sábado, 31 de janeiro de 2009

MAIS QUE MIL PALAVRAS

GLORIOSAMENTE HORRÍVEL

Florence Foster Jenkins foi uma espécie de Roberto Justus do canto lírico. Seu sonho era ser uma grande cantora, mas não tinha absolutamente nenhum talento. Por outro lado, tinha muito dinheiro e muita cara de pau. Assim não deixou que este pequeno detalhe se interpusesse entre ela e seus sonhos de glória: bancou a gravação de vários discos, e até mesmo uma apresentação no Carnegie Hall de Nova York. Foi um sucesso retumbante de público – que foi lá para rir da cara dela – e um fracasso de crítica. Agora, mais de 60 anos depois da morte de Florence, o sucesso se repete em “Gloriosa”, em cartaz no Rio de Janeiro. O papel é um presente para Marília Pera: só mesmo uma atriz que canta muito bem é capaz de cantar tão horrivelmente mal. O espetáculo é menos engraçado do que se pretende, mas os cenários e figurinos luxuosos enchem os olhos. E Marília prova, mais uma vez, que é a mais completa atriz brasileira de todos os tempos.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

YOU SPIN ME ROUND

E para encerrar este dia em que só falei de gente burra e preconceituosa, aí vai a 1a. parte da entrevista que o reverendo Ted Haggart deu no programa da Oprah Winfrey anteontem (quem quiser ver o resto, em inglês, que siga os links do YouTube). Para quem não lembra, Haggart é um pastor evangélico (sempre eles...) denunciado há uns anos atrás por um garoto de programa como cliente assíduo seu e consumidor de crystal meth, a popular "tina". O reverendo então pediu perdão ao imenso rebanho de fiéis e foi fazer análise; poucos meses depois, se anunciou "curado". Muito bem. Semana passada, um michê gordo e feio (pelo jeito os bonitos não o aceitam mais) o denunciou DE NOVO. Desta vez, Haggart foi rápido, e iniciou logo aquele processo que os americanos chamam de "spinning": a melhor maneira de enfrentar um desastre de relações públicas é assumir a culpa em público, dar sua versão dos fatos, dizer "foi mal" e torcer para que o assunto morra logo. Ontem Haggart foi com a mulher no programa do Larry King, na CNN, e pelo menos agora ele diz que sua sexualidade é "complexa e misteriosa". A-hã. You spin me round, round, round, like a record, baby, round round... E chega de militância: prometo que amanhã eu volto a falar de babado e confusão.

SEXO ANIMAL

Pessoas como Miguel Sousa Tavares e Sarah Sheeva deveriam ler a revista “Mente e Cérebro” deste mês. Uma longa matéria da jornalista Emily V. Driscoll conta que a homossexualidade é comuníssima na natureza, até mesmo entre os insetos (assinantes do UOL podem ler tudo aqui). As razões são inúmeras: fortalecimento das relações sociais, proteção dos filhotes e, sim, prazer puro e simples. O que é raro, explica ela, são homossexuais exclusivos: a regra geral é todo mundo trepar com todo mundo. Os aberrantes somos nós, os humanos, que gostamos de encaixotar tudo em compartimentos estanques.
(Kadhu Santorini, obrigado pela dica – demorei mas aceitei!)

SARAH NOSSA TERRA

Sarah Sheeva (née Riroca), uma das trocentas filhas de Baby do Brasil e Pepeu Gomes, formava há alguns anos, com suas irmãs Nãna Shara e Zabelê, o trio SNZ, que fazia um popzinho gostoso e descartável. Mas o sucesso durou pouco, e Sarah seguiu o caminho clássico dos artistas fracassados no Brasil: tornou-se evangélica. Hoje ela é cantora gospel e autora de livros de auto-ajuda para mães. Em seu ultimo opus, “Onde Foi que Eu Errei?”, a ex-Riroca diz que a homossexualidade não é genética, e sim consequência de uma educação “errada”. E assim, ela desencadeia um outro debate, ainda mais contundente: será que a burrice é genética, ou consequência de uma educação errada?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

VVVVVIU ESTA?

Um leitor que se assina apenas como "V" me mandou uma dica preciosa: a cantora inglesa VV Brown, de quem eu nunca tinha ouvido falar. Apesar do nome trágico, a música "Crying Blood" é animadérrima - um rock'n'roll com toques de eletrônica que desafia a nossa inércia. VV é sósia de Clarisse Miranda, a hostess mais poderosa do Rio de Janeiro, e tem CD prometido para março. Enquanto isto, podemos baixar, de graça e dentro da lei, a faixa "Quick Fix": é só visitar o site da moça.

O FRANGO E A RAPOSA

Sam Adams é o primeiro prefeito assumidamente gay de uma grande cidade americana - a liberal Portland, no Oregon. Mas agora seu cargo corre perigo porque ele finalmente admitiu um caso com um estagiário (sempre eles…) que, na época, era dimenor: tinha apenas 17 anos. A isca-de-cadeia tem o nome impagável de Beau Breedlove, hoje está com 21 e se define como “modelo” em sua página no MySpace. Claro que já recebeu convite para posar nu. Enquanto isto, o prefeito é acusado de pedofilia e sofre pressão até da comunidade bibal para renunciar. Acho tudo isso uma hipocrisia – vamos combinar que 17 anos não é exatamente uma criancinha. Mas torço para que, se Sam Adams realmente perder o cargo, seja ele quem aceite se exibir na revistas. Adoro uma silver fox.

REESE COM SUA COLHER

Reese Witherspoon está com os cabelos irritantemente perfeitos em “Surpresas do Amor”. Mal consegui prestar atenção nas piadas bobas dessa comédia caretona, que recebeu um título qualquer-coisa no Brasil só para ser lançada fora de época (o título correto seria “Quatro Natais”). Nem a camada adiposa de Vince Vaughn me distraiu: só tinha olhos para os cabelos de Reese, lindos, louros, fascinantes. Eles parecem ter nascido numa fazenda de girassóis do sul da França, sido banhados numa emulsão de Oscars derretidos e feito pós-graduação em brilho e contraste na universidade de Shiseido, no Japão. Que ódio.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SEXO VEGETAL

Este é o comercial da PETA, aquela ONG pró-bichos, que a NBC se recusou a veicular durante o Super Bowl, que acontece neste domingo. Alegaram que é caliente demais pros padrões do canal. Será? Achei bonitinho, e senti falta foi de uns rapazes se esfregando nos brocólis e rabanetes. Aí sim a coisa ia esquentar.
(Obrigado, Dudu Braga, pela graça alcançada)

ICE ICE BABY

Bomba! Miranda Priestley, do "Diabo Veste Prada", vai assumir o governo da Islândia! OK, não é bem isto, mas é ainda melhor: Johanna Sigurdardottir, ministra dos Assuntos Sociais daquele país nórdico, está cotadíssima para se tornar primeira-ministra. E ela é... tcham-tcham... lésbica! Será o primeiro chefe de estado abertamente gay desde Alexandre, o Grande. You go, girl! Mas não terá vida mansa. A Islândia foi à matroca com a crise, e está cheia de desempregados. Não me faltam sugestões infames para o novo governo aquecer a economia: campeonato de luta de aranhas, fábrica de coco ralado, festival do velcro...

IF YOU SEEK AMY HARDER

Sou meio obtuso para certas coisas. Comprei o CD "Circus", da Britney Spears, assim que saiu em dezembro. E tinha lido em algum lugar que a faixa "If You Seek Amy" continha um trocadalho do carilho. Eu escutava, escutava (e sofria, porque a música não é das melhores), e não entendia onde é que estava a sacanagem. Será que o que a letra quer dizer é "If You SUCK Amy"? Mas não fazia sentido: o verso todo é "But all of the boys and all of the girls are begging to if you seek Amy". Pois bem, esta obra enigmática acaba de ser lançada como o terceiro single do disco, e está causando um bafafá daqueles nos EUA. E eu finalmente entendi o motivo: "If You Seek Amy" soa como os nomes das letras em inglês da expressão "fuck me". Dããã.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

16.000 HORAS


Um DVD com comerciais tailandeses me caiu nas mãos na agência onde eu trabalho. Este aí foi o que eu mais gostei, mas tem muitos outros legais. Fiquei impressionado com a ousadia e o frescor das idéias. Também fiquei com inveja, claro.

HABEMUS TINTIN

Acabou o suspense: não, não foi meu quiridjinho Grégoire Leprince-Ringuet o escalado para o papel de Tintin no cinema. Steven Spielberg preferiu um ator de língua inglesa, o que faz sentido comercialmente. E o escolhido não é mau: é Jamie Bell, vulgo "Billy Elliot", visto aí na foto em pose viadérrima para a Abercrombie & Fitch. As filmagens de "O Segredo do Licorne" começam hoje, e também foi revelado que Daniel Craig fará o pirata Rackham, o Terrível. Pena que nessa história não apareça minha personagem favorita, a soprano Bianca Castafiore - um papel sob medida para um Gérard Depardieu de vestido e peruca.

JOCKEY PÔU

Muito estranha essa história da Prefeitura de São Paulo querer desapropriar o Jockey Club para transformá-lo num parque. Dizem que é para desafogar o Ibirapuera, que vive congestionado nos finais de semana. Mas a região onde se encontra o Jockey não é exatamente carente de áreas verdes: ali pertinho está o Bosque do Morumbi, e mais adiante, seguindo pela Marginal Pinheiros, o imenso e sub-aproveitado Parque Villa-Lobos. A quem interessa destruir este landmark de SP? A sede do clube, toda em estilo art-déco, é um dos prédios mais lindos desta cidade horrenda. E o Jockey não pode ser acusado de elitista: grande parte de suas instalações são abertas ao público. A Prefeitura estuda arrematar o enorme terreno quase que de graça, descontando os IPTUs e ISSs atrasados. Vai ver que tudo isto é pressão para o clube pagar logo esses impostos: tomara. Não sou de frequentar o Jockey, mas acho que a cidade fica mais pobre sem ele.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

HEARTBEAT, INCREASING HEARTBEAT

Ontem eu disse que "Because of You", da Kelly Clarkson, é a pior música de todos os tempos. Tal declaração bombástica merece uma contrapartida: qual seria, então, a melhor? Fácil: é "This Town Ain't Big Enough for Both of Us", do Sparks. Duvida? Então assista os caras tocando no "Top of the Tops", o lendário programa de música da BBC, em 1974. E cante junto uma das letras mais difíceis da história do rock: "Zoo time is she and you time /The mammals are your favourite type, and you want her tonight..."

O EX-FINOCCHIO

Existe ex-gay? Claro que sim, como também existe ex-hétero, ex-zoófilo e ex-fisteiro. A sexualidade humana é uma coisa fluida, não está gravada na pedra, e todo mundo tem a liberdade de ir e vir. Mas uma coisa que me irrita sobremaneira é gente que proclama a "cura" da homossexualidade, como se esta fosse uma doença a ser erradicada. Neste momento a Itália está em polvorosa por que Povia, um dos cantores mais populares de lá, vai apresentar no próximo festival de San Remo (que ele próprio venceu em 2005) uma canção chamada "Luca Era Gay". Diz ele que é autobiográfica, e mais: que ninguém nasce gay, e sim se torna; que existem "técnicas" para a "regeneração"; e que todos os gays são infelizes. As grandes organizacões viadeiras da Itália já estão convocando um boicote ao festival, ou então uma grande manifestação pink no dia da apresentação de Povia. Mas é bom lembrar que, pela presença maciça da Igreja, a Itália é o país menos gay-friendly da Europa Ocidental, e muita gente está defendendo o "direito à opinião" desse cantorzinho boçal. Algum dia a humanidade vai entender que a homofobia é tão grave quanto o racismo. Já pensou no escândalo que seria uma música chamada "Luca Era Negro", promovendo tratamentos para branquear a pele?

O ANO DO BOI

O problema do horóscopo chinês é que o signos não têm nomes glamurosos como "Capricórnio" ou "Áries". Eu, por exemplo, sou do signo de Rato; e, mesmo usando um sinônimo, continua soando ruim ("Camundongo"? "Roedor"??). Hoje começa mais um ano chinês de nome infeliz, o do Boi. Podia ser pior: podia ser o da Vaca. Mas aqui no Brasil e em alguns outros países o prosaico boizinho recebeu um upgrade e virou Búfalo, bem mais chique. É um ano bom para trabalhar, ganhar dinheiro e economizar, ou seja, perfeito para este momento de crise. Também deve ser ótimo para frequentar rodízios.

domingo, 25 de janeiro de 2009

CHUPA QUE A CANA É DOCE

Tenho hór-réur à Kelly Clarkson. Não consigo ver qualidades na vencedora do primeiro "American Idol": ela é feia, gorda, cafona, mal-vestida, e "Because of You" é sem dúvida nenhuma a pior música de todos os tempos. Mesmo assim, achei engraçadinho o título e a capa de seu novo single, "My Life Would Suck Without You". Já a canção em si é bem mais ou menos. É o tipo de rockinho que deve tocar sem parar nas rádios dos estados "vermelhos" americanos, onde todo mundo vota nos republicanos e frequenta aquelas mega-igrejas evangélicas. Pelo menos o teto dessas não costuma cair.

sábado, 24 de janeiro de 2009

GRANDE E SECO

Baz Luhrmann queria fazer de "Austrália" um grande épico à la "E o Vento Levou", mas simplesemnte não teve culhão para tanto. As escolhas de seu roteiro são sempre as mais fáceis, e os personagens são rasos e maniqueístas, como num conto de fadas. Hmm, isto talvez não seja justo: "O Mágico de Oz", que é citado o tempo todo (talvez numa tentativa canhestra de fazer um trocadilho com o apelido do país), é bem mais profundo e emocionante. Não que "Austrália" seja um filme ruim: diversas seqüências são divertidas, e só Hugh "Huge" Jackman tomando banho de balde já vale o preço do ingresso. Mas talvez nem seja um filme só, e sim dois: primeiro um faroeste, depois um de guerra, cheios de efeitos especiais mas muito aquém da ambição do diretor. Eu, que choro até em propaganda do McDonald's, saí do cinema sem derramar uma lágrima, e cheguei à conclusão de que "Austrália" é como o país que pretende retratar: grande e seco.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

VOCÊ ESTÁ AQUI

Muito sutil e delicado este anúncio do hotel Black Tulip em Amsterdam, que só aceita rapazes e tem os quartos decorados em estilo sado-masô.

BONEQUINHAS DE LUXO

O fabricante de "Marvelous Malia" e "Sweet Sasha" jura de pés juntos que estas bonecas da linha "Beanie Babies" recém-lançadas nos EUA não têm nada a ver com as filhas do presidente Obama. A-hã. Basta olhar para elas e perceber que foram inspiradas, na verdade, em Amália Rodrigues e Sasha Meneghel Szafir.

GADDAFI E EU

Nunca pensei que fosse dizer isto, mas descobri que Muammar al-Gaddafi e eu concordamos em algumas coisas. O "líder" da Líbia (ele não tem título formal, mas na prática é um ditador) está no poder há 40 anos. Reprime ferozmente qualquer tipo de oposição e já patrocinou inúmeros atentados terroristas, como a explosão de uma avião da PanAm sobre a Escócia em 1988. Mas nos últimos tempos ele vem pegando pianinho: já se declarou contra a al-Qaeda, interrompeu seu programa de armas de destruição em massa (dizem que por medo de seguir o mesmo caminho de Saddam Hussein) e vem se reaproximando do Ocidente, depois de mais de uma década como um intocável. E ontem ele escreveu um editorial no "New York Times" surpreendente, defendo a tese de um estado só para Israel e Palestina. O artigo está muito bem embasado historicamente, e escrito com clareza e serenidade. E eu, pela primeira vez na vida, tive vontade de assinar embaixo de algo proposto por Gaddafi.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

KATE WINNER

Todo mundo tinha certeza que Kate Winlset seria indicada como melhor atriz por "Foi Apenas um Sonho" (o nomezinho de merda que "Revolutionary Road" ganhou no Brasil). Até mesmo os produtores de "O Leitor", o outro filme dela que estreoou lá fora no final do ano passado. Tanto que eles fizeram campanha para Kate ser indicada como coadjuvante: afinal, seu personagem aparece apenas em cenas de flashback. Essa estratégia é manjada, e já garantiu indicações duplas para gente como Julianne Moore, em 2002 - principal em "Longe do Paraíso", coadjuvante em "As Horas", apesar dela ser protagonista nos dois filmes. Felizmente, desta vez a armação não colou. A Academia indicou Kate por "O Leitor" como atriz principal. Como no Oscar um ator não pode receber duas indicações na mesma categoria (em outros prêmios pode), sua atuação em "Sonho", onde foi dirigida pelo marido Sam Mendes, caiu fora. Assim, a pobrezinha não teve a honra de receber duas indicações no mesmo ano - e quem sabe levar os dois prêmios, como aconteceu no Globo de Ouro. Não há de ser nada: Kate é a franca favorita para faturar o Oscar, tanto pelo decurso de prazo (já é sua sexta indicação) como por mérito próprio (dizem que ela está, pra variar, fantástica). Quem deve estar se roendo a esta hora é Nicole Kidman, originalmente escalada para o papel, mas que teve que desistir por causa da gravidez. Quem mandou ter filho?

O MOZART DE BOLLYWOOD

Já ouviu falar em A. R. Rahman? Não? Então vai se acostumando: o cara é favoritaço nas categorias musicais do próximo Oscar. Foi indicado pela trilha de "Quem Quer Ser um Milionário", o que já era esperado, e abiscoitou 2 das 3 indicações para melhor canção (geralmente são 5, mas este ano a Academia devia estar de má vontade). Uma delas já postei na semana passada: é a sensacional "Jai Ho" (vai lá no post e baixa djá). A outra é "O... Saya", que conta com os vocais da M.I.A., aquela cantora do Sri Lanka que gosta de misturar de um tudo em seus discos, inclusive funk carioca. Esta indicação surpreendente tomou o lugar de barbadas como a canção-tema de Bruce Springsteen para "O Lutador", que venceu o Globo de Ouro. Mas Rahman merece: é o maior compositor de Bollywood, com umas trocentas trilhas em seu currículo. E tomara, mas tomara muuuito, que tenhamos um daqueles números sensacionais dos musicais indianos na cerimônia de entrega dos Oscars, que este ano acontece em pleno domingo de carnaval. Jai ho!

TRÊS SEM TIRAR

É impressionante como a Academia de Hollywood a-do-ra o diretor inglês Stephen Daldry. O cara fez apenas três filmes até hoje - "Billy Elliot", "As Horas" e "O Leitor" - e conseguiu ser indicado ao Oscar por todos (os dois últimos títulos também foram indicados a melhor filme). Nenhum outro diretor consegui tal façanha: nem Coppola, nem Scorsese, ninguém. Ganhar já são outros quinhentos. Daldry é o azarão deste ano, e só por um cataclisma cósmico irá levar a estatueta para casa. Mas seu dia chegará. Ah, e uma curiosidade: tido e havido como gay por toda sua vida, ele surpreendeu ao se casar com uma mulherrr em 2001, com quem tem um filho e vive até hoje. Nada como um dia depois do outro.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

FILMES COM PISTOLÃO

Amanhã de manhã serão anunciadas as indicações para o Oscar de 2008. Como fiz no ano passado, hoje solto minhas previsões para as principais categorias. Depois veremos quantas eu acertei...

MELHOR FILME
Batman - O Cavaleiro das Trevas
O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost / Nixon
Milk
Quem Quer Ser um Milionário?
(sim, este é o título em português de "Slumdog Millionaire")

Alternativas:
Wall-E, O Leitor

Update: Pois é, a Academia não teve culhão de indicar um filme de super-herói, e preferiu "O Leitor", mais um drama sobre o holocausto. Covardes!

MELHOR DIRETOR

Christopher Nolan (Batman - O Cavaleiro das Trevas)
Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?)
David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Gus Van Sant (Milk)
Ron Howard (Frost/Nixon)

Acho que este vai ser um daqueles anos em que a lista ds diretores indicados vai bater certinha com a dos filmes. Caso contrário, as alternativas são:
Clint Eastwood (Gran Torino)
Stephen Daldry (O Leitor)

Update: Impressionante o aproveitamento de Stephen Daldry. O cara fez três filmes até hoje (os outros são "Billy Elliot" e "As Horas"), e conseguiu ser indicado por todos. Vou fazer um post a respeito daqui a pouco.


MELHOR ATOR

Brad Pitt (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Frank Langella (Frost/Nixon)
Mickey Rourke (O Lutador)
Richard Jenkins (O Visitante)
Sean Penn (Milk)

Alternativas:

Clint Eastwood (Gran Torino)
Leonardo Di Caprio (Foi Apenas um Sonho)

Upadte: Acertei tudo, nhénhénhé. Um alívio ver o chato do Clint Eastwood fora da lista.


MELHOR ATRIZ

Angelina Jolie (A Troca)
Anne Hathaway (O Casamento de Rachel)
Kate Winslet (Foi Apenas um Sonho)
Melissa Leo (Rio Congelado)
Meryl Streep (Dúvida)

Alternativas:

Kristin Scott-Thomas (Il y a Longtemps que Je t'Aime)
Sally Hawkins (Simplesmente Feliz)

Upadte: Acertei tudo, nhénhetc.


MELHOR ATOR COADJUVANTE
Dev Patel (Quem Quer Ficar Milionário?)
Heath Ledger (Batman - O Cavaleiro das Trevas)
Josh Brolin (Milk)
Philip Seymour Hoffman (Dúvida)
Robert Downey Jr. (Troão Tropical)

Alternativas:

James Franco (Milk)
Michael Shannon (Foi Apenas um Sonho)

Update: Não colou a estratégia de posicionar Dev Patel como coadjuvante - ele é o protagonista de "Slumdog". Em seu lugar entrou Michal Shannon, a única indicação do elenco de "Foi Apenas um Sonho".

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Kate Winslet (O Leitor)
Marisa Tomei (O Lutador)
Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
Taraji P. Henson (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Viola Davis (Dúvida)

Alternativas:
Amy Adams (Dúvida)
Rose Marie DeWitt (O Casamento de Rachel)

Update: Mais uma vez, não colou a estratégia de posicionar uma protagonista como coadjuvante. Kate Winslet ficou de fora, e foi indicada por seu papel em "O Leitor" na categoria de atriz principal, em prejuízo de sua atuação em "Foi Apenas um Sonho".


FILME ESTRANGEIRO
Der Baader-Manhof Komplex (Alemanha)
Entre les Murs (França)
Everlasting Moments (Suécia)
Revanche (Áustria)
Waltz with Bashir (Israel)

Update: Só errei unzinho, o filme sueco - o que é estranho, porque a Academia adora o cinema escandinavo. Em seu lugar entrou "Departures", do Japão, um país raramente indicado.

Depois que saírem as indicações, vou fazer um update neste post e conferir quantos pontos eu marquei neste auto-bolão.

A VOLTA DOS CHAROLASTRAS

Adoro o cinema mexicano moderno, principalmente quaqlquer coisa que tenha a ver com "Los 3 Amigos": Alfonso Cuarón, Alejandro González-Iñárritu e Guillermo del Toro. E "Rudo y Cursi" tem muito a ver, porque foi produzido pela Cha Cha Chá, que pertence aos três, e tem roteiro e direção de Carlos Cuarón, irmão de Alfonso. Para completar, é estrelado por Gael García Bernal e Diego Luna, os "charolastras" de "Y Tu Mamá Tambien", um dos melhores filmes desta década. "Rudo y Cursi" estreou no México no fim de 2008, está passando em Sundance esta semana e deve chegar por aqui no final de março. Conta a história de dois irmãos pobres: Luna faz o "rudo" (grosseirão), que quer ser jogador de futebol, e Bernal o "cursi" (cafona), que sonha em ser um astro da música. Já é a quinta maior bilheteria da história do México, e ainda tem uma trilha sonora de la putisima madre. Aí embaixo vai uma palhinha: Gaelito cantando em versão norteña um antigo sucesso da banda americana Cheap Trick, "I Want You to Want Me". Quem gostar pode baixar um toque pro celular aqui, e conquistar o ódio imediato de quem estiver por perto.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

ZÉ FOFINHO

Gentem, já viram coisa mais fofa que o Tony Ramos no papel de Opash em "Caminho das Índias"? Fazendo dancinha típica, então, é de uma meiguice insuportável.

CHENEY ENTRONIZADO

Ainda pior que o Bush é sua eminência parda, o (agora ex) vice- presidente Dick Cheney, a/k/a imperador Palpatine. Por isto, é um prazer imenso vê-lo aparecer de cadeira de rodas na posse do Obama – que imagem poderosa para o final de um governo aleijado de grandeza. A desculpa oficial é que Cheney teria machucado as costas enquanto arrumava suas coisas para a mudança. Mas alguém acredita que o VP dos EUA vá mexer uma palha numa hora dessas? Ele deve estar finalmente sentindo o vudu mental que milhões de pessoas lhe fazem mundo afora, inclusive eu. Sofre, canalha, este é o trono que você merece.

VIAJAR ESCREVER ENRIQUECER

Não tinha a menor vontade de ler "Comer Rezar Amar". O título parece de livro de auto-ajuda, um gênero a que tenho ojeriza. E o assunto é um clássico da literatura-mulherzinha, já explorado em "Sob o Sol da Toscana" e "How Stella Got Her Groove Back": a coitada que se ferra, perde tudo, faz uma longa viagem e recupera a alegria de viver (além de amor, sexo, dinheiro...). A diferença é que Elizabeth Gilbert passou a vida escrevendo para revistas, então seu estilo é leve, ágil e bem-humorado. Ela trata de assuntos seríssimos como a busca por Deus de maneira quase cômica, apesar de um certo overwriting aqui e ali (um fantasma que também me assombra - como ser engraçado sem exagerar?). Sua jornada pela Itália, Índia e Indonésia já vendeu milhões, é divertida e envolvente, e vai virar um filme com Julia Roberts. Existem coisas piores para se ler neste verão.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

MARIA FEINHA

Criadas em 2002, as Uglydolls já faziam sucesso, mas agora vão vender mais que pastel na feira. Um desses monstrengos foi fotografado com Sasha Obama, e imediatamente promovido a acessório de rigueur da temporada. Maria Balinha é tããão semana passada...

FALTA POUCO

Desonesto, alcóolatra, inculto, covarde, pequeno, mesquinho, burro, cruel, egoísta, insensível, simplista, populista, demagogo, arrogante, despreparado, cabeça-dura, homofóbico… A lista de defeitos de George W. Bush é imensa, e só perde para a dos desastres que ele provocou em seus oito anos de governo: recessão, violência, escândalos, corrupção, Iraque, Katrina, desemprego, desesperança… Ainda bem que não dá mais tempo de lê-la inteira. O longo pesadelo que foi sua permanência na Casa Branca termina dentro de poucas horas, e quase que dá para o ouvir o mundo inteiro soltando um suspiro de alívio.

COITO INTERROMPIDO

Fiquei meio desapontado com "Boombox", a coletânea de remixes da Kylie Minogue que acabou de sair. Os grandes sucessos estão todos lá, é verdade, retrabalhados por gente como Mylo, Fischerspooner ou os Chemical Brothers. Mas as versões escolhidas são todas "radio edits", curtinhas, que deixam o ouvinte se sentindo meio ludibriado. Muitas vezes a música está no auge, e lá vem um fade-out ou um corte abrupto. É o que acontece com "In My Arms (Sebastien Leger Mix)", que é bem legalzinha mas acaba de repente. Preferia que viessem menos músicas, mas em suas versões completas, com todo o esplendor.

domingo, 18 de janeiro de 2009

A TEORIA DO X

Imagine que a vida é uma linha horizontal cruzada por um grande X. A perna do X que desce da esquerda para a direita represeta a beleza e a forma física, que vão diminuindo com o passar dos anos. A perna que sobre da esquerda para a direita é a experiência, a maturidade, que cresce com o tempo (tomara). Hoje em dia me sinto mais ou menos no meio da linha, onde as duas pernas do X se encontram. Daqui para a frente, me aguardam a calvície e as pelancas; em contrapartida, ficarei cada vez mais sábio (tomara). Em "O Curioso Caso de Benjamin Button", o personagem principal não tem um X a cruzar sua vida. Tem duas linhas paralelas que sobem juntas, pois nasce velho e vai ficando cada vez mais jovem, na contramão do resto da humanidade. O filme é belíssimo e vai ser indicado a uma penca de Oscars. É cinemão tradicional feito com os recursos de hoje, e tem sequencias admiráveis, como a de um acidente em Paris (mais não conto). Tem também bobagens como um beija-flor que surge em determinados momentos e lembra a pluma flutuante de "Forrest Gump" - não por acaso, os dois filmes têm o mesmo roteirista. Mas emociona e faz pensar, e faz a gente sair do cinema um tiquinho mais sábio.

sábado, 17 de janeiro de 2009

MULHERENGOS

Em 2006, Alanis Morissette gravou uma versão lenta e irônica de "My Humps", dos Black Eyed Peas, e teve um dos primeiros hits do YouTube. Tambem lançou a moda dos covers inapropriados, geralmente uma bobagem pop relida por um artista mais "sério". Lembra do "Touch My Body" com Aretha Franklin? A última vítima é "Womanizer" da Britney Spears, que ficou mais suave na voz de Lily Allen, meio blues com os All-American Rejects e tristíssima com a neo-zelandesa Ladyhawke (desculpe, esta só mesmo no Youtube). Ainda prefiro a original.

QUANDO DORME O CORAÇÃO

A minissérie "Maysa" terminou ontem, e foi aquele turbilhão de emoções: acidentes, bofetadas, bebedeiras, tentativas de suicídio e muito samba-canção. Agora preciso de um respiro. Tenho vontade de propor à Globo outra série: "Nara", sobre uma cantora tão importante quanto Maysa. E o antídoto perfeito para tanto sobressalto. Porque, ao contrário de sua colega e rival (ambas namoraram Ronaldo Bôscoli), a vida de Nara Leão foi tranquila, sem grandes reviravoltas. Ela era tímida, e tinha pouca presença de palco. Em comum com Maysa, pouca coisa - só a morte precoce. Nara morreu aos 47 anos, vítima de um tumor no cérebro. Tirando o final trágico, seria dificílimo para qualquer roteirista dramatizar uma existência tão mansinha. Vejamos uma possível cena...

Amigo - Oi, Nara, tudo bem?
Nara - Tudo.


(silêncio)

Amigo - Olha só, vou nessa. Beijo.
Nara - Beijo.


O programa perfeito para ajudar a gente a pegar no sono.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

CHE COSA SEI, CHE COSA SEI

Sim, "Parole Parole" é uma das minhas músicas favoritas ever. E sim, quem a gravou primeiro foi a italiana Mina, em 1972, e não a franco-egípcia-italiana Dalida, em 1973. A versão original tinha a participação do ator Alberto Lupo, e foi um enorme sucesso. Versões em várias línguas se espalharam pelo mundo, incluindo uma em japonês (alguém tem? alguém tem?). No mesmo ano do lançamento, a própria Mina se auto-parodiou num daqueles maravilhosos programas de auditório da RAI, junto com o ator Adriano Celentano. O mais legal é que neste número ela faz a parte falada, masculina, e Celentano canta feito uma mocinha. A pobre da Mina não consegue conter o riso, e nem eu.

ALGUÉM VAI?

Elton John levou décadas para vir ao Brasil e, quando finalmente veio, não poderia ter escolhido época pior. Vejamos: estamos em janeiro, o décimo-terceiro já nos escoou pelos dedos e ainda há um IPVA para pagar. Fora a crise, a ameaça de desemprego que paira sobre a cabeça de muita gente, o calor... quem tá a fim de desembolsar 400 reais por um show que passa amanhã na Globo? O cara não emplaca um sucesso nas paradas de cá há muitos anos, e seus fãs estão longe da histeria provocada por Madonna. Não conheço uma pessoa que tenha comprado ingresso, que, aliás, está sobrando às baciadas. Você conhece?

FOR YOUR EYES ONLY

Querida amiga: agora você pode ter cílios tão longos e sedutores quanto os meus. A Alergan - criadora do Botox - está prestes a lançar Latisse, um cosmético à base do mesmo ingrediente do Lumigan, o colírio que eu uso para prevenir a porra do glaucoma. Quem usar também corre o risco de ter escurecimento das pálpebras e da região ao redor dos olhos, como eu tive - e que, dependendo da luz ambiente, pode tanto parecer que você levou um soco ou fez maquiagem definitiva. Latisse só será vendido com receita médica, e custará mais caro do que Lumigan. O que mostra que a humanidade está disposta a pagar mais para ficar bonita do que para não ficar cega.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

CAFONICES, NÃO AGUENTO MAIS

O melhor efeito colateral da série "Maysa" foi reacender o interesse pela música de Maysa. Tentei comprar discos dela semana passada, e já tinha tudo sumido das prateleiras - menos a trilha sonora oficial do programa, que a Som Livre, num rasgo de genialidade mercadológica, ainda não lançou. Mas aí Oscar encontrou algumas preciosidades numa loja do Rio, entre as quais esta inacreditável gravação de "Parole, Parole" em português - sim, a mesma canção que fez fama e fortuna de Mina e Dalida. Ao invés de Alain Delon, aqui temos Raul Cortez, e uma Maysa feroz e dramática como sempre. Esta pérola kitsch é uma prova deliciosa de que o repertório da "Amy Winehouse brasileira" (coitada...) não tava nem aí para as regras do bom-gosto.

AÇÃO ENTRE AMIGOS

Será que, se Cesare Battisti tivesse cometido quatro assassinatos enquanto militasse numa organização de extrema-direita, o governo brasileiro teria lhe concedido asilo político? Dããã - é ó-bó-vio que não. Esta é mais uma autêntica canalhice petista, que despreza as leis de vários países ao mesmo tempo (inclusive o Brasil), só para fazer um agrado a um membro do clubinho de ex-guerrilheiros dos anos 70. O nível de repugnância que este episódio me provoca é quase igual ao dos atletas devolvidos a Cuba depois do Pan de 2007. E mais uma vez, os usual suspects estão todos lá: Tarso Genro, Luiz Eduardo Greenalgh, e Lula, claro, trombeteando que a Itália precisa "respeitar a decisão soberana do Brasil". Acuma? E o Brasil, não deveria respeitar a decisão soberana da Itália, uma democracia mais sólida e antiga que a nossa? Nojooo!

LOVE IS THE DRUG

O neurocientista Larry Young fez uma descoberta impressionante: o amor, para acontecer, precisa de um "gatilho" químico. Mais precisamente, um hormônio chamado oxitocina, presente nos organismos dos menos de 5% dos mamíferos que vivem relações monogâmicas. Experiências em laboratório mostraram que fêmeas de roedores que receberam altas doses de oxitocina se "apaixonavam" pelo primeiro macho que lhes passasse na frente. O dr. Young ressalta que não vai levar muito tempo para alguém desenvolver uma autêntica "droga do amor", uma seta de Cupido em cápsulas. Que pode ser usada para o bem - casais estáveis podem tomar umas doses de vez em quando para reavivar as chamas da paixão - ou para o mal, evidentemente. O curioso é que o contrário também é possível: uma droga anti-amor, um supressor de oxiticina, que vai impedir muita gente de fazer besteira. Love is in the air...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

AINDA A GUERRA

Parece que o conflito na Faixa de Gaza se aproxima do final, Deus queira que sim. Mas o que deve continuar por um bom tempo é a guerra de opiniões nos jornais e revistas. Estou ficando enjoado de ler argumentos frouxos a favor dos dois lados, e também dos apelos simplistas por "paz agora!", que de maneira nenhuma garantem a paz amanhã. Não tenho uma opinião formada sobre este imbroglio todo, e acho até bom não ter. Mesmo assim, continuo dando tratos à bola:

- Se o final da 2a. Guerra Mundial estivesse acontecendo nos dias de hoje, a mídia estaria cheia de imagens de criancinhas alemãs mortas, e muita gente estaria criticando a reação "desproporcional" dos Aliados (de fato, morreram 22 vezes mais civis alemães do que ingleses). Também estaríamos debatendo se de fato os nazistas são tão malvados assim: afinal, foram eleitos democraticamente e por ampla margem, e apenas uma fração se dedica a atividades violentas. O resto trabalha em escolas, hospitais, floriculturas... Acontece que o nazismo precisava ser derrotado. Foi pago um preço caríssimo, em vidas e infra-estrutura? Claro que foi. Mas a alternativa seria vivermos hoje sob o manto do III Reich. Alguém se habilita? Por isto, é sempre bom lembrar que a guerra em Gaza não é exatamente contra os palestinos, mas contra o Hamas, uma organização sanguinária que, se pudesse, condenaria à morte a maioria dos leitores deste blog.

- Por outro lado, esta ofensiva militar de Israel pode até render votos nas eleições de fevereiro, mas a longo prazo só vai colher tempestades. Seria necessário eliminar cada um dos palestinos da face da Terra, e talvez todos os seus simpatizantes, para que um movimento insano feito o Hamas não surgisse dentro de alguns anos. Mas este tipo de solução final não é viável desde os tempos de Gengis Khan. O Hamas pode até ser desbaratado e parar de atirar foguetes em Israel. Mas daqui a uns 10, 15 anos, os órfãos de Gaza vão querer vingança. E vão ter quem os ajude.

- Quanto mais eu penso, mais me convenço da necessidade de um estado só. Já imaginou, dois estados lado a lado? Sendo que a Palestina não teria um território contínuo, e dependeria de Israel para quase tudo? Sem falar no problema da partilha de Jerusalém, que nenhum dos lados aceita. Pois que Jerusalém permaneça una e se torne a capital gloriosa de um único país, onde todos são iguais.

JÁ ERROU

E volto a falar de "Slumdog Millionaire", o favorito para o Oscar deste ano. O filme estréia em Brasil em março, mas ainda nem tem título em português. A imprensa tem usado "Milionário Vira-Lata", que mais parece a história de um cachorrinho que acerta na loteria e vai viver em Beverly Hills. Aí em cima tem uma colagem do número musical de encerramento com várias outras cenas do filme. Foi gravado na estação ferroviária de Chhatrapati, em Mumbai, cenário alguns meses depois de uma carnificina promovida por terroristas islâmicos. Mas no filme é só alegria, ao som de "Jai Ho", que pode ser baixada aqui. Vai ser muito legal se o compositor A.R. Rahman, o mais importante de Bollywood atualmente, ganhar também o prêmio da Academia (o Globo de Ouro ele já levou). Repare que no meio da música há um intermezzo latino, numa liberdade que só se encontra no pop indiano. Ah, e não me venham acusar de ter entregue como o filme acaba - quem acha que algo chamado "Milionário Vira-Lata" pode não ter final feliz, está errado.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

PÉ DE VALSA

Saiu hoje o shortlist dos pré-selecionados para o Oscar de melhor filme estrangeiro. Ao contrário do ano passado, dessa vez o Brasil ficou de fora: está provado de uma vez por todas que a Academia não é mesmo chegada numa favela. Mas a maior surpresa foi a exclusão de "Gomorra", tido e havido por aí como o grande favorito. Este filme tem sido saudado como a versão italiana de "Cidade de Deus", mas não tem o charme nem a eventual leveza de seu primo brasileiro. Não conheço uma pessoa que tenha gostado, e parece que a Academia concorda comigo - os caras não curtem uma favela nem quando ela fica na Itália. Então, quem é a bola da vez? Tudo indica que é "Waltz with Bashir", o documentário-em-animação (hã?) sobre um soldado israelense que ganhou o Globo de Ouro domingo. E para aumentar ainda mais as suas chances, tá rolando uma guerrinha lá no Oriente Médio.

A PARIS HILTON BRASILEIRA

Muita gente acha que a Preta Gil é um embuste. Sem talento, sem beleza, só sai nas revistas porque tem pai famoso e é espalhafatosa. Pois eu já acho que ela só não encontrou ainda o canal certo para deixar seu imenso talento transbordar (eu disse talento). Preta não é bem uma cantora, não é bem uma atriz, mas é uma personalidade. Tem humor, tem timing, tem presença. Certa vez a vi tocando como DJ no Glória, em SP, e adorei - ela dizia coisas tipo "senti que vocês não gostaram muito desse funk carioca que eu toquei agora, então vou tocar outro". Seus aniversários na The Week também se tornaram lendas. Esta semana ela ataca de promoter, e leva seu know-how para a TW Rio com a festa "Noite Preta", que rola quinta dia 15 e traz o DJ Zé Pedro nas pick-ups. Lá iria se lá estivesse. E fico torcendo para que Preta ganhe logo seu talk show.

MANGE TOUT

Meu amigo Introspective está sempre dando dicas de restaurantes, em São Paulo, Praga ou alhures, enquanto que eu raramente falo de comida aqui no blog. Mas hoje eu vou falar: acaba de abrir em São Paulo o Chez Fabrice, um bistrô francês de pedigree autêntico. Os donos, Fabrice e Virginie Delassus, são franceses de verdade, e vieram para o Brasil com o propósito explícito de abrir um restaurante. Primeiro pensaram em Salvador, mas acabaram se instalando em SP - mais precisamente, na rua Mourato Coelho, 1140, Vila Madalena. Os dois são muito amigos meus, mas não foi só isto que gerou este post. Fui comer no Chez Fabrice domingo passado, e adorei: comida deliciosa, ambiente léger, precinhos em conta. Allez-y.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ANOS DE RECUSA

O Luciano Guimarães é um dos meus leitores mais assíduos, e volta e meia ele sugere assuntos ótimos aqui para o blog. Mas semana passada tivemos uma pequena discussão por e-mail, e tudo por causa do Morrissey. Assim como eu, Luciano foi contemporâneo dos Smiths, mas, diferente de mim, achava que eu também achava o Morrissey o máximo. Não acho. Veja bem, não há dúvida de que os Smiths deixaram um monte de obras-primas, mas Morrissey sozinho não dá. Porque a mensagem básica do cara é, "sou gay mas não tenho culhão de me assumir". Isto tem uma certa graça quando se é jovem e bobo, mas beirando os cinquentinha? Francamente. Ele até hoje dá entrevistas do tipo "não aceito rótulos" e "não sou gay nem hétero nem bi, muito pelo contrário". Chegou a dizer que é do quarto sexo - quarto?? Até que a capa e o nome de seu novo CD, "Years of Refusal", tratam deste assunto de forma bem-humorada. Mas eu sou irredutível: vou continuar recusando o Morrissey por muitos e muitos anos.

NIP/TUCK

Não sou petista, mas preciso me curvar à realidade: Dilma Roussef ficou ótima depois no tapa do visual. Tapa é pouco - foi mais uma surra de cabo de vassoura, composta por uma bioplastia de rejuvenescimento, lentes de contato e um novo corte de cabelo. O melhor de tudo é que ela assume tranqüilamente que passou pelo procedimento. Ainda bem, pois já faz tempo em que fazer cirurgia plástica era um grave defeito moral. O que Dilma não assume, ainda, é a candidatura a presidente em 2010. Se bem que eu acho que, para este cargo, eu a preferia de cara feia, para fazer jus a sua fama de durona. A nova Dilma parece apresentadora de programa feminino, prestes a chamar a telespectadora de "parceirinha".

ANGELINA JOLIE TE DESPREZA

Angelina Jolie é a atriz mais glamurosa do cinema de hoje. Perto dela, beldades como Nicole Kidman ou Catherine Zeta-Jones parecem debutantes, meras amadoras quando confrontadas com uma entidade superior. Ela também é a encarnação perfeita da mulher fatal, a devoradora de homens – que sua biografia parece simultaneamente confirmar (“sai pra lá, Jennifer Aniston, que o Brad Pitt agora é meu”) ou desmentir (SEIS bebês? E ela ainda quer mais? Ninguém dorme naquela casa?). Como imagem é o que realmente vale, é difícil acreditar nela como a mãe sofredora de “A Troca”. Angelina é mesmo uma boa atriz, e aqui ela tem a oportunidade de chorar, gritar e espernear pelo filho raptado. Mas em nenhum momento ficamos com pena dela – simplesmente não nos importamos muito com o destino da criança. Para piorar, o filme é longo, e tem uns quatro finais falsos: toda vez que o espectador acha que a história acabou, alguma outra coisa acontece. É muito mais divertido ver Angelina em cerimônias como a entrega do Critic’s Choice Award, onde ela reage com indiferença olímpica ao perder o prêmio. Aprendam, mortais.

domingo, 11 de janeiro de 2009

ÉXTASIS

Probaba un placer tan fuerte que es imposible poder probar semejantes en otros momentos de la vida. Durante los éxtasis lo cuerpo pierde todo movimiento, la respiración se debilita, se emiten suspiros y el placer llega por intervalos. En un éxtasis me apareció un ángel tangible en su construcción carnal y era muy hermoso; vi en la mano de este ángel un largo dardo; era de oro y llevaba en la extremidad una púa de fuego. El ángel me penetró con el dardo hasta las vísceras y cuando lo retiró me dejó ardiente de amor hacia Diós. El dolor de la herida producida por el dardo era tán vivo que me arrancaba escasos suspiros, pero ese inefable mártir que me hacía al mismo tiempo probar las delicias más suaves, no estaba constituído por sufrimientos corporales aunque el cuerpo entero participase.

Faz tempo que não sou mais católico, mas Santa Teresa d'Ávila será para sempre uma das minhas "ídalas". Esta religiosa espanhola do século 16 ficou famosa por seus transes místicos, e sua extensa obra lhe valeu o título de Doutora da Igreja. Mas de todo seu imenso legado, o que mais gosto é esta pequena história, certamente apócrifa:

Certa vez, estava Teresa indo visitar um convento distante montada em seu burrico. A estrada era íngreme e escorregadia. Lá pelas tantas, ao atravessar um riacho com perigosas corredeiras, Deus lhe sussurou ao ouvido:
- A este tipo de prova, só submeto os meus verdadeiros amigos.
E Teresa respondeu enfática, com a santa intimidade que tinha com o Senhor:
- Por isto tendes tão poucos!

sábado, 10 de janeiro de 2009

UMA COISA MEIO RIHANNA

Já viu "O Mágico de Uóz"? É o vídeo que venceu o Show do Gongo de Belo Horizonte, agora em dezembro. Está disponível em toda sua glória no blog de um de seus autores, Don Pavinatto, e é realmente sensacional. É da mesma turma que fez o lendário "Telebambis" e o "Desafio Pacsívia", todos vencedores de outras edições do Gongo. O segundo lugar em BH foi para este vídeo aí em cima, também de um ganhador veterano, o Kiko César. Foi ele o culpado por "O Viado Veste Pra Dá" e "A Drag a Gozar", lembra? "Tapa na Kadela" traz mais uma interpretação antológica de Nany People' - sem dúvida uma das melhores atrizes do Brasil, independente do sexo com que nasceu. Mas já vou avisando que é de uma grossura ímpar: talvez seja melhor não assistir no trabalho.

O BELO TINTIN

"A Bela Junie", novo filme de Christophe Honoré, traz alguns dos mesmos atores de "As Canções de Amor", que entrou na minha lista dos melhores de 2008: os belos Louis Garrel e Grégoire Leprince-Ringuet, e, numa ponta silenciosa, minha ex-rival Chiara Mastroianni. Como o outro filme, também tem música e Paris sob um céu de chumbo, mas sinto dizer que desta vez o resultado é irregular. Talvez seja culpa do material onde se baseia, "A Princesa de Clèves", um romance do século 17 que já gerou outro filme chatinho - "A Carta", do imortal Manoel de Oliveira - e que, francamente, hoje em dia está datado. Mas não fui ao cinema em vão: é sempre um prazer ver rapazes bonitos como Garrel e Ringuet em ação. Este último, aliás, me pareceu perfeito para o papel de Tintin, prestes a ser filmado por Peter Jackson, do "Senhor dos Anéis", e que ainda não encontrou seu ator principal.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

THAT'S ALL

O que você faz quando ouve boatos de que seu emprego está por um fio? Claro, espalha outro boato - o de que você está a ponto de ser convidado para algo muuuito melhor. É o que está acontecendo neste momento com Anna Wintour, a mítica editora da "Vogue" americana. Como se inspirada em "O Diabo Veste Prada", o filme inspirado nela, a rádio-corredor informa que Anna pode ser substituída a qualquer momento por Carine Roitfeld, a editora da "Vogue" francesa. Hoje surgiu, de "fontes seguras", a informação de que ms. Wintour estaria sendo considerada por Obama como a próxima embaixadora dos EUA em Londres ou Paris. Sim, dois postinhos insignificantes para alguém que não tem exatamente uma graaande experiência diplomática. Mas bem que ia ser divertido vê-la jogando o mantô de vison em cima do Sarkozy.

"QUER FAZER NASNAS?"


E já que abri os trabalhos de hoje falando de pornografia, não resisto a postar aqui este vídeo amador. Ele é mal gravado e nem um pouco excitante. Mas é divertidíssimo, porque mostra um clérigo do Irã, a mais nojenta teocracia do mundo, cometendo adultério. Lá pelas tantas, ele pergunta para sua partner se ela quer fazer “nasnas” – o nome de um monstro da mitologia persa, mas que neste caso é o nosso bom e velho 69. Desnecessário dizer que o vídeo está fazendo o maior sucesso nos blogs de lá, pois já há toda uma geração cansada da hipocrisia islamofascista. Ah, o mulá em questão pegou 100 chibatadas e uma transferência de cidade. Castigo bem mais leve que o da moça presa no ano passado por sentar num banco de praça com o namorado. Quando a família teve permissão para visitá-la na cadeia, dois dias depois, acabou encontrando seu cadáver.

ADORÁVEL PECADORA

Céus, como é que eu fui esquecer de incluir a Leila Lopes na minha lista dos Micos de 2008? Só me toquei quando vi que está saindo “Pecado Sem Perdão”, seu novo opus pornográfico. Não, não estou sendo moralista – não acho que o fato dela ter feito filmes pornôs seja um mico por si só. Vai saber a pindaíba em que a pobrezinha se encontrava, com contas para pagar e nenhum convite no horizonte. O mico de Leila é achar que ainda pode ser considerada uma atriz séria. Em todas as entrevistas que dá, ela faz questão de ressaltar que exigiu um roteiro “com história”, à la Nélson Rodrigues, e que a “esmerada” produção de época exigiu até mesmo atores profissionais para as cenas não-eróticas. A-hã, como se alguém estivesse interessado. Leila também diz que já estão pintando outros trabalhos “normais” - como um filme co-estrelado por Luciano Szafir, olha só que incrível. Ela até que é simpática e merece a nossa compaixão. Mas juro que prefiro a postura da Rita Cadillac, que assume tranqüilamente que fez pornô por dinheiro, e que não espera ser chamada para a próxima novela das 8.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

VIVA LA POP

Fiquei curioso para ouvir este mash-up que um tal de DJ Earworm fez: os 25 maiores sucessos de 2008 nos Estados Unidos segundo a revista "Billboard", mixados numa única faixa. E me decepcionei um pouco, porque o resultado soa como alguém virando o dial do rádio enquanto as cordas de "Viva la Vida" tocam ao fundo. Quantas das canções você consegue identificar? A lista completa está na página deste vídeo no Youtube, assim como um link para baixar o mp3 totalmente grátis. Bom para ouvir naquelas horas em que o sono não chega.

TODOS ACHAM QUE EU FALO DEMAIS

Minha rotina mudou esta semana. Tenho ficado em casa todas as noites, por causa da minissérie "Maysa". Isto quer dizer que eu estou adorando? Pois agora eu vou falar...
- Manoel Carlos é tido como o gênio dos diálogos coloquiais. Então não foi ele quem escreveu falas risíveis como "eu sou irreverente, eu sou transgressora!". Vamos combinar que quem é mesmo tudo isto não sai por aí trombeteando.
- Cenários e figurinos estão esplendorosos, com uma única exceção: a coitadinha da Priscila Rozenbaum, que faz Ana, a confidente da cantora. Enquanto Maysa está penteada e maquiada até mesmo quando tenta se matar, Ana parece uma retirante nordestina que passou por um peeling químico. Processa a Globo, Pri!
- Onde é que Mateus Solano (Ronaldo Bôscoli) estava estes anos todos, e como foi que eu consegui sobreviver?

O CLOSET DE MOULINSART

Sábado dia 10 meu ídolo de infância, o Tintin, completa 80 anos. Foi neste dia em 1928 que ele apareceu pela primeira vez nas páginas do jornal belga "Le Petit Vingtième", num traço tosco e ainda em preto-e-branco. Ao longo de sua ilustre carreira, Tintin foi xingado de muita coisa: racista, colonialista, nazista, alienado, o escambau. Realmente, Tintin é um mistério: um repórter que não trabalha, e que mora num castelo com um marinheiro de meia-idade, um professor aloprado e um cachorrinho, e cuja única amiga mulher é uma cantora de ópera? Hmmm... Claro que ele também já foi chamado de gay - afinal, nunca ninguém nunca o viu se interessar por garotas - e essa velha polêmica ressurgiu esta semana num artigo bem-humorado do Times de Londres. Bom, eu adoro fazer um outing, mas como tintinólogo de longa data, sinto dizer que não é bem assim. A sexualidade de Tintin é a de um menino de 7 anos, ou seja, quase inexistente. Nesta idade os garotos só brincam entre si, e as meninas são "o inimigo". Agora, Dupont e Dupond nunca me enganaram...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

AEROMOÇAS DE CRISTO

Acabei de receber de um anônimo esta dica preciosa: as meninas de Inri Cristo cantando a versão "mística" de "Toxic" da Britney Spears, com direito a figurino e coreô. Que Matinee Group, que nada: queremos Asusana e Alibera cantando na próxima label party!

SEGURA FIRME

Kylie Minogue, como sempre, está imitando Madonna. Foi só Sua Madgestade desfilar com um jovem modelo latino de nome sugestivo, que a mini-diva australiana se viu compelida a fazer o mesmo. Este aí do lado é o espanhol Andres Velencoso Segura, que tem 30 anos (Kylie tem 40) e é a cara do ex-dela, o ator francês Olivier Martinez. A pergunta que não quer calar: how does it feel in her arms? E vamos todos torcer para que Madonna não resolva se atirar do alto de um edifício.

Update: Quem quer ver o Segura pelado põe a mão aqui.