terça-feira, 30 de setembro de 2008

LEITE DERRAMADO

Nesta semana de eleição, quando torcemos para que candidatos gays saiam vitoriosos Brasil afora, é impossível não lembrar de Harvey Milk, o primeiro homosexual assumido eleito para um cargo público. Ainda mais porque já caiu na rede o trailer de “Milk”, o filme de Gus Van Sant estrelado por Sean Penn – todos cotadíssimos para o Oscar. A história deste assessor do prefeito de São Francisco é inspiradora e apavorante ao mesmo tempo: Milk foi assassinado por um colega de trabalho. Como a Academia gosta de bichas com final trágico, quem sabe no ano que vem eles não compensam o desaforo que foi a esnobada para “Brokeback Mountain”? Torçamos.

A BOSSA ANTES DA BOSSA

A bossa nova muitas vezes é descrita como uma revolução, com os acordes dissonantes de João Gilberto destroçando toda a caretice que veio antes. O próprio João discordaria desta definição, e talvez tenha até gostado de "Telecoteco", o novo CD da Paula Morelenbaum. A cantora com o nome mais sonoro da MPB gravou canções anteriores a 1958 - algumas clássicas, outras esquecidas, todas precursoras da bossa nova. Como é casada com Jacques, um dos maiores músicos que este país já produziu, teve cacife para se fazer acompanhar por pesos pesados como João Donato, Ryuichi Sakamoto e o próprio maridão, claro. Para mim a faixa mais interessante é "O Samba e o Tango", gravada por Carmen Miranda em 1937, e que aqui ganha ares eletrônicos graças ao Bajofondo, uma das minhas bandas favoritas. Soa antiga e moderna ao mesmo tempo, como a própria bossa nova.

GABEIRA LÁ

Será que eu estou sonhando, ou Fernando Gabeira tem mesmo chance de passar ao segundo turno da eleição carioca? O cara cresceu muito nas últimas semanas, e ameaça jogar o sacripanta do Crivella para escanteio a qualquer momento. Se ganha do Eduardo Paes depois, é outra história: a máquina estadual vai pegar pesado, e quem sabe também a federal. Porque Gabeira é o único candidato que tem coragem de criticar Lula, o único que não puxa o saco do presidente. De qualquer forma, parece que nos livramos da maior ameaça à cidade desde o casal Diabinho. A rejeição recorde do "bispo" mostra que os vigaristas homofóbicos da IURD jamais vão chegar ao poder no Rio, ainda hoje a ponta-de-lança cultural do Brasil.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

SHANÁ TOVÁ

Pronto, começou o por-do-sol aqui em São Paulo, e com ele o ano 5769 do calendário judaico. Não sou judeu, mas suspeito que tenho sangue cristão-novo nas veias. Também tenho muitos amigos judeus, e quero desejar um feliz ano novo a todos. Em especial a um deles, com quem ando em falta. Pois é, ex-genrinho, é de você mesmo que eu estou falando. Você é o genro que toda yiddish mamme pediu para Y*w*h - lindo, educado e MÉDICO - e talvez por isto mesmo a sua separação do meu filho tenha me abalado tanto. Mas queria que você soubesse que meu tempo de muxoxo com você já se acabou, e que o elo que nos une é mais forte que qualquer loucura da minha cabeça. Sei que você lê meu blog quase todos os dias, e que também anda achando que eu não lhe dou mais pelota. Dou sim, e muita (ainda mais porque não quero ter que pagar hotel em Madrid, hehehe). Ainda faltam 10 dias para o Yom Kippur, mas venho desde já pedir perdão pelo silêncio de todos estes meses. Espero que você tenha lembrado de comer maçã com mel; vou comer também, para a nossa ligação continuar doce como sempre foi. Amém.

ANNE GAMINE

No meio de tantos filmes "esquisitos" no Festival do Rio, achei que ia ser um alíivo ver um legítimo exemplar do cinemão americano, "O Casamento de Rachel". Postei o trailer do filme no começo do mês passado, e estava curioso para ver Anne Hathaway, a gamine da hora, no papel que pode lhe valer uma indicação ao Oscar. Bom, o filme é americano sim, mas não é cinemão. Jonathan Demme filma quase tudo com a câmera na mão, meio tremida, como num indie de baixo orçamento. E, como num indie, o resultado às vezes é interessante, às vezes enche o saco. Mas Anne está realmente ótima como a ovelha negra da família, que sai do rehab só para tumultuar o casamento da irmã. Pena que Debra Winger apareça pouco, e só tenha uma única cena realmente boa - uma porrada, aliás.

domingo, 28 de setembro de 2008

CITTÀ DI DIO

"Gomorra" desembarcou no Festival do Rio embalado por um prêmio em Cannes, matérias elogiosas nos jornais e ingressos esgotados para todas as sessôes. O filme escolhido pela Itália para representá-la nos próximos Oscars foi comparado a "Cidade de Deus", por mostrar um painel de histórias entrelaçadas pelo tráfico de drogas. Por tudo isto, fui para o cinema crente que ia ver um dos melhores do ano. E me decepcionei à larga: como o filme de Fernando Meirelles, "Gomorra" é ultra-violento, mas, ao contrário deste, não deixa que o espectador se envolva com seus personagens, todos antipáticos. O resultado são duas horas desagradáveis na horrenda periferia de Nápoles, na companhia de gente feia e malvada. Sou mais as favelas cariocas.

sábado, 27 de setembro de 2008

THE PAIN OF DISCO

Se tivesse "apenas" duas horas de duração, "Om Shanti Om" seria o melhor filme do ano. Como tem três, é uma overdose de Bollywood - o equivalente a um banquete delicioso com trezentos pratos, onde você é obrigado a comer muito depois de ter saciado a fome. Mesmo assim, vale a pena: cenários, figurinos e, principalmente, coreografias, são um pedacinho do nirvana na Terra. A cena de abertura não podia ser melhor: um programa de auditório. Na Índia. Nos anos 70!! A trama é uma bobajada sobre reencarnação, e as atuações estão no nível de Didi Mocó. Mas o filme também é um tributo - e uma tiração de sarro - ao star system indiano, e ainda tem o gostosão Shah Farukh Khan fazendo dancinhas que nem o Travolta conseguiria em seu apogeu (confira aí em cima um trechinho de "Dard e Disco", ou "the pain of disco" nas legendas em inglês). Saí do cinema matutando: o Brasil estaria fazendo filmes parecidos, se não tivesse abandonado a chanchada nos anos 60.

FALANDO SÉRIO

Quem está acostumado com as descrições cirúrgicas de putarias que o Uomini faz em seu blog talvez se surpreenda com o excelente texto que ele escreveu no NitroG do Renateenho, comentando o projeto da Lei Contra a Homofobia. Pensando bem, a surpresa não se justifica: putaria também é política, e o Cris já mostrou faz tempo que domina perfeitamente a arte de escrever bem (entre otras cositas más, hehehe). De qualquer forma, é um prazer ler uma argumentação tão lúcida e bem embasada. Como disse um comentário lá no Uomini: bafônico e culto? Este é pra casar.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

OS ESTADOS... TAILANDESES...

Olha só a graciosidade dessas misses tailandesas. Quanta doçura, quanta elegância. Que delicadeza de gestos. E o encanto é ainda maior quando sabemos que são todas homens.(Obrigado, Celina, por mais esta dica)

LENHA NA FOGUEIRA

Desculpe se volto de novo ao assunto, mas a eleição americana é importante demais. E esta foi uma semana bem agitada, com a escorregada do McChicken e novas revelações. Aí em cima está a capa da "Entertainment Weekly" que sai hoje por lá, com os comediantes Jon Stewart e Stephen Colbert vestidos de Michelle e Barack Obama, numa versão em carne e osso da famosa capa da "New Yorker" de três meses atrás. A polêmica foi acesa de novo: esta sátira da sátira não faz mal para Obama? Pode ser, mas os vídeos abaixo ajudam o senador de Illinois. Primeiro temos a reação de David Letterman ao saber que McChicken faltaria a seu programa, por ter "ido com urgência a Washington para tratar da crise econômica". Era mentira da barata: o véio estava dando entrevista para Katie Couric naquele exato momento, em outro programa da rede CBS.E aqui temos um vídeo impagável da Sarah Palin recebendo um passe "anti-bruxaria" de um pastor queniano - por ironia do destino, a mesma nacionalidade do pai de Obama. Não adiantou nada, porque a bruxa continua dentro dela. Entra neste corpo que te pertence!

CIDADE MASCARADA

Depois de quatro finais de semana seguidos em São Paulo, hoje finalmente vou para o Rio. E aterrisso em pleno festival de cinema, com milhões de filmes que eu quero ver, todos passando ao mesmo tempo em pontos diferentes da cidade. Escolher não foi fácil, mas já comprei ingressos para "Om Shanti Om" hoje à noite. É um musical de Bollywood, gênero que eu AMO e que o Leon Cakoff faz questão de manter fora da Mostra de SP. Domingo verei "O Casamento de Rachel", que tem estréia garantida por aqui e provável indicação ao Oscar para Anne Hathaway. E amanhã? Ainda não resolvi, tem tanta coisa boa nos mesmos horários... Enquanto isto, o site do festival já fez o favor de sair do ar. Será que é a Tickets4Fuck quem está por trás?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

ASSINE DJÁ

O sacripanta do Crivella teve mais uma vez o desplante de incitar seus seguidores a "saírem às ruas" para protestar contra o projeto de lei que criminaliza a homofobia, num debate acontecido ontem no Rio. O candidato-escroto alegou que a lei "fere a liberdade de expressão", como se esta não conhecesse limites. Ora, quem é racista também não pode se "expressar livremente", porque racismo é crime - e em breve a homofobia também o será. Os argumentos pífios do "bispo" são desmontados lindamente no site Não Homofobia, onde também há um abaixo-assinado para as pessoas que são a favor da lei. A meta é chegar a um milhão de assinaturas até março: vamos nos mobilizar e atingir este número o quanto antes. É só mostrando quantos somos - e, para usar um jargão entendido pelos evangélicos, quanto valemo$$ - que esta luta será ganha.

CHANTONS ENSEMBLE

Ontem fui com dois amigos rever "Les Chansons d'Amour" no cinema (já tinha visto em DVD). Não resisto a uma telona, e a verdade é que gostei ainda mais do filme. Saímos todos cantando "Alguma vez você já deu?", que é mais ou menos o que o totoso do Gregoire Leprince- Ringuet entoa para Louis Garrel quando os dois finalmente vão para a cama. Mais tarde um dos amigos me mandou por e-mail a canção que fecha o filme, quando os dois pombinhos finalmente resolvem que vão namorar. Então aqui vai "J'ai Cru Entendre", que é para todo mundo cantar junto.

McCHICKEN

Em 1986, Eduardo Suplicy suspendeu por alguns dias sua campanha pela Prefeitura de São Paulo para "buscar seu eixo". Claro que isto lhe custou milhares de votos, além de uma certa fama de maluco-beleza que persiste até hoje. Ontem John McCain fez coisa parecida, mas com uma desculpa esfarrapada e um motivo torpe. A desculpa: "Precisamos encontrar uma saída para o caos na economia!!" (caos provocado pelos republicanos, aliás). O motivo: McCain vem despencando nas pesquisas. Virtualmente empatado com Obama até dez dias atrás, ele agora tem 13 pontos de desvantagem. Por isto, está tão desorientado quanto uma galinha de pescoço cortado. E, depois de ter construído toda sua carreira em cima da fama de herói no Vietnam, deu uma de covarde - "chicken", na gíria americana - quando a coisa apertou. Có có có.

QUANTO VALE O SHOW?

Um leitor chamado Pablito me mandou um link curioso. O site Business Opportunities Weblog calcula, num clic de mouse, quanto "vale" o seu blog. Basta digitar seu endereço e voilà: por alguma metodologia que eu fiquei com preguiça de entender, ele dá até os centavos que as suas mal-traçadas linhas valem no mercado (como se alguém fosse pagar por elas). Claro que não resisti e digitei também as URLs dos blogs das ameeegas. Algumas valem mais que eu, outras bem menos, e teve até gente que vale zero, hehehe. Para verificar a confiabilidade do sistema, submeti também o endereço do Perez Hilton, e saiu um valor acima dos três milhões de dólares. Mas acho que essa confiabilidade é equivalente à de Wall Street: em momentos diferentes, meu próprio blog acusou valores distintos. Lógico que eu escolhi o maior para ilustrar este post.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

FUÉ MI CULPA

Sensacional este comercial para o sabão em pó Skip, criado pela minha amiga Marta Matui da agência Borghierh/Lowe e filmado na Argentina. Pena que não vai passar por aqui...

MAS OS MEUS CABELOS...

Finalmente entrei no Yearbook Yourself, aquele site que mostra como você seria se fosse um estudante do Meio-Oeste americano entre 1950 e 2000. A navegação é meio lenta e o resultado nunca fica perfeito, mas não deixa de ser engraçado se ver com cabelo escovinha, mullets ou até mesmo afro. E claro que, quanto mais antigo o ano, mais eu ficava a cara do meu pai.

NARANJITO MECÁNICO

O leopardo Zakumi (zá kumi quem?), mascote oficial da Copa da África do Sul, até que seria bonitinho se não fosse por aquele monte de Bom-Bril esverdeado que tem à guisa de cabelos. Ficou com cara de Máicon, né não? Aliás, esta é uma boa sugestão de nome para o mascote da Copa do Brasil, em 2014: Máicon! Se bem que nada pode ser pior que o Naranjito, o obeso mascote da Copa da Espanha em 82. Além de ser uma laranja, coisa que pouca gente associa com aquele país, ele protagonizava uns desenhos animados chatíssimos na TV. E já prenunciava, com mais de 20 anos de antecedência, o visual que o Ronaldo tem hoje. Um fenômeno!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

AMIGOS PARA SEMPRE

Já tenho umas três temporadas de"Will & Grace" em DVD, mas, como sou mais consumista que Anastasia Beaverhausen, estou ardendo para gastar 180 dólares na compra da caixa com a série completa. São 33 discos com todos os episódios e mais uma montanha de extras. Aí vou rever tudo e conferir se minha tese permanece de pé: Will e Jack são o MESMO personagem, assim como Grace e Karen. Os segundos são projeções dos primeiros: versões desinibidas e desencanadas dos protagonistas, que são dois poços de insegurança. Alguém concorda comigo?

AMOR DE BEBÊ

Qualquer filme com meu noivo secreto Lambert Wilson já é um programa obrigatório. Se este filme tem temática gay, então, sai da frente. Se bem que o gay que Lambert interpeta em "Baby Love" não podia ser mais careta: um pediatra tranqüilo que só pensa em ser pai. Este desejo é tão forte que, lá pelas tantas, rola até uma recaída hétero. Nada contra: "Baby Love" aborda com delicadeza um tema que não deveria mais causar polêmica faz tempo, a adoção de crianças por homossexuais. Tomara que dentro de alguns anos este filme simpático e agradável se torne uma relíquia antediluviana - vamos olhar para ele e pensar, "Céus! Um dia a sociedade foi assim".

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

FRANKENSTEIN ÉROTIQUE

Não sei o que deu em mim, que há dois dias só posto vídeos. Procuro sempre dar alguns dias entre um e outro, porque sei que eles demandam um tempo precioso do leitor. Mas não resisti ao novo clip da Mylène Farmer. A música "Dégéneration" é fraquinha, mas o roteiro... Myléne, que ainda se acha muito gostosa aos 47 anos, faz uma mulher criada em laboratório que, ao ganhar vida, emite um fluido sexual que faz com que todos à sua volta comecem a trepar feito cachorros. A maioria dos casais formados é do mesmo sexo, então lógico que eu adorei. Vive l'amour.

I WANNA BE A HOUSEWIFE

Muita gente que viu “Shortbus” ficou impressionada com Jay Brannan, o loirinho bonitinho em cujo cu é cantado o hino nacional americano (é isto mesmo; corra para o cinema se você ainda não viu!). O que eu não sabia é que o rapaz também faz careira na música, apesar de cantar uma de suas próprias canções no filme. Seu CD “Goddamned” saiu em julho nos EUA, e várias faixas podem ser ouvidas em seu perfil no MySpace. São baladinhas no estilo voz-e-violão, mas o melhor mesmo são as letras desbragadamente gays. Jay também tem um site e um blog, de layout parecido com o meu. Uma de suas canções, "Can't Have it All", pode ser baixada legalmente aqui. Pena que não seja "Housewife", seu maior sucesso, cujo vídeo está logo abaixo. A letra fala de um sentimento comum a muitas bees: "I wanna be a housewife / What's so wrong with that?"
(Obrigado ao Luciano Guimarães de SJC por mais uma dica!)

SANGUE FAKE

Por quê será que os americanos são obcecados por vampiros? Sim, há uma explicação óbvia, mas deve haver algo mais lá no fundo. O fato é que volta e meia surge um novo livro ou filme trazendo novas variações ao tema. A última novidade é a série “True Blood”, criada por Alan Ball – o mesmo autor de “A Sete Palmos”, e vencedor de um Oscar pelo roteiro de “Beleza Americana”. Aqui os vampiros saem à luz do dia, por assim dizer, e fazem campanha na TV por seus direitos. Alegam que não são mais uma ameaça à saúde pública, já que agora podem se alimentar de uma espécie de sangue sintético. Podem – mas nem sempre querem, mwahahaha. O programa acabou de estrear na HBO de lá (ainda sem previsão na daqui), e tem levado um certo pau da crítica. Talvez porque seus vampiros não tenham um pingo de glamour: são caipiras ou motoqueiros, com maus modos à mesa. Nessas horas é que eu morro de saudades do Lestat.

domingo, 21 de setembro de 2008

A MULHER QUE NÃO PISCA

O Raul Juste Lores me mandou este comercial engraçado, que conta a história de uma mulher que não pisca há quase 24 horas. Tente ficar sem piscar os dois minutos que dura o reclame - eu não consegui...

sábado, 20 de setembro de 2008

CAMINHANDO E CANTANDO

Hoje, a partir das 15 horas, tem caminhada com o candidato a vereador Marcos Fernandes na Praça Benedito Calixto aqui em SP. Vão estar presentes o André Fischer do Mix Brasil e a Ida da seleção de vôlei feminino. Este blogueiro também vai estar lá, além do mais porque a "Bendito KY" é um programa babadex para as tardes de sábado. E quem ainda não resolveu em quem vai votar tem mais é que visitar o site do Marcos e conhecer suas propostas. Acorda, Alice!

O NOME DA VIRGEM

Ontem Nossa Senhora dos Ingressos Impossíveis sorriu para mim. De manhã fiquei sabendo que vou de turma ao show da Kylie Minogue, como já foi comentado à larga no post aí embaixo. No meio da tarde dei um pulinho no Via Funchal, que fica perto do meu trabalho aqui em SP, e arrematei duas entradas para a Cyndi Lauper, sem a menor sombra de fila. Ao cair da noite aconteceu o milagre- mor: o Daniel Cassús me avisa pelo Orkut que tem dois ingressos VIP SOBRANDO para o show da Madonna em SP, no dia 20 de dezembro. Meu coração tremeu, ao mesmo em que se confirmava a certeza íntima que eu sempre tive - de uma maneira ou de outra, não ia perder essa boiada! Fechamos negócio, e agora só me resta agradecer de joelhos (hmmm...) ao Daniel. E também à Nossa Senhora, que, como se sabe, em italiano é chamada de...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

LÀ AU COPA

Ah, nada como conseguir ingressos para um megashow sem um pingo de stress. O poderoso Ludo Diniz usou seu cartão Citi e fez a caridade de comprar entradas para a Kylie Minogue para um bando de amigos, incluindo eu e meu marido Oscar. Ele também postou em seu blog um clip da Kylie cantando "Copacabana", uma das músicas mais deliciosamente tolas de todos os tempos. Para comemorar e agradecer, estou dando a réplica com a versão da semideusa Amanda Lear. Amanda é pouco conhecida no Brasil, mas faz carreira na Europa desde os anos 70 baseada no boato de que é uma traveca operada (a voz rouca ajuda). O vídeo acima foi tirado de um programa da TV russa, e o mp3 pode ser baixado aqui. Tenho a sensação de que o produtor chegou pra ela e disse: "Amanda, querida, ainda não está gay o suficiente... como fazemos para fazer dessa gravação a coisa mais bicha de todos os tempos?... Já sei! O refrão vai ser em FRANCÊS!!" Então vamos lá, todo mundo junto:"Là au Copa / Copacabana / Le coin le plus chaud de La Habana..."

REFILMAGEM GRATUITA

Quer ser torturado por duas horas e depois morrer? Então vá ver "Violência Gratuita", a refilmagem de "Funny Games" feita pelo próprio autor do original, Michael Heineke. Muita gente tem esse austríaco como um dos grandes diretores atuais; eu já acho que o cara é puta dum manipulador, e um chato de galochas. "Violência..." funcionaria como um comentário irônico às regras do cinemão, se aplicássemos o distanciamento brechtiano. Acontece que não dá para não se envolver com a pobre família que vê sua casa de campo invadida por dois sádicos. Ainda mais no país onde a gente vive, junto com o Elias Maluco e as milícias justiceiras. O filme merece ser visto por quem quiser aumentar sua cultura cinematográfica. Como eu já vi o original, há muitos anos na Mostra de SP, me inclua fora dessa.

CAIXA DE VIDRO

Está saindo nos Estados Unidos uma caixa com 10 CDs de Philip Glass - uma pequena amostra do ex-chofer de táxi que, nos últimos 30 anos, escreveu mais de 20 óperas e incontáveis trilhas para o cinema. Considero Glass o maior compositor erudito vivo, se é que dá para chamar de erudito um cara que tem músicas remixadas para as pistas de dança. E não vejo a hora de conseguir minha "Glass Box", desde já uma das coisas que eu levaria para a proverbial ilha deserta.

A CASA DA GUERRA DA MÃE DOS ROCHA

Como assim, "A Casa da Mãe Joana" e "A Guerra dos Rocha" não são o mesmo filme? Custei a perceber a diferença. Ambos têm elencos cheios de atores da Globo, cara de piloto de sitcom e, last but not least, atores veteranos fazendo papel de mulher (Agildo Ribeiro na "Casa", Ary Fontoura na "Guerra"). O primeiro estréia hoje, o segundo no começo de outubro. E ainda não sei se algum dos dois vai me pegar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

SÍNDROME DE VOVÔ

2008 é o primeiro ano em que eu realmente sinto que estou envelhecendo. Já não era sem tempo, hein? Faço 48 anos em pouco mais de um mês. Mas até hoje eu me sentia meio fora do tempo, eternamente jovem e com carinha de garoto. Aí vieram os cabelos brancos, o receding hairline, a ameaça de glaucoma... Foi por isto que não resisti ao teste que a revista "Details" deste mês propõe: você está agindo feito um velho? Tem perguntas óbvias, como "você acha que as boates são barulhentas demais?" Outras são surpreendentes (e reveladoras...), como "você ainda manda cartas", ou "assiste filmes pornôs em DVD ou VHS"? O site da revista traz uma versão diferente do teste, ainda mais divertida. Ah, e eu ainda NÃO estou agindo feito um velho. Ainda.

REAVALIAÇÕES

Maluf disse durante a sabatina na "Folha" que pretende "reavaliar" o apoio do Município à Parada Gay. Não, ele não está ameaçando acabar com o maior evento turístico da cidade, caso seja eleito (não vai). O que o ladrão-mor quer dizer é que precisa "reavaliar" quanto dessa grana sua corja pode enfiar no bolso. Enquanto isto, estou reavaliando meu não-voto a Marta Suplicy. Ela foi coerente e corajosa quando, acossada por uma cambada de evangélicos, recusou-se a atacar os homossexuais. Será que, na mesma situação, o Kassab faria o mesmo?

Update: Tanto faria que já fez. Fui informado agora: na semana passada, Kassab foi convidado a assinar um abaixo-assinado dos evangélicos contra aquela lei que criminaliza a homofobia, e se recusou. Ótimo para ele, ótimo para os gays, e ruim para meu voto, que voltou a se indecidir. Obrigado pelo toque, gentem!

O RH DO INFERNO

O diretor mexicano Guillermo del Toro deve ter sido uma criança peculiar, que construía seres fantásticos com os objetos que tinha em casa: panelas, toalhas, massinha de modelar. Alguns desses monstros toscos estão presentes em "Hellboy II: O Exército Dourado" - ao lado de outros sofisticadíssimos, como a criatura de ectoplasma que precisa usar um escafandro para interagir nesta dimensão. O filme é pouco mais que um desfile sem fim de bizarrices, uma versão em longa-metragem da cantina de "Star Wars". Mas vale a pena, pois del Toro materializa praticamente todos os medos humanos em seus bichinhos infernais: insetos, gosmas, doenças, aborto e, numa cena arrepiantemente antológica, a própria Morte, exatamente como ela deve ser na "vida real". E ainda tem uma das melhores falas do ano: "I'm not a baby... I'm a tumor!"

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

PONCEAR É PRECISO

O Brasil sempre foi mais saidinho que seus vizinhos na América Latina. Temos uma cultura sexualmente ativa, onde sair beijando milhares de estranhos no carnaval é perfeitamente aceitável. Enquanto isto, os outros países da região vivem sob o peso de uma moral antiquada e gostam de nos olhar feio - se bem que adoram vir para cá sassaricar. Mas as coisas estão mudando. O Chile, que até os anos 90 tinha um padre entre os apresentadores do equivalente local do "Jornal Nacional", anda meio alarmado com o fenômeno do "ponceo", que se alastra feito dengue entre seus adolescentes. "Poncear" é nada mais do que "ficar": ir a uma festa e beijar o maior número de bocas possível, igualzinho ao que a a garotada faz por aqui. E essas festas são mesmo para "de menores", onde o cigarro e o álcool são proibidos (mas a mão boba não). No ano passado rolou um grande escândalo quando foi postado na internet um vídeo de uma garota chupando um colega de escola em pleno banco de parque. Pois é, os exageros são inevitáveis quando uma sociedade caretona resolve dar uma arejada. Mas eu sou totalmente a favor do "ponceo", desde que com um mínimo de controle e responsabilidade. Afinal, um beijo na boca transmite menos germes que um aperto de mão.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A LIRA DO DELÍRIO

Fiquei tristinho com a notícia da saída do Felipe Lira do time de DJs residentes da The Week Rio. As razões para o "desligamento" ainda estão obscuras, mas, sinceramente, acho que a casa não devia abrir mão de um cara tão talentoso. Era por causa dele que eu fazia questão de chegar cedo, não por causa das filas na porta. E agora, quem vai me levar ao delírio com mash-ups improváveis? Fora que o Felipe é um doce de pessoa. Honey I can't be wihout you, babe...

PRÓXIMA PARADA

A comissão que escolhe o filme que vai representar o Brasil no Oscar adora dizer que não escolhe o mais "oscarizável", e sim o "melhor" filme. Tsk, tsk. Desde quando os Oscars se baseiam apenas na qualidade? Ganhar um Oscar é uma guerra, que requer estratégia, ataque e defesa. Por isto Walter Salles caiu fora este ano: ele simplesmente não tem saco de passar por tudo isto pela terceira vez. Bom, a comissão está usando a desculpa clássica para justificar a escolha de "Última Parada - 174". Pode ser que seja mesmo maravilhoso - o filme abre o Festival do Rio, e só entra em cartaz no final de outubro. O bom é que a família Barreto conhece as regras do jogo, e conseguiu a indicação toda vez que a obra de um rebento seu estava na jogada ("O Quatrilho", do Fábio, em 95, e "O Que É Isto, Companheiro?", do Bruno, em 97). Vou torcer sim, independente do "Parada" ser bom ou não. Pelo trailer parece que sim, apesar de eu saber que duas horas de sofrimento me aguardam.

ESAS SON LAS MAÑANITAS

Hoje lá no México é dia de comer chile en nogado: pimentões verdes recheados com carne moída, cobertos com nozes e creme azedo. Porque hoje é 16 de setembro, dia da independência mexicana, e esse prato esquisito tem as cores da bandeira do país (verde, branco e vermelho). Já pensou se fizéssemos algo parecido por aqui? Qual comida é verde, amarela, branca e azul-anil? Ecaaa... Outra peculiariedade do México é que também é um dos poucos países onde, nos aniversários, não se canta uma tradução local de "Parabéns a Você". Nuestros hermanos preferem "Las Mañanitas", que é muito fofinha, mas não sei qué carajo tem a ver com los cumpleaños. É mais ou menos assim: esas son las mañanitas / que cantaba el rey David / y a los muchachos bonitos / les cantamos así...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

LIBANESA SOLTEIRA PROCURA

Quem acompanha o blog da Libanesa já sabe que rolou um trelelê com o namorado no Pakistón, e que agora ela está livre como um táxi. Nossa aeromoça favorita até fez um apelo para lhe enviarem perfis de indianos bonitos, já que é chegada num Subcontinente mas enjoou dos pakis. Lib, acho que você pode dar uma alargadinha nos seus horizontes. Dá só uma espiada neste vídeo com astros iranianos: tem um mais guapo que o outro. Desconfio até que muitos sejam da diáspora persa pelo mundo afora, já que estão em trajes menores e quem fizer coisa parecida no Irã será preso e executado. Ah, e as musiquinhas de fundo também são tudo de bom.

NÃO JULGUE UM FILME PELA CAPA

Um filme pornô gay, quero dizer. Ao invés disto, consulte o blog Porn Expert. Ele é (bem) escrito, com riqueza de detalhes e fotos das capas, por um amigo meu cuja identidade não pode ser revelada. Bom, ele tem lá suas razões, mas não conheço um único homem, gay ou não, que não ADORE pornografia. Eu já me declarei aficionado várias vezes aqui no blog; inclusive, fui eu quem emprestou o DVD "The Private Life of Brandon Manilow" que o "expert" comenta lá com tanto entusiasmo. E não, não alugo nem empresto mais, tsá?

TUCUPI SONORO

Meu amigo Rodrigo Rosner, estilista- revelação, foi fazer um desfile em Belém do Pará e me trouxe uma lembrancinha inestimável: um CD de tecnobrega! Esse ritmo paraense mistura tudo ao mesmo tempo agora, livre de qualquer bom gosto ou preconceito. A banda Calypso é talvez o único expoente nacional do gênero, mas existem milhares de artistas locais de quem nunca ouvimos falar (graças a Deus). Os discos são auto-pirateados, vendidos nos shows (com as famosas "aparelhagens") ou na rua mesmo, por módicos 2 reais cada. Quem se interessar por esse tacacá musical deve visitar o portal Brega Pop, uma verdadeira pororoca de informação. E como não podia deixar de ser, aqui vai um aperitivo: as versões tecnobrega de "Umbrella" e "Don't Stop the Music" da Rihanna, cantadas em português. É ouvir para crer: "escolha ela ela ela, ou eu eu eu..."

domingo, 14 de setembro de 2008

ABBA-CADABRA

Ainda bem que "Mamma Mia!" é um musical, porque a história bobinha seria francamente insuportável se contada a seco. Mas claro que tudo não passa de um pretexto para desfilar as deliciosas canções do Abba. Já está mais do que na hora de Benny Andersson e Björn Ulvaeus serem respeitados como os Lennon & McCartney dos anos 70. Suas composições também podem parecer bobinhas, mas para mim valem mais do que toda a obra do Bob Dylan. E ganham um surpreendente peso dramático quando interpretadas por Meryl Streep, uma atriz cujo talento nunca pára de me assombrar. Junte-se a isto o cenário translumbrante da Grécia, um elenco cheio de meninos bonitos e uma história paralela gay-friendly, e estamos num pedacinho do céu. Ah, e a experiência fica ainda mais mágica na sala Premier do Shopping Cidade Jardim, acompanhada pelas já célebres pipocas com azeite trufado.

sábado, 13 de setembro de 2008

MEU CLUBE

Hoje tem a festa "oficial" dos 4 anos da The Week São Paulo, mas na verdade é só o ponto mais alto de um mês inteiro de comemoração. Nunca uma boate mexeu tanto com a noite gay do Brasil, e nem com a minha vida. Quase todo sábado estou lá, no Rio ou em SP. Porque para mim a TW virou um clube no sentido tradicional do termo: um lugar de convívio social, onde eu vou para encontrar os amigos. E quero deixar aqui um beijo para o staff da casa, que sempre me trata super bem e também já faz parte dessa lista de amigos: André, Grá, Flavinho, Marcelu, Raquel, Moraes, Pacheco, Felipe... Obrigado por tudo, queridos, e até daqui a pouco.

BRILHO INTENSO

Demorei para entar no clima de "Blindness". Os personagens sem nome e sem história, as paisagens conhecidas de São Paulo, alguns atores brasileiros falando inglês com o maior sotacão - tudo isso contribuiu para que o começo do filme me parecesse frio, distante, até meio chato. Mas aí as coisas começam a esquentar quando os cegos são confinados numa espécie de penitenciária, e o que se segue é de cravar as unhas no braço da poltrona. Julianne Moore está soberba como a única que ainda vê, e Gael García Bernal, sempre tão franzino, está realmente assustador. A fotografia leitosa e a música inquietante também fazem do filme uma experiência única. Mas nada brilha mais que Fernando Meirelles, sem dúvida hoje um dos cinco melhores diretores do mundo. Meus olhos agradecem.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

BOLA NA REDE

Ao invés de ficar choramingando patrocínio por aí, tipo "nunca tive ajuda, ninguém apóia o esporte, buááá", as diversas federações brasileiras de handebol, salto com vara, passa-anel e o escambau, deviam mais é se mirar no exemplo da Selección Argentina de Fútbol Gay. Que, por sua vez, se inspirou nos jogadores franceses de rugby, que todo ano posam peladões para o calendário "Les Dieux du Stade". A folhinha com nuestros hermanos en pelota sai agora no fim do ano, e promete levantar fundos (em todos os sentidos...) para as próximas viagens do time. Fica aí a sugestão para os nossos atletas - se bem que não deve ter muita gente a fim de ver a Edinanci sem roupa.

OS MORENINHOS

O pop da dupla neo-zelandesa The Brunettes lembra uma tortinha do Payard: é doce e sofisticado, sem nunca descambar pro enjoativo. O terceiro CD da banda tem um nome sensacional, "Structure & Cosmetics", e saiu já faz um ano - mas só agora me chegou nas mãos (a Nova Zelândia é longe). Se você vai se acabar nas festas de aniversário da The Week neste fim de semana (em SP, quase todo mundo que eu conheço vai), então baixe aqui a faixa "Stereo (Mono Mono)", e ouça quando voltar da balada. Dá um soninho...

TÔ BETTY

Filhinho Duda chegou de Nova York - de novo - e trouxe mais um presentinho para o papai. Dessa vez, nada de filminhos de pipi no popô ou coisa que o valha. Mas nem por isto a prenda deixa de ter um indisfarçável teor pederasta: é a caixa com a 2a. temporada de "Ugly Betty", recém-lançada nos EUA, e que por aqui só estréia em novembro. Não curto muito o lado melodramático da série (meu popô para os problemas com a Imigração do pai da Betty), mas adooooro o lado fashionista, dominado pela divina Wilhelmina e seu assecla Marc St. James. É o único programa que ainda mantém no ar o glamour e as tiradas dos finados "Sex and the City" e "Will & Grace", a minha cesta básica televisiva.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

CHANEL, DIOR, LAGERFELD, GAULTIER, DARLING, NAMES, NAMES, NAMES!!!

Ainda está por vir o dia em que uma grande loja brasileira terá coragem de dispensar as top models e fazer algo como a Harvey Nichols britânica – a favorita de Edwina Monsoon e Patsy Stone. Para anunciar a abertura de sua filial em Bristol, a Harvey Nics (para os íntimos) chamou ninguém menos que Wallace & Gromit, aqueles bonequinhos em massa de modelar. O resultado é meio aflitivo, mas absolutamente fabuloso.

CORTEM-LHE A CABEÇA

Jeff Koons, aquele artista americano que foi casado com a Cicciolina, ganhou a primeira retrospectiva de sua carreira adivinha onde… no Palácio de Versailles! Fica em cartaz até 14 de dezembro, mas, se dependesse da extrema-direita francesa, nem sequer começaria. Já houve protestos em frente ao palácio: os reaças estão indignados com a presença, em tão augusto cenário, de obras como “Michael Jackson e seu macaco”, toda em porcelana colorida. Ah, vão tomar no Koons.

SAFRA FRACA

Qual será o filme brasileiro recente que terá a honra de ser rejeitado pela Academia de Hollywood? Foi a pior safra nacional em muitos anos, tanto em qualidade quanto em público. Dos 14 títulos que concorrem à indicação para a indicação a melhor filme em língua estrangeira, assisti 7 - provavelmente, muito mais do que a maioria dos espectadores. Meu favorito é o único campeão de bilheteria da turma: "Meu Nome Não é Johnny", divertido e conseqüente, desde janeiro na minha lista dos melhores de 2008. Mas acho que não tem a menor chance, pois, apesar de ser uma história de redenção, foca muito nas drogas, assunto indigesto para os Oscars. Vi "A Casa de Alice" no final de 2007, e achei muito bom; em restrospecto, é uma espécie de versão-classe-média-baixa de "Linha de Passe" (que, misteriosamente, preferiu nem se inscrever). Mas também é lacônico e desesperançado demais para emplacar entre os cinco finalistas. "O Passado" também é bom, mas é argentino de corpo e alma. E muitos são simplesmente umas bostas, como "Era uma Vez", "Os Desafinados" ou "O Signo da Cidade". Para complicar as coisas, o indicado-barbada, "Tropa de Elite", desperdiçou suas chances ao tentar a vaga no ano passado. Resta "Última Parada 174" de Bruno Barreto, o mais novo exemplar de FBP (filme-brasileiro-de-pobre), que só estréia em outubro. Barreto (meu primo em terceiro grau) já foi indicado antes, e sua família conhece as engrenagens do cinema por dentro e por fora. Mas será que, mesmo em Hollywood, alguém ainda tem saco para tanta favela e tiroteio?

DESNORTEADO

Quando alguém critica o descaso com os direitos humanos em Cuba, é comum que os simpatizantes do regime rebatam com "pelo menos lá ninguém passa fome". O mesmo não pode ser dito da Coréia do Norte: o último bastião do stalinismo é uma galeria de horrores, onde um estado totalitário esmaga uma população miserável. Será que a morte de Kim Jung-Il mudaria alguma coisa? O ditador-mirim faltou pela primeira vez à parada de aniversário da fundação do país, e os serviços de espionagem ocidentais suspeitam que ele tenha sofrido um derrame. Mas eu duvido que haja qualquer espécie de abertura. Kimzinho é alcóolatra, e já foi pêgo com um passaporte falso na Disneylândia de Tóquio - ou seja, é um playboy mimado, e pouco mais que uma figura de proa. Quem manda mesmo é uma elite militar patrocinada pela China, que não tem o menor interesse na re-união das duas Coréias. Para quê, afinal, mais um país democrático e bem-sucedido logo ali na vizinhança?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

VELHO E SACUDIDO

Tenho um cachorro de 11 anos de idade. Por isto, é claro que adorei este anúncio de comida para senior dogs . Ele foi criado pela filial francesa da agência TBWA, e me atingiu feito um frisbee.

A DROGA DO YOUTUBE

A salvia divinorum é uma erva alucinatória da família da hortelã, usada há séculos no México naquele esquema "se-eu-quiser-falar- com-Deus". Seu efeito é forte e rápido: costuma passar em menos de cinco minutos, e, até onde se sabe, não vicia nem prejudica a saúde. Mas agora está prestes a ser proibida nos EUA, e tudo por causa do YouTube. Virou moda postar vídeos de babacas curtindo a onda da sálvia. Alguns simplesmente fazem cara de chapado e caem na risada, mas outros tentam escrever cartas, cuidar do jardim e até mesmo dirigir. Antes que algum maluco se esborrache de verdade, as autoridades querem proibir a brincadeira. Uma pena: a sálvia tem inúmeras propriedades medicinais ainda pouco conhecidas, e, se for posta fora-da-lei, as pesquisas ficarão complicadas. Agora, impressionante mesmo é o efeito do YouTube, né não?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

OS NOMES NA LISTA

Listas são feitas para criar polêmica. O site AfterElton, ligado ao canal gay Logo, convidou seus leitores a escolher os 50 melhores filmes de temática homossexual de todos os tempos. Entre os vencedores, vários títulos inescapáveis, como "Brokeback Mountain" ou "Priscilla, a Rainha do Deserto". E muitos dos quais eu nunca ouvi falar - a maioria, independentes americanos que não passaram sequer no Mix Brasil. Algumas surpresas: Almodóvar, por exemplo, aparece com uma única obra, "A Má Educação", e em 47o. lugar. E uma triste constatação: só dois filmes foram feitos antes do liberou-geral dos anos 80, "Os Rapazes da Banda" e "Rocky Horror Picture Show" (que vai ganhar um remake em breve). Um dos meus favoritos ever está lá, o argentino "Plata Quemada". E será que existe algum brasileiro injustamente esquecido? Céus, será que existe um único longa- metragem com tema gay rodado no Brasil?? Pornô não vale!

SISTER ACT

Adoro música eletrônica, mas nos últimos tempos tem me dado um fartão de quase todos os gêneros. Ouvir tribal fora da boate é uma tortura; o trance do Tiësto está cada vez mais baba; o deep house se acha muito chique, mas é meio som de novo-rico. Mas eis que surge Sister Bliss, do grupo Faithless, para salvar a lavoura. Nas horas vagas, Ayalah Bentovim (seu nome no passaporte) remixa músicas dos outros e dá uma de DJ em clubes por toda a Europa. Ela acaba de lançar "Nightmoves", uma compilação que reúne gente conhecida (Underworld, Layo & Bushwacka!) e outros que parecem inventados na hora (Bangkok Impact - alguém já ouviu falar?). E consegue um resultado que é tudo o que os outros estilos gostariam de ser: melodioso, elegante, animado. Quer uma palhinha? Então baixe aqui "A Kind of Peace", uma faixa do Faithless remixada por Gabriel & Dresden.

GENOINAMENTE BOBO

Muitas vezes esqueço de assistir o"CQC", e acabo perdendo momentos históricos como esse da semana passada. José Genoíno passou meses se recusando a falar com os caras do programa, mas foi facilmente levado no bico pelo "assessor de marketing" Warley Santanna. Os próprios petistas admitem que Genoíno não é dos dez mais brilhantes, mas citar "errar é humano, perdoar é divino" como se fosse de Trotsky é... divino. Pena que agora Warley ficou marcado, e outros políticos que mereciam ser humilhados na TV (todos?) vão aprender a evitá-lo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

BELEZA PURA

Uns leitores que não têm acesso ao Google Images pediram para ver como era o Levi Johnston antes da repaginada para a convenção republicana. Aí está o brucutu em toda sua glória, com o cabelo desalinhado e as ombreiras de hóquei que seduziram a tonta da Bristol Palin. Muita gente vai gostar desta versão uncut do rapaz. Eu já prefiro aquele ar de banho recém-tomado.

ROSA CHOQUE

Léo Aquilla está uma tetéia vestido de hominho na foto oficial de sua campanha para vereador. Adorei a escova progressiva e a gravata pink. Acho legal ele não aparecer montado, porque, segundo suas próprias palavras, "drag queen é um palhaço de luxo, e não precisamos eleger mais um palhaço". Suas propostas são sérias e bem-intencionadas, e podem ser conferidas em seu site. Mas sabe qual é a única coisa que me incomoda nesta candidatura? É o fato dela ser do PR, o Partido da República, um amálgama sem pé nem cabeça que já elegeu luminares como Clodovil ou a folclórica senhorita Suely, que foi projetada ao sucesso pelo saudoso Enéas. Cuidado, Léo, para não ser usado como chamariz de votos para um partido inexpressivo.

JUANJO ES LA HOSTIA

Acho que o fiasco da véia Vasquez na noite de sábado conseguiu espantar muita gente da Gira-Sol de domingo. A The Week não chegou a lotar, mas azar de quem não foi. Eu não conhecia o som do Juanjo Martín, e fiquei encantado. É um house melodioso, cheio de teclados e vocais, perfeito para se dançar ao ar livre. Parece que o espanhol também arrasou na TW Rio na noite anterior. Tomara que volte mais vezes, porque ele merece mesmo ser conhecido por mais gente. E deixem o "Senior" curtir sua aposentadoria em paz, num palácio com paredes de cristal.

domingo, 7 de setembro de 2008

O FLOP DO SENIOR

Bem que a Lindinalva me avisou que o povo da The Week era capaz de estranhar o som do "Senior" Vasquez. A expectativa era imensa. O DJ mais velho do mundo assumiu as pick-ups sob uma salva de palmas, com direito a bolo de aniversário e parabéns cantado pela Anna Gelinskas. Aí começou a tocar, e imediatamente lotou a pista - a pista 2, quero dizer. Nunca tinha visto nada parecido: a pistona ficou vazia, e a pistinha abarrotada! E não eram só as músicas esquisitas que afugentaram a multidão. O som estava cheio de problemas, e madame Vasquez parecia um amador em começo de carreira, tropeçando nas passagens. Deu no que deu: foi vaiado sem dó nem piedade. Daí pra frente as versões divergem. Uns dizem que ele se irritou e voltou pra Nova York na mesma hora, outros juram que André Almada se viu obrigado a tirá-lo de cena. Uma pena, porque o que seria uma noite memorável acabou entrando para a história por outros motivos.

Update: Junior Vasquez foi mesmo retirado da cabine. O cara deu um show de anti-profissionalismo e desrespeito ao público. Estava tão louco que desligou sem querer os graves da equalização (por isto o som de lata),e ao sair deixou para trás a coisa mais sagrada para um DJ - o case com os discos. Este não veremos mais por aqui.)