo.
DEBORAH, A SECA
O diretor Marcus Baldini testou dezenas de atrizes para o papel de Bruna Surfistinha, até se decidir pela pouco conhecida Karen Junqueira. A menos de um mês do início das filmagens de “O Doce Veneno do Escorpião”, anuncia-se a contratação da manjadíssima Deborah Secco. Não entendi. Ou melhor, pode ser que tenha entendido: os produtores devem ter exigido um nome famoso. E a coitada da Karen teve que abdicar de um filme que lhe daria projeção nacional, alegando que estaria ocupadíssima… numa novela da Record, hahaha. O showbiz é cruel, isto acontece o tempo todo. E eu até gosto da Deborah como atriz, mas ela não tem o physique du role, né? A não ser que se entupa de lasanha e cheesebacon nas próximas semanas. Que inveja – como eu queria a desculpa de um papel importante para poder engordar à vontade.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
BAÚ DO RAUL
A MAIOR GOZAÇÃO
Tem muito artista que não gosta de ser satirizado, mas a verdade é que ser alvo de uma sátira é sintoma de sucesso. Sátira pornô, então, é a glória. New Sensations é uma produtora americana especializada em versões XXX de sitcoms famosas. Já saíram “releituras” de “The Office”, “Seinfeld” e “Scrubs”. Esta semana estão lançando “30 Rock” – pode clicar no trailer acima, é safe for work – e prometem “Friends” para breve. Aqui no Brasil este gênero de homenagem também é bastante comum (já viram “Carinho das Índias”?), mas nos EUA os valores de produção são visivelmente melhores e os atores não parecem estar morrendo de fome. E qual é a série que eu mais gostaria de ver neste estilo? “Os Simpsons”, já pensou?
RESSACA MONSTRO
“Se Beber, Não Case” é quase uma versão masculina e hétero de “Sex and the City”. Vejamos: são quatro rapazes à solta numa cidade repleta de tentações, em busca de sexo e algo mais. Como as moças da TV, cada um deles também encarna um esterótipo. Só que aqui são todos negativos: temos o babaca hedonista, o babaca romântico, o babaca retardado e o babaca controlado pela noiva dominadora. E, no lugar de cosmopolitans, eles consomem uma droga fictícia que apaga a memória de todas as loucuras cometidas durante a noite – o que na vida real seria de grande valia, mas no filme é o problema central. “The Hangover” (literalmente, “A Ressaca”) foi a comédia de maior sucesso no verão americano, mesmo sem grandes estrelas no elenco. Tem várias piadas boas, mas minha sensibilidade refinada (leia-se boiola) me impediu de ter frouxos de riso. Pelo menos o final não é a costumeira lição de moral: ninguém se arrepende, ninguém pede perdão, e um dos personagens não volta à vidinha besta de antes. Melhor assim.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
BICHINHOS AZUIS
Depois do mega-sucesso de "Titanic", o diretor James Cameron ganhou o direito de fazer o que quisesse. E durante muito tempo ele não fez nada. Mas agora, 12 anos depois de seu último filme, ele volta com um projeto ultra-ambicioso: o ficção-científica "Avatar". O primeiro trailer surgiu semana passada, e não revela detalhes da história. Tem uns bichos esquisitos, mas também passa uma sensação de déjà vu - já não vimos estas criaturas em dezenas de outros filmes? Mas "Avatar" promete ser uma mistura única de efeitos de computação com ação real, e só será bem apreciado nas salas 3D. Mesmo assim, não estou sobressaltado para ver: ando cada vez menos nerd.
COCKTAIL INVISÍVEL
Depois de amanhã vou para Caracas, num esquema bate-e-volta: acompanho a filmagem de um comercial na quinta, e sexta de manhã já estou em SP novamente. Como já disse outras vezes, não sou muito fã da Venezuela, e não é só por causa do Chávez. Mas adoro a música pop de lá, principalmente a banda Los Amigos Invisibles. Para entrar no clima caraquenho, tenho ouvido direto o novo CD dos caras, o incrível "Comercial". Parece um programa de rádio, com propagandas falsas e dicas para os ouvintes. E as músicas são sempre animadas: baixe aqui "Viveré para Tí", com a participação da cantora mexicana Natalia Lafourcade. Tem sabor de cocktail à beira da piscina - nada mau para esta segunda-feira chuvosa.
AT FIRST I WAS AFRAID, I WAS PETRIFIED
Meu, como eu estava nervoso. Dormi mal, pulei da cama cedo, fui escolher mais músicas. Tocar no Sonique virou uma enorme responsabilidade: parecia que todo meu futuro, meus sonhos, minha vida dependiam do meu set. Cheguei no bar às 4 e meia da tarde. Ainda não estava aberto. Luzes acesas, funcionários fazendo a limpeza, total falta de glamour. Às 5 chegou o DJ Fred, que foi um amor e me deu um curso-relâmpago sobre o excelente equipamento da casa. Logo depois chegou... mais ninguém. Sabe aquele momento horrível em que você acha que todos os seus amigos lhe odeiam e que não vem ninguém para a festa? Mas aí eles começaram a chegar, a conta-gotas. Às 6 e meia já havia quórum suficiente, e o Duda me avisou: está na sua hora. Oscar e eu subimos na cabine. Abri os trabalhos como eu havia planejado, com "Get the Party Started" na versão dramática de Shirley Bassey. Dali para a frente foi uma salada: teve "Tão Sexy", um inacreditável cover em português de "I'm Too Sexy" gravada pelo Latino; minhas obsessões recorrentes, como Dalida, Scissor Sisters e Kylie Minogue; e muita, muita Madonna, em versões originais, remixadas ou simplesmente heréticas, como "Music" com arranjo turco cantada por Sertab Erener. Mesmo percebendo que estava fazendo sucesso, em nenhum momento relaxei. Estava apavorado de errar algum botão - quando toquei no Ultralounge em 2004, fiz uma cagada qualquer e deixei a pista em silêncio por dez segundos, o suficiente para uma vaia. Enquanto eu suava para me concentrar, Oscar dançava todo solto, e acenava para o povo feito destaque de escola de samba. Toquei até as 8 da noite. De vez em quando jogava umas vinhetas para mudar o clima, tipo "I Will Survive" com as Puppini Sisters, ou "Você é Doida Demais" com Reginaldo Rossi. Encerrei o set com "Xanadu", claro, a canção-tema deste blog. Passei os comandos para o DJ Bispo e fui me misturar com a galera; a esta altura o Sonique já estava lotado. Mesmo assim, ainda levei um bom tempo e alguns drinks para distensionar. Mas estava explodindo de orgulho: não errei nenhuma passagem, e os beijos e abraços dos amigos me lubirficaram o ego. A festa ainda bombou até a meia-noite. Na segunda edição, o Café com Vodka já virou uma confraternização de bunitas e modeletes. É o melhor programa de domingo em SP.
(tem fotos da festeeenha lá na Lindinalva, que conseguiu passar o rodo, servir Salton sem gás e ainda fazer a cobertura fotográfica do evento)
(tem fotos da festeeenha lá na Lindinalva, que conseguiu passar o rodo, servir Salton sem gás e ainda fazer a cobertura fotográfica do evento)
domingo, 23 de agosto de 2009
COMO UMA ONDA NO MAR
Não vi nenhum dos filmes antigos baseados no famoso caso que inspirou o alemão "A Onda". Mas participei de um exercício adaptado dele quando fazia aula de teatro há uns 200 anos, no Macunaíma. O professor mandava os alunos fazerem coisas sem sentido e a reprimir quem questionasse qualquer coisa. É arrepiante perceber como o ser humano é manipulável, e como há uma porção importante de nós que quer fazer parte de um grupo, custe o que custar. Este tema é riquíssimo, e talvez por isto eu tenha me decepcionado um pouco com "A Onda": achei a execução OK, mas aquém do que poderia render. Mas é óbvio que passar duas horas na companhia de lindos adolescentes alemães é sempre um bom programa, mesmo que eles estejam recitando "Mein Kampf".
sábado, 22 de agosto de 2009
VOCÊ É DOIDA DEMAIS
Como aquecimento para "Os Normais 2", comprei uma caixa com 47 episódios e tenho feito maratonas. Claro que o nível oscila, mas ainda é a coisa mais engraçada da TV brasileira nesta década. Não tem "Pânico", "CQC", "A Grande Família" ou qualquer outra coisa que lhe chegue perto. Rui e Vani são os únicos personagens televisivos que falam como pessoas de verdade, e que tem problemas e bobeiras que todo mundo tem. "Os Normais" é uma combinação feita no céu, do texto afiadíssimo de Alexandre Machado e Fernanda Young com a química perfeita entre Fernanda Torres e Luís Fernando Guimarães. Pena que tenha durado tão pouco: foram só três temporadas, basicamente porque autores e atores enjoaram do programa. Mas o público exigiu, e aí estão eles de volta. Pâta que pareu.
MARINANDO
Minha enteada, a filha do Oscar, é bióloga com pós-graduação em desenvolvimento sustentável. E claro que sua "ídala" é a senadora Marina Silva. Conversamos um pouco, durante sua visita a SP, sobre a possível candidatura de Marina à presidência. É o fato mais intrigante do cenário brasileiro atual, pois desarranja todo o jogo político. Quem ganha, quem perde? Será que ela tem chance de chegar lá? Nutro a maior simpatia pela ex-ministra, menos num ponto: ela é evangélica, e acha que o criacionismo deveria ser ensinado nas escolas. Tenho medo que, se eleita, ela faça isto acontecer. Mas, de resto, acho suas propostas interessantes e bem fundamentadas. E, para quem acha que eu sou tucano roxo: não, não decidi meu voto para 2010. Posso até votar nela. Sim, estou marinando a cabeça.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
BARRIGAS DO MUNDO INTEIRO, UNI-VOS
Dez anos atrás, ser careca era uma vergonha suprema para qualquer homem. Valia tudo para esconder uma cabeça pelada: chapéus, bonés, penteados ridículos como o "combover", toda sorte de remédios, e até mesmo sprays que "pintam" a aparência de cabelo. Mas aí uma coisa bacana aconteceu. Os carecas começaram a se assumir, a exibir orgulhosamente suas calvas, a raspar com firmeza a penugem que ainda lhes restava. Hoje em dia é comum ver caras com menos de 30 anos sem o menor problema com sua calvície precoce. A careca é considerada viril, charmosa, e sumiram de ciurculação apelidos como "aeroporto de mosquito". E qual será a próxima parte do corpo masculino a ser liberada? Este artigo do "New York Times" arrisca: a barriga. Talvez por culpa do Obama, o presidente mais sarado de todos os tempos, que puxa ferro todo dia e exibe uma forma invejável para seus 48 anos. Sim, culpa do Obama: por ser historicamente do contra, os jovens querem ser diferentes do presidente, então uma barriguinha é um sinal de rebeldia. Além do mais, o famoso tanquinho virou coisa de... acertou, de viado. Hétero que é hétero não está nem aí, e as mulheres também não (isto é verdade: a imensa maioria dos caras definidos não está muito interessada em seduzir o sexo oposto). De minha parte, só posso torcer para que esta moda pegue, e rápido. Nem quando criança tive um abdômen lisinho, e não vai ser agora que eu vou conseguir. Abaixo a ditadura dos tanques!
(mais uma dica do Luciano de SJC, que não empurra nada com a barriga)
(mais uma dica do Luciano de SJC, que não empurra nada com a barriga)
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
SE JOGA, RACHA
Há mais de um ano, fiz um post sobre a “invasão” das mulheres HT nas boates gays. Hoje recebi do Celso Dossi um e-mail com o texto abaixo, que detalha as razões da mulherada preferir as maricotecas (adoooro esse termo, aprendi no Chile). Foi escrito por Tati Bernardi e saiu no blog Para uma Menina com Uma Flor, de Débora Souza – ou seja, é mesmo do ponto de vista delas. Acrescentei uns comentários do meu ponto de vista, em itálico. Vamo que vamo:
24 Motivos para Ir a uma Balada Gay
1) Em primeiríssimo lugar: são as melhores pra dançar. Tanto pela música quanto pela animação da pista.
2) Você nunca vai precisar pagar o mico de inaugurar a pista. Festas gays já estão sempre bombando ainda que você chegue cedo. Eles começaram a festejar há mil anos e nunca mais pararam e nem vão.
3) Festas gays também nunca acabam, apesar de acabarem sempre em algum lugar ainda mais maluco.
4) Só os gays entendem que dançar como uma devassa louca é super divertido e não quer dizer que você está a fim de sexo (muito menos de ser tratada como uma devassa louca). VOCÊ pode não estar.
5) Por mais ridículo, insano ou indecente que seja qualquer ato que você cometer , terá sempre alguém fazendo algo pior. Ah, tem mesmo. Beeem pior.
6) Se você estiver linda vai causar inveja ao invés de desejo. No fundo, é o que toda mulher prefere.
7) Você não precisa ficar na dúvida se o cara é gay. Ele é.
8) Se um cara falar que é macho, acredite. Precisa ser macho para ir a uma balada gay.
9) Homem idiota briga pra mostrar que é homem (e idiota). Como ali ninguém quer mostrar nada e só se divertir, dificilmente sai porrada (no máximo uns tapinhas na cara, interrompidos quando toca Madonna ou Justin). É verdade: rolam pouquíssimas brigas nas boates gays. Seguranças que trabalharam em lugares hétero se espantam com a “tranquilidade” das bibas. É que HT geralmente sai na porrada se alguém mexe com a mulher dele. Se alguém mexe com o namorado do gay, o mais provável é que role uma transa a três.
10) Caminhar um metro sem ter cabelos puxados, ombros cutucados e cintura beliscada é o sonho de qualquer mulher bacana (se você fica contente quando mexem com você na obra você não é bacana e, pior, precisa urgente de um nutricionista).
11) As “acéfalas-nasaladas-alisadas-caçadoras-de-namoradinhos-ricos-que-fazem-o-símbolo-de-paz-e-amor-de-ladinho-para-fotos-de-blogs-de-balada-playba” só vão nesses lugares quando estão super deprimidas e costumam vomitar em suas botas de camurça e franginha (e sola vermelha) inviabilizando as mesmas (e você, uma mulher bacana, injustamente mal tratada no colégio por não ser exatamente linda, pode se vingar delas).
12) Às vezes, por alguma razão obscura da psique feminina, a sensação de dançar “encoxada” por doze amigos sarados, bem vestidos, cheirosos e felizes, melhora muito a auto-estima, ainda que na cama você termine sempre cercada unicamente por farelos do pacote de Amanditas. “Bem vestidos” e “cheirosos”? Depois das três manhã, estão quase todos sem camisa e ensopados…
13) Estar num ambiente cheio de homens lindos que não te desejam e A CULPA NÃO SER SUA é libertador.
14) Ao invés de sair da balada certa (mais uma vez) de que o pai dos seus filhos definitivamente não está numa balada, você já chega na balada com essa certeza. Poupa um tempo precioso.
15) É badala pra exorcizar ao invés de ficar pagando de gata. E pagar de gata (empina bunda, chupa a barriga, arrebita os peitos, equilibra no salto, faz cara de mistério...) dá gases.
16) Quando você não quer agradar os homens, acaba agradando. Os poucos e valentes (e descolados!) machos da casa certamente vão reparar positivamente em você. Tenho amigas hétero que vão a boate gay para pegar caras héteros. Dizem que os poucos que estão lá são ótimos, e quase não há concorrência para elas.
17) Toca Friendly Fires, Beck, Amy Winehouse, Basement Jaxx, Daft Punk, Hot Chip, Justice, LCD SoundSystem e o melhor do rock indie do momento numa versão “remix feliz, não se mate ainda”. Toca? Só nas boates menores, metidas a alternativa. Nas grandes, é só “Can you feel the sound the sound of my heaaaart? CAAAN YOU FEEEEL IT?”
18) Seu ex namorado não vai estar lá, o que significa que você não vai voltar pra casa querendo morrer (ou com ele, o que é pior). E se ele estiver lá, baby, tá tudo explicado.
19) Se todo mundo dançar “moooito” e começar a suar, bicha não fede. No máximo “cheira” almiscarado. Não, gata, cheira outras coisas também. Muitas outras coisas.
20) As popozudinhas de calças apertadas estão seguras: ninguém vai passar a mão na bunda delas (ou vão, mas é pra descobrir se a etiqueta da Diesel é falsa, ou seja, é pro bem).
21) Não tem essa coisa machista tosca de “mulher até meia noite paga menos”. Você está lá como um deles, ou vice-versa (fiquei confusa agora). Na verdade, em alguns lugares as mulheres pagam MAIS. Dizem que é justamente para não encorajar as rachas.
22) Gastar uma fortuna em roupas, sapatos, brincos, maquiagem e cabeleireiro finalmente poderá ser valorizado (já a calcinha você pode botar aquela de algodão com o elástico esgarçado mesmo, bem mais confortável pra se acabar de dançar).
23) Se um cara pedir seu telefone, ele com certeza vai ligar no dia seguinte. Gay adora manter contato (ainda mais se o seu primo tiver ido junto com você). Isto se ele lembrar de alguma coisa no dia seguinte.
24) Se você encalhar na balada, tudo bem: todas as mulheres à sua volta encalharam também! Nem todas…
24 Motivos para Ir a uma Balada Gay
1) Em primeiríssimo lugar: são as melhores pra dançar. Tanto pela música quanto pela animação da pista.
2) Você nunca vai precisar pagar o mico de inaugurar a pista. Festas gays já estão sempre bombando ainda que você chegue cedo. Eles começaram a festejar há mil anos e nunca mais pararam e nem vão.
3) Festas gays também nunca acabam, apesar de acabarem sempre em algum lugar ainda mais maluco.
4) Só os gays entendem que dançar como uma devassa louca é super divertido e não quer dizer que você está a fim de sexo (muito menos de ser tratada como uma devassa louca). VOCÊ pode não estar.
5) Por mais ridículo, insano ou indecente que seja qualquer ato que você cometer , terá sempre alguém fazendo algo pior. Ah, tem mesmo. Beeem pior.
6) Se você estiver linda vai causar inveja ao invés de desejo. No fundo, é o que toda mulher prefere.
7) Você não precisa ficar na dúvida se o cara é gay. Ele é.
8) Se um cara falar que é macho, acredite. Precisa ser macho para ir a uma balada gay.
9) Homem idiota briga pra mostrar que é homem (e idiota). Como ali ninguém quer mostrar nada e só se divertir, dificilmente sai porrada (no máximo uns tapinhas na cara, interrompidos quando toca Madonna ou Justin). É verdade: rolam pouquíssimas brigas nas boates gays. Seguranças que trabalharam em lugares hétero se espantam com a “tranquilidade” das bibas. É que HT geralmente sai na porrada se alguém mexe com a mulher dele. Se alguém mexe com o namorado do gay, o mais provável é que role uma transa a três.
10) Caminhar um metro sem ter cabelos puxados, ombros cutucados e cintura beliscada é o sonho de qualquer mulher bacana (se você fica contente quando mexem com você na obra você não é bacana e, pior, precisa urgente de um nutricionista).
11) As “acéfalas-nasaladas-alisadas-caçadoras-de-namoradinhos-ricos-que-fazem-o-símbolo-de-paz-e-amor-de-ladinho-para-fotos-de-blogs-de-balada-playba” só vão nesses lugares quando estão super deprimidas e costumam vomitar em suas botas de camurça e franginha (e sola vermelha) inviabilizando as mesmas (e você, uma mulher bacana, injustamente mal tratada no colégio por não ser exatamente linda, pode se vingar delas).
12) Às vezes, por alguma razão obscura da psique feminina, a sensação de dançar “encoxada” por doze amigos sarados, bem vestidos, cheirosos e felizes, melhora muito a auto-estima, ainda que na cama você termine sempre cercada unicamente por farelos do pacote de Amanditas. “Bem vestidos” e “cheirosos”? Depois das três manhã, estão quase todos sem camisa e ensopados…
13) Estar num ambiente cheio de homens lindos que não te desejam e A CULPA NÃO SER SUA é libertador.
14) Ao invés de sair da balada certa (mais uma vez) de que o pai dos seus filhos definitivamente não está numa balada, você já chega na balada com essa certeza. Poupa um tempo precioso.
15) É badala pra exorcizar ao invés de ficar pagando de gata. E pagar de gata (empina bunda, chupa a barriga, arrebita os peitos, equilibra no salto, faz cara de mistério...) dá gases.
16) Quando você não quer agradar os homens, acaba agradando. Os poucos e valentes (e descolados!) machos da casa certamente vão reparar positivamente em você. Tenho amigas hétero que vão a boate gay para pegar caras héteros. Dizem que os poucos que estão lá são ótimos, e quase não há concorrência para elas.
17) Toca Friendly Fires, Beck, Amy Winehouse, Basement Jaxx, Daft Punk, Hot Chip, Justice, LCD SoundSystem e o melhor do rock indie do momento numa versão “remix feliz, não se mate ainda”. Toca? Só nas boates menores, metidas a alternativa. Nas grandes, é só “Can you feel the sound the sound of my heaaaart? CAAAN YOU FEEEEL IT?”
18) Seu ex namorado não vai estar lá, o que significa que você não vai voltar pra casa querendo morrer (ou com ele, o que é pior). E se ele estiver lá, baby, tá tudo explicado.
19) Se todo mundo dançar “moooito” e começar a suar, bicha não fede. No máximo “cheira” almiscarado. Não, gata, cheira outras coisas também. Muitas outras coisas.
20) As popozudinhas de calças apertadas estão seguras: ninguém vai passar a mão na bunda delas (ou vão, mas é pra descobrir se a etiqueta da Diesel é falsa, ou seja, é pro bem).
21) Não tem essa coisa machista tosca de “mulher até meia noite paga menos”. Você está lá como um deles, ou vice-versa (fiquei confusa agora). Na verdade, em alguns lugares as mulheres pagam MAIS. Dizem que é justamente para não encorajar as rachas.
22) Gastar uma fortuna em roupas, sapatos, brincos, maquiagem e cabeleireiro finalmente poderá ser valorizado (já a calcinha você pode botar aquela de algodão com o elástico esgarçado mesmo, bem mais confortável pra se acabar de dançar).
23) Se um cara pedir seu telefone, ele com certeza vai ligar no dia seguinte. Gay adora manter contato (ainda mais se o seu primo tiver ido junto com você). Isto se ele lembrar de alguma coisa no dia seguinte.
24) Se você encalhar na balada, tudo bem: todas as mulheres à sua volta encalharam também! Nem todas…
INDO PRO BURACO
Hugo Chávez quer desapropriar todos os campos de golfe da Venezuela e proibir o esporte por lá. O coronelíssimo alega que é um passatempo de ricos, e que os terrenos que ocupa seriam melhor aproveitados para casas populares. Demagogia à parte, ele tem uma certa razão. O golfe talvez seja o esporte que mais altere o meio ambiente, apesar da aparência "verde", ecológica. De fato é um absurdo construir campos de golfe em lugares como os Emirados Árabes, que quase não têm água. Mas a verdade é que, com Tiger Woods e tudo, o golfe está em franca decadência. O número de sócios dos clubes especializados vem caindo no mundo inteiro, e não é só porque a brincadeira é caríssima. Houve uma mudança de mentalidade: o golfe ainda é um esporte predominantemente masculino, mas isto vem mudando. Hoje em dia espera-se que um homem dedique seu tempo livre à família, e não mais dando tacadas numa bolinha. Do jeito que a coisa vai, num futuro não muito distante os tacos estarão nas mãos da única faixa de público onde sua popularidade é crescente: as lésbicas.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
BRITNEY PARA PRESIDENTE
Ontem, no programa do David Letterman exibido nos EUA (aqui só semana que vem), Britney Spears respondeu àquela pergunta que vem tirando o sono da humanidade: o que mudaria se ela fosse presidente? Para quem andou matando as aulas de inglês:
- Eu seria a primeira presidente a usar sombra nos olhos desde Nixon
- Só invadiríamos lugares divertidos, como Cabo (de San Lucas, balneário no México)
- Torta grátis para todo mundo!
- Meu escritório seria um chalé no casino The Palms em Las Vegas
- Eu atrairia Osama para fora do esconderijo com o irresistível aroma de meu novo perfume "Circus Fantasy"
- Toda entrevista coletiva minha teria trocas de roupa
- Os EUA teriam uma política fiscal mais coerente (sensacional!)
- Poríamos uma boate na Lua até o final da década
- Três palavras: vice-presidente Diddy (o rapper P. Diddy, ex-Puff Daddy)
- Finalmente a mídia prestaria atenção em mim.
Já ganhou!
- Eu seria a primeira presidente a usar sombra nos olhos desde Nixon
- Só invadiríamos lugares divertidos, como Cabo (de San Lucas, balneário no México)
- Torta grátis para todo mundo!
- Meu escritório seria um chalé no casino The Palms em Las Vegas
- Eu atrairia Osama para fora do esconderijo com o irresistível aroma de meu novo perfume "Circus Fantasy"
- Toda entrevista coletiva minha teria trocas de roupa
- Os EUA teriam uma política fiscal mais coerente (sensacional!)
- Poríamos uma boate na Lua até o final da década
- Três palavras: vice-presidente Diddy (o rapper P. Diddy, ex-Puff Daddy)
- Finalmente a mídia prestaria atenção em mim.
Já ganhou!
MORRER OUTRA VEZ
Fico triste com mais uma morte da "Dom", a segunda em menos de um ano. A revista tinha tudo para dar certo, mas não deu sorte. Augusto Lins Soares desenvolveu o projeto durante anos, só para chegar em segundo no mercado - poucos meses depois da "Junior". E no Brasil simplesmente não há anunciantes suficientes para manter duas revistas sofisticadas para o público gay (e muito menos três - parece que a "Aimé" também já foi pro saco). É uma pena, porque a concorrência fazia com que todos os títulos se esforçassem para se superar e conquistar os leitores. A "Dom" tinha ótimos textos e lindas fotos, mas, mesmo com globais na capa, não conseguiu se firmar. Torço para que a equipe se recoloque rapidamente. Torço até para, quem sabe, uma terceira encarnação. Milagres acontecem todos os dias.
JÁ NAS BANCAS
Saiu hoje na "Folha de São Paulo" um texto meu sobre o filme "Brüno". Mais precisamente, na página E5 da "Ilustrada". É uma colaboração, tomara que a primeira de muitas. Então vai já comprar o jornal: seria ótimo se a circulação aumentasse só por minha causa, hahaha. Ou então leia aqui, e depois me conte o que você achou.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
A GUITARRA QUEBRADA
A maioria das empresas ainda não percebeu que a internet mudou as regras do jogo. Veja o caso do músico Dave Carroll. No começo do ano passado ele estava indo de Halifax, no Canadá, para o estado americano de Nebraska, com conexão em Chicago. Foi neste aeroporto que ele viu um funcionário da United Airlines, a companhia pela qual viajava, atirar sem a menor cerimônia sua preciosa guitarra no compartimento de bagagens do avião. Não deu outra: ao chegar no destino final, a preciosa guitarra estava quebrada. Durante mais de um ano, Dave tentou fazer com que a companhia arcasse com o preju, sempre em vão. No final, fez uma terrível ameaça: "vou gravar um vídeo e postar no YouTube". A United nem tchuns. Tolinhos... Dave cumpriu o que prometeu, e lançou um clip com uma música de sua própria "larva" sobre o affair todo. É tosco e meio chatinho, mas fez sucesso imediato. E, dois dias depois de postado - DOIS DIAS - a United entrou em contato, topando pagar o que ele quisesse. Tarde demais. Dave mudou de ideia, e sugeriu que o dinheiro fosse doado para alguma caridade. No momento, o que ele está mesmo querendo é alavancar sua carreira artística - o vídeo já teve quase 5 milhões de visualizações - e anuncia mais dois para breve, ainda sobre o mesmo assunto. Hmm, já deu, não?
(quebra tudo, Laura Florence!)
(quebra tudo, Laura Florence!)
FOGUEIRA SANTA
Nunca, jamais, em hipótese alguma, me passou pela cabeça que a Igreja Universal do Reino de Deus tivesse usado o dízimo pago pelos fiéis para comprar a Rede Record. Ou mesmo coisinhas mais miudinhas, como os imóveis de luxo do bispo Macedo em Miami e Campos do Jordão. Achei que, sei lá, esses bens tivessem sido presenteados pelo Senhor, graças aos pedidos feitos pela cúpula da Igreja à Fogueira Santa de Israel na Fonte de Gideão. Custa tão pouquinho, gente! O valor mínimo da doação é de apenas 20 reais (não há valor máximo). Funciona meio como o Baú da Felicidade: quanto mais você doar, maiores são suas chances de ganhar. E você ainda pode escolher para qual obra caridosa seu sacrifício será encaminhado. Tudo assim, transparente e abençoado, como diria a irmã Cleycianne. O resto é, como diria o Sarney, uma conspiração nazista da mídia.
ENVELHECIMENTO PRECOCE
Desde a fundação do PT, os jovens sempre foram um dos pilares de sustentação do partido. Este apoio pode estar se corroendo agora: a garotada não deve estar achando a menor graça em ser presa ao protestar no Senado. Lula finalmente percebeu que não pode continuar defendendo Sarney impunemente, sem alienar a parte mais educada e informada de seu eleitorado. O presidente também precisa lembrar que, para muitos universitários que estão aí hoje, ele não é o metalúrgico que veio de baixo e superou obstáculos impressionantes para chegar ao poder: é um cara tão parte do establishment tradicional quanto qualquer coronel nordestino. Aposto que a juventude vai desembarcar em massa do PT, votando no PSOL e no PV nas próximas eleições. E Lula vai ficar cada vez mais refém do Bolsa-Família, o que não é nada bom – ele pode se sentir tentado a jogar pobres contra ricos, como Chávez faz na Venezuela, para garantir Dilma como sua sucessora. Que coisa mais velha.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
A FAMÍLIA QUE SE JOGA UNIDA
Tem coisa mais moderna que pai e filha indo juntos pra The Week? Foi o que aconteceu sábado passado. A linda filha de meu marido Oscar veio nos visitar em SP, junto com o marido. Eles moram em Tefé, no interior do Amazonas, onde ela trabalha como bióloga na reserva do Mamirauá. Por isto, estavam bastante carentes de balada: o máximo de jogação que acontece por lá é show da banda Calypso na praça principal. Achei que quando fossem 3 da manhã o casal ia ficar com soninho, mas qual o quê. Saímos da TW às 7 e meia, com o sol brilhando forte. Mas tudo tem seu preço - no domingo estavam todos tão destruídos que não tiveram forças para sair de casa. Fui o único da família que se mandou para o Vegas conferir a primeira edição do Dalva, a domingueira promovida pelo Marcos Carioca e pelo Ailton Botelho: ótima música e dezenas de caras conhecidas. Daqui a duas semanas tem mais. E por falar em domingueira…
Tremei, Rauhofer. Correi, Miojo. Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta. Pois é: Oscar et moi vamos tocar no próximo Café com Vodka. Entramos às 18:30 e largamos as pick-ups uma hora depois, então acho bom todos os nossos amigos chegarem cedo. O repertório vai estar cheio de esquisitices, como essa versão aqui do “Hung Up” da Madonna em estilo banda marcial, assinada pelo “projeto” italiano Montefiori Cocktail. Vai ser um arraso. Fazei as malas, Pacheco.
Tremei, Rauhofer. Correi, Miojo. Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta. Pois é: Oscar et moi vamos tocar no próximo Café com Vodka. Entramos às 18:30 e largamos as pick-ups uma hora depois, então acho bom todos os nossos amigos chegarem cedo. O repertório vai estar cheio de esquisitices, como essa versão aqui do “Hung Up” da Madonna em estilo banda marcial, assinada pelo “projeto” italiano Montefiori Cocktail. Vai ser um arraso. Fazei as malas, Pacheco.
O QUE NÃO TEM REMÉDIO NEM NUNCA TERÁ
Brasileiro adora se automedicar. Por isto, o governo proibiu a propaganda dos remédios antigripais: eles podem mascarar os sintomas da gripe suína, e não são eficientes contra ela. A medida me soou um pouco exagerada, mas o que mais me espantou foi a reação de alguns médicos entrevistados sobre o assunto. Eles disseram que a propaganda de remédios que não precisam de receita deveria simplesmente ser proibida, e ponto final. A alegação dos doutores é que são produtos que sempre oferecem algum risco (e por isto a Anvisa já obriga os comerciais da categoria a exibir uma tela azul com textos alertando sobre as contra-indicações). Aí já acho um pouco meio muito. Todo e qualquer produto apresenta algum risco. Já pensou se a propaganda de automóveis trouxesse um aviso tipo, “em caso de aciente, este veículo pode provocar a morte de motoristas, passageiros e pedestres”? Mas esta também é outra característica irremediável do brasileiro: é muito disseminada entre nós a noção de que a propaganda deve ser combatida. Tramitam no Congresso dezenas de projetos de lei que pretendem restringir, ou até mesmo eliminar, a publicidade de cerveja (a única bebida alcóolica que ainda pode anunciar), guloseimas e brinquedos. Engraçado que os mesmos políticos que propõem essas barreiras também adoram o marketing eleitoral… Neste sentido, nossa mentalidade ainda é pré-capitalista, pré-industrial e pré-democrática. Não existe país onde haja liberdade de imprensa e de expressão sem que a propaganda também seja razoavelmente livre.
MUITO TEMPO E POUCA PAZ
O trailer de “Tempos de Paz” é enganoso. Ele dá a entender que a peça de Bosco Brasil, que no palco se resumia a um longo diálogo entre dois atores num único cenário, foi expandida para a tela, com novos personagens e situações. Sim, eles estão lá, mas não devem ocupar nem 10% do tempo do filme. O resto continua igual: um longo diálogo entre dois atores num único cenário. Este é apenas um dos problemas. O outro é que um desses atores, Dan Stulbach, trouxe para a frente das câmeras a mesma interpretação que fazia no teatro. E o que funcionava ao vivo vira um desastre quando filmado. Dan está tão over que chega a irritar. O pior é que ainda deve ganhar todos os prêmios no final do ano... "Tempos de Paz" parece durar muito mais que seus escassos 80 minutos. E seu único momento emocionante acontece nos créditos finais: uma homenagem a alguns imigrantes europeus que fugiram da Europa durante a 2a. Guerra, e ajudaram a construir o teatro, o cinema e a TV do Brasil. Coitados, mereciam um filme melhorzinho.
domingo, 16 de agosto de 2009
SE USAR, NÃO DIRIJA
Esse vídeo alemão engraçadinho mostra um sujeito dirigindo sob o efeito de várias drogas: heroína, haxixe (mais comum na Europa do que maconha), LSD, cocaína, álcool, Valium, ecstasy, cola, absinto e todas ao mesmo tempo. Faltou GHB, com a qual ele beijaria os pedestres antes de cair duro no chão, e K, que o faria derreter e escorrer pelo ralo. É por esta e por outras que existe a Lei Seca.
sábado, 15 de agosto de 2009
ADO, ADO, ADO
Aqui só tem vi...ngado. Foi assim que se sentiu grande parte do público na sessão em que vi "Brüno". Teve até um princípio de aplauso. De fato, depois de tantos séculos de preconceito, humilhação e violência, foi uma delícia virar o jogo e ver os homofóbicos provarem de seu próprio veneno, ao menos por uma hora e meia. "Brüno" é mesmo tudo isto de que o acusam - vulgar, estereotipado, agressivo, porra-louca - e exatamente por isto é sensacional. Chega da bicha coitadinha, discreta e "compreensiva", que tem que ajudar os outros a aceitarem-na. OK, Brüno prega para os convertidos. Só tinha bibas e simpatizantes na plateia, e os héteros deverão passar ao largo do filme (azar deles: vão perder boas risadas). Mas o que se propõe ali é uma atitude desafiadora e livre de culpa, que ainda pode render frutos na luta pelos direitos iguais. A cena final, onde ele e seu assistente se enroscam numa arena de luta livre sob o espanto de uma multidão de trogloditas, é arte política da melhor qualidade, uma performance dessas de chacoalhar os alicereces do mundo. Saí do cinema de alma lavada. Ada, ada, ada.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
FOGO FÁTUO
Foi o filme certo na hora certa. Assisti "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas", sobre um grupo de amigos recém-saídos da faculdade, pouco depois de eu mesmo ter me formado. Os problemas dos personagens eram os meus: primeiro emprego, primeiros amores pra valer, primeiras decepções idem. Vi umas três vezes no cinema, depois comprei o vídeo. O filme lançou a carreira de vários atores importantes, e alguns fazem sucesso até hoje: Demi Moore, Rob Lowe, Andie MacDowell. Hoje saiu a notícia de que, quase 25 anos depois de lançado, "O Primeiro Ano..." vai virar série de TV - com um elenco jovem, evidentemente. Se for bem feita, pode virar um novo "Friends", com um toque mais dramático. O título original em inglês, "St. Elmo's Fire", quer dizer "fogo fátuo": um fenômeno elétrico que lembra uma fogueira fantasmagórica, comum em pântanos e em embarcações em alto-mar. O fogo desse filme queima na minha cabeça até hoje.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
APARTHEID ALIENÍGENA
Um campo de refugiados, na periferia de uma grande cidade. Na verdade, uma favela: discriminados pela população local, os forasteiros não têm direito a quase nada. Tanta insatisfação vai explodir numa revolta sangrenta, com consequências imprevisíveis. Esta trama política também é ficção científica. Em "District 9", os favelados não vêm de outro país. Vêm de outro planeta. A metáfora fica ainda menos sutil quando sabemos que a cidade em questão é Johanesburgo, na África do Sul. O filme foi produzido por Peter Jackson, e a crítica internacional está se descabelando por ele. Tomara que estreie logo por aqui, onde a metáfora também vai ressoar - afinal, há séculos vivemos um apartheid informal.
NÃO KERO MAIS
Dia desses, estava eu assistindo “Saturday Night Live” na TV. Um dos quadros se passava num supermercado, e um personagem comprava uma caixinha de água de coco. Pois é: depois do açaí, mais uma glória nacional parte para a conquista da América. Por isto não foi surpresa a nossa querida Pepsico ter comprado a Amacoco. Não, não é a Associação dos Moradores e Amigos do Coco: é a maior empresa do ramo, dona das marcas Kero Coco e Trop Coco. Ou seja, mais dois produtos que teremos que boicotar… Pra mim não será difícil. Detesto água de coco industrializada. Mas, direto da fruta, é a melhor bebida do mundo.
(Susana, kero te agradecer)
(Susana, kero te agradecer)
O ATAQUE DAS SANDÁLIAS ASSASSINAS
Não tive um único par de Havaianas durante toda a minha infância. Elas eram, com o perdão da má palavra, sandálias de pobre: tidas como horrendas e desconfortáveis, mas também baratas e resistentes. A propaganda da época reforçava este último aspecto: dizia-se que elas “não deformam, não têm cheiro e não soltam as tiras”. A transformação desse produto tão humilde num ícone fashion é um dos maiores cases da publicidade brasileira. Hoje elas alcançam preços altíssimos no exterior, são “customizadas” e aparecem nos pés de celebridades e candidatos a. Mas todo grande sucesso gera uma reação contrária. Vêm surgindo na imprensa americana alguns artigos “denunciando” a altíssima quantidade de bactérias que povoam a sola da sandália depois de três dias de uso numa cidade grande – não maior do que a de qualquer outro calçado, claro. O problema é que com ela o pé está exposto, e qualquer cortezinho pode servir de porta da entrada para coliformes fecais e outros assassinos em potencial. Alarmismo puro: nunca soube de ninguém que morreu porque usou Havaianas. Essa histeria antibacteriana me cansa um pouco, precisamos reaprender a conviver com os bichinhos.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
A NOITE DAS PERSEIDAS
Esta noite eu queria estar no hemisfério norte. Mais precisamente em algum lugar mal iluminado, e olhando para noroeste. Hoje é o auge da chuva de meteoros conhecidos como Perseidas - na verdade, fragmentos da cauda do cometa Swift-Huttle. Todo ano, em meados de agosto, a Terra atravessa a ponta dessa cauda, e o resultado é um céu noturno todo riscadinho. Quando eu era pequeno, imaginava esse fenômeno como algo apocalíptico, com labaredas de fogo aterrorizando a humanidade. Claro que não é bem assim, mas não faz mal. Esta noite eu queria estar no hemisfério norte.
ALMOÇO A GOSTO
Ir ao cinema na hora do almoço tem gostinho de gazeta. Foi o que eu fiz hoje. Descobri que, numa sala perto de onde eu trabalho, havia uma sessão de "Almoço em Agosto" no incrível horário das 12:40. Como o filme tem só 75 minutos de duração, fiz as contas e sorri: vai dar tempo! E deu. Estava de volta ao trampo no horário certo, sem ninguém desconfiar da minha travessura. O filme em si é simpático: um italiano de meia-idade, que mora com a mãe velhinha, hospeda outras três senhoras durante o feriado de "Ferragosto", comemorado desde os tempos do Império Romano. Seguem-se muitas brigas e muita comilança. Aliás, comilança foi o que eu não tive, claro. Mas valeu a pena. Alimentei a cachola.
ATRAVÉS DO ESPELHO
Bem capcioso este vídeo viral para uma nova câmera HD da Samsung. O espectador é desafiado a descobrir como ele foi feito: o anunciante garante que não houve nenhum efeito especial nem nada de pós-produção. Tudo foi feito ao vivo, num único take. Para identificar o truque, é recomendável assistir em tela cheia, em HD. Mas quem não tiver paciência pode ir direto para o vídeo abaixo, que revela a "mágica". Elementar...
terça-feira, 11 de agosto de 2009
MAMÃE EU QUERO
Pensei em mandar esta dica pro Celso Dossi, mas, como o quilo do post anda caro no mercado, resolvi eu mesmo ficar com ela. Olha só que maravilha: saiu Bebé Glotón, “el primer muñeco lactante”. Isto mesmo: um boneco que mama de verdade. No peito. Como se não bastasse, depois ele arrota! Não sei se acho bacana – afinal, é um incentivo à amamentação – ou um horror – também é um incentivo à pedofilia. Fora que ainda pode ser usado como brinquedo erótico…
À GUISA DE EXPLICAÇÃO
Sexta passada escrevi um post sobre o Jake Cruise, o cinquentão que se tornou estrela pornô na internet. Recebi mais de 30 comentários, muitos de gente indignada (alguns eu não aceitei, porque, como diz minha mestra, yo no soy obrigada). Às vezes, no meu intuito de deixar o texto o mais curto possível, algumas ideias saem truncadas. Acho que fui mal entendido, e vou tentar esclarecer alguns pontos.
- Chamei Jake Cruise de “bizarro”. Sim, porque ele é muito diferente de 99,99% dos atores pornôs gays. Não se encaixa no padrão vigente. Tem quem goste, claro: seu site é um sucesso, e vários leitores comentaram que o fariam tranquilamente. Aliás, muitos dos atores que transaram com ele dizem que o cara manda muito bem. É natural: com a idade a gente aprende a fazer tudo direitinho, hehehe.
- Acho uma certa graça nas cenas em que ele despe um rapaz e o “saboreia”. Mas não gosto de vê-lo sem roupa, in concert. Não estou dizendo que ele não deva fazê-lo, nem, de maneira nenhuma, negando aos mais velhos o direito de transar à vontade. Quem sou eu para dizer isto? Sou quase um senior citizen. Só não gosto de VER Jake Cruise pelado, comendo ou levando no rabo. Mais vale um gosto do que uma assinatura da Randy Blue.
- Disse que suas cenas “quebram a aura de fantasia que envolve a pornografia, deixando claro que tudo não passa de prostituição”. Óbvio que todo ator pornô é michê. Muitos, inclusive, tiram dos programas sua maior fonte de renda: os filminhos servem apenas como propaganda. Mas produtoras como, por exemplo, a Bel Ami, exarcebam o clima de fantasia, criando toda uma narrativa ao redor de uma simples foda, com locações exóticas e ótimos valores de produção. Seus atores ganham pseudônimos românticos, e biografias totalmente imaginárias: “Roman Prada é estudante de arquitetura, jogador de basquete e tem namorada…” Hahaha. A gente sabe que a realidade costuma ser muito mais sórdida. Jake Cruise só deixa tudo mais escancarado. E parte de mim não gosta: nunca paguei por sexo, não tenho a menor vontade, me cortaria totalmente o tesão (mas tem quem curta um profissa, e eu não vejo nenhum problema nisto). Complicado, né? Não topo uma michele, mas a-do-ro pornografia. Vai entender.
- Finalmente, o que eu quis dizer é que é preciso ter cabeça e estômago para encarar o TEMA da sexualidade das pessoas mais velhas. Nossa sociedade detesta esse assunto. Os idosos são assexuados, e ai dos que ousarem não ser: são logo tachados de ridículos. Isto tem que mudar, claro. O que eu realmente quis passar, e não consegui, é que eu mesmo faço um esforço tremendo para acabar com meus próprios preconceitos.
Ufa. Pra terminar: um anônimo disse que eu sinto “mezzo despeito, mezzo inveja” pelo Jake Cruise. Acertou na mosca.
- Chamei Jake Cruise de “bizarro”. Sim, porque ele é muito diferente de 99,99% dos atores pornôs gays. Não se encaixa no padrão vigente. Tem quem goste, claro: seu site é um sucesso, e vários leitores comentaram que o fariam tranquilamente. Aliás, muitos dos atores que transaram com ele dizem que o cara manda muito bem. É natural: com a idade a gente aprende a fazer tudo direitinho, hehehe.
- Acho uma certa graça nas cenas em que ele despe um rapaz e o “saboreia”. Mas não gosto de vê-lo sem roupa, in concert. Não estou dizendo que ele não deva fazê-lo, nem, de maneira nenhuma, negando aos mais velhos o direito de transar à vontade. Quem sou eu para dizer isto? Sou quase um senior citizen. Só não gosto de VER Jake Cruise pelado, comendo ou levando no rabo. Mais vale um gosto do que uma assinatura da Randy Blue.
- Disse que suas cenas “quebram a aura de fantasia que envolve a pornografia, deixando claro que tudo não passa de prostituição”. Óbvio que todo ator pornô é michê. Muitos, inclusive, tiram dos programas sua maior fonte de renda: os filminhos servem apenas como propaganda. Mas produtoras como, por exemplo, a Bel Ami, exarcebam o clima de fantasia, criando toda uma narrativa ao redor de uma simples foda, com locações exóticas e ótimos valores de produção. Seus atores ganham pseudônimos românticos, e biografias totalmente imaginárias: “Roman Prada é estudante de arquitetura, jogador de basquete e tem namorada…” Hahaha. A gente sabe que a realidade costuma ser muito mais sórdida. Jake Cruise só deixa tudo mais escancarado. E parte de mim não gosta: nunca paguei por sexo, não tenho a menor vontade, me cortaria totalmente o tesão (mas tem quem curta um profissa, e eu não vejo nenhum problema nisto). Complicado, né? Não topo uma michele, mas a-do-ro pornografia. Vai entender.
- Finalmente, o que eu quis dizer é que é preciso ter cabeça e estômago para encarar o TEMA da sexualidade das pessoas mais velhas. Nossa sociedade detesta esse assunto. Os idosos são assexuados, e ai dos que ousarem não ser: são logo tachados de ridículos. Isto tem que mudar, claro. O que eu realmente quis passar, e não consegui, é que eu mesmo faço um esforço tremendo para acabar com meus próprios preconceitos.
Ufa. Pra terminar: um anônimo disse que eu sinto “mezzo despeito, mezzo inveja” pelo Jake Cruise. Acertou na mosca.
O MAIS GIRO DOS TUGAS
É fácil consumir cultura brasileira em Portugal. Discos de MPB são encontráveis em qualquer loja, e as novelas daqui passam na SIC, um canal aberto. A recíproca não é verdadeira: mesmo grupos famosos como os Madredeus só são conhecidos por uma minoria do lado de cá do mar-oceano. Mas essa via já foi de mão dupla. Amália Rodrigues, por exemplo, fez tantas temporadas por aqui que até se casou com um brasileiro. E, nos anos 60, Raul Solnado era figura fácil no Brasil, como se vê no clip aí em cima. Raul foi o maior comediante português de todos os tempos, e um grande ator dramático também. Morreu sábado passado, mas deixou gravados dezenas de seus monólogos - o gajo fazia stand-up comedy muito antes desse termo entrar na moda. Um dos mais famosos é "A Guerra de 1908", uma bobagem impagável, que para nós fica ainda mais engraçada por causa do sotaque. Baixe aqui: são seis minutos de um humor que hoje soa ingênuo, mas é absolutamente delicioso. A língua portuguesa perdeu um de seus maiores artistas.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
NO CÉU DESPONTA
Não, não fui ao Café com Vodka. Antes que as más línguas façam intriguinha: eu estava no Rio, por causa do Dia dos Pais (o meu já subiu, mas Oscar quis almoçar com o dele e lá fui eu a tiracolo). Mas não fiz a menor falta no Sonique, onde quase 600 pessoas foram prestigiar a estreia do filhinho Duda como festeiro profissional. Em compensação, lá estarei eu na Dalva, a estrela que desponta domingo que vem no Vegas, sob o comando do Marcos Carioca e do Ailton Botelho. É impressão minha, ou todos os meus amigos estão virando promoters?
ZÉFIRO À INDIANA
Até os anos 70, os quadrinhos de Carlos Zéfiro eram o máximo de pornografia que os punheteiros do Brasil conseguiam. Hoje em dia se compram CDs e revistas ultra-explícitas na banca da esquina, e Zéfiro virou cult, artigo de colecionador. Mais cult ainda é seu equivalente indiano, as aventuras de Savita Bhabhi. Num país de hábitos ainda mais conservadores que os do Brasil de antigamente, ela é hoje a grande musa erótica, e campeã de acessos na internet. Suas travessuras podem ser lidas de graça em seu site, e baixadas na íntegra, em português, aqui ou aqui. São histórias quentíssimas, onde ela transa com praticamente todos os homens que lhe passam na frente. Até no nome Savita mexe com a libido dos indianos: "Bhabhi" quer dizer "cunhada", um grande fetiche num país onde até hoje não existe o namoro como o conhecemos, e muito menos sexo fora do casamento. O sucesso da moça é tão grande que o governo da Índia está querendo fechar o site. Duvido que consiga: o apelo do sexo é ainda mais forte que o da liberdade política, e derruba qualquer firewall que lhe atrapalhe o caminho.
LINDOS OSSOS
Quando um diretor de cinema emplaca vários sucessos, ganha a liberdade de filmar o que quiser. E, muitas vezes, ele volta ao que fazia antes de estourar na bilheteria. Esta semana estreia "Arraste-me ao Inferno", o retorno de Sam Raimi ao terror depois de quase uma década enrolado nas teias do "Homem-Aranha". E no fim do ano entra em cartaz "The Lovely Bones", com Peter Jackson ("O Senhor dos Anéis") retomando os dramas violentos e meio esquisitos que marcaram o começo de sua carreira. O filme trata do assassinato de uma jovem adolescente, e é contado do ponto de vista dela: suspensa entre a Terra e o além, ela "não vai descansar enquanto não encontrarem seu assassino". Parece um clichê daqueles, mas o trailer dá a entender que o que vem por aí não se parece muito com nada já visto antes. E o elenco é tremendo: Mark Wahlberg e Rachel Weisz são os pais, Susan Sarandon faz a avó enxutaça, e a ótima Saorse Róinan - já indicada ao Oscar de coadjuvante por "Desejo e Reparação" - faz a vítima/narradora. Já estou arrepiado.
domingo, 9 de agosto de 2009
ENTREVISTA COM A FEITICEIRA
Juro que eu preferia estar falando de outro assunto, mas não dá para deixar de comentar a entrevista que Rozângela Alves Justino deu às "páginas amarelas" da "Veja" desta semana. Tem gente se incomodando com o espaço que a revista deu à futura ex-psicóloga, mas o tom da entrevista é até bastante crítico. A bruxa continua se fantasiando, como se estivesse sendo perseguida por gente brandindo tochas e enxadas - não que não merecesse, dado o absurdo de suas colocações. Sente o drama: ela compara a homossexualidade (que, evidentemente, teima em chamar de "homossexualismo") ao nazismo, e diz que "as políticas públicas pró-homossexualistas querem criar uma nova raça e eliminar pessoas". Hein? É um show de ignorância, inclusive sobre o que é nazismo. E mais uma vez ela se diz "discriminada", "vítima de preconceito". No Brasil de hoje é assim, qualquer pessoa que é criticada logo se diz "vítima de preconceito", está na moda. Volta para a escola, sua anta, porque nem bruxa você consegue ser direito. Semana que vem a revista trará dezenas de cartas de leitores, e acho que a maioria será contrária às ideias malucas de Rozângela. Leia a íntegra da entrevista aqui, e revolte-se você também.
sábado, 8 de agosto de 2009
HISTÓRIA MAL CONTADA
A trajetória de Roberto Carlos Ramos é admirável: ex-detento da Febem, ele venceu enormes obstáculos e se tornou pedagogo e um dos maiores contadores de história do mundo. Nem por isto sua vida rendeu um bom filme. "O Contador de Histórias" faz água por todos os lados. Roteiro, direção, montagem, tudo é enfadonho. Nem a Maria de Medeiros está bem. Pudera: obrigada a falar diálogos fracos em português do Brasil com sotaque francês, ela derrapa como nunca antes. Só minha querida Ju Colombo, com quem trabalhei em "Ô, Coitado", emociona no papel da sofrida mãe do protagonista. No final, vemos o verdadeiro Roberto Carlos, hipnotizando com suas narrativas uma plateia de adultos e crianças - e com muito mais talento que toda a equipe do filme junta. Esta breve cena também confirmou uma suspeita minha: o cara é gay.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
VÉIO SAFADO
Um belo dia, flanando pela internet, me deparei com essa figura bizarra: Jake Cruise, o astro pornô gay mais improvável de todos os tempos. Este senhor de meia-idade, gordo, de ralos cabelos brancos e sem nenhum atributo físico especial, passa a anos-luz de distância do padrão jovem-bombado-bem-dotado que impera na indústria da sacanagem. Mesmo assim, faz sucesso: seu site é um fenômeno de audiência (pelo amor de Deus, não vai clicando sem mais nem menos - é totalmente NSFW). E, apesar de mostrar alguns casais "normais", lá a grande estrela é ele mesmo. Jake financia a brincadeira de seu próprio bolso, e pelo jeito está realizando todas suas fantasias sexuais. Toda semana ele lança uma nova cena, onde deita e rola (muitas vezes sem camisinha) com rapazes que poderiam ser seus netos. É óbvio que também recebe uma enxurrada de críticas - ganhou até o apelido carinhoso de "Orca", a baleia assassina. Sinto por ele uma fascinação meio mórbida. O cara é obviamente "liberado", não está nem aí para o que pensam dele, e está ganhando dinheiro para se divertir (o site é pago). Mas tem algo de muito brochante também. Ali se quebra a aura de fantasia que envolve a pornografia, e fica claro que tudo não passa de prostituição. Os coitados que transam com ele devem estar precisando desesperadamente de dinheiro. Além do mais, Jake levanta, e beeem alto, um tema ainda tabu: a sexualidade das pessoas mais velhas, gays ou não. Tem que se ter cabeça para encará-lo, e tem que se ter estômago.
OLHOS NOS OLHOS
Mais um fim de semana está prestes a começar, e com ele vem festinhas, festonas e mil oportunidades para se fazer carão. Mas você ainda faz aquela linha óculos-escuros-à-noite? Que coisa mais pobrinha. Aprenda novos olhares de desprezo, transbordando de atitude, com esse singelo vídeo aí em cima. É o trailer de "13 Most Beautiful...", um DVD que reúne os melhores dos milhares de testes com atores que Andy Warhol fez nos anos 60 e 70. Alguns dos candidatos eventualmente se tornaram famosos - reconheci Lou Reed e Dennis Hopper. E não é só carão que se aprende aqui: também tem olhares intensos, desesperados, atônitos, de um tudo. Vai treinando.
FEITIÇARIA E CIÊNCIA
A censura pública à feiticeira-mascarada Rozângela Alves Justo reavivou um debate velho como as pirâmides: é possível alterar a orientação sexual? A imprensa, obrigada a ouvir todos os lados, correu para entrevistar ex-“pacientes” da bruxa, felizes com sua nova vida de héteros e tementes a Deus. O próprio advogado da futura ex-psicóloga disse que a publicidade gerada pelo processo todo iria trazer novos clientes para ela. Não duvido: o medo e a ignorância ainda imperam por aí. Mas, por uma dessas coincidencias cósmicas, menos de uma semana depois do veredito saiu um extenso estudo da Associação Americana de Psicologia, que conclui que terapias que prometem “curar” a homossexualidade não apenas não funcionam, como fazem mal para o paciente. Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso já sabia disto há muito tempo, mas claro que um aval destes é importante. Agora vai ficar mais fácil, tomara, separar o que é ciência de verdade e o que é reles superstição.
(E o Luciano de SJC emplacou mais uma)
(E o Luciano de SJC emplacou mais uma)
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
BAR MITZVAH
Dizem que toda mãe judia sonha que sua filha se case com um médico, também judeu. Balela: TODO MUNDO sonha em se casar com um médico judeu. E um bom lugar para para garimpar candidatos é o Festival do Cinema Judaico, que rola até domingo na Hebraica de São Paulo. Esta é a 13a. edição do evento, ou seja, ele está comemorando a maioridade. Então é de bom tom levar um presente. E o cinema de Israel é sempre interessante, com muitos pontos de vista diferentes. Nada como uma boa discussão na saída para se começar um relacionamento.
(Dica do Ítalo, que não perde um bris)
(Dica do Ítalo, que não perde um bris)
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