sexta-feira, 31 de outubro de 2008

EXAME DE TOQUE

Juro que eu procurei um assunto que se encaixasse à perfeição com esta foto sensacional que eu achei no site da revista australiana "DNA". O Dia das Bruxas? A queda da bolsa? Nicole Scherzinger no Brasil? Ah, quer saber? Não tem tu, vai tu mesmo.
Ó paí, ó!

LINDO E ESTRANHO

Hans-Peter Lindstrøm é um norueguês que já remixou músicas do Franz Ferdinand e do LCD, entre muitos outros. Ano passado ele reuniu seus diversos singles num único disco, "It's a Feedelity Affair". Este ano ele lança seu primeiro álbum conceitual, "Where You Go I Go Too", com apenas três faixas instrumentais, todas longuíssimas. A base de seu som é a house, sem dúvida, mas ele vai muito além. Tem horas em que tudo vira música de fundo, perfeita para não se prestar muita atenção, e tem horas em que vira uma sinfonia e a terra treme. Baixe aqui a incrível "The Long Way Home", e veja (ou ouça) se eu não tenho razão.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

QUEBRANDO TUDO

Quando vi este video pela primeira vez, logo pensei: “Nossa, como o Obama dança bem o break! Também, pudera…” Mas este raciocínio algo preconceituoso logo se desfez em gargalhadas quando vi que o McChicken e a Sarahcuda também entram na dança. Incrivelmente bem-feito e aflitivo, este sucesso viral deve fazer escola. Não vejo a hora de um dance-off parecido entre o Serra e a Dilma.

COMO SE NÃO BASTASSE

Não contente em ser o homem mais bonito e elegante do mundo, Tom Ford agora também ataca de diretor de cinema. O elenco de seu primeiro filme é nada menos que Colin Firth, Julianne Moore e Matthew Modine, tsáh? “A Single Man” é baseado num livro de Christopher Isherwood, e vai contar a história de um professor gay de meia-idade, recém-viúvo depois de 16 anos de casamento. Tomara que fique péssimo, porque senão minha invejinha branca de Tom Ford vai se transformar na fúria das valquírias.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

SONHO E PESADELO

Eu estava pronto para fazer um post descendo o pau no CD de estréia da Jennifer Hudson. Ia dizer que é uma coleção de baladas insossas, e que JHud, apesar da voz imensa, não passa de um genérico ainda mais rechonchudo da minha odiada Mariah Carey. Mas aí aconteceu o impensável: uma tragédia absurda, um crime bárbaro que levou a mãe, o irmão e um sobrinho da jovem diva. E justo na hora em que ela está promovendo seu disco, que levou quase dois anos para ficar pronto. Uma das poucas faixas que se salvam é um dueto com Fantasia, que derrotou Jennifer no "American Idol" e foi derrotada por ela nos testes para o papel de Effie em "Dreamgirls". As duas travam uma catfight por telefone em "I'm His Only Woman", e, desde os tempos do Pimpinela, eu simplesmente não resisto a uma canção telefônica. Mas todas as piadas viram de mau-gosto perto do que ela está passando agora. Coragem, garota.

VAGA PARA ESTAGIÁRIO

Onde é que eu estava estes anos todos, que só anteontem me dei conta da existência do Kayky Brito? Cheguei em casa mais cedo, a tempo de ver a novela das 7, e tive mais que uma síncope quando ele surgiu na tela. Tive uma epifania - a certeza de que há, sim, um ente superior. Tenho senso de ridículo suficiente para não fazer do garoto mais um dos meus noivos imaginários: afinal, sou 28 anos mais velho do que ele, e esse povo fala muito. Mas bem que o Kayky podia ser, sei lá, meu estagiário. Era só mandar o currículo...

PIRATAS DA AV. ATLÂNTICA

Ontem foi o primeiro dia deste ano em que fiquei sem postar absolutamente nada neste blog. E não foi por falta de assunto: foi, sim, por falta de tempo e de uma conexão decente à internet. Passei o dia entrevistando donas-de-casa cariocas no conforto de seus lares. No final da tarde fui convocado a fazer uma breve apresentação sobre a concorrência que o cliente enfrenta no Brasil para um diretor recém-chegado. Como o cara tinha uma monte de ligações importantíssimas para fazer, perguntou se poderíamos nos reunir logo após o jantar. E lá fui eu com um bando de gringos para um restaurante espantoso que eu ainda não conhecia, o Marius no final do Leme. É muito estranha a sensação de ser turista na sua própria terra. O lugar é temático, over-decorado com motivos marinhos, e os garçons trabalham fantasiados de pirata. Não percebi um único brasileiro nas mesas: só americanos, argentinos, italianos, todos achando que estavam no ponto mais típico do Rio de Janeiro. A comida, um mega-bufê de frutos do mar, é copiosa e caríssima, e a todo momento eu tinha a sensação de que Jack Sparrow ia saltar por cima das nossas cabeças. O jantar foi longuíssimo, lógico, mas mesmo de barriga cheia o novato não esmoreceu. Voltamos para o hotel e ainda tive que ser brilhante até quase uma hora da manhã, morrendo de sono e de vontade de blogar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

PONTO FINAL

Como é que um filme pode ser ótimo e desagradável ao mesmo tempo? "Última Parada 174" me deixou petrificado na cadeira do começo ao fim, apesar de todas suas cenas - TODAS - transbordarem de dor e sofrimento. É o melhor trabalho de Bruno Barreto ever, e um digno candidato ao Oscar de filme estrangeiro (não duvido que conquiste a indicação). O protagonista Michel de Souza é um achado, uma mistura perfeita de ferocidade e doçura - provavelmente, muito mais doce que o Sandro da vida real. E, mesmo careca de saber o final da história, não perdi o interesse em momento algum. Não, não é um filme "gostoso" de se ver - e por causa disto eu ainda prefiro "Meu Nome Não é Johnny", que tem muitas situações divertidas. Mas é sólido, é bem construído, e encerra com chave de ouro (tomara) um ciclo do cinema brasileiro que já parecia esgotado.

O VERDE AMADURECE

Como eu temia, Eduardo Paes e a "Liga da Injustiça" que se aglutinou em torno de seu nome realmente fizeram o escambau para arrancar a vitória no Rio de Janeiro. Valeu tudo: pedrada em carros com plástico de Gabeira, panfletos apócrifos e mentirosos, e até mesmo um feriado, o Dia do Servidor Público, deslocado por Sérgio Cabral de terça para segunda, para garantir o máximo de abstenção. Deu certo - ela chegou a 25% na zona sul, justamente a região onde o candidato do PV venceu com 70% dos votos. Mesmo assim, a vantagem de Paes sobre Gabeira foi menor do que a lotação do Maracanã. Isto significa que há um novo fenômeno nascendo na cidade, livre da politicagem tradicional, do clientelismo e do obscurantismo. Gabeira não levou, mas ganhou corações e mentes, e é um nome fortíssimo para o Senado em 2010. Quem sabe até lá não transfiro meu título para o Rio?

AGORA EM NOVA EMBALAGEM

Digamos que, graças aos meus remomado dotes de marqueteiro, eu fosse contratado para relançar o PT em São Paulo. É óbvio que a estratégia do partido na cidade não está funcionando: Marta foi derrotada pela segunda vez consecutiva, e provavelmente não tem mais capital político para se candidatar outra vez à prefeitura. Mas quem ocuparia o lugar dela, então? Como disse minha musa "Lúcida" Hippólito, é toda uma geração petista que parece estar sendo rejeitada em SP - e são justamente os nomes mais envolvidos no escândalo do mensalão. Berzoini, Genoíno, Zé Dirceu, nem mesmo Mercadante - não dá para imaginar nenhum destes reconquistando a prefeitura para o PT. Por isto, se eu tivesse poderes para tanto, minha escolha para ser a nova cara do partido na cidade seria alguém com a ficha limpa e uma folha corrida de bons serviços. Fotogenia também ajuda, claro. Chegou a hora de José Eduardo Cardozo. Mas será que a fogueira das vaidades que consome o PT por dentro vai deixar que isto aconteça?

domingo, 26 de outubro de 2008

SEXY YEMANJÁ

Alguém me explica o que Janaína sereia rainha do mar está fazendo na propaganda dos 30 anos da Amil? Volta pro mar, oferenda!

CHOCOLATE BELGA

Morro de culpa quando saio de São Paulo durante a Mostra de Cinema. Mas aí surge a oportunidade de assistir os filmes "normais" que estão em cartaz. Como "In Bruges", que ganhou em português um título de comédia boba - "Na Mira oo Chefe" - mas é um thriller elegante e tragicômico. É o que Tarantino estaria fazendo, se tivesse nascido na Europa e, ao invés de numa videolocadora, trabalhado numa biblioteca. Além do roteiro bem-escrito, duas belezas iluminam a tela: a cidade belga de Bruges, uma pequena jóia medieval, e Colin Farrell, gostoso feito um chocolate Godiva.

sábado, 25 de outubro de 2008

"CLEO" PASSA O PIRES

Steven Sodebergh não pára, não pára, não pára. Seu "Che" nem foi lançado, e ele já tem outro filme na lata - "The Informant", com Matt Damon - e outro prestes a rodar, com a atriz pornô brasileira Sasha Grey (tá vendo, Leila Lopes? Sempre há esperança). Como se não bastasse, o cara anunciou anteontem que pretende filmar uma versão musical de "Cleópatra", com Catherine Zeta-Jones e Hugh Jackman. Mas antes ele precisa levantar o financiamento. Vamos fazer uma vaquinha?

LINDO, SUJO, RICO

Começa assim: o cara te manda uns comentários, ou então te cumprimenta na boate. Depois passa a mandar sugestões de posts para o blog, em freqüência cada vez maior. Aí, um belo dia ele não agüenta mais, e lança seu próprio blog. Já vi isto acontecer muitas vezes, e sempre saio no lucro: ganho mais um amigo, e o mundo ganha mais um blogueiro legal. A mais recente adição à lista é o carioca Emiliano Rocha, que pôs no ar esta semana o blog Beautiful, Dirty, Rich. Emiliano está em pleno tour pela Venezuela, pobrezinho, e, mesmo com difculdades para se conectar, tem mandado de lá um post atrás do outro, todos engraçados. E assim logo chegará o dia em que não terei tempo para mais nada além de passear pela blogosfera.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ESPELHINHO CARIOCA

Morro de inveja quando alguém tem uma idéia simples e bacana como essa da fotógrafa Flavia Torres. Ela captou com seu celular as imagens que iam passando pelo retrovisor lateral de sua moto. Claro que a paisagem do Rio de Janeiro deu uma certa força... A exposição está em cartaz no saguão do cine Estação Gávea, e pretendo dar uma espiada nos próximos dias. Estou indo hoje para a Maravilhosa: descanso sábado e domingo, trabalho segunda e terça. E tomara que o tempo esteja bom, para espantar esta palidez invernal.

SIEG HEIL

Poucas coisas são mais divertidas do que um político conservador pêgo com a boca na botija. No caso de Jörg Haider, é uma botija póstuma: o líder da extrema-direita da Áustria morreu num desastre de automóvel no dia 10 deste mês. Esta semana veio a público que Haider - que, sim, era casado e tinha filhos - se espatifou contra uma árvore depois de beber e discutir com seu amante e secretário. Pois é, a tradição homoerótica do nazismo continua firme (hmmm...) entre seus descendentes.

FAVOR LIBERAR A PORTA

Genial esta ação da agência Lowe de Istanbul para a margarina Becel. Camarada está esperando o elevador e lê a mensagem de que "Becel e exercícios fazem bem para o coração". Quando as portas se abrem, ele leva um susto: o fundo do elevador foi adesivado para parecer uma escada. Atóron.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

AMERICA'S NEXT TOP DEVIL

Cinco anos depois do lançamento do livro e dois depois do filme, "O Diabo Veste Prada" continua rendendo frutos. Depois de muito papo sobre adaptar a história para uma sitcom (foram furados por "Ugly Betty"), agora ela se transforma - evidentemente - num reality show: "Stylista", que estreou ontem nos EUA, com produção da Tyra Banks. A apresentadora ideal seria Anna Wintour, que serviu de inspiração para Miranda Priestley, mas óbvio que ela não topou. Em seu lugar está Anne Slowey, editora da "Elle" americana, que dizem que é um amorzinho na vida real. Mas na TV ela tem que encarnar uma über-bitch e propor tarefas ridiculamente impossíveis para os pobres coitados dos concorrentes (alguém acha que isto é realmente maneira de começar uma carreira numa revista de moda?). That's all.

(P.S. exclusivo pro Gui: viu que o Dhan Marcell tá participando?)

GIMME MY CHA CHA

Señor Coconut and his Orchestra são uma banda de uma piada só - mas esta piada é muito boa, e já está rendendo o quarto CD. Se bem que não é exatamente uma banda, é o produtor alemão Atom, que criou um projeto paralelo para regravar sucessos pop em ritmos latinos. O primeiro disco foi um assombro: "El Baile Alemán" ousava brincar com um dos cânones mais sagrados da música eletrônica, o repertório do Kraftwerk. Até hoje não me refiz de ouvir "Autobahn" como rumba. A graça se diluiu um pouco nos trabalhos seguintes, e já é sem o auxílio do fator-surpresa que o sr. Coco lança "Around the World". A faixa-título é uma das obras-primas do Daft Punk, e sua roupagem tropicaliente pode ser conferida aqui. Outras escolhas são mais óbvias: tem "Sweet Dreams" dos Eurythmics, "Kiss" do Prince e até mesmo "Corcovado" do Tom Jobim, nem tão distante assim do cha-cha-cha. Mas dá para se pasar un buen rato.

A CONFUSÃO NO FIM DO TÚNEL

Qualquer coisa assinada pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid merece ser vista, desde seus prédios que parecem ter brotado do chão até a capa da "Wallpaper" do mês passado. Mas a chegada de sua instalação "Mobile Art" a Nova York lançou uma discussão não menos interessante. A dita cuja é uma espécie de túnel onde o visitante entra e passa por uma série de experiências sensoriais; também é um anúncio para uma nova bolsa da Chanel. O crítico do "New York Times" se revoltou, dizendo que pode até ser "mobile" (o treco já havia passado por Hong Kong e Tóquio), mas não é "art". Não é se definirmos arte como temos feito de meados de século 19 para cá, como a expressão individualizada de uma idéia ou um sentimento. Nos cinco milênios anteriores, a arte serviu, sem maiores encucações, principalmente para reforçar o poder e a glória de quem a encomendou. Se a arte foi usada para converter a uma religião ou para incitar a uma guerra, por quê não para vender badulaques? A verdade é que não tenho opinião formada. Apesar de trabalhar numa das profissões mais vulgares do mundo, a propaganda - ou talvez por isto mesmo - esta queda do muro entre comércio e arte me incomoda, sim. Mas quem sou eu para dizer onde fica este muro?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

MANIA DE GRANDEZA

Recebi um e-mail curioso. Os fabricantes do Peloop me oferecem dinheiro ou uma amostra grátis se eu fizer uma resenha do produto aqui no blog. Acontece que Peloop é um anel para "penis enhacement": use-o na base do dito cujo por um período indeterminado, e os poderes combinados de um imã, da turmalina e do germânio irão "purificar" o seu sangue e aumentar o seu dote. Ahã, claro. Bom, o único método de amplificação de bilau que realmente funciona é a injeção de gordura - e mesmo assim ele fica parecendo uma garrafa pet de três litros, dessas bem gordas na circunferência mas com uma tampinha pequenininha lá em cima. De qualquer forma, aqui em casa não estamos precisando, mas quem quiser jogar dinheiro fora pode clicar aqui. Bem mais interessante é a lista de celebridades bem-dotadas que aparece no site Monstercocktube (dica do Deco Reis, amigo e leitor assíduo). Não há fotos, mas os relatos parecem verídicos. Alguém se habilita a fazer a versão brasileira?

UN CERTAIN REGARD

Muita gente me pergunta se eu ando passando alguma coisa nos olhos, já que meus cílios finalmente ficaram mais longos e espessos. Na verdade, tenho usado maquiagem à noite sim, mas nada de rímel ou delineador – só um pouquinho de base M.A.C., tom 32, para disfarçar minhas recém-adquiridas olheiras. Tanto elas como os cílios são efeitos colaterais da porra do colírio anti-glaucoma. Hoje li na “Folha” que tem mulher por aí usando o mesmo colírio só por causa do resultado estético. Calma, meninas: o olhar pode mesmo ficar mais sedutor, mas ninguém tá a fim de parecer um raccoon depois da briga.

COM A MACACA

Talvez porque o nome “Cheeta” soe feminino em português, aqui no Brasil sempre nos referimos ao companheiro do Tarzan como “macaca”. Mas o personagem é macho, e na verdade foi interpretado por diversos chimpanzés de ambos os sexos ao longo dos anos. Um deles ainda está vivo e é, oficialmente, o primata não-humano mais velho que se tem notícia. Cheeta tem 76 anos e vive com seu tratador numa mansão na Califórnia, junto com vários outros bichos que tiveram carreiras no cinema (inclusive uma tarântula, eew). Desfruta sua aposentadoria pintando quadros abstratos incrivelmente bons, assistindo seus filmes antigos em DVD e indo de vez ao quando ao McDonald’s. Mas agora volta com tudo: está sendo lancada sua autobiografia “Me Cheeta”, obviamente escrita com a ajuda de um “ghost-writer”. E para promover o livro, um site inglês está em campanha para que o astro receba um Bafta (o Oscar britânico) pelo conjunto da obra. Também andam pleiteando uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood – se até a fada Sininho ganhou a sua, e olha que ela nem existe. Nada mais justo: afinal, a influência de Cheeta é nítida na interpretação de muitos atores de hoje em dia.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

AMACIANDO O KUDURO

Tenho um leitor em Angola: o jornalista brasileiro Paulo Araújo mora desde o início do ano em Luanda, a "Dubai da África". Temos trocado alguns e-mails, e ele me enviou através de um amigo comum, o Ludo Diniz, um CD do DJ Malvado, o maior expoente da fusão house-kuduro. Pois é - kuduro é um ritmo angolano que lembra um pouco o reggaetón, e o nome quer dizer isso mesmo, não é nenhuma palavra obscura num dialeto local. Cláudio Rodrigues, o nome verdadeiro do DJ, toca profissionalmente desde 1993, e é bastante conhecido do lado de lá do Atlântico. Seu disco "Play it Loud" é uma mistura infernal de batidas e linguagens, todo com produções próprias gravadas em Londres e Lisboa. Então lá vai: baixe aqui "Agente Formiga", e divirta-se com o sotaque dos rappers Prince Wadada, Manya e MastikSoul ("fumô e tô mále"!). Numa pegada mais convencional, tem "Don't Mess with My Heart", com vocais de um certo P.S. Todas perfeitas para dar aquela amaciada.

BOLLYWOOD FALA SÉRIO

Prefiro os filmes de Bollywood quando eles não têm o menor compromisso com a realidade. Por exemplo, em "Dhoom 2", a belíssima Aishwarya Rai se disfarça de anãozinho da Branca de Neve para capturar um ladrão internacional num museu do Rio de Janeiro que exibe esqueletos de dinossauros e moedas raras, com todo mundo cantando e dançando - deu pra entender? "Jodhaa Akbar", um raro filme indiano na Mostra de SP - é conhecida a aversão de Leon Cakoff ao gênero - se pretende beeem mais sério. É um épico com três horas e meia de duração que conta a história do amor do rei muçulmano Akbar pela princesa hindu Jodhaa, recheada de batalhas sangrentas e intrigas palacianas. Claro que, sendo um filme de Bollywood, também é um musical, com tomadas dignas de Busby Berkeley. É uma ótima aula de história, mas falta aquele fator de "não, eles não tiveram coragem de fazer isto!!" que me deixa ultrajado e deliciado quando vejo outros filmes de lá.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

COM O FÓRCEPS ATRÁS DA ORELHA

Na noite de 19 de outubro de 1960, minha mãe foi ao teatro no Rio de Janeiro assistir "Com a Pulga Atrás da Orelha", estrelada por Fernanda Montenegro. É uma comédia francesa da Belle Époque, onde maridos e mulheres se traem mutuamente, e tudo termina com risadas e champagne. Mas mamãe não viu o final: teve que ser levada para a maternidade durante o intervalo, acometida pelas dores do parto. Eu nasci de madrugada, e era tão grande que tive que ser arrancado a fórceps (tenho as marcas nas orelhas até hoje). No dia seguinte, saiu uma notinha no jornal: "uma jovem espectadora teve que sair às pressas do Teatro Copacabana diretamente para o hospital, onde deu à luz uma linda MENINA..." Mau presságio?

RELEASING THE CHICKEN

OMFG!! Saiu o CD do José Castelo Branco! E, como era de se esperar, é ma-ra-vi-lho-sa-men-te péssimo. A revista "Caras" portuguesa deu uma palhinha a seus leitores, distribuindo um EP com cinco faixas, e eu tô quase entrando no eBay para ver se consigo o meu. Dá para ouvir alguma coisa nesta reportagem da SIC, que ainda entrevista toda a família do Zé - incluindo o translumbrante filho Guilherme, uma das coisas mais lindas que Deus pôs na Terra. O mesmo não pode ser dito do disco, apesar da produção esmerada. Mas não importa: desde já é um dos maiores lançamentos do ano, e deveria ser colocado numa cápsula do tempo, como um testemunho fundamental desses tempos que vivemos. Joe White-Castle rules!

LIVE FROM NEW YORK

Uma coisa eu preciso admitir: Sarah Palin é uma "good sports", e sabe tirar sarro de si mesma. Sábado passado ela desceu na cova dos leões, o programa "Saturday Night Live" - que vem batendo recordes de audiência desde que Tina Fey começou a imitar a candidata republicana à vide-presidência. Nem por isto os humoristas pegaram leve com ela, mas Sarahcuda pareceu estar se divertindo junto. Seria ótimo se coisa parecida acontecesse por aqui, mas nossa demcoracia ainda não é madura o bastante para este tipo de atitude. Já pensou? Lula na "Escolinha do Professor Raimundo", ou Kassab pedindo ajuda ao Capitão Gay...

domingo, 19 de outubro de 2008

A MULHER-LEÃO

"Leonera" faz parte de uma certa estética cinematográfica latino-americana que se caracteriza pela laconicidade e pela recusa ao sentimentalismo fácil. O filme me lembrou muito "O Céu de Suely", apesar da diferença dos temas. Mas em ambos a personagem principal não faz a menor força para ser simpática: ela é como é, e não se importa se a gente gosta ou não. Martina Gusman está assombrosa no papel-título, uma moça que vai em cana por supostamente ter matado o namorado - nunca sabemos exatamente o que aconteceu. Como está grávida, vai para o pavilhão onde as presidiárias podem criar seus filhos até os 4 anos de idade. Não é um filme ameno de se assistir, mas o talento do diretor Pablo Trapero segura o interesse até o final. E ainda tem Rodrigo Santoro, quase nos convencendo que é argentino.

sábado, 18 de outubro de 2008

O QUILO DA VERGONHA ESTÁ CARO

Deve estar, porque, de fato, vergonha na cara é um artigo que anda em falta no mercado. Veja só o caso de Marta Suplicy. Depois da debâcle provocada pelo comercial onde ela questionava a vida pessoal de Kassab, não bastava ter tirado o filme do ar. Marta devia explicações a seus muitos apoiadores gays. Era só dizer algo como "pô, foi maus, não era essa a minha intenção (apesar de todo mundo saber que era), e se alguém se sentiu ofendido, desculpa aê". Mas não: arrogante como sempre, ela preferiu jogar a culpa toda na imprensa, e ainda saiu dizendo que a vítima do episódio era ela. Ontem aconteceu algo parecido no caso do seqüestro em Santo André. Depois de devolver uma refém ao seqüestrador, e do desfecho trágico, a polícia agora vem dizer que a moça agiu por conta própria, com autorização dos pais. Nem se fosse com autorização do papa: o papel do estado é proteger os cidadãos, mesmo que estes não o queiram. É impressionante a capacidade do ser humano de tirar o próprio cu da reta. E a maioria das pessoas não percebe que atitudes como estas geralmente surtem o efeito contrário, pois só acrescentam covardia ao que já era incompetência.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

FESTINHA DE ÍNDIO

Nunca pensei que um dia eu iria à The Week a convite do Marcos Carioca, mas foi o que aconteceu ontem. Se bem que “convite” é forçação de barra: eu praticamente o chantageei para me chamar para a festa de abertura da Mostra de Cinema, já que ele está trabalhando na organização. Foi muito estranho ver a TW mais ou menos tomada (não chegou a encher) por um povo meio bicho-grilo – até as bibinhas pareciam jamais ter ido lá. O som também foi um choque, com rockinhos e funks cariocas embalando a pistona. Mas o que mais me impressionou foi a falta de glamour da festa. Enquanto que em eventos equivalentes no Rio a gente tromba em celebridades, ontem em SP elas eram poucas. A mais linda era a atriz portuguesa Maria de Medeiros, um biscuit de porcelana vindo de outra era. E os mais elegantes eram uns índios fashion, de ternos pretos e cortes mudernos de cabelo. Não, não estou brincando.

YOU GO, GIRLS

Roberta McCain, a mãe do candidato republicano à presidência dos EUA, é uma mulher de ossos e opiniões fortes. No esplendor dos 96 anos, provavelmente está em melhor forma que o filho, cheio de mazelas físicas por causa do tempo que passou preso no Vietnam. Ontem li no Daily Beast que ela e sua irmã gêmea Rowena, tão robusta quanto, viajaram juntas à França em 2003, e tentaram alugar um carro. O que lhes foi prontamente negado, por causa da idade avançada. Elas então não tiveram dúvidas. Num gesto típico da aristocracia americana, as duas COMPRARAM um carro e fizeram o passeio que queriam, sem maiores problemas. Quando eu crescer quero ser como elas.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

¿ES CASADO? ¿TIENE HIJOS?

Jaime Bayly, presidente do Peru?? Isto que é um desafio à minha capacidade de resistir às piadas fáceis. Para quem não sabe, Bayly é uma escritor e apresentador de TV peruano, conhecido em toda América Latina por suas tiradas cáusticas e sua viadagem escancarada. Por aqui, nem de longe temos algo parecido. Conheci-o em Buenos Aires há três anos, junto com seu novio Luís Corbacho, também autor de novelas mariconas. Jaimito é muito talentoso, mas sofre de estrelice aguda: tenho certeza de que nunca veio ao Brasil só porque não seria reconhecido na rua. Suas opiniões políticas pra lá de desaforadas já lhe valeram desafetos por toda a região, de Fujimori a Hugo Chávez. Ontem li no Mix Brasil que ele pensa em se candidatar a presidente de seu país em 2011, seguindo os passos de seu ídolo e mentor Mario Vargas Llosa. Duvide-o-dó, simplesmente porque Bayly odeia morar em Lima (com bastante razão, aliás - tanto que há anos está instalado em Miami). Pelo menos seus rivais à presidência não fariam perguntas sobre sua vida pessoal, pois ele sempre fez a linha "mais do que queríamos saber". Todo mundo sabe que é divorciado e tem duas filhas. E que disse certa vez sobre o namorado: "estoy enamorado de su pirulín"...

A BESTA DIÁRIA

Tina Brown ganhou proeminência ainda em sua Inglaterra natal, quando deu um banho de loja na centenária revista "Tatler". Depois, nos anos 80, ela atravessou o Atlântico e deu à "Vanity Fair" o formato que esta tem até hoje. Em seguida virou a "New Yorker" de ponta-cabeça, com enorme sucesso. Quando nada parecia deter a editora mais poderosa do mundo, Tina inventou a revista "Talk", que durou só três anos. Agora ela volta a atacar, evidentemente que na internet. Seu portal "The Daily Beast" estreou semana passada, e já é o buzz da rede. É uma espécie de clipping sofisticado, como atesta o slogan "read this, skip that" (leia isto, pule aquilo). Tem muita, muita política - sempre com viés liberal - e também muita fofoca. Hoje, por exemplo, estão sendo dissecados tanto o debate de Obama e McCain de ontem à noite como as razões que levaram Madonna a pedir o divórcio. Dá vontade de ler tudo e não pular nada.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

GROSSO E SUAVE

Dá pra resistir a um cantor chamado Robin Thicke? Ainda mais quando o cara é lindo de morrer e seu som é um pastiche de toda a black music dos 70 pra cá. Robin me lembra um Justin Timberlake um pouco mais crescido, sem aquela eterna expressão de "acho que eu vi um gatinho". Já tinha seu CD do ano passado, com a deliciosa "Lost Without U", e agora estou doidinho para arrematar "Something Else", de onde "Magic" é a faixa de tabalho. Ah, nada como um funk suavecito.

MOSTRA O SEU QUE EU MOSTRO O MEU

Por quê, ó raios, este ano não estou entusiasmado com a Mostra de Cinema de São Paulo? Será que é porque o Marcos Carioca está trabalhando na organização, kkkkk? Na verdade, acho que é a resposta de sempre: estou ficando velho. A esta altura do campeonato, já sei que um filme búlgaro não vai mudar minha vida, por melhor que seja. Passei uma vista d'olhos na lista dos participantes, e, pela primeira vez EVER, pouca coisa me atraiu. Tem o "Leonera" do Pablo Trapero, um dos melhores diretores argentinos do momento (e que já tem estréia garantida por aqui). Tem também o filme que vai representar Portugal no Oscar, "Aquele Querido Mês de Agosto", que usa a chamada música pimba - o brega lusitano - na trilha sonora. E tem... que mais mesmo? Juro que não vou me esfolar na fila para ver "Che" ou "Waltz with Bashir", a animação israelense que anda causando furor por onde passa. É, vou pegar leve desta vez. Não sou mais o facinho de antes.

EL SONIDO DE LA MILONGA

Como sói acontecer, voltei de Buenos Aires com a mala recheada de CDs. Adoro o pop argentino, em especial duas vertentes: o tango eletrônico, e o eletrônico propriamente dito. Entre os discos que comprei está "Carnabailito" de Gaby Kerpel, o compositor do FuerzaBruta, e também "Alvear", do bandeonista pós-tudo Fernando Samalea. Mas o que eu mais gostei foi "Tango Vivo", da banda Debayres - mais uma que segue o caminho aberto pelo Bajofondo e pelo Gotan Project. Chamar o som deles de "tango" talvez seja só marketing: é dance music mesmo, com uns toques milongueros aqui e ali. Soa um pouco como "Kiss My Eyes" do Bob Sinclar, lembra? Então aqui vai o carro-chefe do álbum, "I Love You". E aí embaixo o clipe da música, curiosamente com parte da letra em japonês. Disfrúteselo.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

REPHORMA HORTOGRÁFIKA

Gostaria que a ortografia do português fosse rigorosamente fonética. Ou seja: para cada som, cada fonema, uma única maneira de escrevê-lo. Isto de cara acabaria com a crase, uma inutilidade que só serve para complicar a vida das pessoas. Também seria o fim das letras duplicadas, como “rr” e “ss”. O som de “s” se escreveria com um só “s”, o som de “z” com z mesmo (e voltaríamos a escrever “Brazil”). Teríamos que criar uma letra para o som que o “r” solitário tem no meio de palavras como “agora” – nenhum problema. Quase todas as línguas que usam o alfabeto latino têm letras “particulares”, como o “ø” dos escandinavos. E diríamos adeus ao cedilha!

Tudo isto para dizer que acho uma bobagem o novo acordo ortográfico entre os Palop, os países de língua portuguesa (misteriosamente, esta sigla só é usada em Portugal – sinal que não é só um acordo que vai resolver nossas diferenças). E também para me defender de um anônimo que me acusa de não saber diferenciar as quatro formas do “porquê”. Não sei mesmo! Na dúvida, uso uma regrinha que uma revisora me ensinou há muitos anos atrás. É só traduzir o “por quê” em questão para o inglês: se der “why”, é separado, se der “because”, é tudo junto. Agora, se leva acento ou não leva acento, francamente – meu assento para essa regra estúpida.

TODA NUDEZ SERÁ DISCUTIDA

Muito interessante o texto que o Pedro Cardoso leu no palco do cine Odeon, antes da exibição do filme “Todo Mundo tem Problemas Sexuais”. Tem se dito por aí que ele lançou um manifesto contra a nudez, mas não é bem assim. Pedro só é contra a nudez gratuita, que para ele resvala na pornografia. Diz que atrizes são constrangidas a se despir no cinema por pressão de diretores e produtores, sempre de olho nas bilheterias. De fato, são muitos os casos em que elas aparecem peladas com o mero objetivo de excitar a platéia masculina. Aliás, este é mais um exemplo incontestável da opressão da mulher pela nossa sociedade; o nu masculino na mídia continua raríssimo. Pense bem: já vimos, se não a bacurinha, pelo menos as peitcholas de quase todas as atrizes “globais”. E o piupiu dos atores? Geralmente só o dos decadentes, quando posam para a “G”.

Acho que Pedro está coberto de razão em muitos pontos. A apelação pode estragar o que seria, se não uma obra de arte, pelo menos um bom divertimento. Por outro lado, não tenho nada contra a pornografia, muito pelo contrário, hehehe. Tanto que adorei “Shortbus”, que pelo menos tenta juntar o melhor de dois mundos. Quero me emocionar E me excitar, se possível ao mesmo tempo (e não é isto o amor?).

A nudez em cena pode ser opressora, mas também liberta. Uma vez perguntaram a Sally Field se ela não achava um horror ter que aparecer nua num filme, e ela respondeu: “Na minha idade, tudo o que eu sonho é que alguém queira me ver nua…” Este é um assunto complexo, e ainda não tenho opinião formada. Vou tentar me despir das idéias prêt-à-porter.

AO MESTRE COM CARINHO

O primeiro homem que namorei foi meu professor de teatro. Ele tinha 32 anos e eu nem 22. Nossos 4 meses juntos foram meio tumultuados: ele se dizia apaixonado, mas, como sabia que eu era jovem e outros relacionamentos fatalmente viriam, fez de tudo para que terminássemos logo. E terminamos. Essa história comum a muita gente é o ponto de partida de "Fatal": professor de literatura se envolve com aluna 30 anos mais nova, morre de ciúmes mas não quer compromisso pra valer, e não vê a hora de tudo terminar. É baseado num romance de Philip Roth, muito lembrado esta semana por mais uma vez ter sido preterido pelo Nobel de literatura. E tem atuações excelentes, desde os protagonistas Ben Kingsley e Penélope Cruz, até uma quase-ponta da blondie Deborah Harry, tão amatronada que eu demorei a reconhecer. Mas o ritmo vagaroso imposto pela diretora espanhola Isabel Coixet acabou me deixando com vontade de que tudo terminasse logo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

PEGANDO PESADO

Político em desespero é pior que animal acuado. Tenho medo do que possa acontecer na campanha americana, agora que Obama abriu 11 pontos sobre McCain. Semana passada a Sarahcuda acusou Obama de ser terrorista desde criancinha. Pelo menos o próprio McCain foi digno, quando uma mulher presente num comício seu disse coisas parecidas. O senador veterano arrancou o microfone das mãos dela e respondeu que seu rival é um "homem decente, de família", e que ambos apenas discordam em algumas coisas. Por aqui, Marta Suplicy resolveu cagar em sua própria biografia. Se fosse o Maluf que tivesse veiculado o comercial nojento que ela preparou contra o Kassab, a gente até entendia. Marta, não: seu passado de defensora dos gays acaba de escorrer pelo ralo. E lá vêm os petistas tentando pintar de "direito à informação" o que é simplesmente um golpe sujo. Votei em Marta no passado, e votaria outras vezes, dependendo das circunstâncias. Agora não depende mais.

(O comercial pode ser visto aqui. Não postei no blog porque está montado junto com aqueles comerciais do TRE que conclamam o eleitos a conhecer melhor seus candidatos, além de telas cheias de erros de português cometidos por um petista ensandencido.)

FIM DE FESTA

Buenos Aires ainda está cheia de brasileiros, mesmo num final de semana "normal", sem feriadão, como este que passou (normal para nós - os argentinos hoje estão de folga, celebrando o descobrimento da América). Sei não, mas acho que esta sopa vai acabar. A cidade já não está mais tão barata quanto há um ano. Os restaurantes parecem ter dobrado de preço, e o câmbio para o real também não está lá essas coisas. É sabido que o casal Kirchner maquia os índices de inflação. Assumem 9% ao ano, uma taxa já bem alta, enquanto que a verdade estaria mais próxima dos 22%. Agora estourou a crise global: cenários como este costumam trazer deflação, simplesmente porque ninguém tem dinheiro para comprar mais nada. Acho que a brasileirada logo irá abandonar a Argentina, talvez em prol de um vizinho onde as coisas ainda estão uma pechincha - o Uruguai. Ainda.

domingo, 12 de outubro de 2008

SABADO TRASNOCHE

Aposto que o Intro vai mandar um comentário dizendo que eu não fui aos lugares certos da noite de Buenos Aires. Pode ser: a verdade é que fui a MUITOS lugares, e nenhum deles me agradou muito. Na sexta-feira, depois de um jantar fenomenal na minha querida Casa Cruz, dobramos a esquina rumo ao esquenta oficial dos portenhos, o Chueca. E demos com o nariz na porta - fechado para reforma. Respiramos fundo, caminhamos várias quadras e fomos para o Kim y Novak. Um bar jamais poderia ter este nome no Brasil: ninguém mais sabe quem foi Kim, muito menos Novak. O antro ainda estava a meia bomba, cheio de pibes héteros de todos os sexos. Bastou um trago para que levantássemos acampamento e tocássemos para o Bulnes Class, este sim só com rapazes acima de 30. O lugar é bonito, mas também estava meio vazio, taldez por culpa do feriadão que rola por aqui. E lá descobrimos que o Chueca se mudou provisoriamente para a frente do Palacio Alsina, que também está fechado para obras. Fomos dar uma conferida, só para termos certeza que também estava caído e irmos dormir sem culpa.

Ontem almoçamos no Bar Uriarte e jantamos no Danzón, dois restaurantes do mesmo grupo que tem o Sucre aqui e o recém-inaugurado Arturito em SP. Depois da comilança fomos para o Amerika, um lugar que muita gente adora e eu nunca topei muito. Não mudei de idéia: parece um ginásio poliesportivo do interior com decoração "espacial" dos anos 70. O público também não ajuda muito... Até tentei pegar no tranco, mas com vodka a 25 pesos fica difícil. Melhor ir cedo pra cama e aproveitar o domingo. Buenas noches.

sábado, 11 de outubro de 2008

LAS VEDETAS DEL PLATA

Ontem liguei a TV no programa da Susana Gimenez - a Hebe Camargo da Argentina, só que com dez litros de silicone - e lá estava ela charlando com sua BFF Moria Casán. O encontro das duas divas portenhas é uma tempestade perfeita de peruíce e gargalhadas. Juntas elas somam uns 250 anos de carreira, e ainda tem gente por aqui que as considera o supra-sumo da sensualidade. Este é um fenômeno tipicamente argentino: vedetes do teatro rebolado (que ainda faz sucesso por aqui) que desafiam o tempo com suas peles aplainadas a moto-niveladora e peitos prestes a explodir a qualquer segundo. Quando era correspondente da "Veja" aqui em Buenos Aires, o Raul Juste Lores escreveu uma matéria histórica sobre essas dibínas. Sete anos depois, elas continuam a todo vapor, e ai de quem tentar fazê-las parar.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ELEGANCIA PELOTUDA

Muita gente que vai para Buenos Aires só quer comprar Puma na ponta de estoque, mas eu prefiro me concentrar nas marcas locais. Durante um tempo minhas lojas favoritas foram a Bensimon (tem várias espalhadas pela cidade) e a Félix (só conheço a de Palermo), mas já passei da idade para essas roupinhas coloridinhas. Hoje em dia gosto mesmo é a Etiqueta Negra – também tem várias, mas só vou na do Pátio Bullrich. No térreo lucen modelitos dignos de Giorgio Armani, e no subsolo tem aquela moda pólo que deixa você com uma pinta irresistível de herdeiro boludo. Ah, e não se esqueça de pedir sua isenção do IVA, o ICM local: numa das vezes em que fui lá, uma das camisas acabou saindo de graça.

LOS CHICOS DE LA GUERRA

A locação onde passei o dia de hoje acompanhando umas fotos era a casa de um veterano da Guerra das Malvinas. A palavra "veterano de guerra" evoca a imagem de um velhinho aleijado, mas Sergio era mais jovem do que eu e parecia estar inteiro. A sala estava cheia de diplomas e troféus referentes a este conflito estúpido - nenhuma medalha, o cara não foi herói. Era só um chico de 19 anos apavorado, que viu seu amigo morrer explodido por uma bomba três dias antes da rendição. Confesso que fiquei impressionado: nunca tinha encontrado ninguém da minha geração que tivesse participado de uma guerra de verdade. Meu pai foi da FEB, lutou na Itália, voltou condecorado e sempre nos contava histórias mirabolantes. Mas essa era uma guerra "histórica", antiga, cinematográfica. A das Malvinas eu acompanhei pela TV, e, se tivesse nascido aqui na Argentina, certamente teria ido para o front. Tem vezes em que é muito bom ser brasileiro.

A GOL-IZAÇÃO DA VARIG

Alguém aí me explica: porque foi mesmo que a Gol comprou a Varig? Quando o negócio foi fechado ano passado, dizia-se que a Gol iria fazer da Varig uma companhia premium, com serviço "diferenciado" (odeio essa palavra) e preços idem. A jóia da coroa eram os slots da velha Rio-Grandense, a malha de rotas internacionais que um dia chegara a cobrir o mundo quase todo. Pois bem, ontem fiz pela primeira um vôo internacional pela nova Varig - e só faltou serivrem Maxi Goiabinha para eu me sentir na velha Gol. O avião era um 737 desses da Ponte Aérea: apertado, sem amenidades como música ou vídeo. E adivinha de qual companhia era a revista de bordo? Tudo isto por um preço equivalente ao de empresas que oferecem muito mais. Sem falar que, das rotas internacionais, só sobraram 4, todas na América do Sul. Onde é que eu vou enfiar tanta milha acumulada?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

TANGO ENTRE MUCHACHOS

Por esta eu não esperava: fui convocado às pressas para acompanhar umas fotos em Buenos Aires. O chato é que vou trabalhar no sábado. O legal é que o Oscar vai também! E domingo temos o dia livre!! Não para compras, porque é feriado na Argentina e lá costuma fechar TUDO nesses dias - tem até shopping que não abre e jornal que não circula, vé si puede. Então vou tentar conhecer um lugar que sempre tive vontade, o Tango Entre Muchachos, uma festinha só para rapazes em San Telmo. Que rebolation sem camisa que nada: tem coisa mais sexy que o tango?

BB X SARAHCUDA

Brigitte Bardot é uma eco-fascista: ao mesmo tempo em que defende a natureza e os animaizinhos, ela costuma apoiar Jean-Marie Le Pen, o líder xenófobo da extrema-direita francesa. Volta e meia BB revela seu racismo, ao conclamar, por exemplo, que os muçulmanos sejam expulsos da França. Essas atitudes da ex-sex symbol são nojentas, mas claro que eu ADOREI a carta aberta que ela escreveu para a Sarah Palin. Bardot ataca várias idéias da "Barracuda", como o porte livre de armas, a exploração de petróleo no Ártico ou a negação do aquecimento global. E o melhor é o final, quando ela "proíbe" Palin de se comparar a um pitbull - "nenhum cachorro é tão perigoso quanto você". Esta carta pode até pegar bem para Palin entre o eleitorado chucro americano, que não gosta de franceses. Mas te cuida, Sarahcuda: Brigitte Bardot te despreza.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

INFINITO ENQUANTO DURO

Hoje Oscar e eu completamos nossos primeiros 18 anos de casados. É dia de tocar "Senza Fine", talvez a mais bela canção italiana de todos os tempos. Então solta DJ:

Senza fine
Tu trascini la nostra vita
Senza un attimo di respiro
Per sognare
Per potere ricordare
Ciò che abbiamo già vissuto

Senza fine
Tu sei un attimo senza fine
Non hai ieri, non hai domani
Tutto è ormai nelle tue mani
Mani grandi, mani senza fine

Non m'importa della luna
Non m'importa della stelle
Tu per me sei luna e stelle
Tu per me sei sole e cielo
Tu per me sei tutto quanto
Tutto quanto io voglio avere
Senza fine...

SAINDO DO ARMÁRIO E BATENDO NO MURO

O Marcos Fernandes me ligou ontem para agradecer o apoio que eu dei à sua campanha. Ele está chateado com a derrota, claro, mas também acha que mais de 2.000 votos para um cara que era absolutamente desconhecido até três meses atrás nem é tão pouco assim. É verdade que faltou tempo e dinheiro para uma campanha mais ampla. Marcos também me contou que os candidatos assumidamente gays tiveram cerca de 600 mil votos em todo o Brasil. Parece muito, mas não é nada – menos de 0,5%, dentro de um universo de mais de 100 milhões de eleitores. Apenas quatro vereadores assumidos foram eleitos no país. Enquanto isto, só a bancada evangélica na Câmara de SP dobrou de tamanho, chegando a 14 vereadores. Esta é uma muralha que precisamos superar: se nem os gays votam em gays – muitas vezes, por simples desinformação – como convencer nossos amigos héteros? Até minha mãe preferiu votar na Mara Gabrilli (pelo menos), sem se convencer com meus argumentos – “Mãe, você não tem deficientes físicos na família!”

MUSIC IS MY HOT HOT SEX

Vamos começar o dia com duas dicas musicais. A primeira é o set de outubro do DJ Alê Nascimento, que pode ser baixado aqui. É progressive house, e o Alê, DJ residente da Blue Space em São Paulo, é um fofo. A segunda dica é de um blog chamado M.I.M.B. – “Music is my boyfriend”, letra de uma das mais famosas canções do Cansei de Ser Sexy. O autor é um brasileiro de 22 anos que vive em Philadelphia. Ele não revela a cara nem o nome, só seu excelente gosto musical (aliás, nem só para música – meu blog e os de vários amigos estão entre seus 7 favoritos, hehehe). M.I.M.B conta dos shows que assiste por lá, posta vídeos moderninhos e, o melhor de tudo, “disponibiliza” um monte de faixas bacanas. Além de passear por outros assuntos (vida gay inclusive) e escrever muito bem. Também já é mais uma estação da minha via-crucis diária.