quinta-feira, 31 de julho de 2008

AQUELE ABRAÇO

Até que o Gilberto Gil durou muito como ministro da Cultura. Mordido há tempos pelo bichinho da política, ele teve que descobrir na marra que o dia tem só 24 horas, e ontem optou por se dedicar apenas à sua carreira musical. Hoje os jornais estão cheios de opiniões, que vão do "fez muita coisa" ao "não fez nada". Meio que concordo com todo mundo. Gil é uma voz importantíssima no debate sobre direitos autorais na era da internet, lançou os Pontos de Cultura, reviu patrocínios. Por outro lado, também deixou que, num primeiro momento, a camarilha de Dirceu dissesse que o MinC só financiaria filmes "que apoiassem o Fome Zero" (como assim?), e simplesmente ignorou o teatro. Mas acho que sua maior contribuição foi atuar como um super-embaixador da cultura brasileira pelo mundo afora, e dar uma cara (e uma certa dose de glamour) ao mais pobrinho dos nossos ministérios.

UMA LÍNGUA A MENOS

Acabou a lambeção. Ontem saiu o último post do Lambe-lambe, um blog gaúcho que tinha centenas de admiradores (inclusive eu). Seu dono, o "Tiozinho da Foto", mandou um e-mail alegando razões pessoais, mudanças de rumo, the usual. Vamos ver quanto tempo ele agüenta ficar calado: recentemente, blogs como o Uomini e o BHY também anunciaram suas saideiras, só para voltar pouco tempo depois, e ainda mais agitados. E as línguas estão se multiplicando, vide a quantidade de endereços novos que surgem toda semana. Há pouco tempo acrescentei à minha lista de favoritos o Socialista Rank, do Germano Wiedermann. Ele é um dos garotos mais bonitos que eu conheço, e também escreve lindamente (mas letra escura em fundo escuro é maldade, né, Ge?). Outra novidade é o Bortolotti Style, na verdade o portfolio online do Luciano Bortolotti, stylist to the stars. Cuidado, meninos, porque blogar viceia: a primeira coisa que eu faço todo dia é ligar o computador para ver se chegou comentário durante a noite. Só depois é que eu vou ao banheiro.

MULHERES EM CARTAZ

Êita posterzinho vagabundo, hein? Qualquer estagiário era capaz de melhorar essa fotoshopada, que parece feita com cola de farinha de trigo. Isso não diminui minha vontade de ver "The Women", que estréia em setembro nos EUA e sabe-se lá quando por aqui; ainda não sei qual será o título em português. A expectativa é grande, porque a matéria-prima é ótima (é o remake de um clássico dos anos 30) e os últimos filmes "para mulheres" têm se dado muito bem na bilheteria ("Sex and the City", "Mamma Mia!"). Postei o trailer no mês passado, mas quem não viu pode clicar aqui.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

BOCA DE URNA

Acho uma vergonha os gays de São Paulo se orgulharem de ter uma noite fervidíssima e a (ex-?) maior parada do mundo, enquanto não temos um mísero representante no Congresso, na Assembléia Legislativa ou na Câmara de Vereadores. Clodovil não vale: a véia foi eleita com o voto de outras véias tão desinformadas quanto ela, e não perde oportunidade de desancar os homossexuais. Felizmente, seu mandato de deputado está passando em brancas nuvens.

Mas esta situação pode mudar nas eleições deste ano. A convite do André Fischer, ontem fui a um bate-papo no restaurante L’Open com um candidato a vereador, o Marcos Fernandes. O cara tem 41 anos, é filiado ao PSDB, trabalha na Prefeitura e nunca concorreu a nenhum cargo eletivo. E tem um diferencial que pode, sim, elegê-lo: é gay assumido, e disposto a lutar pelos nossos direitos.

Claro que um reles vereador não têm o poder de aprovar o casamento gay a nível nacional nem mover céus e terras, mas já é um começo. E, com todo o respeito às candidaturas de Salette Campari e Léo Áquila, não me sentiria representado por elas (o André pensa igual). As drags são bem-intencionadas, sem dúvida, mas são outsiders. Marcos Fernandes, não: é alguém que milita na política desde os 16 anos, conhece o sistema por dentro, sabe como as coisas são feitas, e pertence a um partido grande. Tudo isto conta.

Não, não tucanei de vez (embora sempre tenha declarado minha simpatia pelo PSDB), nem aderi à campanha do cara. Ouvi dizer que outros candidatos gays estão para aparecer, e quero conhecer todos direitinho, para só então decidir. Mas Marcos Fernandes – número 45055 – me parece, desde já, uma boa aposta. Além do mais porque sua plataforma não se resume à bandeira LGBT: ele também tem propostas para levar cultura à periferia, aumentar a acessibilidade e revitalizar as praças da cidade. Precisa de 30.000 votos para ser eleito. Se boa parte das bilús paulistanas tiver um mínimo de consciência (e eu acho que tem), não vamos jogar nosso voto fora nem eleger quem não está nem aí conosco.

PELADA NA PRAIA

A Dolce & Gabbana, que disputa com a Abercrombie & Fitch o troféu de marca mais viada do mundo, marcou mais uns pontos nesse campeonato sem fim ao desenhar os uniformes de um time de futebol de praia, o Milano Beach Soccer. A pergunta que não quer calar: estes são mesmo os jogadores, ou só modelos contratados? Só mesmo assim para eu me interessar por esporte.

SAÚDE!

Tá difícil ser contra a “Lei Seca”, agora que o número de acidentes caiu em todas as cidades onde houve fiscalização. Como disse um jornal carioca, daqui a pouco quem vai protestar contra ela serão apenas as agências funerárias e os fabricantes de cadeiras de rodas. A rigor a lei não é “seca”, pois não proíbe ninguém de beber o quanto quiser; o que desapareceu foi o outrorora sacrossanto “direito” do brasileiro dirigir embriagado. Mas vamos combinar que quem tem dinheiro pra encher a cara na balada, tem dinheiro pra pagar um táxi.

terça-feira, 29 de julho de 2008

MENINA NÃO ENTRA

Luluzinha foi criada pela cartunista americana Marge em 1935, e fez um sucesso estrondoso no Brasil da década de 60. Vendeu milhões de revistinhas, gerou um hit do Trio Esperança, o pegajoso "Festa do Bolinha", e depois sumiu. Esta semana reencontrei com ela, em edições encadernadas que resgatam as historinhas originais (pena que em preto-e-branco, antigamente era a cores). E aí aconteceu o que sói acontecer quando revemos alguma coisa que marcou nossa infância: não achei tanta graça assim. Os personagens não são apenas infantis - são crianças dos anos 30, de uma era pré-televisão. Mas foi gostoso perceber que o famoso Clube do Bolinha, onde as rachas não eram bem-vindas, não deixa de ser uma boate gay para menores de idade.

CHIQUITITO PERO CUMPLIDOR

Não se passa mais um dia sem que algum amigo me mande uma sugestão de post. Ontem o Emiliano Rocha me enviou algo realmente sensacional: há dois anos atrás, Howard Stern, o sumo-sacerdote do trash nos Estados Unidos, promoveu em seu programa um concurso para premiar o homem com menor pênis. O programa é de rádio, mas claro que isto não impediu que o certame fosse gravado em vídeo e veiculado na internet. Os pirulitos em desfile são realmente constrangedores, e alguns ainda são "abrilhantados" pelos corpos absolutamente fora de forma de seus donos. Mas o que mais me chamou a atenção foi a coragem desses caras se exporem assim, assumindo com galhardia o que é considerado um defeito gravíssimo pela nossa sociedade. Os pintos podem ser minúsculos, sim, mas os culhões são enooormes.
(para ver um vídeo de 10 minutos do concurso, clique aqui)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O FAVORITO DO IMPERADOR

“Memórias de Adriano” foi um dos primeiros livros com temática gay que eu li na vida. Escrito na primeira pessoa pela francesa Marguerite Yourcenar, tem o formato de uma longa carta do imperador romano a seu herdeiro Marco Aurélio. Seu reinado é tido como o apogeu do império, mas o livro se concentra na paixão de Adriano por Antínoo, 34 anos mais novo. Aquela história me deixou tão assanhado que, pouco tempo depois, ao visitar a Itália pela primeira vez, tirei muitas fotos de um busto de Antínoo num museu em Nápoles. Hoje me assanhei novamente, pois li que o diretor inglês John Boorman começou a produção de um filme baseado nesse livro. Boorman já fez coisas inesquecíveis como “Excalibur” e “Esperança e Glória”, mas faz tempo que não lança nada que preste. Tomara que ele acerte a mão, a começar pela escolha do elenco. Não quero nem saber de Anthony Hopkins: o papel de Adriano pede um coroa enxuto e bonitão, coisa que sir Hopkins nunca foi. E quem pode fazer Antínoo? Segundo o livro, ele é simplesmente o homem mais bonito do mundo.

A MULHER-PICLES E A MULHER UVA-PASSA

Adivinha quem é essa gostosa aí na foto ao lado? Helen Mirren, no esplendor dos 63 anos, pegando uma cor numa praia da Itália. Conservada feito um picles, Dame Helen deveria compartilhar seus segredos de beleza com Madonna, que é 13 anos mais jovem e parece estar com o pé na cova. Madge sempre surpreendeu com sua excelente forma física, mas nos últimos tempos têm circulado rumores que ela anda estressada com os ensaios do novo show e a possível separação de Guy Ritchie. Hoje também li um boato delicioso: foi ela quem escreveu as “memórias” de seu irmão Christopher, numa tentativa desesperada de conseguir mais publicidade. Bobagem: basta aparecer como na foto à direita, esquálida e sem maquiagem, que sai nos jornais do mundo inteiro. Tolinha.

ERUPÇÃO SEXUAL

A música saiu no finzinho do ano passado, mas foi só neste fim-de-semana que eu cismei com "Sensual Seduction / Sexual Eruption". Geralmente tenho asco do rapper Snoop Dogg, mas esta canção - descaradamente inspirada em "Sexual Healing", do Marvin Gaye - tem uma batidinha gostosa, bem anos 70, e o vídeo correspondente brinca com os toscos efeitos daquela época. E a coisa fica ainda melhor num remix com a participação da sueca Robyn, que pode ser baixado aqui. Por falar em Robyn, ela foi convidada pela Madonna para abrir seus shows: será que também a veremos por aqui?

domingo, 27 de julho de 2008

ÍNDIO QUER APITO

A "Folha" de hoje traz uma reportagem curiosa sobre jovens índios que se assumem gays e enfrentam o preconceito em suas aldeias (assinantes do UOL podem lê-la aqui). Um diretor da FUNAI diz que este é um fenômeno novo, e que há poucos registros de homossexualidade entre as tribos brasileiras. Meu marido Oscar, que é daqueles que acham que o mundo inteiro só não é gay por falta de cantada, diz que não é bem assim. Nos anos 40, o pai de Oscar rodou vários documentários no Xingu e adjacências, e conta que já naquela época a pegação comia solta. O que é de fato novo são os índios se assumirem como HOMENS gays, sem abrir mão da identidade masculina. Isto, sem dúvida se deve ao contato com a sociedade ocidental, a primeira na história da humanidade em que esta "persona sexual" (parafraseando Camille Paglia) surgiu e se impôs. Porque a homossexualidade, está provado, ocorre em todas as culturas, em todos os lugares, e muito provavelmente tem origem genética. Mas levar um estilo de vida gay como o que levamos hoje nas grandes cidades, sem precisar se vestir de mulher, é mesmo uma grande novidade. Que os índios também querem aproveitar.
(Kadhu Santorini, obrigado pela sugestão)

sábado, 26 de julho de 2008

FLEXIONANDO OS MÚSCULOS

Hoje, em São Paulo, rola a festa do primeiro aniversário da Flex. Não vou poder ir, pois estou no Rio: é uma pena, pois queria ir abraçar o Zanardi e o Bianchini. É uma façanha e tanto criar uma boate de sucesso hoje em dia, ainda mais no ambiente ultra-competitivo que é a noite paulistana. Parabéns, meninos, e aqueçam esses músculos, pois tenho certeza que a festa vai bombar.

JÁ ERA UMA VEZ

Não quero mais ver filme sobre favelado. Isto faz de mim uma pessoa ruim? Adorei "Cidade de Deus", adorei "Tropa de Elite", vi muitas outras coisas do gênero, boas e ruins, mas agora chega. A gota d'água foi "Era uma Vez...", que também é a pá de cal em toda uma era do cinema brasileiro. O roteiro é perfurado de situações inverossímeis e frases feitas dignas das novelas mexicanas, como "que futuro o senhor pode dar à minha filha", ou, suprema delícia, "quem mora no morro vive pertinho do céu". Breno Silveira abusa do chavão do "amor impossível" entre ricos e pobres, tão raro na vida real, mas a moral da história é justamente "ricos, não namorem pobres". Achei tudo tão ruim que fiquei torcendo para o casal de pombinhos ser logo fuzilado e essa porra acabar de uma vez.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

PARE AGORA

Hoje recebi de uma amiga, publicitária como eu, este maravilhoso vídeo que avacalha a nossa profissão. Como seria o processo de criação do sinal de "pare", se este não existisse? Ri às garagalhadas, porque tudo o que aparece ali, tirando o absurdo da coisa, é a mais pura realidade. Como dizia a Karen Walker: it's sad because it's true.

TOMA LÁ, DÁ CÁ

A "Vanity Fair" é publicada pela Condé Nast, a mesma editora da "New Yorker". E, com inveja do escândalo provocado pela capa da revista-irmã que satirizava Barack e Michelle Obama, o pessoal da "VF" colocou no site esta resposta, uma capa fake satirizando John e Cindy McCain. O senador veterano aparece mais decrépito do que de costume, apoiado num andador, enquanto sua mulher carrega uma dúzia de frascos de remédio. Enquanto isto, a constituição dos EUA queima na lareira e um retrato de George W. Bush enfeita a parede. Pronto, agora estamos quites.

ESPRÊIA NI MIM

Tem coisa mais brochante que a hora de colocar a camisinha? Não há manduruvá em riste que resista àqueles segundos eternos e atabalhoados. Pois o que era ruim pode ficar ainda pior: o cientista alemão Jan Vinzenz Krause inventou o preservativo em spray. Parece bacana, mas não é. O camarada precisa enfiar o bilau numa espécie de câmera, onde o pobrezinho será borrifado por jatos de látex líquido. Todo este processo dura 20 segundos, e ainda são necessários mais 10 segundos para a borracha secar - tempo suficiente para qualquer empolgação rolar ladeira abaixo. Fora que o troço não tem aquele reservatório na pontinha; para onde é que vai a “champagne do amor”? Ou é só para adeptos do sexo tântrico? O inventor diz que está aperfeiçoando a geringonça, para tornar tudo mais rápido. Eu é não vou me meter numa coisa dessas. Alguém se habilita?
(obrigado, Avattar, pela graça recebida)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

SONINHA TODA PURA

Parece que a eleição para prefeito vai embolar aqui em São Paulo. Costumo votar nos tucanos, mas este ano não estou muito entusiasmado. As ambições desmesuradas de Serra e Alckmin me assustam um pouco, provando que não há partido no Brasil que resista a um projeto pessoal. Fora que, como ressaltou o Fernando Meirelles em entrevista à "Folha", o vice do Alckmin é o Campos Machado, pra lá de podre. Também já votei muito na Marta, mas desde o mensalão que não consigo encarar ninguém do PT. Kassab? A lei "Cidade Limpa" funcionou, é verdade, mas DEM não dá. E tenho engulhos de ver o Maluf concorrendo outra vez - o cara-de-aço (pau é pouco) sabe que não tem a menor chance, mas quer vender seu apoio no segundo turno por uma certa leniência quanto ao seu caso. Então sobrou quem? Soninha!! E olha, não voto nela à faute de mieux não. Sinceramente, acho que ela é a melhor candidata. Pena que não tenha nem 2% das intenções de voto... Mas o que eu queria mesmo era transferir meu título pro Rio e votar no Gabeira.

DEDO DURO

Acabei de levar uma dedada de uma lésbica! E gostei, claro. Minha amiga virtual Queer Girls, a quem ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, está lançando um blog novo e bem bacana, o Lesbosfera, junto com mais duas Jimmy Choos. E com poucos dias no ar as meninas já receberam esse selinho de qualidade aí do lado, enviado por uma ameeega. É uma brincadeira parecida com outras que já rolaram: você manda o selo para 9 blogs "di catiguria", cada um desses indica mais 9, até chegar o momento em que até o twitter do Vítor Fasano ostenta este certificado do ISO 9000. Fiquei super lisonjeado em ser lembrado pela QG, mas, como sou de Libra, tenho a maior dificuldade em escolher apenas 9 blogs para serem agraciados. E se eu esquecer de alguém? E se esse alguém se ofender? Já vi amizades sólidas se desmancharem por causa de um reles lapso, não posso correr este risco. Além do mais, eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar. De qualquer forma, obrigado, Queer Girls, e muita xana pra vocês.

NO, NO, NO VS. YEAH, YEAH, YEAH

No começo eu implicava, admito, mas agora acho que "Mercy" da Duffy é a melhor música do ano até agora. Só continuo implicando um tiquinho porque é óbvio o parentesco da canção com "Rehab" da Amy Winehouse: são lados da mesma moeda... E muita gente também acha o mesmo. A net está cheia de "mash-ups" das duas músicas, e um dos melhorzinhos é este aí de cima. Quem saiu vencedora dessa mistureba?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

É BRASIL NA CABEÇA

Já reparou que quando alguma celebridade gay internacional aparece de namorado novo, o felizardo invariavelmente é brasileiro? No próximo domingo o Marc Jacobs se casa com o brazuca Lorenzo Martone, com quem está junto há poucos meses; esta semana o ex-N’Sync Lance Bass trombeteou para o mundo que também se rendeu a um dos nossos compatriotas, Sebastian Leal. Acho que essa tendência começou em 91, quando George Michael veio pro segundo Rock in Rio e conheceu Anselmo Feleppa. Aquele amor infelizmente durou pouco (Anselmo morreu de AIDS poucos anos depois), mas a moda estava lançada. O que é que o brasileiro tem?

NO ESCURINHO DO CINEMA

Finalmente recebi o e-mail da moda entre os cariocas, o “Cinemas Antigos do Rio de Janeiro”. Essa corrente está fazendo tanto sucesso que foi até capa do “Segundo Caderno” do “Globo” no sábado, e eu já estava me sentindo totalmente por fora – porque ninguém me manda esse troço? Mas hoje minha cunhada Celina atendeu às minhas preces, e pude conferir com meus próprios olhos o arquivo em PowerPoint preparado por Elizabeth de Mattos Dias. Todo mês esta senhora prepara uma coleção de fotos antigas da cidade, sempre seguindo um tema; o de agosto será “Sabores do Rio”. Enquanto isto, vou matando as saudades de salas que marcaram minha infância e adolescência, como o Pax, o Rian ou o Caruso. Quem quiser receber este e-mail, me pede que eu dou um forward.

LIBERDADE PARA A BORBOLETA

"O Escafandro e a Borboleta" consegue ser horrível e maravilhoso ao mesmo tempo. Horrível porque o assunto é deprimente e angustiante; maravilhoso porque, além de muitíssimo bem feito, o filme também é otimista e bem-humorado. A história é verdadeira: Jean-Dominique Bauby é um jornalista que perde todos os movimentos num derrame (menos os do olho esquerdo, a "borboleta" do título; o "escafandro" é seu corpo imobilizado). Mas não perde a lucidez nem a capacidade de rir de si mesmo. Há três anos atrás, numa coincidência cosmica, os Oscars premiaram duas obras que defendiam a eutanásia: "Menina de Ouro" e "Mar Adentro". "O Escafandro e a Borboleta" vai no sentiudo contrário, pois o protagonista, numa situação ainda pior que os personagens dos outros filmes, quer desesperadamente viver. É difícil dizer como eu reagiria numa situação parecida - pé de pato, mangalô, três vezes - mas acho que não tenho nenhum ossinho suicida dentro de mim.

REMIX BRASIL

Saiu uma foto minha na matéria que o Mix Brasil fez sobre o aniversário da The Week Rio. Tive a sorte de ser fotografado pelo Augusto Rossi no começo da noite, quando ainda estava relativamente sóbrio, com o cabelo mais ou menos no lugar e as pupilas no tamanho normal. Para ver mais imagens da festa, é só clicar aqui.

terça-feira, 22 de julho de 2008

GAROTA DOURADA

As nove vidas da ex-"Super Gata" Estelle Getty chegaram ao fim hoje. A atriz, que fazia a rabugenta Sophia, morreu aos 84 anos de idade em Los Angeles. O curioso é que ela tinha a mesma idade que Bea Arthur, sua filha no programa, e usava muito make-up para parecer mais velha. O título original desse clássico dos anos 80 era "Golden Girls", e, ao contrário de suas protagonistas, a série não envelheceu bem: comprei uma temporada em DVD e não achei lá muita graça (na epoca eu adorava). Mas elas eram todas tão assanhadas que não deixava de ser um "Sex and the City" da terceira idade.

SIEMPRE HAY ESPERANZA

Uma matéria na “Ilustrada” de hoje me fez ir atrás de Esperanza Spalding, uma jovem cantora de jazz que vem fazer shows no Brasil no final do ano. Já tinha ouvido falar nela, mas ainda não tinha a ouvido propriamente. Foi fácil achar: ela tem perfil no MySpace e um site bem feitinho, onde dá para escutar várias de suas músicas. Escutei e… achei médio. A moça tem um vozeirão, sem dúvida nenhuma, e um enorme talento, além de um rosto bonito e um nome sensacional. Mas, por mais que eu tente, jazz não é a minha praia. Que sina a minha: aos 47 anos, ainda prefiro uma canção do ABBA às obras completas do Herbie Hancock.

PASSADO NO AZEITE DE OLIVA

Meu pseudo-correspondente em Pequim, o Raul Juste Lores, ficou com medo de perder a boquinha e finalmente se dignou a me enviar uma sugestão de post. E olha só que sugestão mais melada: nada menos que um tipo de luta turca onde os competidores besuntam seus corpos com azeite de oliva, o kırkpınar (assim mesmo, sem pingos no "i" - no alfabeto turco existe esta letra, que se pronuncia como um "i" átono). As origens dessa luta remontam ao antigo Egito, e existem variantes por todo o Oriente Médio; assisti a algo parecido quando estive em Teerã. Mas é na Turquia onde esse esporte tão sexy é mais popular. Um grande campeonato é realizado todo mês de junho em Edirne, e quem quiser ver mais fotos deve clicar aqui. E agora a pergunta que não quer calar: será que o azeite é extra-virgem?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

THE USUAL SUSPECTS

Por falta de provas, a polícia portuguesa encerrou as investigações sobre o "caso Madeleine", e o casal McCann, pais da garota desaparecida, não é mais considerado suspeito. Hmm, sei não, não estou convencido. Ainda tenho cá com meus botões que a mãe de Maddy, que é enfermeira, matou acidentalmente a filha ao aplicar-lhe uma dose excessiva de tranquilizantes. É horripilante pensar que isto seja verdade - se for, os McCann são as pessoas mais cínicas do mundo - mas para mim é a única hipótese que faz sentido. O delegado encarregado do caso foi afastado no meio do processo (mais uma semelhança entre o Brasil e Portugal...), e está escrevendo um livro com sua versão. Aguardemos, pois.

GO FU'AD YOURSELF

Hoje em dia todo mundo gosta da combinação careca- bombado- tatuado, mas eu continuo preferindo uma coisa que academia nenhuma consegue melhorar: um rosto bonito. Ontem fui ver “A Última Amante”, que é bem arrastado – e acho que só agüentei até o final por causa do ator principal, Fu’ad Aît Aattou. O nome é árabe, mas o rapazinho é belo como um efebo pintado por Botticelli (ou, para usar uma referência mais atual, como um ator da Bel Ami). Fu’ad é francês, tem 27 anos, e continua com a carreira de modelo, tendo posado recentemente para uma campanha de Roberto Cavalli. E é, evidentemente, too cute to be straight.

PERDOA-ME POR TE TRAÍRES

Sua Majestade Satânica, o papa Adolf I, pediu perdão na Austrália pelos crimes dos padres pedófilos. É o caso de se perguntar: e na bundinha, não vai nada? O imperador Palpatine de saias faria melhor se tentasse de fato acabar com a pedofilia clerical. E para isto teria que a) acabar com o celibato para os religiosos e b) "descriminalizar" a homossexualidade. Sim, porque se padres e freiras pudessem se casar - como fazem os sacerdotes de muitas igrejas protestantes, e também no Judaísmo, no Islã, etc. etc. - esse desejo sexual desenfreado seria muito mais controlável. E com a aceitação dos gays, bilus vindas de comunidades conservadoras não seriam mais tentadas a se ordenar para purgar seus "pecados". Mas Rá-tzin-bum resiste, dando crédito a uma teoria que li certa vez, elaborada por um ex-seminarista: a Igreja condena a bicharada porque, caso contrário, nenhum gay veria sua "salvação" na batina. E em breve não teríamos mais padres...

domingo, 20 de julho de 2008

O ANIVERSÁRIO DA UNIVERSAL

Chegamos à The Week Rio às 11 e meia da noite, antes da abertura oficial da casa. André Almada havia nos convidado para um drink na área VIP. Foi engraçado entrar na boate antes da festa começar, com a pista ainda vazia. A decoração de Gringo Cardia decepcionou um pouco: tinha sido divulgado que ele transformaria o ambiente numa selva, mas o que víamos eram enormes silhuetas prateadas penduradas no teto. Mas logo ninguém mais prestava atenção no décor, porque o lugar encheu rápido e o som bombava. Também não reparei quando entrou o Rauhofer: nossos DJs andam tão bons que não dá para se ouvir a diferença, e Peter toca olhando pra baixo, sem a performance histriônica de seu cupincha Offer Nissim. Os cariocas foram todos, mas não havia muitos paulistas; de fato, a TW não ficou tão cheia como no carnaval ou no reveillon. Mas o vibe estava ótimo - afinal, estávamos celebrando um ano da casa que mudou definitivamente a cara da noite do Rio.

sábado, 19 de julho de 2008

O SONO DA (MAIS) BELEZA

Momento twitter: são 10 horas da noite no Rio de Janeiro, e aqui em casa está todo mundo dormindo. Meu marido Oscar, meu filho Duda, nosso amigo Marcelo "Speedy" (que a essa altura devia ser chamado de "Sleepy"), todos fazendo o que o Duda chama de "o sono da mais beleza". Todos menos eu. Não que eu não precise, mas simplesmente estou acordado demais. Acho que estou excitado para a festa de aniversário da The Week, para onde iremos todos daqui a pouco. A Universal-sur-Mer completou um ano no dia 6, mas a festança só rola hoje - e já não era sem tempo. A cariocada anda meio carente de grandes eventos, faz tempo que não rola um na cidade. Hoje o telefone não parou, e ouvi dizer que veio gente até de Portugal. A noite promete... amanhã eu conto. Agora vou eu me embelezar.

WHY SO SERIOUS?

Não gosto de filme de super-herói. Passei faz tempo dos 14 anos para achar qualquer graça na seqüência previsível de efeitos especiais e finais felizes. Por isto me surpreendo em dizer que "Batman - O Cavaleiro das Trevas" é, desde já, um dos melhores filmes do ano. Muito tem se falado da atuação de Heath Ledger como o Coringa, e ele de fato está sublime - uma barbada para o próximo Oscar de ator coadjuvante. O personagem, escrito como a encarnação do caos, pode até ser visto como uma metáfora da Al Qaeda, ou da percepção que os americanos têm dela. Mas o finado Ledger não é a única coisa boa na tela: Aaron Eckhart também está ótimo (em tooodos os sentidos, hehe), a trilha sonora cria climas angustiantes e o roteiro é - gasp - adulto e inteligente. Só tem um ponto fraco: o próprio Batman, que lá pelas tantas parece perfeitamente dispensável. Mais uma vez ele é over-acted pelo canastrão do Christian Bale, que insiste em fazer uma voz ridícula de basso profondo quando está de máscara, e o resultado lembra uma criança fantasiada.

DERCY BEAUCOUP

Dercy Gonçalves não era exatamente uma atriz. Era mais uma performer, um fenômeno, uma mulher que só dizia o que bem entendesse - inclusive, e principalmente, em cena. Quase trabalhei com ela em seu último programa no SBT. Fui sondado para escrever uns roteiros, e assisti a uma gravação. Dercy não gostou de meu texto e não se falou mais no assunto, mas foi um privilégio vê-la de tão perto. Ela era dificílima de ser dirigida, e por baixo da enxurrada de palavrões se via claramente uma mulher antiga, preconceiutosa, nada "liberada". Óbvio que também era uma força de natureza, e um retrato indiscutível do Brasil. Até já, Dercy, obrigado por tudo.

NUVENS DE PALAVRAS

O Deco, leitor assíduo e amigo querido, me mandou duas "nuvens de palavras" feitas com os textos dos meus últimos posts, que podem ser vistas aqui e aqui. Quanto mais vezes uma palavra aparece, maior será seu tamanho na nuvem; eu não imaginava que estava assim tão obcecado pela Ingrid Betancourt... Para fazer sua própria nuvem, acesse o site Wordle e divirta-se.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

DE GRÃO EM GRÃO

"O Segredo do Grão" foi o grande vencedor deste ano do César, o Oscar francês, batendo concorrentes peso-pesado como "Persépolis", "Piaf" e "O Escafandro e a Borboleta". Mas pela primeira hora do filme ninguém diria: as cenas do cotidiano de uma família de origem árabe no porto francês de Sète parecem desconectadas entre si, e a sensação é a de que estamos assistindo não a um filme, mas a um "reality show". Só que depois a coisa engrena, a gente se acostuma com o ritmo diferente e as interpetações naturalistas, e o olho não desgruda mais da tela. O título em português é imbecil: não há segredo nenhum, mas sim milhões de grão de semolina, fundamentais para o cuscuz com peixe que é praticamente um personagem da trama. E ainda termina com a cena de dança do ventre mais tórrida de todos os tempos. À ne pas manquer.

NO SEX AND THE CITY

É uma regra de ouro da TV americana: se algum programa faz sucesso, logo surgem as imitações. E muitas vezes surgem ao mesmo tempo, como foi o caso de “Cashmere Mafia” e “Lipstick Jungle”, duas séries sobre mulheres com mais de 30 em Nova York, em busca do amor, do sucesso e de ingressos para a Fashion Week. A maior diferença entre elas é que em “Cashmere” as mulheres são 3, e em “Lipstick” são 4. As semelhanças? A primeira foi criada por Darren Starr, também responsável por “Sex and the City”; a segunda é baseada num livro de Candace Bushnell, também autora de… adivinha. Comprei a primeira temporada desta última em DVD, e já estou desapontado. Não é engraçada, não é sexy e nem mesmo os modelitos são fa-bu-lo-sos. Brooke Shields parece envelhecer de uma cena para outra; Lindsay Price, que já me irritava na versão americana de “Coupling”, continua chata: e só mesmo Kim Raver (“24 Horas”) faz uma personagem interessante. A crítica de lá caiu matando, mas a audiência foi o bastante para garantir uma segunda coleção, perdão, temporada. Mesma sorte não teve “Cashmere Mafia”, que entrou em liquidação e agora só na ponta-de-estoque.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

SPÉCIAL FRANCOPHILE

Salut les filles! Eu sei, eu sei, a queda de Bastilha e o dia nacional da França foram comemorados segunda-feira, dia 14, e eu me esqueci completamente. Mas como todo dia é bom para celebrar a França, hoje resolvi só fazer posts em homenagem à “pátria espiritual das pessoas civilizadas”. À tout à l’heure.

AU NID DES ESPIONS

Alguém andou comprando filme francês de baciada no saldão do barateiro, porque nunca tantos estrearam ao mesmo tempo nos cinemas brasileiros. Alguns ficam só uma semana em cartaz no horário nobre antes de serem condenados à sessão das 3 no Belas Artes; outros são de grosso calibre e premiadíssimos, como “O Escafandro e a Borboleta” ou “O Segredo do Grão”. Ainda não vi nenhum dos dois: preferi ver bobagens como “Amar Não Tem Preço”, com a Audrey Tautou (que está a cara da Tiazinha), ou “Agente 117”. Este ultimo é uma espécie de Agente 86 francophone, só que bem mais sexy (o ator Jean Dujardin parece mesmo um "pão" dos anos 50). Não é de rolar de rir, mas a música, os cenários e os figurinos de época (o Cairo dos anos 50!) fazem dele um programinha gostoso feito uma crêpe. O sucesso na França foi tão grande que já está sendo rodada uma continuação, que se passa no… Rio de Janeiro!

HELENÁ NOGUERRÁ

Acredita que eu ainda não ouvi direito os CDs que trouxe da Europa? Só esta semana consegui prestar atenção em “Fraise Vanille”, o terceiro disco da cantora Helena. Ela é de origem portuguesa, e para facilitar as coisas na França, costuma grafar seu sobrenome, “Nogueira” no original, como "Noguerra". Sua voz pequena e afinada combina com canções tipo bossa-nova, mas aqui ela se concentra na prima visual francesa da bossa: a nouvelle vague. O CD é um songbook do compositor Serge Revzani, que escreveu várias trilhas para Truffaut e seus comparsas. Claro que está incluída a mítica “Le Tourbillon” (“elle avait des bagues en chaque doigt…”) que Jeanne Moreau cantava em “Jules e Jim”. Mas minha favorita mesmo é “Orly Minuit”, que pode ser baixada ici. E o turbilhão original pode ser conferido aí embaixo…

quarta-feira, 16 de julho de 2008

¡YA BASTA!

Sou só eu, ou tem mais alguém com o saco cheio de ver Ingrid Betancourt no noticiário todo dia, TODA HORA? "Ingrid Betancourt recebe medalha", "Ingrid Betancourt se encontra com Shakira" (qual o assunto entre elas? "La Tortura"?), "Ingrid Betancourt escova os dentes"... Chega, por favor. Eu confesso. Fui eu.

LÁ VÊM AS(OS) NOIVAS(OS)

O estado americano de Massachussets revogou uma lei de 1912 que determinava que pessoas de outros lugares só poderiam se casar lá se estes casamentos também fossem válidos em seus locais de origem. Massachussets foi um dos primeiros estados a liberar o casamento inter-racial (em alguns outros, isto só aconteceu nos anos 60!) e esta lei foi criada para não melindrar seus vizinhos racistas. O problema passou, a lei ficou - e, desde que Massachussets também aprovou o casamento gay, vinha sendo invocada para impedir que gays de fora do estado fossem para lá se casar. Só que, com medo de perder o negócio bilionário dos casórios biluzísticos - toalhas de tafetá! cachoeiras de Veuve Cliquot! shows do Village People! - para a distante Califórnia, Massachussets liberou geral. As autoridades esperam atrair muitos casais de Nova York, e assim reativar a economia local. Que parada do orgulho gay, que nada: não tem argumento melhor que o vil metal para convencer o mais empedernido dos homófobos. Money makes the world go around...

O CANDIDATO CAFÉ-COM-LEITE

Humoristas americanos têm reclamado da dificuldade de escrever piadas sobre Barack Obama. Qual seria o “gancho” dele? O de John McCain é o fato de ser velho. O de Bill Clinton, de ser galinha. O de Bush, de ser burro. E o de Obama é… de ser negro? No way! Nada que tenha a mais leve suspeita de racismo tem a menor chance. Também não se pode mexer com as raízes muçulmanas do candidato – vide o brouhaha internacional em torno da capa da “New Yorker” desta semana. Há muitas explicações para essa aparente sem-gracice. Obama ainda é desconhecido o suficiente para que alguma faceta sua, algum defeito inequívoco, possa virar alvo incontestável dos piadistas. Também pesa o fato de muita gente estar encantada com ele, e achar que qualquer gracinha é falta de respeito. Não, não é – nada nem ninguém está acima da capacidade do ser humano de ridicularizar o que quer que seja. Nem Fernanda Montenegro, nem Madre Teresa, nem mesmo Jesus Cristo (aliás, conheço algumas piadas ótimas com J.C.). Então menas, gente, menas: antes de atacar a “New Yorker”, vamos ver algumas outras capas feitas pelo mesmo cartunista, Barry Blit, e admitir que sobrou pra todo mundo (o cara levando uma paquera no banheiro é o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad). E se mesmo assim o pessoal continuar reclamando, fuck’em if they can’t take a joke.

terça-feira, 15 de julho de 2008

BLUE-EYED, DRESSED FOR EVERY SITUATION

Você sabe que está ficando velho quando faz dois posts sobre bandas dos anos 80 em menos de 48 horas. Mas como resistir a falar da caixa com a obra completa do Yazoo? “In Your Room” reúne os dois discos da dupla (“Upstairs at Eric’s” e “You and Me Both”), além de singles, remixes (incluindo trocentas versões de “Situation”, uma das pedras fundamentais do pop eletrônico) e um DVD com shows e clipes. O Yazoo (conhecido nos EUA como Yaz, por questões legais) foi um meteoro nas paradas de sucesso: formado por Vince Clark, que antes havia fundado o Depeche Mode, e Allison Moyet, uma gorducha de voz poderosa, trazia um som inédito para a época, mas durou só dois anos. Vince depois criou o Erasure com Andy Bell, tornando-se talvez o único músico da história presente em três bandas de enorme importância, e Allison desapareceu no vórtex espaço- tempo. Mas agora os dois fizeram as pazes e estão em turnê pelo Primeiro Mundo, promovendo a caixa e defendendo uns trocados. Alô, organizadores do Tim Festival, NokiaTrends, whatever? Oi?

BALANÇA MAS NÃO CAI

Minha amiga Marta Matui chegou de Caracas e me trouxe de presente algo que eu não tive coragem de comprar nas 10 vezes em que estive na Venezuela: um boneco inflável do Hugo Chávez. É no estilo "João Bobo", com a frase "El Intumbable" ("O Inderrubável") escrita na cintura. Sei não: a popularidade de Chávez está em queda livre, e ele anda pegando mais leve, de olho nas eleições municipais do final deste ano. Sou um anti-chavista incandescente, mas a verdade é que adorei o brinquedo: é um souvenir desta época, como foram as máscaras de carnaval de Tancredo Neves ou Saddam Hussein. Mas acho que teria gostado mais se fosse um boneco de vudu...

DOSSI DELEITE

Celso Dossi já escrevia pequenos contos baseados em notícias bizarras em seu blog Quarenta Graus Celsius. Enquanto isto, ele enchia a caixa-postal dos amigos com notinhas sobre os mais diversos assuntos. Publiquei algumas aqui, e o Carioca Virtual publicou muitas. Agora o Celso cansou de emprestar seu brilho para os outros e lançou um blog com seu próprio nome, uma verdadeira pororoca de posts - em apenas um dia e meio no ar, já são 14! Engraçado e elegante, Celso é mais uma escala na minha ronda diária. E mais um concorrente que vou ter que apunhalar pelas costas.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

iPOCALYPSE NOW

A Apple colocou o novo iPhone 3G à venda na última sexta-feira. No mesmo dia, ela permitiu que todos os proprietários do (já) velho modelo baixassem pela internet a atualização do novo aparelho. O resultado: um tilt gigantesco, com milhões de usuários novos e antigos se conectando ao site da empresa ao mesmo tempo - e ninguém conseguindo nada. Não é a primeira vez que a Apple, considerada tão marketing savvy, faz uma cagada monumental. Um exemplo recente foi o próprio lançamento do iPhone, que demorou a se expandir para outros países: um tiro no próprio pé, já que o gadget da moda foi largamente desbloqueado mundo afora. Veremos o que acontece quando o 3G chegar ao Brasil no segundo semestre.

WHOOPI-DU

Achei que tinha esgotado o assunto "Xanadu" quando a melhor-peça-que- vi-na-vida saiu de mãos abanando na última entrega dos prêmios Tony. Mas hoje surgiu uma novidade: de 29 de julho até 7 de setembro, Whoopi Goldberg fará parte do espetáculo. Não no papel que foi de Olivia Newton-John - sem querer ser politicamente incorreto, digamos que Whoopi não tem o physique du rôle - mas como uma das musas que atormentam a protagonista. Curioso uma estrela desse tamanho aceitar ser uma reles coadjuvante, num elenco onde mais ninguém é famoso. E se eu já tinha vontade de rever a peça, agora estou formigando por dentro.

PIPOCA EM 3D

Dezenas de filmes europeus em cartaz, e qual é o que meu marido Oscar faz questão de assistir? "Viagem ao Centro da Terra", claro, porque é estrelado por seu noivo imaginário Brendan Fraser. É um filme em 3D voltado para o público infantil, o que o torna menos cinema propriamente dito e mais um "ride" de parque de diversões. O ingresso caríssimo - 25 reais! - é "justificado" pelo aluguel dos óculos especiais. Um assalto, visto que o custo de fabricação desses óculos deve ser abaixo dos 5 reais. O roteiro é absolutamente pueril, com diálogos bobos e toda a sofisticação científica que um garoto de 7 anos possa entender. E as cenas de ação são decupadas demais, o que prejudica a sensação tri-dimensional. Mas desnecessário dizer que os efeitos visuais são bárbaros, com sustos a granel, e ainda tem uma piada antológica envolvendo um celular. Um filme-pipoca por definição: gostoso, pouco nutritivo e ligeiramente enjoativo.

domingo, 13 de julho de 2008

GODDESS ON A MOUNTAIN TOP

Quem lembra do Bananarama? Esse trio de garotas inglesas tinha um dos melhores nomes de todos os tempos, e fez muito sucesso nos anos 80. As músicas eram pura euforia, e os arranjos vocais inexistentes; todas cantavam em uníssono o tempo todo. Também não sabiam dançar, como o vídeo acima, "Venus", deixa claro: a coreografia é preguiçosa e elas são desajeitadas, mas parecem estar se divertindo muito. Agora no Chile comprei uma coletânea de remixes delas, e redescobri delícias que marcaram a minha vida, como "I Heard a Rumour". Viva as mulheres-banana!

sábado, 12 de julho de 2008

BRASIL BANDIDO

Sei que é um clichê dizer que brasileiro não gosta de leis, mas as últimas semanas têm sido pródigas em exemplos que confirmam o clichê. São Paulo era talvez a única grande cidade do mundo que permitia o livre tráfego de caminhões em suas ruas. Finalmente a prefeitura resolveu limitar a área e o horário desse tráfego, e lá veio uma passeata de caminhoneiros que parou a cidade, acompanhada por ameaças de aumento de preços de produtos em até 25%. A lei seca também vem provocando gritaria e liminares, apesar da queda confirmada em acidentes e vítmas nos dois fins de semana em que ela esteve em vigor. Agora vem o ministro Gilmar Mendes dizer que manter Daniel Dantas na cadeia geraria "descrédito" às instituições do país. Só se for descrédito nos bancos das Ilhas Cayman, né? O que o presidente do Supremo conseguiu foi provocar um motim no judiciário e reforçar a enorme suspeita de que a ordem para libertar Dantas veio da cúpula do governo, que se borra de medo do que o "bandiqueiro" (bandido + banqueiro) venha a dizer. Pois é, este outro clichê também é verdadeiro: no Brasil, a lei só vale para os pés-de-chinelo. Basta "um dos nossos" ir em cana, e explodem as reclamações contra a "espetacularização" das ações da PF e o uso "indiscriminado" de algemas (quem sabe se fossem confeccionadas em ouro branco, e assinadas por H. Stern?). E assim, mais uma vez, perdemos a opportunity de mudar nossa história.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

CINEMA A BORDO

Existe aquele tipo de filme que a gente precisa ver no cinema, no dia da estréia, se possível na sessão das duas. E existe aquele outro tipo que pode esperar. Essa categoria é dividida em várias subs, de interesse cada vez menor: filme de DVD, filme de TV a cabo, filme de avião, e aquele filme que você só vê se apontarem uma pistola para a sua cabeça. Nesta viagem para o Chile aproveitei para ver dois filmes que saíram há pouco tempo de cartaz, e não me convenceram a gastar meu rico dim-dim com ingresso, pipoca e estacionamento. Mas a bordo os dois funcionaram lindamente, pois meu nível de expectativa era zero. "Quebrando a Banca" tem uma premissa interessante - gênios em matemática usam seus talentos para ganhar nos cassinos de Las Vegas - mas o final é moralista e adolescente. E "Um Plano Brilhante" tem Demi Moore no seu melhor papel em mais de 10 anos. É aquele tipo de história "roubo impossível", com reviravoltas e supresinhas, mas de novo o final deixa a desejar. Tudo bem: a gente se distrai, e daqui a pouco estamos chegando. Ruim mesmo (já me aconteceu duas vezes) é quando o avião aterrissa antes do filme acabar...

PRA CASA AGORA EU VOU

Ser anão não é fácil. Imagine então o que é ser anão no México: a sociedade de lá consegue ser ainda mais preconceituosa que a daqui, e os "little people" locais não conseguem outro emprego a não ser no circo. Foi isto que gerou a tradição dos anões toureiros, agora registrados para a posteridade num livro da fotógrafa Livia Corona. Atualmente existem oito trupes do gênero em turnê permanente pelo México e pelo sul dos EUA, e elas fazem muito mais do que tourear: além de dublar o RBD (confira aqui), também acabam prestando um serviço social e levando dignidade para seus semelhantes em todo o país. E olha que tem até uns bonitinhos...