domingo, 31 de maio de 2009

HAPPY PEOPLE

Ontem deve ter sido a 5a. ou 6a. vez que vi Offer Nissim "tocar". Não há mais novidade, não há a menor surpresa. O que há é um clima de alegria que nenhum outro DJ consegue criar. A The Week, praticamente intransitável, estava eufórica, com as pessoas cantando e pulando como se estivessem num show de axé (e com ainda mais beijo na boca). Offer não desaponta: ele tem um som imediatamente reconhecível, e uma energia de showman. Foi uma noite feliz, noite de paz.

sábado, 30 de maio de 2009

A VICE QUE REINA

Susan Boyle perdeu o "Britain's Got Talent". Ficou em 2o. lugar, talvez por não ter arriscado mais: na finalíssima de hpje, decidiu reprisar a mesma canção que lhe trouxe fama mundial há pouco mais de um mês, "I Dreamed a Dream". Pelo menos a vitória não foi para aquele garoto-prodígio que berra baladas de dor de cotovelo, o assustador Shaheen Jawackagoovlffz. O grande vencedor foi um grupo de dança hip-hop chamado Diversity, que é bacaninha - mas garanto que qualquer conjunto habitacional do Brasil tem um grupo ainda mais bacana. De qualquer forma, Susan não vai sumir tão cedo: aposto que iremos vê-la cantando no próximo grande concerto de caridade, no Oscar do ano que vem, no tema do novo fime de James Bond. O mundo agora é dela: nós só vivemos nele.

CONTA A LENDA QUE DORMIA

Tá na hora do meu disco nap - aquele soninho dos sábados à tarde, ainda mais fundamental quando vem uma longa noite pela frente. E a de hoje tem simplesmente Offer Nissim abrindo os festejos da Parada 2009, numa TW que vai estar abarrotada de gente vinda até de outros estados. Uns amigos vêm fazer calentamiento aqui em casa cedo, para cedo partirmos rumo à Lapa: então tenho mais é que repousar agora, para estar lindo, leve e ligeiramente barbado mais tarde. Vou dormir como a princesa do poema "Eros e Psiquê" de Fernando Pessoa, para mim o mais lindo da língua portuguesa de todos os tempos. A primeira vez que eu o ouvi foi na voz de Maria Bethânia, como no vídeo aí em cima - enviado pelo Fábio Tabalipa, que não sabia da minha paixão por esse poema. Se você não conhece, ouça com atenção: o final é supreendente, e de arrepiar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ê-Ê-Ê FUMACÊ

Maconha pode ter muitas qualidades - eu, pessoalmente, não sou muito chegado - mas o cheiro nunca foi uma delas. Isto não impediu a chiquérrima marca Malin+Goetz de lançar uma vela com aroma de cannabis, felizmente incrementado com notas de laranja, limão e figo. A fragrância da vela promete uma agradável sensação de bem-estar, mas, a 48 dólares, custa mais caro que qualquer charo. Será que também dá fome?

ANALFABETOS FUNCIONAIS

Quando eu era adolescente, o mundo inteiro cobrava que eu fizesse algum esporte. Basquete, vôlei, whatever. As pessoas se incomodam demais com alguém que não é muito fã de atividade física. Seria ótimo se a mesma cobrança fosse feita de quem não gosta de ler. Ler é exercitar a mente, é desenvolver a musculatura das ideias, é viajar sem levantar da cadeira. Mas uns 95% da humanidade acham que ler é chato, e pior, desimportante. Temos aí um presidente que, pelo que consta, jamais leu um livro do começo ao fim. E tem gente que não só acha lindo como não aceita que se critique, pois ele "não teve oportunidade de estudar". Oi? E durante os 20 e tantos anos entre o sindicato e a presidência, não deu tempo? Esta semana o rapper Kanye West, um dos poucos que eu tolero, também declarou seu orgulho por não gostar de ler. Justo ele, um cara muito mais sofisticado que seus congêneres, e que lida com palavras o tempo todo. Tudo bem, Kanye está no direito de não gostar do que quer que seja. E eu estou no direito de achar la fin de la piquée.

É O AMOOOR

Toda vez que dois velhinhos se casam num asilo, a televisão vai lá cobrir a festa. "Que beleza, que lição de vida, o amor não tem idade". Ninguém liga a mínima para o fato de ambos não estarem mais em idade reprodutiva. Tampouco alguém se importa com casais mais jovens que optaram por não ter filhos: hoje em dia essa é uma alternativa perfeitamente válida, afinal os filhos precisam ser desejados. Apesar disto, o argumento no. 1 dos inimigos do casamento gay é que o objetivo principal de um casal é ter filhos. Pode ter sido em outros tempos, mas já não é mais. Hoje em dia, o que mais justifica um casamento é o amor, não os filhos - caso contrário, nenhum casal com filhos se separaria. Mas eles se separam, e aos milhares, alegando que "não há mais amor". E os filhos que aguentem o tranco. Ontem li dois artigos interessantes em inglês, um escrito pelo ator Alec Baldwin, outro pelo jornalista Jonathan Chait, que seguem uma linha de raciocínio parecida com a desse post. Não dá para ser contra o casamento gay sem ser contra os gays: a argumentação de babacas como a Miss Califórnia é completamente furada. Duas pessoas que se amam têm o direito de oficializar esta união, e o amor de uns não pode valer mais do que o amor de outros. Simples assim.

(Daniela, obrigado pela dica do Baldwin)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

RELAX, DON'T DO IT

"O xamêgo dá prazer
O xamêgo faz sofrer
O xamêgo às vezes dói
Às vezes não
O xamêgo às vezes rói
O coração..."
- Luiz Gonzaga

(Descobri esse vídeo relaxante no Te Dou um Dado?)

PASSARELA EM FESTA

É super gratificante ver um amigo que batalhou a vida inteira finalmente ter seu trabalho reconhecido. Ontem o Rodrigo Rosner fez seu primeiro desfile individual na Casa dos Criadores (antes ele participava do Projeto LAB), e foi sucesso de público e crítica. Sua coleção simplezinha, despretensiosa, chamava-se “As 5 Filhas da Rainha Vitória” e trazia só vestidos de festa esvoaçantes (os looks todos podem ser conferidos aqui). Acho bom mesmo ele ficar rico e famoso. Rodrigo já prometeu que, se eu precisar, vai cuidar de mim na velhice, empurrando minha cadeira de rodas e trocando minhas fraldas descartáveis.

FAVELÃO CHANTAGISTA

A Coreia do Norte não é bem um país: é uma imensa favela, dominada por uma quadrilha de bandidos. Ou melhor, uma milícia, já que a elite que detém o poder por lá é quase toda do Exército. De vez em quando, para manter seus privilégios absurdos - existem até mesmo escravas sexuais, treinadas para saciar o apetite dos figurões - esses milicianos ameaçam soltar umas bombas aqui embaixo, no asfalto. Não é muito diferente dos mafiosos que cobram "proteção". O maior perigo nem é Pyongyang atacar sua vizinha do sul; o ditador Kim Jong-il sabe que, no segundo seguinte, sua "comunidade" seria varrida do mapa. Mas é grande o risco de tecnologia nuclear ser vendida para outros países, ou pior, para grupos terroristas. O que me consola é que traficantes, geralmente, têm vida curta.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

PROJETO PAPAI NOEL

Depois de mais de dois anos com a cara lisinha, não resisti aos apelos dos fãs e capitulei: estou deixando a barba crescer. E desta vez não vou me incomodar que ela venha (ainda mais) branca. I'm old and I'm proud of it. E, como diziam as mulheres de um século atrás, beijar um homem sem barba é como comer um ovo sem sal.

GAROTO-PESADELO

Sou só eu que acho esquisito um garoto de 12 anos cantar, a plenos pulmões, uma baladona soul que transmite o desespero de uma mulher abandonada? A plateia e os juízes do "Britain's Got Talent" discordam de mim. Eles a-do-ra-ram a performance de Shaheen Jafargholi na semi-final de ontem à noite, quando ele incorporou a Dreamgirl e estraçalhou "And I Am Telling You I'm Not Going". O gorducho já está classificado para a finalíssma de domingo, onde vai enfrentar outra concorrente de peso: Susan Boyle. É óbvio que ele tem um vozeirão (e que abusa demais dos melismas). E também é óbvio que o moleque não tem ni la puta idea do que está cantando. Acho beyond creepy, brrr.

QUESTÃO DE ETIQUETA

"Em um mundo Absolut, não existem rótulos". E para reforçar essa ideia, a conhecida marca de vodka está lançando sua versão "No Label". A garrafa é lisa, sem nome algum; na parte inferior vem um adesivo removível, ilustrado com um triângulo do arco-íris. É simpático, e também simpatizante (e meio contraditório, porque, a rigor, Absolut nunca teve rótulo: as informações sempre vieram impressas diretamente na garrafa). Mas também me acende uma pergunta: porque as pessoas ligam tanto para o nome das coisas? Eu não me importo de ser chamado de bicha, viado ou gay, apesar de não ser 100% homossexual (ta-daa!). Também acho uma certa graça numa reclamação muito frequente hoje em dia: o correto é "homossexualidade", não "homossexualismo". Entendo que a primeira palavra é mais precisa e faço questão de usá-la sempre, mas porque o "ismo" é tão equivocado assim? Não se fala "lesbianismo"? Ou o melhor seria "lesbiandade", ou sei lá o quê mais? Não estou sendo irônico: se alguém souber de um termo mais apropriado, por favor me avise. Claro que eu entendo o poder das palavras - afinal, trabalho com elas - mas também acho que não existem verdades absolutas.

(Dica da Ju Mom, minha colega de trabalho)

terça-feira, 26 de maio de 2009

WINONA ROBBER

Winona Ryder está de volta. Ou, pelo menos, tentando voltar: alguém aí a reconheceu como a mãe do Spock no novo "Star Trek"? Como o cinema é cruel. Winona é apenas seis anos mais velha que Zachary Quinto, mas, de acordo com Hollywood, é uma geração mais velha. Na verdade, o mundo todo é cruel com ela. Winona foi pêga roubando roupas na Sak's Fifth Avenue, e desde então caiu no ostracismo. Já a Kate Moss, fotografada cheirando, não perdeu nenhum contrato - até ficou mais cool. Acho que o crime de Winona não foi roubar, mas ter sido pêga (aliás, tem mesmo que ser muito burra para não saber que essas lojas chiques têm câmera até na privada). Enfim, todo mundo merece uma segunda chance. Mas fala sério: você deixaria Winona tomando conta da sua bolsa?

NEM OITO, NEM OITENTA

Hoje a Corte Suprema da Califórnia ratificou a Propostion 8, aquela emenda que proíbe o casamento gay no maior estado americano. Isto já era esperado. O surpreendente é que a mesma Corte manteve a validade dos casamentos gays realizados antes da Prop 8 ter sido aprovada nas urnas em novembro de 2008. Ou seja, quem correu para se casar se deu bem. Quem não correu, espera se dar bem num futuro próximo: o movimento gay está muito mais energizado que no ano passado e promete, à la Hugo Chávez, trazer de novo o assunto à baila nas próximas eleições. E vai poder mostrar que esses 18.000 casais legalizados não provocaram o fim do mundo. De qualquer forma, na Califórnia já existe a parceria civil há um tempaço, e o estado também tem leis rígidas contra a homofobia, que lá é corretamente equiparada ao racismo. Enquanto isto, no país onde acontece a maior Parada do Orgulho Gay do mundo...

O TODO-PODEROSO

Silvio Santos é o vilão da hora. Parece que as pessoas finalmente se tocaram que o dono do SBT não é tão simpático assim: a maneira como ele vem tratando Maísa deixou muita gente horrorizada. Acontece que, em certos aspectos, SS é uma criança muito mais mimada e suscetível que sua pequena apresentadora. Ele não tem sócios em suas empresas. É o senhor absoluto de um império razoável, e não precisa dar satisfação a ninguém. Especialmente dentro da emissora, sua palavra é mais do que final: é a única. Como não tem quem lhe diga não, Silvio frequentemente exagera, embalado por empregados servis e pelos gritos de suas “colegas de trabalho”.

Trabalhei três vezes no SBT, e ouvi muitas histórias engraçadas. Minha favorita é a seguinte: certa tarde, em meados dos anos 90, estava no ar o game show “Passa ou Repassa”, apresentado pela Angélica. Silvio assistia em casa, e ligou para o departamento de programação. “15 horas não é o melhor horário para este programa. Ele deveria passar às 15:30”. “Pois não, sr. Silvio”. O funcionário esperou o programa acabar, voltou a fita… e o reprisou na sequência, às 15:30. Nem esperou pelo dia seguinte: se o patrão mandou, tá mandado. Cumpra-se imediatamente.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

VOCÊ PINTA COMO EU PINTO?

Olha só a capa da revista "New Yorker" desta semana. Nada de mais, certo? Se não fosse por um pequeno detalhe: a ilustração foi feita num iPhone. Jorge Colombo usou a aplicação Brushes, que custa US$ 4,99, e levou apenas uma hora "desenhando", numa esquina do Times Square. O melhor de tudo? Se estivesse usando tela e pincel, os transeuntes o interromperiam a toda hora. Como parecia estar apenas enviando mensagens de texto, Jorge foi deixado em paz. O making-of da capa pode ser conferido aqui, no site da revista.

(Este post é minha singela homenagem ao Dia do Orgulho Nerd)

BON APPÉTIT

Julia Child foi a cozinheira mais popular dos Estados Unidos. Durante muitos anos ela teve um programa de TV, onde ensinava aos americanos - notoriamente o povo que pior cozinha no mundo - os segredos da culinária francesa. Ela agora chega ao cinema, interpretada por Meryl Streep - uma mulher bem mais magra do que a Julia da vida real. Mas esta talvez seja uma das maiores glórias póstumas, ser encarnada por uma atriz magra. Outra glória, desta vez em vida, é ver seu blog adaptado para um filme: é o que aconteceu com Julia Powell, uma secretária desiludida que se dedicou, ao longo de todo um ano, a fazer todas as receitas de um dos livros de Julia. Uma por uma. O trailer de "Julia and Julie" entrega a história inteira, mas não só me deu uma vontade louca de correr pro cinema, como também me deu fome.

SEM PRESSA

Hoje cometi a besteira de por pra tocar logo cedo o novo CD do Tosca, "No Hassle", enquanto abria e-mails e aquecia a cabeça para mais uma semana nas galés. Pra quem não conhece, essa dupla de Viena é especialista em downtempo - aquele tipo de música eletrônica lenta e sofisticada, que pode ser traduzido tranquilamente para dá-um-tempo. E foi exatamente isto o que aconteceu. O disco radicaliza no down, quase não tem vocais, e cada faixa é mais relaxante que a anterior. Foi me dando uma priguiiiiiça... Mas talvez seja bom começar a segunda-feira assim, aos poucos, sem pressa. Experimente aqui "Oysters in May", e depois tente focar no trabalho.

(Quer baixar grátis uma compilação da !K7, a gravadora do Tosca? Então clique em www.k7.com/sampler e faça seu cadastro, que eles mandam por e-mail)

TAPAS CARIOCAS

É literalmente uma delícia ver as comidinhas de boteco serem alçadas à condição de grande arte culinária. Hoje em dia existem concursos de petiscos por todo o Brasil, que finalmente vêm ganhando o respeito já desfrutado pelas tapas espanholas. No Rio, o mais novo templo do gênero vive abarrotado: é o Chico & Alaíde, o resultado da parceria de uma cozinheira e um garçom que se conheceram no lendário Bracarense. Num puxadinho sobre uma calçada no Leblon, em mesinhas apertadas, as pessoas se amontoam para saborear maravilhas como o bolinho que leva o nome de sua criadora, com aipim, catupiry e camarão, ou o croquete de abóbora com carne seca. Sem paciência para esperar lugar, ficamos em pé no balcão e acabamos comendo muito mais do que se tivéssemos sentado: cada fornada que vinha lá de dentro era devidamente interceptada. Saudável não é, evidentemente - tudo é frito e hiper-calórico, ainda mais acompanhado por chope ou caipirinha. Mas quem se importa? A vida é curta.

domingo, 24 de maio de 2009

GO SUSAN GO

Tá bom, eu vou dar o braço a torcer: Susan Boyle não é tão boa cantora assim. Olha só como ela derrapa no começo de "Memory", que cantou hoje na semi-final do "Britain's Got Talent". E daí? O universo inteiro quer que ela ganhe, tanto que foi a grande vencedora dessa etapa. Susan já é praticamente uma divindade, e o programa fez questão de iluminá-la e enquadrá-la como tal. Semana que vem acontece a grande final, mas Susan está tão acima do bem e do mal que talvez nem precise vencer. Ela já está com a vida ganha.

IT'S MY PARTY AND I'LL CRY IF I WANT TO

Hoje meu blog faz dois anos. Na verdade, me impressiono por serem tão poucos: não entendo porque não comecei antes. Então quero convidar todo mundo para uma festa imaginária, daquelas de abalar Bangu. O traje é de gala, óbvio. Começa com uma champanhota à beira da psicina do Copacabana Palace. Num canto, a banda franco-americana Nous Non Plus põe algumas pessoas para dançar, mas a maioria está mais interessada no finger food circulado pelos garçons e nas presenças encantadoras de Benjamin Biolay e Eduardo Noriega. Quando o povo já está bem altinho, passamos para o Salão dos Espelhos do palácio de Versailles. Uma enorme bola de cristal vem baixando lentamente do teto; dentro dela, Susan Boyle canta uma versão disco-sinfônica de "Xanadu". A bola pousa no chão e se abre, e de dentro dela sai não Susan, mas Kylie Minogue, de sári e maquiagem indiana. Começa uma animadíssima coreografia que mistura Bollywood e Busby Berkeley, sem ninguém errar um passo. A dancinha se transforma numa gigantesca conga line, com todos os convivas serpenteando pelo salão. Seamus Hajj assume as pick-ups, enquanto o teto se abre e cai uma chuva de papel dourado. Só que não é papel: é ouro mesmo. A folia continua madrugada adentro, e quando o sol raia estamos todos a bordo de um iate, para tomar o café da manhã em Capri. Chegando lá, os jornais estampam em suas manchetes as mortes de Hugo Chávez e Ahmadinejad, fulminados pelo arcanjo Miguel. E eu tento conter as lágrimas, porque esse blog mudou minha vida. Obrigado por me aturar.

sábado, 23 de maio de 2009

E VAMOS BOTAR ÁGUA NO FEIJÃO

Mesmo sem ser totalmente fiel, "Budapeste", o filme, é a perfeita tradução para o cinema de "Budapeste", o livro. Ou seja, é chato pra caralho. Achei que, por estar gostando de "Leite Derramado", eu estaria mais sensiblizado à obra buarquiana, mas qual o quê. "Budapeste" é enfadonho, principalmente nas cenas rodadas na Hungria, justamente as que eu tinha mais curiosidade em ver. E ainda é estrelado pelo Leonardo Medeiros, um ator que eu detesto. Ele tem uma cara de loser que anda muito requisitada, pois o cinema brasileiro anda cheio desse tipo de personagem. Mas isto acaba fazendo com que as pessoas não pecebam o ator fraco que ele é; em "Budapeste", Leonardo consegue ser ruim em protuguês, em húngaro e até nas duas ceninhas que faz em inglês. Tudo bem, eu entendi que "Budapeste" é sobre a alteridade, ser outro, ser O outro, e que a cidade é uma metáfora de tudo isso ao mesmo tempo agora. Mas a única coisa que eu curti de verdade foi o samba "Feijoada Completa" do Chico cantado em húngaro.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

FASE AZUL

Não é que eu tava numa mais ou menos?
Andando com a rapaziada, catita e legal
Mas de repente detalhes pequenos
Me fizeram entre outras coisas sair do normal
Eu fui ficando pouco a pouco injuriado
Mal-humorado, abandonado, sem até poder amar
A tal da crise deixou minha vida maluca
Com vontade na Tijuca
De voltar pra Copacabana
Fui à macumba
Pedi baixa no emprego
Me internaram numa clínica
Eu depois fui viajar
Quando voltei foi então que pude constatar
Que não adianta fazer nada
Pra essa porra melhorar

Então melhorei.

(Eduardo Dusek, "Injuriado", 1980)

RECORDAR É MORRER

Nunca gostei de nenhum livro do Chico Buarque. Nem mesmo do celebrado "Budapeste", cuja adaptação para o cinema estreia hoje em todo o Brasil. Mas estou adorando "Leite Derramado", seu novo romance. Chico consegue na literatura o mesmo efeito que em suas letras: construções absolutamente lindas e aparentemente espontâneas, que não deixam entrever o trabalho de ourivesaria que há por trás. O narrador, Eulálio d'Assumpção, é um velho que agoniza numa cama de hospital, enquanto devaneia por toda sua vida. Essas recordações acabam formando uma história do século 20 brasileiro do ponto de vista da elite, com tudo de bom e ruim que isso implica - mas sem esbarrar nos clichês do gênero. Chico escreve com conhecimento de causa, e como escreve bem. Quem gosta de palavras não pode deixar de ler.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

LEGALIZE JÁ

Quer baixar música de graça, dentro da lei e sem nem ter o trabalho de procurar? Então inscreva-se já no RCRD LBL, um conglomerado de gravadoras independentes e blogs sobre música. Você vai receber todo dia um e-mail com um ou dois links – e não é para baixar porcaria, não. Ontem, por exemplo, tinha um remix do Kleerup, aquela dupla sueca que lançou a cantora Robyn há dois anos atrás; hoje tem um remix chocrível de “The Girl and the Robot” do Röyksopp, aliás com vocais da própria Robyn. O site já está no ar desde 2007, mas o vagaroso aqui só o descobriu esta semana. O RCRD LBL divulga novos artistas, lança novidades e ajuda a enterrar o debate sobre os downloads ilegais. Pois é, falta cada vez menos tempo para o futuro.

PEQUENAS DERROTAS

Abro a internet hoje cedo e já levo duas porradas. Porrada no. 1: um e-mail do Daniel avisando que o Conar arquivou a ação contra a campanha de Doritos. Já era meio esperado. A Pepsico gastou uma fortuna pelos direitos das músicas, não ia deixar de recorrer. O triste é que o Conar reconheceu que a campanha é homofóbica, mas a liberou em nome da liberdade de expressão. E se fosse racista? Ainda não caiu a ficha para a maioria das pessoas, mas a homofobia é, sim, tão grave quanto o racismo. Mesmo assim, acho que o saldo do episódio foi postivo. Fizemos algum barulho, repercutimos na mídia, e aposto que a Pepsico vai pensar duas vezes antes de aprovar uma campanha no mesmo tom. Aliás, é beyond irônico que a propaganda de Doritos tenha sido liberada justamente por causa da liberdade de expressão – nos dois comerciais, um grupo de jovens poda sem a menor cerimônia a liberdade de expressão de alguém que se afasta dos padrões dominantes. Uma mensagem muito feia para um produto que deseja ser compartilhado.

Porrada no. 2: Adam Lambert perdeu o “American Idol”… Pois é, o público americano não teve cojones para votar numa bicha flamejante. Mas não há de ser nada: vencer o “Idol” nunca foi garantia de uma carreira bem sucedida. Muitos derrotados se deram melhor que os ganhadores. Daughtry estourou em vendas, Jennifer Hudson levou um Oscar, Constantin Margoulis acaba de ser indicado para um Tony. E, como disse o “New York Times”, imaginem se Bob Dylan se candidatasse. Com sua voz de taquara rachada, não passaria das eliminatórias.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ELLEN GENEROSA

Você fala inglês? Tem 10 minutos sobrando? Então não perca o discurso que a Ellen DeGeneres fez na cerimônia de formatura da universidade de Tulane, em Nova Orleans. É uma aula de humor, lucidez, auto-estima e liberdade. E fica ainda mais legal quando lembramos que a Louisianna é um dos estados mais conservadores dos EUA: a nova geração americana que vem aí tem a cabeça muito mais aberta que seus antepassados.

(Luciano, obrigado por mais esta dica: você também é sempre generoso comigo)

CORTE O MAL PELA RAIZ

A “Dom” deste mês está mesmo boa. Tem outro artigo que me fez pensar, desta vez sobre a circuncisão. Lá aprendi, entre outras coisas, o nome científico dessa operação – postectomia – e que ela ajuda na prevenção de muitas doenças sexualmente transmissíveis, e até do cancer do pênis. Um rapaz uncut corre um risco 2,6 vezes maior de se contaminar pelo HIV e outros bichinhos do que um cut, que tal? Aí me ocorreu uma coisa: com tudo o que se sabe hoje, por quê será que não se faz uma campanha séria pela circuncisão? Ora, por uma razão muito simples: porquê o corpo do homem é tabu, e vivemos num mundo dominado pelo homem. Circuncisão lembra castração para muita gente, que também teme a perda da sensibilidade e até mesmo a diminuição do tamanho do pau quando ereto (tudo balela). Se houvesse uma cirurgia feminina com benefícios equivalentes, pode crer que teríamos o “Dia Nacional da Operação”, com celebridades falando a favor na TV e musiquinha tocando no rádio. Como é algo que mexe com o que o homem tem de mais íntimo, o assunto é sempre recebido com um “sim, mas basta seguir os procedimentos corretos de higiene…” OK, mas se fosse com as mulheres, não ia ter conversa não: iam todas entrar na faca.

LOVE FOR SALE

A nova “Dom” chega às bancas esta semana, e traz uma ótima matéria sobre os “consumidores” de garotos de programa. É assinada pelo Thiago Magalhães, vulgo Introspective, que está se revelando um jornalista de verdade. Traz depoimentos de clientes, boys e até um psiquiatra, e está muito bem escrita e “amarrada”. Confesso que fiquei com uma ponta de inveja desses caras que não têm o menor problema em contratar os serviços de um profissional. Nunca paguei por sexo; não vou dizer “desta água não beberei”, mas tomara que nunca chegue o dia em que eu tenha que pagar. Porque meu tesão é retroativo - ou seja, preciso sentir que a outra pessoa também tem tesão por mim, senão baubau. Entendo que parte do prazer de quem procura um michê é justamente a sensação de poder que o pagamento proporciona. Mas acho que, se alguém tiver que ser pago, este alguém sou eu, hahaha.

terça-feira, 19 de maio de 2009

MAMÃE PASSOU AÇÚCAR EM MIM

Não sou muito chegado a documentários, mas corri para ver “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei”. Quem tem menos de 40 anos talvez nem conheça esse cantor maravilhoso. Eu tenho mais, e as músicas de Wilson Simonal marcaram minha infância. O cara era incrível, sério candidato a maior showman que o Brasil já teve. Porque não era só a voz que era excelente: ele tinha carisma, simpatia, swing, senso de humor e, pelos padrões de hoje, beleza (na época, Simonal se achava feio). Podia ter feito tranquilamente uma carreira internacional grandiosa, uma espécie de Michael Jackson tropical. Mas não fez: Simonal cometeu uma grande cagada, meteu os pés pelas mãos, e acabou sendo acusado injustamente de delator a serviço da ditadura. Foi o bode expiatório da esquerda festiva brasileira. O filme é bem feitíssimo, colhe depoimentos de todos os lados, e ainda tem muitos números musicais na íntegra. Agora preciso comprar urgente a trilha, e sair ouvindo no iPod: Eu era neném, não tinha talco…

FRANKLY, MY DEAR

Tem coisa mais invasiva que receber propaganda por SMS? Alguns anunciantes já perceberam que isto é contra-produtivo, e estão dotando a estratégia oposta. A ideia é seduzir o consumidor com entretenimento, e passar a mensagem de maneira mais ou menos sutil. Já existia o informercial; agora surge o entertainmercial. Um dos pioneiros foi aquela ação da BMW há alguns anos, com filmetes que só podiam ser vistos na web - tinha até um com Madonna, lembra? Esta semana foi lançada uma campanha para o sorvete Smooth'n'Dreamy, da marca americana Breyers. São webisodes caríssimos, pois misturam uma atriz contemporânea com cenas de "...E o Vento Levou". Devem ter gasto uma fortuna em direitos autorais e produção; em compensação, não há custo de veiculação. O que me chamou mais atenção no filminho acima é que o sorvete só aaprece no comecinho e no final. O resto do tempo é só piada. Este é um dos possíveis caminhos para o o futuro da propaganda, já que a tradicional está mesmo sendo varrida pelo vento. E não deixe de visitar o site da Breyers: dá para incluir a sua carinha no corpo de Rhett Butler ou Scarlett O'Hara!

UM AMOR DE ROMÃ

Este vídeo tem circulado pela internet há alguns meses, e apresenta um celular do cacete: o Pomegranate ("romã" em inglês), que faz tudo o que um smartphone faz e muito, mas muito mais. Já tem neguinho jogando o Blackberry no lixo. O Pomegranate inclui um projetor em HD, um tradutor automático para 40 línguas diferentes, uma lâmina de barbear, uma gaita e uma máquina de fazer café. O mais incrível é que muita gente acreditou. Sim, o Pomegranate é uma piada, ou melhor, um teaser para uma campanha vendendo a província da Nova Scotia. Assim como o celular que tem tudo, lá o investidor também encontra tudo o que precisa para fazer bons negócios. É só continuar no site fake que foi criado para o produto que a verdade é revelada. Será que deu certo? Ou gerou o efeito contrário, com internautas irritados jurando nunca por os pés no Canadá?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

NASCIDO ANTES DO TEMPO

Alguém tem dúvida de que o Chiquinho Scarpa é gay? Eu não. Nunca o vi em nenhum lugar GLS, não sei de nenhum caso dele com qualquer homem e não dou o menor crédito às denúncias de sua ex-mulher, a "princesa" Carola. Mesmo assim, tenho certeza quase absoluta sobre as preferências do playboy mais famoso do Brasil (aliás, porque algumas revistas estão chamando-o de ex-playboy? Pelo que me consta, ele não começou a trabalhar.) Chiquinho deu o azar de nascer na época errada, numa família conservadora, onde ser gay nunca foi uma possibilidade. Uma geração antes, as bibas da mesma classe social se casavam, tinham filhos e viviam sua homossexualidade na surdina. Uma geração depois, já desfrutavam de muito mais liberdade, e algumas se assumiram publicamente. Chiquinho ficou no infeliz meio-termo, e construiu um personagem engraçado - até certo ponto, é claro. Não tenho conhecimento de causa para dizer que o calvário por que ele passa hoje é decorrência de anos de repressão e auto-enganação, mas esta é a sensação que me fica. Tadinho do Chiquinho.

CHEIO DE GRAÇA

Li "O Código Da Vinci", e achei divertidíssimo. Os capítulos eram curtos, cinematográficos, e deixavam imaginar que dali sairia um filme eletrizante. Não foi o que aconteceu. Agora a crítica toda está dizendo que "Anjos e Demônios" é muito melhor, com mais ritmo e suspense. Como não li o livro, fui para o cinema sem nada pré-filmado na minha cabeça. E achei tudo uma palhaçada. O roteiro explica as coisas mais primárias, talvez visando um público marciano que nunca pisou na Terra - ou existe alguém com interesse neste filme que não saiba que a fumaça preta que sai das chaminés do Vaticano significa que o conclave ainda não elegeu o novo papa? E mostrar a anti-matéria como um efeito especial digno de parque de diversões é primário demais. Fora que o "Código" era divertido justamente porque questionava alguns dogmas da Igreja. "Anjos" não questiona nada, só mostra que tem gente "malvada" na Cúria. Da bagunça geral só se salvam a linda israelense Ayelet Zurer e, principalmente, Ewan MacGregor. Com o corpo totalmente coberto por uma batina negra, ele consegue ser mais sexy que qualquer barbie descamisada. Taí um padre que eu gostaria que me molestasse.

CEM ANOS DE CHORADEIRA

"As Centenárias" são duas carpideiras nordestinas, aquelas mulheres que são pagas para chorar, cantar e rezar nos velórios. É uma profissão que está quase extinta, e o grosso da peça se passa nos anos 30: assim, as duas choradeiras profissionais podem ter encontros chocantes com o cangaceiro Lampião ou a primeira lâmpada elétrica. O texto de Newton Prado consegue ser engraçadíssimo e profundo ao memso tempo, pois afinal o tema central é a morte - ou a "patroa", como dizem as personagens. Marieta Severo está bem como sempre, e Andréa Beltrão está simplesmente sensacional: um prodígio de timing, entonação e emoção. Saí do teatro orgulhoso da rica cultura brasileira, que gerou esse fenômeno no Nordeste e agora esse espetáculo imperdível.

domingo, 17 de maio de 2009

EURO DE TOLO

Ontem à tarde, zapeando a esmo, dou de cara com a final do Eurovision sendo transmitida ao vivo pela TVE - a Española, não a Educativa. Jesus Pinto da Luz! O que é aquele palco imenso, onde até o assoalho é uma tela de vídeo? E os concorrentes, um mais over the top que o outro, com coreôs absurdas e fogos de artifício? A única mais comedida era Patricia Kaas, uma escolha de surpreendente bom gosto para representar a França. Os alemães apimentaram seu número com a stripper Ditta Von Teese; o greco-gostoso Sakis Rouvas cantou em cima do que parecia ser um grampeador gigante; e o Azerbaijão, que ficou em 3o. lugar, mandou uma cantora tão apelativa e vulgar que merece ser chamada de mulher-azerbaijão. E em 1o. não deu outra: ganhou a Noruega, com a tetéia Alexander Rybak. Uma vitória acachapante com quase 400 pontos, feito inédito na história do festival. O clip do mocinho pode ser conferido no outro post que eu escrevi sobre o assunto, e "Fairytale", a música vencedora, pode ser baixada aqui. Gostei, mas teria gostado mais se tivesse ganho a Suécia. A parruda Malena Ernman defendeu a magnífica "La Voix", uma mistura irresistível (para mim) de canto lírico com batida disco. Ficou em 21o. lugar...Também adorei Inga e Anush, duas gêmeas da Armênia, num figurino poderoso de madrasta da Branca de Neve em versão oriental. Espelho espelho meu, há alguém mais bonita do que elas?Sim, há, a turca Hadise, que ficou em 4o. lugar e lembra muito Shakira. Aliás, beleza no Eurovision é fundamental: o 2o. lugar ficou com a islandesa Johanna, linda e loira, que cantou uma baladinha insossa. Malta também inscreveu uma balada insossa, mas fez a besteira de mandar uma gorda de meia-idade cantá-la. Pois é, o fenômeno Susan Boyle ainda não repercutiu no festival: afinal, ele não se chama Eurosound ou Euromusic, se chama Eurovision. Tolinhos.

sábado, 16 de maio de 2009

ARTE EMBRIAGANTE

Não há melhor maneira de se visitar uma exposição do que levemente embriagado. Ontem fomos à abertura da mostra "Arte na França 1869-1960: O Realismo", no MASP, e depois de muitos discursos e outras tantas taças de champagne, estávamos no ponto. Um pouquinho de álcool faz as defesas baixarem, e a arte entra na cabeça feito um rodo, nos impactando de uma maneira impossível se estivéssemos sóbrios. Claro que os quadros expostos também ajudaram, e muito: tem Monet, Van Gogh, Gauguin, Picasso, Dali, e muitos brasileiros que pintaram na França. Como é o caso de Portinari, que comparece com uma obra que eu não conhecia: o "Retrato de Felippe Daudt d'Oliveira", cheio de beleza e energia (infelizmente, só na tela: o poeta retratado morreu no mesmo ano em que o quadro foi pintado). A seleção extrapola tanto a data do título (tem coisas recentíssimas) quanto o tema (vamos combinar que Dali não é realista), mas e daí? Fica em cartaz só até 28 de junho, e faz parte do calendário do Ano da França no Brasil. Então corra para ver, e se possível, tome uns drinks antes de entrar no museu.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

BE ITALIAN

Cesse tudo o que a antiga musa canta: ontem pipocou na net o primeiro trailer de "Nine", meu filme mais aguardado em 2009. Continuo achando que Daniel Day-Lewis não tem a cafajestice latina necessária para o papel, que foi de Raul Julia e Antonio Banderas no teatro e quase foi para Javier Bardem no cinema. Mas o resto do elenco, todo feminino, está glorioso - até mesmo Kate Hudson e Fergie, de quem eu não esperava grande coisa. Já vou acender velas nos altares das deusas Penélope Cruz, Nicole Kidman, Marion Cotillard e Sophia Loren, para o ano passar depressa e "Nine" estrear de uma vez.

TETRO CAMPEÃO

Francis F. Coppola ficou mais de 10 anos sem dirigir um filme. E, quando finalmente dirigiu, foi um desastre de proporções épicas. “Youth Without Youth” fracassou na crítica e na bilheteria, e não chegou ao Brasil nem em DVD. Tomara que seu novo título, “Tetro”, não sofra um destino parecido. Porque o trailer aí em cima já me deixou salivando: Buenos Aires, Maribel Verdú, ópera, fotografia primorosa em preto-e-branco, e ainda um jovem ator (Alden Ehrenreich) bonitinho que dói? Já estou na fila. O único senão é o repelente Vincent Gallo, um cara que eu detesto, e justo no papel principal. Mas Coppola é Coppola – mesmo quando ele fracassa, é melhor do que 90% de tudo que está por aí.

A FLORESTA DOS HORRORES

Se alguém da estatura de Oscar Niemeyer dissesse que, apesar dos pesares, ainda tem grande admiração por Adolf Hitler, o mundo viria abaixo. No entanto, o arquiteto centenário declarou há alguns meses que ainda é fã de carteirinha de Stálin, e a reação foi minima. Por quê é que Stálin “pode”, mas Hitler não? O primeiro matou muito mais gente, e deixou um legado maldito – a Cortina de Ferro – que durou quase meio século a mais que o III Reich. Isso é desonestidade da esquerda, que até hoje poupa o “guia genial dos povos” da pecha de anticristo que colou em Hitler. Só quem sofreu na carne o horror do stalinismo parece se importar com ele. Como é o caso do diretor polonês Andrzej Wajda, cujo “Katyn” é um raro filme sobre a 2a. Guerra Mundial que não trata do Holocausto. É uma obra que alterna momentos tediosos com cenas de tensão absoluta – talvez recriando a montanha-russa emocional que viveram os familiares dos oficiais poloneses assassinados pelos soviéticos na floresta de Katyn em 1940. Não é, de maneira alguma, um filme gostoso de se ver. Mas é bom que seja visto, porque reconstitui uma verdade histórica muitas vezes convenientemente esquecida.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO

Caiu na rede o trailer de "CaRIOcas", uma dos projetos que disputa a primazia de ser a primeira série brasileira de temática gay (desculpe o cacófato). Tá mais bonito e bem-feitinho que o da outra, "Farme 40o". Mesmo assim, não fiquei doidjo pra ver. Por quê incluíram uma cena (justo a última) que parece extraída do "Zorra Total"? E por quê, num programa que pretende cantar as belezas dos homens do Rio de Janeiro, não usaram uma música brasileira na trilha? Mistééério.

(Dica do Daniel, que também é carioca e bem-feitinho)

CHEGANDO NAS ÍNDIAS

Não pensei que a Globo tivesse culhão, mas ainda bem que me enganei. Acaba de sair um CD só com as músicas bollywoodianas que tocam em "Caminho das Índias". Acho que é a primeira vez que esse estilo é lançado comercialmente no Brasil. E olha, é uma compilação boa, animada do começo ao fim. Claro que nem tudo é perfeito: não há a menor informação sobre os filmes de onde essas canções se originaram. E algumas foram criminosamente amputadas, como é o caso de "Beedi", o agitadérrimo tema de abertura. Para sanar essa falha imperdoável, disponibilizo aqui a versão completa da música, com quase seis gloriosos minutos de duração. Bollywood editado é para os fracos.

NOTÍCIAS DO FRONT

Impressionante como o casamento gay está avançando nos Estados Unidos. Esta semana ele foi aprovado pela assembleia legislativa de Nova York. Para virar lei ainda tem que passar pelo senado estadual; a briga promete ser boa. Mas o interessante é que muitos deputados que tinham votado contra há alguns anos dessa vez mudaram de lado, garantindo uma vitória expressiva para as forças do bem. Um buscador de votos incansável foi esse fofo aí na foto, o deputado Daniel O’Donnell, que mora com seu namorado há mais de 30 anos – e ainda é irmão da atriz e apresentadora Rosie O’Donnell, outra paladina dos direitos dos gays. Enquanto isto, as forças do mal se reorganizam. Sarah Palin declarou apoio a Carrie Prejean, que, apesar de várias fotos desinibidas tiradas antes do concurso, foi reconfirmada como Miss Califórnia. Com isto Carrie ganhou uma nova inimiga: uma moça que foi Miss Nevada há dois anos, perdeu o título justamente por causa de umas fotos em que aparece nua, e agora ameaça processar todo mundo. Pois é, de uma hora para outra essa relíquia antediluviana que são os concursos de beleza ganharam uma importância transcendental. Culpa do Celso Dossi?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O VERÃO DO AMOR

Bom, hoje começa aquele outro festivalzinho europeu, o de Cannes. Que vem sendo saudado pela mídia como a maior colisão de grandes diretores dos últimos anos: Almodóvar, Tarantino, Lars von Trier e um monte de asiáticos de nome complicado. Quer dizer, tem um asiático cujo nome está gravado no meu coração, e no de muitas outras bibas também: Ang Lee, do injustiçadíssimo "Brokeback Mountain". E mais uma vez ele vem com uma filme aviadado. "Taking Woodstock" conta as aventuras de Eliot Tiber, figura central do festival de rock que mudou o mundo. Foi durante esse mega-evento que o rapaz descobriu sua homossexualidade, mas Lee garante que este não é o foco central da história. Até que é bom ver um personagem gay cujos problemas estão em outro lugar, né não? Ah, e super me identifiquei com o penteado do ator. Eu usava igualzinho até outro dia.

RAINHA POR UM DIA

Até que enfim: o famigerado Paul Rodgers deixou o Queen, e vai excursionar pela Europa no meio do ano com seu antigo grupo, o Bad Company. É isso aí, volte para o seu lar, get back to where you once belonged, vade retro. Os fãs verdadeiros da maior banda de todos os tempos jamais engoliram esse hétero blueseiro no lugar do maior cantor de todos os tempos. Freddie Mercury é insubstituível, claro, mas até que George Michael ou Robbie Williams não fariam feio. A "Entertainment Weekly", que torce descaradamente pela vitória de Adam Lambert na temporada atual do "American Idol", também começou uma campanha para que o rapaz entre para o Queen, nem que seja só por um tempo. Pode até ser: Lambert tem voz suficiente para tanto (olha só o que ele escolheu para seu teste no "Idol"), e também a vantagem de ser fresco como o orvalho da manhã. Mas é óbvio que, se ele vencer mesmo o programa, vai querer um reinado só para ele. Com manto, coroa, cetro e tudo o mais a que tem direito.

SÓ MUDA DE ENDEREÇO

A família é o esteio da sociedade. Ela nos ampara, protege, alimenta. Ela também nos mata de constrangimento, claro, e não há nada de mau nisto. O site americano Awkward Family Photos publica fotos de famílias tão ridículas que poderiam ser as nossas. Quase todas as imagens foram feitas em estúdio, por fotógrafos profissionais, e enviadas ao site pelos próprios fotografados. E provocam em quem as vê uma vergonha que não é exatamente "alheia". É triste mas é verdade: somos muito mais iguais do que pensamos.(Laura Florence, você é praticamente da família para mim)

terça-feira, 12 de maio de 2009

EURO-BREGA

Hoje começa um festival que vai mobilizar toda a Europa, provocar muita polêmica e, quem sabe, produzir um ou dois novos clássicos. Não, não estou falando de Cannes – a maratona cinematográfica só deslancha amanhã, e está longe de mexer com público como o Eurovision, o festival da canção mais cafona do planeta. Para começar, a definição de “Europa” que o evento utiliza é pra lá de generosa e inclui muitos países fora do mapa tradicional, como Israel ou Azerbaijão. O sistema de premiação é complicadíssimo: é a audiência quem escolhe os vencedores, mas ninguém pode votar no candidato de seu próprio país. Aí o que muitas vezes acontece é uma nação votar em massa numa música fraca, só para impedir a vitória de um vizinho e rival.Todos os concorrentes sonham com o sucesso internacional, por isto a maioria canta em inglês - como é o caso do efebo norueguês Alexander Rybak, do clip acima. Esse violinista com ares de Zac Efron é um dos favoritos, e sua música é especialmente ridícula. Ele canta que teve um grande amor “quando era mais jovem”. Oi? Quando era um espermatozóide?O Eurovision sempre acontece na capital do país que venceu a edição anterior. Este ano será em Moscou. E, justamente por isto, a canção da Geórgia foi desclassficada sem a menor cerimônia: o paiseco do Cáucaso inscreveu um número dance com o título sutil de “We Don’t Wanna Put In” (ou seja, “não queremos Putin”). O festival prefere besteirinhas sem a menor conotação política, e a-do-ra uma viadagem. Saca só o concorrente da Alemanha, Alex Swings, Oscar Sings! Hmm... Eurobíchion?
Para quem já está torcendo o nariz, é bom saber que o Eurovision revelou ao mundo nomes como o ABBA (que ganhou em 74, com “Waterloo”) ou Gigliola Cinquetti (“Non Ho l’Età”, 64). OK, go ahead, torce o nariz. Mas a maior repercussão foi mesmo em 98, quando venceu o travesti israelense Dana International, com a impagável “Diva”. Aí no alto vemos o momento da vitória, com pulinhos e faniquitos de sua entourage. Identificou o moreninho assanhado, aos 0:29? Sim, é ele mesmo, em seu primeiro trabalho de produção: Offer Nissim, a nossa querida Miojo. Que agora sabemos que é fake até na cor dos cabelos!

(Para os fanáticos como eu: aqui e aqui tem vídeos com todos os vencedores, desde 1956. A maioria foi tragada pelo vórtex espaço-tempo, mas alguns entraram para o cancioneiro popular. Quantos você reconhece?)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

JANELA DISCRETA

Engraçado como funcionam as expectativas. Basta a gente achar que vai gostar muito de alguma coisa para se decepcionar, e o contrário também é verdadeiro. Minha amiga Marta Matui é argentinófila como eu, e correu para ver "A Janela", o novo filme do diretor Carlos Sorin. Nós dois adoramos um outro filme do cara, "Bombón, el Perro". E claro que a Marta odiou "A Janela", e postou a respeito. Ela quase conseguiu me desanimar, mas não a ponto de eu não ir ao cinema. Lá me fui, pronto para passar as piores horas da minha vida. E adivinha? Gostei. Quer dizer, não odiei. Achei simpático. Delicado. "Entendi" o filme, que me fez lembrar os últimos dias de vida do meu pai - ontem, aliás, fez quatro anos que ele morreu, como o tempo passa. Pois é, Marta: se não fosse pela sua crítica negativa, eu provavelmente teria odiado "A Janela". Gracias, pelotuda.

ALLONS ENFANTS

Há pouco mais de um mês falei aqui no blog do Nous Non Plus, uma banda americana que canta em francês. Como ainda estou podendo, encomendei pela Amazon o novo CD dos caras, "Ménagerie". E já está na minha lista dos melhores do ano - aliás, faz tempo que uma banda francesa de verdade não lança nada tão bom. Aí no alto está o clip do novo single, "Catastrophe", que deve ter custado uns 23 centîmes para produzir. Gostou? Então baixa a musiquitcha aqui. Ah, e "Loli", o maravilhoso primeiro single, está dando soupe aqui. Le jour de gloire est arrivé!

UMA ROUBADA

Quase que dá para sentir dó dos ladrões que assaltaram uma mansão ontem, em São Paulo, e levaram quadros de Portinari, Teruz e Tarsila do Amaral. Os caras queriam mesmo era arrombar o cofre: quando este se revelou vazio, levaram algumas telas da magnífica coleção da casa. O que os bobocas não sabem é que roubo de arte só dá certo quando é encomendado; quadros famosos não são fáceis de vender. E, se aparecer comprador, vai levar por quaisquer dois merréis. O assalto fica ainda mais patético quando sabemos que os gatunos comeram sanduíches na cozinha, e ainda levaram 120 reais dos empregados da casa. Ladrão com fome é triste, né? Mas isto é Brasil. Só no cinema é que obras valiosas são roubadas com raios laser e traquitanas eletrônicas. Agora é esperar: dentro de alguns dias, esses quadros serão encontrados em algum barraco na favela.

domingo, 10 de maio de 2009

MILF

Lembra de "Dick in a Box"? Um clip escandaloso do "Saturday Night Live", com Andy Samberg e Justin Timberlake cantando o que vão dar para as namoradas de Natal? Esse sucesso estrondoso finalmente ganhou uma continuação: no programa de ontem, a dupla se reencontrou para declarar amor pelas mães. Claro que há um porém: é o amor de um pela mãe do outro, hehehe (que no vídeo são ninguém menos que Susan Sarandon e Patricia Clarkson). A ilustração perfeita para uma gíria que está na moda nos EUA, milf - a sigla de "mother I'd like to fuck". Feliz Dia das Mães.

sábado, 9 de maio de 2009

A FRONTEIRA FINAL

Nunca fui trekkie, Deus me livre e guarde - acho que nem mesmo assisti a um episódio inteiro de "Jornada nas Estrelas". Ainda assim, lá estava eu ontem no cinema, dia da estreia mundial do novo "Star Trek" (que, por razões de marketing globalizado, se chama assim mesmo no Brasil). A imprensa está falando maravilhas do filme, e evidente que a versão rejuvenescida do elenco - que virou uma espécie de "Star Trek Babies" - também me atraiu bastante. Mas confesso que me decepcionei um pouco: tem lutas e batalhas demais, e elocubração transcendental de menos. Só no finzinho, quando os Spocks do presente e do futuro se encontram, é que a trama resvala no território metafísco que caracterizou a série da TV. Mas claro que adorei os atorezinhos: alguns deles parecem saídos diretamente de um filme da Bel-Ami. As carinhas de bebê são tamanhas que, para contrabalançar, a fotografia faz questão de revelar todas as imperfeições, como a pele esburacada de Chris Pine, o novo capitão Kirk, ou o five o'clock shadow de Zachary Quinto, que faz um Spock muito mais sexy que o original. De resto, o filme não traz nada que não tenhamos visto milhares de vezes. Só uma revelação me chocou. Durante uma cena de parto crucial para a trama, o pai, que acompanha tudo à distância, precisa perguntar se nasceu menino ou menina. Pois é, no futuro vai haver teletransporte e viagens interestelares, mas exames de ultrassom, não.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

MOÇAS DE FINO TRATO

A crítica americana está pagando um dobrado para classificar uma nova cantora chamada St. Vincent, a começar pelo nome. Onde já se viu, uma moça tão bonita com um nome assim, meio... sacrílego? A estratégia de marketing de Annie Clark (seu nome verdadeiro) está dando certo, e seu CD "Actor" virou a sensação do momento. A verdade é que o disco é muito bom, um pop sofisticado com arranjos elaborados e letras contundentes. Ouça por si mesmo: ele pode ser baixado inteirinho aqui, mas não conte para ninguém que fui eu que indiquei.

Para deixar esta sexta ainda mais alegre, baixe também o álbum "Remixed" da Lily Allen. O DJ Doc Fritz retrabalhou todas as faixas do excelente "It's Not Me, It's You", e a fofa da Lily criou um site onde o povo pode dowloadar tudo de grátis, inclusive a capinha. E que o fim de semana comece djá!

MAR DE LAMA

À primeira vista, a votação em listas fechadas - e não mais em candidatos individuais - me pareceu uma boa ideia. Seria um jeito de varrer do Congresso os partidos nanicos, as legendas de aluguel, os candidatos exóticos que arrastam milhões de votos e depois morrem, deixando em seus lugares suplentes ainda mais despreparados. Mas claro que a intenção não é esta: é simplesmente perpetuar no poder a quadrilha que já está lá, que vê sua reeleição ameaçada depois da tsunami de escândalos que vem enlameando o Legislativo. Essa gentalha, que se lixa para a opinião pública, está tramando à luz do dia como prescindir totalmente do eleitorado, e ficar para sempre usufruindo da dolce vita às nossas custas. Sei que é pecado o que eu vou dizer, mas está cada vez mais difícil ser contra o fechamento puro e simples do Congresso.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

IRMÃOS CAMARADAS

Bom, já que está todo mundo dando, então vou dar também. O Carioca Virtual, o Celso Dossi, o Glamaddict, o Made in Brazil e até mesmo o Towleroad já postaram o trailer de "Do Começo ao Fim", o novo filme do Aluísio Abranches (se você ainda não viu, onde é que você estava nas últimas 24 horas?). E a bicharada inteira está ovulando com a estreia iminente do longa, sinal de que transar com o irmão é um fetiche muito mais comum do que eu pensava. Mas o filme vai um pouco além disso: são dois irmãos que se amam, desde pequenininhos. Hmm. Conheço algumas histórias de irmãos (do mesmo sexo ou não) que chegaram às vias de fato na mais tenra adolescência, mas nenhum caso de amor romântico. Soa doentio? Sim, soa - isso faz de mim uma pessoa preconceituosa? Por outro lado, um incesto gay é totalmente inofensivo do ponto de vista biológico, porque é impossível que nasçam filhos "tortinhos' dessa relação. E antes que alguém pergunte, sim, também estou louco para ver o filme.

(OK, Luciano e Daniela, vocês venceram)

TOURADA DU SOLEIL


Touradas seriam espetáculos cheios de bravura e glamour, não fosse um pequeno detalhe: um animal é barbaramente torturado até a morte. Por isto, não tenho a menor vontade de assistir uma ao vivo. A não ser que ela seja como a do vídeo acima, com acrobatas muito mais corajosos do que qualquer matador. E sem um pingo de sangue,¡olé!

MISS-ERICÓRDIA

Acho que vou mudar o nome desse blog para Celso Dossi, porque não para de falar de misses. Aliás, foi o próprio quem me enviou esse vídeo aí de cima, tirado de um noticiário da MSNBC - o canal de notícias americano mais "à esquerda". O apresentador Keith Olbermann, inclusive, já se posicionou no ar a favor do casamento gay. O vídeo é longo e falado em inglês, e começa com o asqueroso "Joe the Plumber", o equivocado garoto-propaganda dos republicanos nas últimas eleições presidenciais, dizendo que não deixa gay nenhum se aproximar de seus filhos (porque, "como todo mundo sabe", a homossexualidade é transmitida pelo contato, mais facilmente do que a gripe ex-suína). Depois vem um debate: é justo tirar o título da Miss Califórnia, só porque ela já tinha feito fotos sexy - algo explicitamente proibido pelas regras do concurso? Aí entra uma especialista e garante que sim, pois se Carrie "A Estranha" Prejean acha justo discriminar alguém por causa de sexo, ela também merece ser discriminada. Pois eu ainda digo que ela é uma alma que pode ser salva. Oremos.

A BATALHA DAS DIVAS

Quem tem a voz mais esganiçada, Kylie Minogue ou Paula Abdul? Finalmente a humanidade vai se livrar dessa dúvida terrível, pois agora é possível fazer uma comparação direta. Tentando reanimar sua carreira como "cantora" (ela nunca foi grande coisa), La Abdul está lançando uma nova música, "Here for the Music". Que na verdade já foi gravada como demo por La Minogue há 5 anos atrás, e nunca lançada comercialmente. Baixe as duas versões - Paula aqui, Kylie ali - e dê seu veredito. Eu não gostei muito de nenhuma...