
Muito interessante
o texto que o Pedro Cardoso leu no palco do cine Odeon, antes da exibição do filme “Todo Mundo tem Problemas Sexuais”. Tem se dito por aí que ele lançou um manifesto contra a nudez, mas não é bem assim. Pedro só é contra a nudez gratuita, que para ele resvala na pornografia. Diz que atrizes são constrangidas a se despir no cinema por pressão de diretores e produtores, sempre de olho nas bilheterias. De fato, são muitos os casos em que elas aparecem peladas com o mero objetivo de excitar a platéia masculina. Aliás, este é mais um exemplo incontestável da opressão da mulher pela nossa sociedade; o nu masculino na mídia continua raríssimo. Pense bem: já vimos, se não a bacurinha, pelo menos as peitcholas de quase todas as atrizes “globais”. E o piupiu dos atores? Geralmente só o dos decadentes, quando posam para a “G”.
Acho que Pedro está coberto de razão em muitos pontos. A apelação pode estragar o que seria, se não uma obra de arte, pelo menos um bom divertimento. Por outro lado, não tenho nada contra a pornografia, muito pelo contrário, hehehe. Tanto que adorei “Shortbus”, que pelo menos
tenta juntar o melhor de dois mundos. Quero me emocionar
E me excitar, se possível ao mesmo tempo (e não é isto o amor?).
A nudez em cena pode ser opressora, mas também liberta. Uma vez perguntaram a Sally Field se ela não achava um horror ter que aparecer nua num filme, e ela respondeu: “Na minha idade, tudo o que eu sonho é que alguém queira me ver nua…” Este é um assunto complexo, e ainda não tenho opinião formada. Vou tentar me despir das idéias
prêt-à-porter.