quinta-feira, 30 de abril de 2009

OMKARA O TCHAN

O fofo de um cliente meu marcou reunião para as seis e meia da tarde de uma véspera de feriado, olha só que amoooor. Por causa disto vou perder meu vôo para o Rio hoje à noite, e também a despedida retumbante da Preta Gil na TW RJ. Merde. Mas não há de ser nada: dizem que ela vem pra SP em julho. Enquanto isto, vou ter que segurar o rebolation até sábado. Vou aproveitar para ensaiar os passinhos de "Beedi Jalaile", também conhecida como a música de abertura de "Caminho das Índias". Como quase todas as canções indianas, essa também faz parte da trilha sonora de um filme: "Omkara", a versão de Bollywood para a tragédia "Otelo" de Shakespeare - como, aliás, se pode perceber facilmente pelo requebrado da moça, bastante próximo à dança da garrafa.

VOCÊ NÃO VALE NADA MAS EU GOSTO DE VOCÊ

A revista "Entertainment Weekly" desta semana traz um artigo muito engraçado do Stephen King - ele mesmo, o autor de romances de terror. King escreve de vez em quando sobre cultura pop, e seu assunto dessa vez são os "earworms": aquelas musiquinhas pentelhas que grudam no ouvido da gente e não largam nunca mais. Esses vermes musicais costumam despontar nas nossas mentes nas horas mais impróprias: numa reunião com a diretoria, num primeiro date importante, num velório. E ficam lá nos devorando por dentro, às vezes nos levando às raias do suicídio. Alguns exemplos clássicos de "earworm" são "Mambo no. 5", do Lou Bega, ou "Scatman's World", do Scatman John. E o que me assola atualmente é "Você Não Vale Nada" do Calcinha Preta, o tema daquela vagaba da novela. Fiz a besteira de baixar, e agora fico cantando mentalmente o dia inteiro, um inferno. Faça a besteira você também e baixe aqui esse forró-pentelhação. Essas músicas não valem nada, mas a gente gosta delas. E odeia também.

E agora, num serviço de desutilidade pública, vou lembrar da letra de mais alguns "earworms". Um aviso: não leia, porque senão eles vão penetrar no seu cérebro. Não leia. Não leia. Lá vai:

"Dale a tu cuerpo alegría Macarena
Que tu cuerpo es pa' darle alegría y cosa buena
Dale a tu cuerpo alegría Macarena
Eeeeeh Macarena
Awhaaa"

"Hey Mickey you're so fine
You're so fine you blow my mind
Hey Mickey!
Hey Mickey!"

"Eu vou cortar você na mão
Vou mostrar que eu sou tigrão
Vou te dar muita pressão
Então martela, martela
Martela o martelão
Levante a mãozinha
Na palma da mão
É o bonde do tigrão"


Leu, né? Eu avisei. Agora aguenta.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

RENT-A-MOM

Sarah Jessica Parker, essa trendsetter implacável, acaba de lançar um acessório que vai bombar mais que as máscaras cirúrgicas: a barriga de aluguel. Não há melhor maneira de trazer gêmeos ao mundo sem ter enjôos nem estrias, e sem atrapalhar as filmagens de "Sex and the City 2 - A Vingança de Louboutin". Mas SJP não revela o que todo fashionista quer saber: onde foi que ela comprou essa barriga? Será que foi no Shopping Cidadje Chardien?

COZINHAR É PODER

Ontem consegui ver na TV a cabo o filme que venceu, há duas semanas, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. "Estômago" era o único dos cinco indicados que eu perdi no cinema: o filme estreou durante as minhas férias, e, quando eu voltei de viagem, só estava passando em horários alternativos. Burro eu, devia ter dado um jeito de ver naquela época - porque "Estômago" é realmente muito bom. Tudo funciona bem: roteiro, montagem, fotografia, e principalmente a atuação de João Miguel. Atrevo-me a dizer até que ele merecia mais o prêmio de melhor ator que meu querido Selton Mello. O filme talvez seja o primeiro exemplar brasileiro do cinema "gastronômico", que tem títulos adorados como "A Festa de Babette", "Como Água para Chocolate" e o japonês "Tampopo", uma maravilha hoje meio esquecida. Todas essas obras têm como protagonistas personagens que sabem cozinhar divinamente, e por causa disso adquirem algum tipo de poder sobre os demais. É o panela-power: a maneira mais gostosa de ser subjugado.

terça-feira, 28 de abril de 2009

ME MÓRMON QUE EU GOSTO

Este é o terceiro ano em que Chad Hardy publica o calendário "Men on a Mission", com jovens mórmons em, digamos, estado de graça. Mas foi só desta vez que a Igreja dos Santos dos Últimos Dias, como os mórmons são mais conhecidos no Brasil, resolveu estrilar. Expulsaram Chad da igreja, alegando que a tal folhinha traz publicidade negativa para esse ramo extremo do Cristianismo (alguns estudiosos nem classificam os mórmons como cristãos). Ah, traz, é? E os casamentos poligâmicos, que forçam as moças a se casar com os líderes da comunidade e deixam muitos rapazes a ver navios? E o patrocínio da campanha pela Proposition 8, que baniu o casamento gay na Califórnia? Faz-me rir. Quem quiser ver mais do calendário deve clicar aqui. E fique ligado: em julho sai um calendário de mães mórmons, devidamente vestidas. Tem fetiche pra tudo.

A DALIDA DA TURQUIA

Responda depressa: onde se faz a melhor música pop não-anglófona do mundo? Surpresaaa... na Turquia! Privilegiados por sua posição geográfica e sua mistura de etnias, os turcos têm astros que não ficam nada a dever aos de países mais cotados, como Espanha ou Itália. Rola de um tudo por lá: folclore, baladas românticas, technopop, samba-rock, mas com sabor de romã e aroma de tulipa. E pairando acima de todos está a über-diva Ajda Pekkan, 63 anos mas com corpinho de 47. Ajda começou sua carreira nos anos 60 fazendo covers de canções francesas e estrelando centenas de filmes, e ainda hoje dá canseira nas rivais mais novas, como Sezen Aksu ou Sertab Erener. Baixe aqui sua absurda versão em turco de uma música que já era absurda no original, "Dove È l'Amore" da Cher. E salve as divas beeshas otomanas!

YOU GIVE ME FEVER

Mais uma vítima da gripe suína: "Wolverine", que teve sua estreia cancelada no México. Não consigo conceber uma cidade sem nenhum cinema funcionando, isso para mim é um pesadelo. E sem boates! E, nos poucos restaurantes que ainda estão abertos, os garçons estão usando máscaras cirúrgicas. Até a filial da agência onde eu trabalho está fechada. Mas, de que adianta o feriado forçado, se ninguém tem nada pra fazer? What a lovely way to burn.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A CIDADE-FANTASMA

Quem já esteve na Cidade do México sabe que, na hora do rush, ela deixa São Paulo com cara de uma pacata aldeia do interior. “Trânsito” é força de expressão, porque a palavra supõe que algo transite de um ponto a outro – o que lá ninguém consegue fazer, tamanho o mar de carros que invade as ruas. Por isto, é difícil imaginar que este formigueiro humano esteja às moscas hoje. Fechou tudo: escolas, cinemas, teatros, museus, shoppings, igrejas. Parece filme de ficção científica. Será que o mesmo vai acontecer por aqui? Sinceramente, não acredito que esse outbreak de gripe suína vire uma pandemia global. O mundo entrou em pânico por causa da SARS em 2002, mas a doença logo foi controlada (o último caso foi registrado em 2004). De qualquer forma, havia a possibilidade de eu ir acompanhar a filmagem de um comercial no México no mês que vem. Não há mais.

O PAI-RAGUAIO

O presidente Fernando Lugo já está sendo chamado de "El Semeador de la Patria" pela imprensa do Paraguai. Rolam apostas de que muitos outros filhos irão aparecer, talvez até mesmo 16. Morri de rir com a desculpa oficial que o garanhão soltou anteontem, de que ele é "fruto de um processo histórico". E quem não é, Excelência? Também ri muito com a declaração de um bispo de que as estripulias de seu ex-colega "não comprometem a credibilidade da Igreja". Vamos combinar que quem tem que dizer isto não é ele, são os fiéis. Evidente que essa pororoca de filhos tem cheiro de coisa armada, e uma das possíveis mães disse até que desconfia de uma "conspiração internacional" para derrubar Lugo. Que país teria interesse nisto? O Brasil, claro. Porque, inspirado e patrocinado por Chávez, o Don Juan do Chaco quer cobrar mais pela energia de Itaipu, no fundo a única coisa que ele tem para vender. Bobos foram os vencedores da Guerra do Paraguai: Brasil e Argentina deveriam ter dividido o derrotado entre si, e o território deste paiseco de mierda hoje faria parte de duas nações melhorzinhas. Prontohablei.

SE EU NÃO TENHO, NINGUÉM VAI TER

Anteontem vi uns pedaços de um documentário muito interessante sobre o Karl Lagerfeld. Não sabia, por exemplo, que ele é moreno de fábrica, e que foi o maior bofão na juventude. Lá pelas tantas, a inevitável pergunta: "o que você acha do casamento gay?". E Lagerfeld responde que acha casamento uma bobagem, que as bichas estão tentando imitar uma instituição falida do mundo hétero, e que precisamos repensar a noção de família como um todo. Hmm, pode até ser, mas essa rejeição total do casamento me fez desconfiar que... claro, cinco minutos depois veio a confirmação. "Não tenho ninguém na minha vida, nem quero. Sou um artista, preciso ficar sozinho para me reciclar". Bingo: Karl é um solitário, talvez até mesmo por opção (conheço algumas pessoas assim, e que vivem perfeitamente bem). Mas essa declaração me fez lembrar de outro estilista, o saudoso Clodovil, que também era contra o casamento gay - se bem que em termos muito mais brutais, "cada macaco no seu galho". E que também era uma pessoa sozinha e sem amor. Então, uma opinião aparentemente "moderna" e "polêmica" - "como assim, um gay famoso contra o casamento gay?? Meus sais!!" - me cheira muito mais a despeito e inveja das novas gerações, muito melhor resolvidas (Marc Jacobs e Tom Ford estão casados e felizes). Fiquei com peninha.

domingo, 26 de abril de 2009

DOMINGO EM BRANCO

O norueguês Erlend Øye é mais conhecido como vocalista da dupla Kings of Convenience, mas ele também tem carreiras paralelas como cantor solo, DJ e líder do The Whitest Boy Alive, uma banda de sonoridade meio indie rock. Acabou de sair o segundo disco desse projeto, "Rules", perfeito para um ensolarado domingo de outono como este que está fazendo em SP. Baixe "1517" aqui e fique de papo pro ar.

sábado, 25 de abril de 2009

O FINO QUE SATISFAZ

As label parties são uma instituição no Rio, com públicos cativos e personalidades próprias, mas em SP elas nunca vingaram. Talvez isto mude agora, com a chegada da Four Seasons: uma label com cara de festa privada, promovida por Beto Cintra e Felipe Bonetti. A primeira edição rolou ontem numa mansão do Jardim Europa, e todas as reeecas e feeenas da cidade estavam lá. O preço do ingresso - 70 antecipado, 90 na porta - me pareceu salgado, mas mudei de ideia quando descobri que era open bar, com champagne, tequila e vodka à vontade. O serviço estava perfeito, com garçons circulando e tudo, e os banheiros, apesar das filas inevitáveis, limpos e funcionando. O som estava mais pra festinha do que pra boate, com "Love's in the Air" e "Mamma Mia" tocando nas versões originais. Claro que, com tantas herdeiras juntas, o carão imperou, e rolou muito pouca pegação. Mas todo mundo se divertiu. A próxima festa acontece só daqui a três meses, quando mudar a estação: se estiver frio, é uma chance de tirar a zibelina do armário.

(Tem foteeenhos da festa na Lindinalva)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A VERDADEIRA MAIONESE

Mal terminou o episódio Doritos, e outra tempestade se aproxima no horizonte: o affair da maionese, detonado pelo programa "Toma Lá, Dá Cá" da última terça. Já tem gente pegando em armas e pregando o boicote à Unilever, fabricante da maionese Hellmann's. Pois eu digo, muita calma nesta hora. A piada que provocou a confusão sem dúvida é sem graça (ainda não viu? clique aqui), e totalmente ofensiva se vista fora do contexto. Mas é aí que mora o perigo: contexto, gente, contexto. Quem disparou contra a sapatona Deisy Coturno (êita nominho delicado) não foi a Globo, nem a Unilever, nem o Fallabella: foi a personagem d. Álvara, uma escrota profissional. Reclamar de "preconceito" neste caso me soa ingênuo, meio como certos grupos negros se queixando toda vez que um personagem racista surge numa novela. É bom lembrar que, na cena em questão, voaram insultos para todos os lados, não só para a lésbica. Outra coisa: a Globo diz que não submete o texto final do merchandising à aprovação do anunciante, para evitar que ele interfira na dramaturgia. Portanto, a Unilever é inocente.

Então quem é o culpado? Fallabella e os demais roteiristas têm um pouco de culpa sim, porque fazer piada fácil com gay é coisa digna do "Balança Mas Não Cai". Humor popular? Meu koo. Claaaaro que não foi esta a intenção, claro que todo mundo sabe que o Miguel é gay e portanto está "traindo a classe", claro que bom gosto e respeito sempre caem bem. Mas aí é o próprio programa que está inserido num contexto muito maior: a sociedade brasileira atual, que desrespeita gays, pobres, feios, negros, gordos, eleitores e pessoas que pagam impostos. Sem dúvida que eu preferia que esta cena infame do "Toma Lá" nunca tivesse acontecido, porque ela permite sim uma leitura homofóbica. Mas, dessa vez, não acho que seja caso para uma mobilização maior do que a que já está acontecendo. Pouco a pouco, veículos e anunciantes terão que se sensibilizar, adotar novas políticas (não é mesmo, Bradesco?) e renovar seus antigos valores, que estão estragando mais depressa do que maionese fora da geladeira.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

THE ELECTRIC FRIENDSHIP GENERATOR

Maravilhoso este vídeo sobre as regras de etiqueta no Facebook, produzido como aqueles filmes educacionais americanos dos anos 50. Aliás, já reparou como o Facebook parece - por enquanto - uma sala VIP do Orkut? Pelo menos lá não tem ninguém com *** e !!! no nome. Por enquanto.

AS ARMAS DE JORGE

Geralmente acho ridícula aquela cantilena que aflora toda vez que há um feriado prolongado: "o comércio vai perder milhões, o país não pode se dar ao luxo", blá blá blá. Sou da opinião de que a vida é curta, e quanto mais feriado, melhor. Mas também é ridículo, e tipicamente carioca, inventar um feriado municipal apenas dois dias depois de outro, nacional. O resultado é esta semana fragmentada, com três dias úteis intercalados por dois de folga. O lobby dos comerciantes do Rio conseguiu passar uma lei proibindo a criação de novos feriados, porquê, pelo andar da carruagem, daqui a pouco ninguém mais ia trabalhar nos aniversários da Escrava Anastácia, do surfista Pepê, de Dona Ivone Lara e do Amigo da Onça, todos ícones da carioquice. O curioso é que São Jorge - um santo não exatamente cassado pela Igreja, mas rebaixado ao terceiro grau, porquê não há provas concretas de sua existência - teria sido morto pelo imperador Diocleciano por se recusar a adorar os deuses pagãos. Pois hoje é justamente seu sincretismo com os orixás africanos (ele é Oxóssi na Bahia e Ogum no sul e sudeste) que o torna tão popular. Teria o dragão vencido? Não importa: padroeiro da Inglaterra, da Catalunha, de Moscou, do Corinthians e de vários amigos meus, salve Jorge!

VOTO DE CONFIANÇA

Depois do bate-boca entre Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes ontem à tarde, os demais ministros do STF correram a divulgar uma nota onde "reafirmam a confiança e o respeito" ao presidente do tribunal. Pois eu gostaria de reafirmar minha confiança e respeito ao ministro Joaquim Barbosa, que pode ter o pavio curto mas tem uma longa folha corrida de serviços à nação. Gilmar Mendes está mesmo destruindo a Justiça brasileira, assim como o Legislativo está se auto-implodindo. Mas são pessoas como Barbosa que ainda me dão um fiapo de esperança neste país.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

TIOZÃO SUKITA

E por falar em tiozão: e o Caetano, hein? O velho baiano está em plena idade do lobo, querendo mostrar pra Paula Lavigne, Deus e todo mundo que ainda dá no couro. Só isto explica a profusão de palavras como "bunda", "sêmen" e "tarado" em suas músicas novas. O que não seria um problema se as ditas músicas fossem boas. Não são, e é por isto mesmo que seu novo CD, "Zii e Zie" ("tios e tias" em italiano, olha só que chic) mereceu do Thiago Ney da "Folha" o imbatível apelido de "Zzzzzzz". Os arranjos "jovens" não chegam aos pés dos que fazia Jacques Morelenbaum. As letras são pretensiosas, preguiçosas, auto-indulgentes... o que dizer de "ecstasy, bala, balada"? Só os covers de sambas antigos se salvam. Pena que Caetano e Paula se separaram - ela iria enquadrá-lo em dois tempos.

FERIADO MONSTRUOSO

Neste Tiradentes liberei o tiozão que existe em mim. Não contente em submeter meus sobrinhos à “Noviça rebelde” no domingo, ontem levei-os para ver “Monstros vs. Alienígenas” em 3D e Imax. A única tela no gênero no Brasil fica no horrendo shopping Bourbon Pompéia, um pesadelo para entrar e sair - ainda mais em dia de jogo do Palmeiras (fica bem ao lado do Parque Antártica). E a frequência, mon Dieu? Parecia que os monstros haviam escapado do cinema… Mas tergiverso. O filme é absolutamente formidável, e todo mundo se divertiu à pampa. Agora quero um Insetossauro de pelúcia para mim.

TEMPESTADE SEM FIM

Depois de uma enxurrada de vídeos amadores parodiando o horroroso comercial "Gathering Storm", surgem agora os feitos por humoristas profissionais, com texto e valores de produção bem melhorzinhos. O site Funny or Die soltou este aí de cima, estrelado por celebridades como Alicia Silverstone, Sarah Chalke (de "Scrubs") e Jason Lewis ("Sex and the City"). E Stephen Colbert, que tem um programa de sátira política no canal a cabo Comedy Central que deixa o "CQC" com cara de trote universitário, fez também um vídeo hilário, que pode ser visto aí em baixo. Só espero que essa reação toda não esteja ajudando os trogloditas contra o casamento gay, ao trazer mais atenção para suas ideias absurdas.
The Colbert ReportMon - Thurs 11:30pm / 10:30c
The Colbert Coalition's Anti-Gay Marriage Ad
colbertnation.com
Colbert Report Full EpisodesPolitical HumorGay Marriage Commercial

O humor é uma arma de destruição em massa, sem dúvida. Mas acho que a melhor resposta até agora ao "Gathering Storm" é esse vídeo abaixo, totalmente sério. O texto é um primor. E quem aparece não são atores pagos, mas sim gente "de verdade": casais gays, pais de gays, sacerdotes, e até mesmo o ator que faz o jornalista de moda Suzuki St. Pierre em "Ugly Betty". Quem diria que ele é gay? Not!

terça-feira, 21 de abril de 2009

IDAS E VINDAS

Não basta um bom café da manhã para se começar bem o dia. Para mim, a trilha sonora certa também é crucial: uma escolha equivocada pode potencializar o mau humor e o desejo de mandar tudo às favas. Nada muito arrastado, que dê vontade de voltar pra caminha, nem muito bombástico, porquê nem todos os neurônios já estão de pé. Precisa ser algo suave, mas que também dê energia. Este fim de semana comprei o CD ideal para esse momento. É o 2o. da dupla americana The Bird & the Bee, "Ray Guns Are Not Just the Future". Uma coisa meio o-futuro-visto-dos-anos-60, misturando iê-iê-iê e James Bond com produção muderninha. Baixe aqui "Love Letter to Japan", e veja se não é perfeita para ir ouvindo a caminho o trabalho. A gente até releva o trânsito, e entra numas de "bom dia sinal, bom dia lombada, bom dia seu guarda...".

Voltar do trabalho é outro problema. Às vezes saio tarde, com a cabeça explodindo, e tudo o que eu não preciso nessa hora é o último set de algum DJ babadex. Meus ouvidos pedem um dry martini sonoro, que me faça esquecer que estou enfrentando um congestionamento às oito e meia da noite. "Quiet Nights", o novo disco da Diana Krall, cai como uma luva, ou talvez uma meia de seda. A sra. Elvis Costello não é uma cantora excepcional, e o repertório calcado na bossa nova se aproxima perigosamente da música de elevador. Mas os arranjos são tão etéreos que em segundos me transportam para um lounge mental, com vista apra a baía de Guanabara. Diana se arrisca a cantar "Este Seu Olhar" em português, e isto a torna ainda mais querida. E agora calma, que já estamos chegando.

PARA LEVAR A MAMÃE

Assisti "Divã" no teatro, logo depois da estreia em 2005. E me diverti muito: com apenas dois outros atores em cena e pouquíssimo recursos cênicos, Lília Cabral conseguia recriar toda a trajetória de uma mulher, antes, durante e depois do casamento. A peça fez mais de 200.000 espectadores - mais do que a maioria dos filmes brasileiros - e agora chega ao cinema estrelada pela mesma Lília Cabral, mas com muitos, muitos outros atores. Assim, o que era imaginado antes agora é visto em detalhes, embalado por piadas previsíveis e premissas inverossímeis. A protagonista Mercedes acaba com um casamento de anos meio porquê sim; depois, entra e sai de situações como se experimentasse roupas num provador. Praticamente todas as cenas engraçadas estão no trailer. Claro que é legal ver a The Week Rio na telona, numa sequência que é quase um comercial da boate, e Lília está maravilhosa como sempre. Mas, tirando sua mãe e as amigas dela, pouca gente vai realmente gostar de "Divã".

segunda-feira, 20 de abril de 2009

OPPOSITE MARRIAGE

Mwahahaha. A tão temida "ditadura gay", onde todos os cidadãos de bem serão "obrigados" a aceitar de cabeça baixa que os homossexuais têm direitos iguais, avançou mais um tequinho neste fim de semana. A candidata da Califórnia era uma das favoritas para conquistar a coroa de Miss USA, até que chegou o momento crucial da pergunta feita por um dos jurados. E quis o destino que esse jurado fosse o fofoqueiro-mor Perez Hilton. Em vez de interrogá-la sobre sua posição quanto à paz mundial, Perezito quis saber da miss algo mais interessante: se ela era a favor ou não do casamento gay. Com o enrolamento típico das beldades nesses concursos, a louraça até que começou bem: "We live in a land where we can choose same-sex marriage or opposite marriage" (vivemos num país onde podemos escolher entre o casamento entre peessoas do mesmo sexo e o casamento "oposto"). Mas depois derrapou e admitiu que, devido a sua formação, só apoiava mesmo o casamento "oposto". Não deu outra: perdeu por poucos pontos. É o que dá falar esse tipo de besteira para uma platéia onde as bibas são maioria. Bem-feito.

(Celso Dossi, você que é chegado: os melhores momentos do Miss USA podem ser conferidos aqui.)

GOTA DE CHUVA, BIGODE DE GATO

Levei meus sobrinhos para assistir "A Noviça Rebelde", que acaba de estrear em SP depois de um ano de sucesso no Rio. Anna, de 13 anos, quer ser atriz, e já conhecia a história e várias músicas. Pedro, de 8, não conhecia nada, nem nunca tinha visto um musical: gostou, especialmente do momento em que os nazistas invadem a "Austrália". E eu também gostei, apesar do choque de ouvir em português canções que estão pirogravadas em inglês no meu coração. Charles Möeller e Cláudio Botelho não tiveram o menor pudor de colocar palavras como "cafundó" e "jururu" nas letras, para preservar métricas e rimas - e claro que funciona, os caras são craques. O elenco também é excelente: Kiara Sasso faz uma Maria doce e espevitada, sem a afetação de Julie Andrews, e as crianças são todas um assombro. É uma montagem de luxo, com trocas impressionantes de cenário que justificam os ingressos caríssimos. Impossível não sair do teatro cantando, mesmo as letras novas em português.

(Ah, e para quem nunca percebeu: a epígrafe desse blog é tirada de "My Favorite Things", minha música favorita da "Noviça". "Raindrops on roses and whiskers on kittens" viraram "Gota de chuva, bigode de gato" na versão brasileira. Bonitinho, não?)


Quando cheguei em casa a Isadora tinha me mandado um link para este vídeo acima. É uma flash mob dançando "Do-Re-Mi" na estação de Antuérpia, na Bélgica. Parece espontâneo, mas claro que não é: é a chamada para a versão local do reality show "How Do You Solve a Problem Like Maria?", que busca a protagonista apra uma nova montagem da peça. Engracado que há exatamente um ano eu estava desembarcando nessa mesma estação... sincronicidade!

domingo, 19 de abril de 2009

VER, REZAR, CHORAR

Já chorou o suficiente pela Susan Boyle, ou ainda tem uma lagriminha sobrando aí dentro? Então prepare-se para vertê-la vendo o trailer de "Prayers for Bobby", um telefilme do canal a cabo americano Lifetime. É baseado na história verídica de Bobby Griffith, um rapaz gay que tinha uma mãe fanática religiosa - e ela o perseguiu tanto que ele acabou se matando. Resultado: Mary Griffith se tornou ativista da causa gay. Pelo menos hoje é domingo e a gente pode se debulhar à vontade em casa.

(João, lava os olhos meus)

sábado, 18 de abril de 2009

DIVINA DECADÊNCIA

Era uma vez duas grã-finas americanas, mãe e filha, que tiveram dias de esplendor nas décadas de 30 e 40. Nos anos 70, porém, abandonadas e sem tostão, elas viviam um crepúsculo de deusas caídas em desgraça, numa mansão decrépita infestada de gatos e gambás. A saga de "Big Edie" e "Little Edie" Beale (ambas se chamavam Edith) fascina os EUA desde que um documentário de 1975 revelou a sorte dessas parentes próximas de Jacqueline Onassis. Depois essa história rendeu um musical da Broadway e finalmente um telefilme que passa hoje à noite na HBO americana, todos chamados "Grey Gardens" - o nome da propriedade que lhe serviu de cenário. Jessica Lange está fantástica, e irreconhecível sob a maquiagem de velha senhora. Mas o show é de Drew Barrymore, que capta a fragilidade e a loucura da filha: mesmo cinquentona e careca (sofria de alopécia, a calvície de origem nervosa), Little Edie ainda sonhava em ser uma estrela. Pelo menos se tornou um fashion icon, com seus turbantes improvisados com blusas e cortinas. Hay que arruinarse, pero sin perder el glamour jamás.

NOW YOU SAY YOU LOVE ME

Temos uma nova rainha no planeta: S. M. Susan Boyle, a imperatriz dos desesperançados. Ontem ela foi entrevistada pelo Larry King, e claro que já começou o processo de extreme makeover: finalmente seu cabelo foi apresentado a uma escova, infelizmente não pelas mãos de um profissional. Ou felizmente, porque ela já criou um personagem, e não queremos que de repente vire linda, magra e loira. No final da entrevista aí em cima, Susan dá uma palhinha, mandando accapella a música mais cafona possível: "My Heart Will Go On", o tema de "Titanic". Acho uma graça esse debate que anda rolando por aí, de que ela desafina ou semi-tona. Who cares? Susan não é uma diva do bel-canto, é um fenômeno pop, muito mais interessante que Rihanna ou Leona Lewis. Também já descobriram que ela não é tão amadora assim: apareceu uma gravação feita em 1999 para um CD de caridade, que teve apenas 1000 cópias prensadas. É um cover de "Cry Me a River", o magnífico standard de Julie London, que pode ser baixado aqui. A perfeita tradução para o que Susan, que nunca foi beijada na vida, deve estar sentindo neste momento: now you say you love me, well just to prove you do...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A DANÇA DA VITÓRIA

Se eu fosse DJ, estaria neste exato momento preparando um mega-remix tribal de "Y.M.C.A", daqueles para anônimo carioca nenhum botar defeito. Porque vai ser um êxtase total estar numa pista de dança amanhã à noite e de repente tocar o hino dessa pequena vitória que conquistamos hoje. Vou fazer questão de pagar um mico gigante, verdadeiro King Kong, e dividir com meus amigos os passinhos mais ridículos da face da Terra. Pra facilitar a vida dos nossos maestros eletrônicos, pode-se baixar aqui a versão original do hit do Village People. It's fun to stay at the Y.M.C.A.!

TOME ISTO, DORITOS!

Por essa eu nem esperava mais. O Conar decidiu, por maioria de votos (não por unanimidade), sustar a veiculação do infame comercial de Doritos. Foi em 1a. instância, e aposto que o anunciante vai recorrer se quiser veicular de novo - afinal, os direitos de "Y.M.C.A." devem ter custado uma baba. Mas mesmo que o filme já tenha saído do ar antes da decisão e não volte nunca mais (tomara), é uma vitória sim, por menor que seja - a primeira da "geração Milk", hahaha. Nunca tinha visto uma reação tão forte contra uma propaganda homofóbica. O e-mail que eu recebi do Conar tinha 50 destinatários, tudo gente que se deu ao trabalho de reclamar. Claro que ainda tem babacas dizendo que estamos fazendo tempestade em copo d'água, e claro que a Pepsico vai repetir que nunca teve a intenção de ofender ninguém. Mas quando uma pessoa bem-educada pisa sem querer no pé de alguém, ela pede desculpas, não pede? Vá lá que a empresa não quis "ofender" seus consumidores, mas um "ops, foi mal" ia cair super bem. Aí já é pedir demais, eu sei, e essa polêmica toda pode estar fazendo até bem para o produto. Mas demos um passo à frente, e um aviso bem claro: cuidado conosco.

RIVIÈRE DE JANVIER

Fui um dos poucos brasileiros que assistiu o primeiro filme do "Agente 117", que passou despercebido pelas telas daqui em meados do ano passado. Mas na França o sucesso foi enorme, e a continuação estreou anteontem por lá. Dessa vez, esse clone atrapalhado do James Bond vem perseguir nazistas no Rio de Janeiro de 1967, uêbaaa. Apesar de rodado no Brasil, o filme mostra uma cidade que nunca existiu, e é assim mesmo que tem que ser. Adoro uma bossa nova fake.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

SMOKE GETS IN YOUR EYES

Foi uma noite de quarta-feira animada. Primeiro teve o lançamento da "Junior" no. 10 no Sonique, o bar mais badalado de SP neste momento e que eu, imperdoavelmente, ainda não conhecia. O lugar é mesmo belíssimo, e o elenco mais ainda. A festinha da revista acontecia no mezzanino, onde encontrei pencas de ameeegos (veja as fotos aqui) e ainda ganhei um exemplar de brinde. Ainda não li com calma, só dei uma folheada, mas desde já me parece a melhor edição ever. Tem assuntos que já foram discutidos aqui no blog, como o affair Doritos e a polêmica declaração de Bernardo Carvalho ("gay não lê"), mais babados fortíssimos como o assassino do parque, uma entrevista luxuosa com Marina Lima e muitas, muitas fotos de meninos estonteantes em poses sugestivas. Claro que eu quero mais: porque não ousar como a "DNA" australiana, e de vez em quando deixar escapar uma bundinha, um pelinho? Hein? Hein?

De lá fui com meu clã (adoro falar "clã", aprendi com o Italo) para a re-re-reinauguração da SoGo, a fênix da noite gay paulistana. Não é fácil para uma boate sobreviver 10 anos, o que em gay years deve dar mais de um século. Ainda não me acostumei com a reforma da casa: tiraram a escada da pista principal, mudaram a cabine do DJ do lugar, transformaram a pistinha de cima num lounge. Queríamos ver o célebre dungeon, que permaneceu fechado: será verdade que agora ali tem área VIP? O único senão foi a lotação absurda, com muita espera nos banheiros e nos bares - é o que dá quando se libera a bebida pro povo. Ah, claro, e a fumaça dos cigarros, que empesteou minha roupinha e irritou os meus olhinhos. Não vejo a hora daquela lei contra o fumo em locais fechados entrar em vigor em São Paulo.

DITADOR PRA CARACAS

Os defensores de Hugo Chávez adoram dizer que o coronel faz tudo dentro das mais rigorosas regras democráticas, como se democracia fosse simplesmente levantar sa mãozinhas e contar quem está a favor ou contra (não é: democracias de verdade têm um complexo sistema de pesos e contra-pesos para coibir abusos e garantir o equilíbrio entre os poderes, coisas que passam ao largo da Venezuela). Quero ver agora como os chavistas vão defender a criação de um governo biônico para o distrito de Caracas, formado por cinco municípios – quatro dos quais têm prefeitos da oposição. Huguinho ameaça ir além e instituir “vice-presidentes regionais”, acima dos governadores eleitos. Também já criou uma sinistra “milícia bolivariana”, preparando seus correligionários para que estes possam, eventualmente, defendê-lo com armas. Está sendo esperto: com a queda dos preços do petróleo, sua popularidade pode cair rapidamente. Sei não, mas tenho um mau pressentimento. Esse imbroglio venezuelano ainda vai acabar em sangue.

PSICOPATA CHILENO

A premissa de “Tony Manero” é tão absurda que me deu vontade de ver o filme: um imitador de John Travolta – barra – serial killer. Wu-huu! Essa criatura improvável é uma metáfora dos chilenos que apoiaram o regime sanguinário do general Pinochet: alienado do resto do mundo, só preocupado com o próprio umbigo, e disposto a matar pelos motivos mais fúteis. O roteiro tem lindas intenções, que se esborracham no ritmo lento imprimido pelo diretor Pablo Larrain e na fotografia escuríssima, frequentemente fora de foco. Um personagem desagradável assim precisava de uma embalagem mais atraente, e o resultado é que assistir “Tony Manero” – indicado pelo Chile ao Oscar de melhor filme estrangeiro – é uma autêntica sessão de tortura.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

SOON IT WILL BE RAINING MEN

Estão chovendo paródias ao comercial apocalíptico do Nation for Marriage, aquele da "tempestade que se aproxima". Alguns são muito toscos, com os atores mexendo os olhos porque estão lendo o texto em dálias. Mas este aí de cima, recomendado pela Isadora e pelo Diógenes, é o mais engraçado até agora. Dessa vez não vou dar colher de chá para o Mix Brasil e fazer tradução "livre". Para quê? Para eles chuparem sem me dar crédito?

TÔ NA VIBE! TÔ NA VIBE!

Vamo sequelá geral? No queijão? Então visite o site do DJ Jeff Valle e baixe "Poison", seu novo set de tribal com tempero carioca. É o tipo de som que toca naquele lugar chamado Balada, tipo música ao vivo, mas romântico. Certamente é jovem, mas romântico.

(Ah, e tem mais: o set "Music X-Press" de abril do DJ Guto Rodrigues pode ser baixado aqui, ó. E ele ainda fez um remix para "What a Wonderful World" do Axwell e do Bob Sinclar que está dando sopa aqui. Que mundo maravilhoso.)

NASCE UMA ESTRELA

Susan Boyle, 47 anos mas aparentando mais, solteirona, desempregada, feia e mal-vestida, encheu-se de coragem e se inscreveu no "Britain's Got Talent", mais um programa de calouros comandado pelo malévolo Simon Cowell (de "American Idol"). Entrou no palco e a platéia se preparou para esfolá-la viva. Mas aí abriu a boca e cantou "I Dreamed a Dream", do musical "Les Misérables". E o mundo veio abaixo. O vídeo da performance é o mais badalado da internet esta semana, e não pode ser incorporado a nenhum blog - mas pode ser visto aqui. Um aviso: é not safe for work. A não ser que você queira que seus colegas de trabalho lhe vejam chorando, seu manteiga derretida.

(Bela & Rica, você me paga)

terça-feira, 14 de abril de 2009

E O VENCEDOR É

Daqui a pouco rola mais uma edição do Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro, a coisa mais parecida com o Oscar que temos por aqui. Sou "member of the academy" por causa de dois longas cujos roteiros ajudei a cometer, e por isto tenho direito a voto e a convite para a festeeenha. Mas mais uma vez não poderei ir: estou em SP, e o evento acontece no Rio. O maridón vai me representar, eu vou acompanhar pelo Canal Brasil, e vamos torcer pela vitória de "Meu Nome Não é Johnny". Os outros indicados a melhor filme são "Linha de Passe", "Estômago", "Ensaio sobre a Cegueira" e "O Banheiro do Papa". Curioso que os dois últimos são co-produções internacionais, não faladas em português. E mais curioso ainda que o filme escolhido para representar o Brasil no Oscar - "Última Parada 174" - ficou de fora da lista. Cinema é uma caixinha de surpresas.

(Update: Ganhou "Estômago", o único concorrente que ainda não vi. Vou atrás do DVD. Meus atores favoritos também venceram: Selton Mello por "Meu Nome Não é Johnny" e Leandra Leal por "Nome Próprio". Concordei com a maioria dos outros prêmios - foi mesmo um bom ano para o cinema brasileiro. Agora, a premiação em si foi um desastre, a começar pelo número interminável e chatíssimo de Wagner Tiso, tocando temas supostamente "clássicos". Não dava para reconhecer nenhum. Custava ter ilustrado com, sei lá, cenas dos filmes? E de quem foi a idéia de vestir de branco o casal de apresentadores, Daniel Filho e Marília Pera? Imprimiu um borrão na TV. Falhas de teleprompter, engasgos, categorias jogadas juntas sem mais nem menos, multidões de premiados agradecendo a cada uma das pessoas que conheceram em suas vidas, a cerimônia foi uma aula de como não se fazer. Já levou o troféu de pior do ano.)

SE EU FOSSE UMA MINHOCA

Está para começar no Sundance Channel, um canal a cabo americano dedicado ao cinema independente, a segunda temporada de "Green Porno", uma série de curtíssimas-metragens sobre a vida sexual dos animais, criada e estrelada por Isabella Rossellini . São filminhos didáticos, engraçados e totalmente viciantes: confira os dois episódios aí em cima, da primeira temporada, e tente não procurar pelos outros no YouTube depois. Os da nova safra, dedicada aos bichos marinhos, podem ser vistos no site do Sundance Channel. Devia ser obrigatório para todos os imbecis que acham que o casamento monogâmico heterossexual é o único método reprodutivo sancionado por Deus.

ISSO AQUI, ÔÔÔ

Não é fácil ser amigo do Zeca Camargo. Cada vez que ele viaja, eu preciso controlar minha inveja, senão seu avião explode em chamas ou coisa parecida - e olha que ele viaja praticamente toda semana. Ano passado Zecão extrapolou: fez sua segunda volta ao mundo pelo "Fantástico", dessa vez por países onde ninguém vai, como o Mali ou o Azerbaijão, para visitar lugares tombados pela Unesco como "Patrimônios da Humanidade". A série de reportagens acabou de ir ao ar, e agora estão reunidas num livro bacanérrimo, "Isso Aqui é Seu!", recheado de fotos e com um projeto gráfico bonito. Assim, pelo menos, eu tenho um gostinho do que é o Azerbaijão. Snif.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

AMOR QUE DÓI

Chester French é uma banda formada por dois garotos que se conheceram em Harvard. Uma fita demo gravada por eles chegou às mãos do empresário do Kanye West, e algo improvável aconteceu: eles foram "adotados" pelos rappers de Los Angeles, apesar de seu som passar a léguas do hip-hop. Tem uns toques eletrônicos, mas é um rockinho elegante, digamos universitário. O violentíssimo clip de "She Loves Everybody" está aí em cima. E quem se inscrever no site dos caras recebe um link para baixar inteiramente grátis e dentro da lei um álbum com trechos do primeiro CD, diálogos, sketches e até mesmo um remix esquisito da Lady GaGa.

TEÚDAS E MANTEÚDAS

Duas amigas se reencontram depois de um certo tempo.
- Querida, tudo bem com você? Tá casada ou solteira?
- Tô namorando. Um cara mais velho, sabe? Um amor de pessoa. Ele me deu um carro, me leva para viajar, me ajuda com o aluguel... E você?
- Ah, eu também sou puta.


Essa piada antiga do Juca Chaves nunca perdeu a validade: desde que o mundo é mundo, senhores bem de vida sempre gostaram de moças bonitas, e vice-versa. É um tipo de arranjo que, teoricamente, é bom para todo mundo. Ele paga uma mesada, ou a cobre de presentes caros; ela retribui com sexo, carinho e atenção. Hoje em dia já existem vários sites onde você pode procurar seu “sugar daddy”, o popular “senhor que me ajuda”. Um dos mais conceituados, o Seeking Arrangement, ganhou uma matéria na revista do “New York Times” de ontem, e vale a pena ser visitado. Garotas aflitas e gostosas (as “sugar babies”) podem se inscrever de graça; os possíveis patrocinadores pagam para ter seus perfis publicados. Talvez por isto existam dez candidatas para cada “papai” – e candidatos também, assim como algumas “sugar mommies”. Os homens que procuram este serviço dizem que não têm tempo ou saco para um namoro “normal”. Uma passada de olhos revela que alguns são surpreendentemente jovens, e até atraentes. Por outro lado, muitas das meninas dizem que nem ligam para o dinheiro: gostam mesmo é de se sentir paparicadas. E a imensa maioria se recusa a ser chamada de prostituta. Ficaadica para quem está precisando de grana para pagar a faculdade, ou comprar a sandália Spicy da Louis Vuitton.

DÚBIAS INTENÇÕES

A proposta de "W." era provocação pura: um filme sobre o pior presidente americano de todos os tempos, lançado antes mesmo dele sair do poder. Mas o diretor Oliver Stone controlou seus impulsos incendiários, e tentou fazer um retrato equilibrado de "Dubya" - o apelido familiar de Bush filho, por causa da inicial "W." (de "Walker") em seu nome. Acontece que Bush passou a vida inteira em desequilíbrio, pendendo de um extremo ao outro: porra-louca na juventude, fanático religioso na presidência. Não dá para ser imparcial com um personagem desses. O que se vê no filme é um sujeito bem-intencionado, boa-praça, porém despreparado e cercado por gente malvada. Pois eu tenho cá comigo que um bobalhão completo jamais conseguiria ser eleito duas vezes presidente do país mais poderoso do planeta, e que ele nunca foi tão bonzinho assim. Josh Brolin, apesar de jovem demais para o papel, está muito bem, assim como James Cromwell como Bush pai. Mas o resto do elenco resvala para a caricatura, e o efeito é o de um quadro do "Saturday Night Live", só que sem graça. Episódios cruciais como o envolvimento com as drogas, a eleição roubada de 2000 e as milhares de falcatruas além do Iraque são solenemente ignorados. "W." acaba se parecendo com a biografia de seu retratado: promete muito, mas frustra todas as expectativas.

domingo, 12 de abril de 2009

KUKA-KULA

E já que estamos falando em propaganda e Oriente Médio, olha só este comercial egípcio de Coca-Cola dos anos 40. Se não fosse pela língua, daria até para achar que era brasileiro - a cantora principal lembra a nosa Emilinha Borba. E atenção para a cena das sombras, moderna a mais não poder. Isto é que é!

O GÊMEO DO MAL

Hoje a Libanesa voa de volta para Dubai, depois de 10 dias de férias entre Brasil e Peru. Como ela gosta muito de lhaminhas e koalas e não suporta a crueldade com os animais, deixo aqui de presente um comercial antigo do SportKa, o "gêmeo do mal" do Ford Ka. Claro que nenhum bichinho foi machucado durante as filmagens. Só um pouquinho...

sábado, 11 de abril de 2009

AVENIDA O QUÊ?

Adorei "Avenida Q",mas acho que não entendi a proposta do espetáculo. A idéia de fazer um musical com fantoches é genial, mas por quê nem todos os personagens são bonecos? Estes são muito mais interessantes que seus colegas de carne e osso, e as cenas de sexo entre eles são das coisas mais engraçadas que eu já vi. A adaptação de Charles Möeller e Cláudio Botelho encheu o texto de piadas brasileiras, com referências a arrastôes e ex-BBBs, mas a peça, vencedora do prêmio Tony, é nova-iorquina até a medula. As músicas falam de temas ousados como racismo e pornografia na internet, e os atores são todos maravilhosos. Mesmo assim, saí do teatro me perguntando: por Q? Por Q?

UÓNESSA RULES

Dinheiro compra tudo. Compra produção sofisticada, videoclip maneiro, participação do Ja Rule. DInheiro só não compra cabelo bonito, porque pelo jeito o orçamento esoturou e não deu para alguém dar um jeito na palha seca que a Uónessa Camargo tem na cabeça. Mas eu estou sendo preconceituoso: a música "Fly" (mosca?) até que é bacaninha, e com um pouco mais de rebolation Uónessa pode se transformar numa nova Nelly Furtado. Esta versão aí em cima mistura as letras em inglês e português; a original, só em inglês, está com a incorporação desativada, mas pode ser conferida aqui. Será que, depois da Preta Gil, WC será a próxima filha de artista a se redimir?
(João Gabriel, Deus lhe dê em dobro por esta dica. Dois clipes da Wanessa Camargo!)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

EU SOU LINDA, ABSOLUTA

A carreira de Preta Gil agora se divide em antes e depois da "Noite Preta", a festa que ela promove toda quinta na The Week Rio até o final de abril. Já sabia que andava lotando, mas acho que a casa nunca ficou tão abarrotada como ontem, véspera de feriado. A fila - na verdade, uma multidão que ocupava até o meio da rua - chegava até a esquina, e claro que estava um tumulto para entrar. Uma vez lá dentro, mal dava para andar. O público cantava junto todas as músicas, e eu fiquei encantado com a performance da Preta. Ela tem voz sim, e canta praticamente todos os sucessos de todos os tempos da música brasileira: "Burguesinha", "Baba Baby", "Tremendo Vacilão", "Dako é Bom", "Não é Proibido", "Não Quero Dinheiro", "Pó Pará com o Pó" e, suprema delícia, "Eu Sou Stefhany". Teve uma hora em que eu achei que ela não ia parar nunca... Mas o fato é que Preta é uma entertainer, e finalmente encontrou o canal certo. Depois teve DJ Zé Pedro, que é sempre divertido com seus remixes house de Alcione e Beth Carvalho. Teria sido tudo ótimo se tivessem se preparado para tanta gente. A pistinha até abriu, mas não o bar, e as filas para sair estavam tão ruins quanto as para entrar. Mas valeu a pena: não é todo dia que nasce uma estrela.

A REGRA DOS TRÊS SEGUNDOS

A melhor cena de "Ele Não Está Tão a Fim de Você" acontece quando dois gays conversam com uma das protagonistas do filme durante uma festa. A garota está confusa com os sinais ambíguos que os homens vivem lhe enviando. Como saber se um cara realmente quer alguma coisa? As bibas riem, e, com um pouco de pena, explicam que entre elas é tudo muito mais fácil. "Você cruza o olhar com alguém. Aí conta: um, dois... se ele olhar para outro lado, já era. Passou de três segundos olhando, sim, ele está tão a fim de você." É triste mas é verdade... O resto do filme tem lá seus momentos, mas é longo demais e terrivelmente previsível. E chega a ser contraditório: no afã de produzir finais felizes, acaba indo contra todas as regrinhas que ensina para a mulherada não se dar mal. Enfim, de ilusão também se vive.

BEMVINDOS AO CLUBE

Como o mundo dá voltas, hein? O Brasil agora é credor do FMI. E nos Estados Unidos surgiu algo que é velho conhecido nosso: a cesta básica. A fundação Fedding America está fazendo uma campanha, estrelada pelo casal Courteney Cox e David Arquette, para que os americanos doem alimentos não-perecíveis a famílias carentes. Claro que a cesta deles é cheia de coisas que entre nós parecem absolutamente supérfluas, como biscoitinhos Goldfish ou suquinho de frutas V8. É isso aí: perder o poder aquisitivo, talvez; abandonar o consumismo, jamais.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

JOSEPH AND PHARAOH ARE NOW FRIENDS

Ontem foi a Páscoa judaica, ou Pessach. As famílias judias se reúnem para um jantar ("seder") sem produtos fermentados e recontam a história de Moisés guiando os hebreus rumo à Terra Prometida, fugindo do Egito onde eram escravizados. O curioso é que entre os egípcios não existe um único registro da escravidão dos hebreus, nem menção alguma a Moisés. Teriam os faraós apagado tudo, cobertos de vergonha? Como que não sobrou um único hieróglifo para contar a história? Estranho, ainda mais num povo que deixou até listas de lavanderia. Seria então Moisés uma espécie de Papai Noel israelita? Um velhinho imaginário de barbas brancas, que trouxe presentes (os 10 Mandamentos) para todo mundo?

Mas o assunto aqui é outro. Ontem pipocou no Facebook uma divertidíssima versão do haggadah, a história do Êxodo, com direito até mesmo àqueles testes irritantes ("What God are you?"). Quem ler inglês e conhecer o Antigo Testamento vai rir muito se clicar aqui.

E quem não lê nem entende pode rir com essa piadinha bíblica: sabe porque o povo judeu levou 40 anos vagando pelo deserto, em busca da Terra Prometida? Porque eram liderados por Moisés, que, como todo homem, se recusou a pedir informações. Se fosse a mulher dele no comando, os judeus teriam chegado em 15 dias.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

IOWA NELES

Esta semana de vitórias do casamento gay nos EUA fez com que uma tal de "Nation for Marriage", uma organização homofóbica, pusesse logo no ar um comercial que só seria veiculado em maio. Muita gente está rindo do tom apocalíptico do anúncio, que de fato lembra um trailer de filme de terror. Mas o texto está muitíssimo bem escrito, e é aí onde mora o perigo. Se você não entende inglês, confira aqui:

"Uma tempestade está se formando.
As nuvens estão carregadas.
E os ventos são fortes.
E eu estou com medo.
Alguns dos militantes pelo casamento gay estão levando o assunto muito além dos casais gays.
Eles querem se meter na minha vida.
Minha liberdade será tirada de mim.
Eu sou uma médica na Califórnia que deve escolher entre minha fé e minha profissão.
Eu faço parte de uma igreja que Nova Jersey punida pelo governo, porque nós não podemos apoiar o casamento gay.
Eu sou uma mãe de Massachussets que não pode fazer nada contra as escolas públicas ensinarem ao meu filho que o casamento gay é OK.
Mas alguns dos que militam pelo casamento gay não estão contentes com os casais gays vivendo como quiserem.
Esses militantes querem mudar a maneira como eu vivo.
Eu não terei escolha.
A tempestade está chegando.
Mas nós temos esperança.
Uma coalizão arco-íris de pessoas de todas os credos e cores está se juntando no amor para proteger o casamento.
Visite Nation for Marriage.org. Junte-se a nós."


Cada palavra foi pensada e repensada para colocar os homófobos no papel de vítimas. Para que ninguém se sinta defendendo um preconceito, mas sim a liberdade. Há referências mais ou menos veladas ao aborto. E o elenco, magnífico, foi escolhido para encarnar a tal "coalizão arco-íris", um termo que eles estão roubando do próprio movimento gay.

Liberdade de quê? De ser homofóbico? Só se for isto, porque de resto o casamento gay não afeta em absolutamente nada o casamento hétero. Volto a recomendar a leitura da decisão da Suprema Corte de Iowa, que derruba estes e outros argumentos furados.

Tony Blair deu uma entrevista à revista gay "Attitude" onde diz que um dia os países terão vergonha de ter demorado tanto a aprovar o casamento gay, assim como hoje têm vergonha da escravidão (Blair ainda chamou o papa na chincha, recomendando uma leitura não-literal da Bíblia: um ato corajososo, ainda mais vindo de alguém que se converteu ao catolicismo em 2007). A maioria dos jovens concorda com o ex-primeiro ministro britânico; deixa só os velhos morrerem, vocês vão ver só. O casamento gay vai passar, é questão de tempo. Mas nem por isto vamos deixar de lutar.

AINDA BEM QUE TEVE O JACK

A história de Jack Wrangler parece ter sido escrita por um mau imitador do Almodóvar. Seus pais eram ligados ao show business – ele produtor da Broadway, ela bailarina de Busby Berkeley. John Robert Stillman (seu nome de batismo) foi uma criança prodígio, e participou de uma série de TV ainda nos anos 50. Mas foi na virada dos anos 60 para os 70 que ele descobriu sua vocação. Adotou o nome artístico que o faria famoso e se tornou um dos primeiros astros do pornô gay. Alguns anos depois, passou a fazer filmes héteros – naquela época valia tudo. Foi então que conheceu a cantora Margaret Whiting, 22 anos mais velha, com quem permaneceu casado pelo resto da vida. Jack Wrangler morreu ontem, de câncer no pulmão, aos 62 anos. Que bom que teve tempo de participar do documentário “Anatomy of an Icon”, recém-lancado em DVD, onde faz um desabafo: por mais variada que tenha sido sua carreira, as pessoas sempre lembram primeiro da pornografia. Dããã.

BLACKOUT

Ontem cheguei em casa todo animado para ver “Damages”, e a lei de Murphy entrou em ação. Dez minutos antes do programa começar, baixou a mais completa escuridão. Quadras e mais quadras do meu bairro totalmente no breu. E eu virei a própria tartaruga deitada de costas, sem poder fazer absolutamente nada. Nada de TV, nada de computador, nada de leituras, nada de forno de microondas. Com fome e irritado, tentei dormir um pouco, mas ainda era cedo. Claro que a luz voltou cinco minutos antes de “Damages” terminar, só para aumentar meu aborrecimento. Fazer o quê? Processar quem? Arre, somos mais dependentes da eletricidade do que do petróleo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

VENTOS DE PRIMAVERA

Deu a louca nos americanos? Semana passada, a corte suprema do estado de Iowa – tido como caipira e retrógrado – aprovou por unanimidade a inconstitucionalidade da proibição ao casamento gay, e refutou, um por um, os argumentos pífios dos homofóbicos. A decisão, em seis páginas, é um primor de lucidez, e deve servir de jurisprudência para futuras batalhas. Depois, o congresso do estado de Vermont – este sim, tão liberal que é quase hippie – votou em peso contra o veto do governador à lei que regulamenta o casamento gay. Finalmente, o distrito de Columbia, onde fical a capital Washington, decidiu que reconhecerá as uniões gays realizadas em outros estados (a parceria civil já existe em D.C.). Até mesmo um colunista conservador escreveu que existem coisas muito mais graves que dois homossexuais morando juntos, como o número crescente de divórcios e crianças nascidas de mães solteiras. Ai ai... tomara que esta primavera renda flores e frutos. E que algum dia chegue até aqui, onde ainda vivemos um longo e tenebroso inverno.
(O Luciano de SJC me mandou a decisão da corte de Iowa. Está em inglês, e no formato pdf. Se alguém quiser, é só me pedir.)

QUE BEIJINHO DOCE

Coitadinhos dos Beatles: acabaram antes de seus colegas de geração descobrirem o segredo da vida eterna. The Who e os Rolling Stones estão aí até hoje, em turnês intermináveis que nem a artrite é capaz de interromper. Bandas menos antigas também se recusam a morrer. O Queen sobrevive sem o Freddie Mercury, e o vil metal patrocinou a reunião de inimigos jurados como os caras do Police. O Kiss está indo além - está a ponto de se tornar uma companhia de ópera, ou, mais adequadamente, de teatro kabuki. O show que eles fazem esta semana em SP e no Rio é o mesmo de 1975, com as mesmas músicas, na mesma ordem. Dois membros originais foram expulsos e substituídos sem problemas, já que a maquiagem também continua a mesma. É uma fórmula vencedora, pois garantirá o futuro do grupo mesmo quando todos seus fundadores estiverem tocando no grande auditório do céu (Gene Simmons já tem 64 anos). Eu tive a minha fase Kiss na adolescência, e este é um show que falta no meu currículo. Mas, ao contrário dessas bandas, o tempo passou para mim: prefiro ver em DVD. Ou nem isto.

CHÉRI AMOUR

“Cortesã” é uma palavra que não se usa mais, apesar delas nunca terem desaparecido. Estão num ponto entre a puta e a dama; são o equivalente ocidental das gueixas japonesas. Hoje em dia costumam ser modelos ou apresentadoras de TV, e disputam nas boates da moda a companhia dos herdeiros das famílias ricas. Mas não têm mais o refinamento de um século atrás, quando as mais célebres cortesãs eram experts em arte, boas maneiras, conversação e, claro, sexo.

“Chéri” é o novo filme do diretor inglês Stephen Frears, que já fez maravilhas como “Ligações Perigosas”, “Os Vigaristas” e “A Rainha”. É baseado num livro da escritora francesa Collette, e conta a história da paixão de uma cortesã aposentada – Michelle Pfeiffer, mais ravissante do que nunca – pelo filho de uma antiga colega, o “querido” do título. Mas esta relação tem que acabar, porque o rapaz vai se casar com uma jovem endinheirada. O livro tem momentos sombrios, mas pelo trailer o filme parece uma comédia, leve como uma taça de champagne. Um mundo muito distante das marias-chuteira que hoje circulam por aí.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

VOO NOTURNO

Instruções:
1) Baixe aqui a faixa "Bombay Theme Music" de A. R. Rahman, o compositor indiano recentemente premiado com dois Oscars;
2) Aperte o play;
3) Feche os olhos e embarque num tapete voador imaginário.
Boa viagem.

OOOH, HOW I LOVE THE RAINY DAYS


Não aguento mais esses dias lindos. Não basta a crueldade de ter que se trabalhar enquanto a natureza em volta grita “vem pra praia!”, à tarde o sol bate direto na minha janela no trabalho, ofuscando a tela do computador e enfraquecendo o ar condicionado. Mas hoje o tempo mudou aqui em São Paulo, e também o meu humor. Nuvens cinzas, chuvinha fina, e o meu coração a cantar “Laughter in the Rain” do Neil Sedaka, um dos cantores pop mais feios de todos os tempos. Mas a música é dessas de alegrar velório de filho único. I feel the warmth of her hand in mine…

MASH-UP LITERÁRIO

Faz tempo que a obra da escritora inglesa Jane Austen caiu em domínio público. Ninguém precisa pagar um tostão em direitos autorais para publicar seus livros ou transformá-los em filmes - vai ver que é por isso que se fazem tantos. Um professor de literatura chamado Seth Grahame Smith foi mais longe. Ele acrescentou cenas de terror e violência ao título mais conhecido de Austen, sem alterar o texto original. O resultado é "Orgulho e Preconceito e Zumbis", que mistura a delicada história de amor entre Elizabeth e Darcy com um ataque de mortos-vivos famintos por cérebros humanos. A crítica americana está rolando de rir, e ficaadica para os nossos escritores. Que tal "Dom Casmurro em Ponta de Faca"? Ou "Iracema Surfistinha"? Remixar os clássicos também é um jeito de homenageá-los.

domingo, 5 de abril de 2009

TURBILHÃO DE SENSAÇÕES

Sim, o Skol Sensation teve tudo o que eu temia: filas imensas, HTs agressivos, música coxinha, bota branca. Também teve um vibe divertido e muita gente que eu nem esperava encontrar. A tal da produção à la Cirque du Soleil não era muito diferente do que costumamos ver nas R:Evolution da vida. Os DJs só tocaram babinhas conhecidas. A profusão de camarotes deixava evidente o sistema de castas que impera no Brasil. E vamos combinar que um evento que tem Skol no nome deveria facilitar a venda de Skol, não deixar as pessoas mais de uma hora na fila para comprar ficha. Saímos às 2:30, logo depois do Megamix - que mais parecia desfile das escolas do grupo de acesso de São Paulo. Quando chegamos na The Week, respirei aliviado: banheiros limpos, bares tranquilos, música boa. Isso sim que é experiência redonda. Não me arrependi de ter ido ao Sensation, mas ano que vem não me pega mais.