sexta-feira, 30 de novembro de 2007

CHEIA DE ENCANTOS MIL

Lembra do jogo de War? Aquele tabuleiro cheio de países com nomes bizarros, como Omsk e Dudinka, um exército tentando destruir o outro... Pois bem, o designer carioca Fábio Lopez teve uma idéia simplesmente genial: ele transplantou o jogo para a Cidade Maravilhosa. Agora os territórios disputados atendem por nomes de favelas como Rocinha ou Pavão Pavãozinho, e os exércitos vão do Comando Vermelho ao inzérrimo BOPE. O "War in Rio" está causando tamanho rebuliço que até o secretário de segurança do Rio de Janeiro já se manifestou (contra, é claro). Por causa da repercussão, Fábio Lopez decidiu que não irá vender o jogo (que pode ser visto em detalhes aqui). O que é uma pena: já pensou que arraso levar esse brinquedo para a White Party? Bindeez is sooo five minutes ago!

CANSEI DE SER INTELIGENTE

Gentem, que semana foi essa? Trabalho acachapante, clientes em fúria, duas idas ao dentista, resfriado, e ainda quebraram o vidro do meu carro (se bem que não roubaram nada e o seguro pagou, tralala). Mas agora estou no Rio, para aquela paradinha básica no box. Trivial variado: maridão, praia, amiguchos, cineminha, náite. Vou reforçar na balayage, porque semana que vem terei que ser inteligente en español.

MADREDEUSA

Teresa Salgueiro saiu do Madredeus. Essa bola vinha sendo cantada há pelo menos uns doze anos, quando ela e Pedro Ayres Magalhães, o líder do grupo, desmancharam namoro. Como dizem lá em Portugal, deve ser espeto trabalhar com o ex, ó pá. O fato é que, depois de uns primeiros discos giríssimos, o Madre andava monótono feito uma chalupa encalhada no Mar de Palha. Certa está Teresa, que quis abrir a relação e conhecer novos parceiros. Oiça lá, rapariga: haja o que houver, eu estou por ti.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

DA CABEÇA AOS PÉS

Este blog está virando um consultório fashion. Um leitor aflito me pergunta se pode ir à White Party by Rogério Figueiredo usando branco só na camisa, ou se deve ir todinho de branco - da tiara nos cabelos ao esmalte nas unhas do pé. Bom, vamos explicar o conceito de uma WHITE Party: é tudo branco, porra! Tem que usar camisa, camiseta (ou top, se você faz o gênero) brancos, mesmo se você for tirá-los. Também tem que usar calça, bermuda ou sunga brancas, mesmo se você for tirá-las. Só o quesito calçados é meio controverso, mas todo mundo tem um tênis ou uma havaiana branca, né não? Só não vale ficar com cara de médico (se bem que eu desconfio que a demanda por eles na festa será grande). Entendeu ou quer que eu desenhe?

O INFERNO VISTO POR DENTRO

No post aí embaixo eu falei de uma amiga que se hospedou no hotel Óscar em Madrid e odiou. Pois bem: ela própria mandou um comentário cheio de detalhes, que eu reproduzo aqui para você, que não lê comentários. Com a palavra, Marta Matui:

Minha estadia no Oscar foi um inferno mesmo.
Detestei.
Destestei a decoração anos 70.
Detestei a iluminação de boate.
Detestei os homens nus gigantes colados na parede do guarda-roupa.
Na sua imaginação tinha "homens lindos" mas não era bem assim. E mesmo que fosse... homens lindos só agradam a homens. Mulheres não se ligam se o homem é "lindo". Mas eram casais gays. E tinha gordo com gordo, magro com gordo, velho com velho, velho com jovem-claramente-interessado-em-dinheiro.
Tinha casais onde os dois pareciam felizes juntos. Nem vi se eram lindos...
Mas o que era deprimente era a coisa design. O irritante abajour desenhado no espelho. Eu acendia e a luz era roxa. Ou seja: não dava pra ler um caralho!!!! Eu tinha que acender a luz do banheiro e deitar ao contrário para poder ver alguma coisa do meu livro.
A recepção um dia tinha luz rosa, outro dia era roxa. O mesmo com a sala de desyuno, já experimentou desayunar em uma boate por 20 dias?
O cara da recepção se descompensava quando a gente reclamava de qualquer coisa, tipo o fato do meu cofre ter ficado 4 dias quebrado e eu andando na rua com todos os euros que eu tinha na bolsa. Ele virava uma "mulherzinha-a-beira-de-um-ataquezinho-de-nervinhos", que é a coisa mais irritante do mundo.
Eu já não gosto de mulher, imagina uma mulher elevada ao cubo!?!?!?! Ninguem merece...
Tenho muitos amigos gays mas tem um tipo de gay que eu não suporto.
E esse tipo infesta um bairro de Madri chamado Chueca. E nesse bairro tem um hotel insuportável chamado Oscar.

Marta


Esse texto só comprova a minha teoria: como é difícil agradar às mulheres! Um hotel design a 100 euros por noite, no bairro mais tuuuudo de Madrid, e ela ainda acha ruim?? Ah, tem dó! Vai ver que ela prefere a rede Melliá, com suas paredes pintadas de ouro. Depois não sabem por quê tem tanto gay no mundo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

UMA TEMPORADA NO INFERNO

Uma amiga minha foi trabalhar em Madrid e ficou três semanas hospedada no hotel Óscar, que faz a linha “straight-friendly” – ou seja, lá todo mundo é gay, dos funcionários aos hóspedes. Menos a minha amiga. No começo ela diz que foi até engraçado tomar café da manhã num salão preto e roxo, e que se sentia num filme de Almodóvar. Mas depois de uns dias ela começou a se irritar: o staff, totalmente “drama queen”, transformava qualquer pedido numa telenovela, e o excesso de homens bonitos porem não-namoráveis deixou a coitada feito um cachorro olhando para frangos de padaria. Pois é, Deus dá nozes a quem não tem dentes… O Room Mate Óscar (nada a ver com meu marido, cujo nome é oxítono) fica no bairro babadex de Chueca, e pode ser visto em detalhes aqui.

CALOR QUE PROVOCA ARREPIO

O número 2 da revista “Junior”, que sai esta semana (será?), traz um ensaio do Fernando Torquatto inspirado no trabalho do Alair Gomes, que fotograva garotos nas praias do Rio entre os anos 60 e 80. A idéia era melhor que o resultado: as fotos da “Junior” ficaram bonitas, sem dúvida, e algumas podem ser vistas no Radar X. Mas parecem posadas, com os modelos totalmente “self-conscious” que são bonitos e gostosos. Não capturaram o sabor espontâneo e furtivo que o Alair conseguia. Seus meninos, banhistas anônimos como esse aí em cima, nem desconfiavam (será?) que eram objetos de desejo.

CHAMANDO O SUPER-JESUS

Semana que vem vou para uma cidade onde, sempre que a coisa aperta - ou seja, todo santo dia - eles projetam este sinal no céu, clamando pela ajuda divina. Vou dar uma de Zeca Camargo e lançar o desafio: alguém aí sabe onde fica? Não, não é Gotham City. Escondi uma dica no texto...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

BRODYLICIOUS

Sempre achei o Adrien Brody meio esquisito, principalmente por causa daquele nariz em diagonal. Mas tive que me render depois de ver “Viagem a Darjeeling”. Tem uma cena onde ele faz a barba sem camisa que é simplesmente de uivar. E o filme ainda tem outras qualidades, como um roteiro pouco convencional, lindas paisagens indianas e a Natalie Portman pelada (se bem que magra demais). Até que enfim o diretor Wes Anderson acertou a mão. E eu finalmente entendi por que é que o Brody é modelo da Calvin Klein (suspiro).

SARAU LITERÁRIO

Ontem Oscar e eu fizemos um programa diferente da jogação habitual. Nossa vizinha de prédio e coleguinha blogueira Lúcia Lamberti nos convidou para escoltá-la no lançamento da Biblioteca Borges, no SESC Consolação. A obra do escritor mais portenho de todos está sendo re-traduzida e re-publicada pela Companhia das Letras, e o evento foi um verdadeiro sarau. Teve leitura de poemas e contos, showzinho de tango e a presença incrivelmente forte da Maria Kodama, a Yoko Ono da Argentina. Como eu sempre digo: bota, Jorge.

OPERAÇÃO MÃOS LIMPAS

Muito espertinho esse Squid Soap, um sabonete líquido infantil recém-lançado nos Estados Unidos. Primeiro ele mancha a mão da criança com uma marquinha de tinta laranja. Depois, para a marca sair, a criança precisa lavar bem as mãos durante uns 20 segundos. Esse produto educativo já faz sucesso por lá, e acho que também faria por aqui. Só teriam que trocar o nome: "Sabonete Lula" não inspira muita confiança.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

BATE CABELÓN

Os blogs do Marcelo e do Rody já deram, mas como diz a Lindinalva, quem faz questão de dar primeiro é a mais passiva de todas. Então, para contrabalançar os dois posts barra pesada aí de baixo, com vocês... Gloria Trevi! A diva bandida está de volta com uma música que parece a versão trash/latina (pleonasmo?) de "I Will Survive", e um clip cheio de pride e montação. Meus colegas blogueiros têm razão: por que será que nenhuma cantora brasileira investe na mina de ouro que é o mercado maricón? Não, Ammanda não vale.

ESTARIA A BOLÍVIA INDO (AINDA MAIS) PARA O CARALHO?

A Bolívia é o saco de pancadas da América do Sul. No século 19, o Chile lhe tomou todo o litoral. Mais tarde, o Brasil invadiu / comprou o território do Acre. E até o Paraguai lhe arrancou um pedaço considerável, na esquecida Guerra do Chaco dos anos 30. Agora os bolivianos estão apanhando de si mesmos: o país ameaça se partir em dois, com o oeste andino e pobre indo para um lado, e o leste plano e (um pouco mais) rico indo para o outro. Para complicar as coisas ainda mais, as imensas reservas de gás estão quase todas do lado leste. Pode até estourar uma guerra civil, e isto num país com o qual temos nossa mais longa fronteira. Tudo por obra e graça de Evo Morales e seu patrocinador, o onpresente Hugo Chávez.

CONCURSO DE BARBARIDADES

Qual a diferença entre o Brasil e a Arábia Saudita? Na Arábia, uma moça estuprada por sete homens foi condenada a seis meses de prisão e 200 chibatadas. Isso mesmo, condenada: a alegação é que ela deu mole, ou seja, foi se encontrar num shopping com um homem que não era de sua família. No Brasil, uma menina de 15 anos, acusada de roubar um celular, passou 21 dias numa cela com mais 20 homens, onde foi violentada e torturada sem parar. A diferença é que na Arábia, onde os relógios ainda marcam o século IX, a moça foi julgada por homens, dentro de um arcabouço legal arcaico, patriarcal e, sim, bárbaro. Aqui no Brasil a menina nem foi julgada, mas teve seu martírio chancelado por uma delegada, uma juíza e, indiretamente, pela governadora do Pará – a inacreditável Ana Júlia Carepa, séria candidata a pior governante do país. Ou seja: com mulheres assim, quem precisa de um sistema machista como o árabe?

domingo, 25 de novembro de 2007

TILILIM TILILIM TILILIM, ALGUÉM LIGOU PRA MIM

Você já viu o novo celular da Lindinalva? Ela deve ter tirado pelo carnê do Baú, ou então foi presente de algum bofe com bons contatos lá no Shopping Luz. O fato é que eu fiquei ocre de inveja, mas também estou transbordando de orgulho. Adivinha qual blog ela vai lendo no busum, entre uma faxina e outra? Vão tomar no cu, suas viadas!

sábado, 24 de novembro de 2007

MIRANDA! PARA O TOOTSIE

Um leitor e comentarista assíduo que se identifica como Tootsie me pergunta sobre o Miranda!, a banda argentina mais bacana de todos os tempos. Soy loco por eles desde o primeiro CD. O quarto e mais recente, "El Disco de Tu Corazón", é uma verdadeira obra-prima pop, todas as faixas são boas. Já tinha comentado em junho, na época do lançamento (clique aqui), mas agora o pretexto para falar outra vez deles é o clip da música "Perfecta". Curioso que no disco quem canta com eles é a mexicana Julieta Venegas, mas no vídeo aparece mesmo a Juliana, que faz parte do grupo. Os discos do Miranda! são impossíveis de se comprar no Brasil - por aqui, música latina é sinônimo de Shakira, Ricky Martin e olhe lá. Mas, Tootsie, me manda seu e-mail que eu te explico como você pode conseguir...

PISTA COM GROOVING

Fomos conferir na Flexx a última apresentação conjunta da maior dupla de DJs espanhóis cujos nomes começam com C, vulgo Chus & Ceballos. Olha, os caras realmente mandam muito bem. Mas para mim a estrela da noite foi mesmo a recém-inaugurada pista 2, onde rolava a festinha de despedida (de 2007, volta em janeiro) da peça "Os Produtores". Com bar, banheiro e lounge próprios, a nova pista é praticamente uma outra boate, e um tremendo upgrade para a Flexx. Fora que estava tocando o que eu acho que deve ser um som de pistinha: mais leve e desencanado, uma alternativa ao tribalzão da pista principal. Voltaremos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

PRONUNCIAMENTO À NAÇÃO

Dezenas de leitores - OK, OK, uns dois ou três - estão implorando que eu me manifeste sobre "Telebambis", o vencedor do Show do Gongo do Mix Brasil aqui em SP. Bom, se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, digo ao povo que sim, ADOREI o vídeo. What's not to love? "Telebambis" é de uma grossura ímpar, e toda biba que se preza - mesmo as mais pheeenas - é chegada numa coisa bem grossa. Eu não estava na platéia do show, mas recebi trocentos e-mails sobre o assunto. Aliás, acho que não foram forças ocultas que tiraram o vídeo do YouTube, e sim aquela regra anti-porno que eles têm por lá. Além do mais, ele continua disponível no Daily Motion e no próprio Mix Brasil. Pensando bem, o grande chochado de "Telebambis" não é nenhum empresário da noite: somos todos nós, que nos achamos tão modernos. Eu me identifiquei mais com a Xaroline, por causa da bolsa Gucci (óbvio). E você, com qual "Telebambi" se encaixa melhor?

AMOR, UM PALAVRÃO

Vou para o festival Mix Brasil com muito menos informação sobre os filmes do que na Mostra de SP. Por isto, a probabilidade de erro é sempre muito grande. Mas todo ano acerto na mosca pelo menos uma vez. Em 2005 foi com "Hellbent"; no ano passado, com "Boy Culture". E ontem foi com "A de Amor", que, como os outros, é uma comédia sobre gays contemporâneos em uma grande cidade americana (nesta categoria também se enquadra o explícito e sensacional "Shortbus", que passou na Mostra e no Festival do Rio). O título original é "A Four Letter Word": a tradução literal seria "um palavrão". Mas a palavra de quatro letras em questão é o amor, essa commodity tão fugidia no nosso mundinho. "A de Amor" tem um roteiro engraçadíssimo e homens leeendos, e rende até uma discussão mais séria pós-cineminha. Para saber mais, visite o ótimo site do filme. E se o Mix ainda vai passar pela sua cidade, ponha já na sua agenda.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

É DURA A VIDA DE MODELO-E-ATOR

Já ia esquecendo: sabe quem eu vi hoje à tarde, no tal do evento da HDTV? O Alexande Albertoni, capa da "G Magazine" deste mês. Logo na entrada, de terno e gravata, mudo feito uma foto. Tudo o que ele fazia era embelezar o ambiente. Não é fácil, hein? Você posa de neca entumescida (que, pelo consenso geral, é bem so so) achando que vão chover convites, de padrinho de micareta a protagonista de novela na Record - e tudo o que pinta é um reles bico de recepcionista. Como cantava Ângela Maria: "Quem descerrar a cortina / da vida da bailarina..."

PERUS EM BRASA

Hoje é Thanksgiving, ou Dia de Ação de Graças: aquele feriado americano onde eles agradecem a Deus por ter massacrado os índios, e reúnem a família para se empapuçar de peru com "cranberry sauce". Por aqui o Bradesco (que é um banco de origem protestante) bem que tentou implantar a moda há muitos anos atrás, mas não pegou. Isso não impede ninguém de comemorar comme il faut: enchendo a cara de peru, enfiando o peru na boca, botando o peru pra dentro... Céus, que barulho é esse? É o nível do blog caindo!

NÃO COMPRE CONVERSOR AMANHÃ

Fui a um evento da Rede Globo onde foi apresentada a HDTV, ou TV em alta definição. E minha primeira impressão foi... não mudou muita coisa. A imagem é ótima, claro, mas não me pareceu sensivelmente melhor do que a que eu já tenho em casa (que vem por TV a cabo digital). Por isto, não fiquei desesperado para comprar logo um conversor: no começo eles vão custar caro, e as primeiras transmissões (que começam aqui em SP no dia 2/12) não irão permitir nem a interatividade nem a mobilidade, que são dois dos maiores atrativos da nova tecnologia. Aliás, alguém reparou como o preço das TVs de plasma e LCD despencou nos últimos meses? É que os fabricantes querem desovar seus estoques, antes que cheguem ao mercado os aparelhos HDTV-positivos (nenhum modelo já disponível está "pronto"). Então corre pro Ponto Frio, bee!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

EM BUSCA DO PLANETA PERDIDO

Há milhões de anos atrás, em uma galáxia muito distante, havia um jornaleco chamado "O Planeta Diário". O Brasil estava prestes a se livrar da ditadura militar, e se lambuzava na recém-redescoberta liberdade de imprensa. O "Planeta" foi para a minha geração o que o "Pasquim" fôra para a anterior: deboche, frouxos de riso, desacato à autoridade. Por isto quase tive uma palpitação ao encontrar numa livraria a edição de luxo com os melhores momentos. Revi piadas que estão pirogravadas no meu coração há mais de vinte anos... Mas também me decepcionei um teco, assim como com o DVD da "TV Pirata". Os tempos eram outros, eu que era mais jovem ou não era mesmo tão engraçado assim?

Ô CRIOULA DIFÍCIL

Ontem, Dia da Consciência Negra, estava eu no Cafeína - um similar carioca do paulistano Fran's Café - quando me dei conta que todas as garçonetes do lugar eram brancas. Nenhuma negra à vista, nenhuma parda ou mulata, nada. E isto em pleno Rio de Janeiro, a cidade que originou esse feriado, e onde a Escrava Anastácia tem busto em praça pública. A nossa desigualdade é tão cruel que podemos nos dar ao luxo de empregar brancos - perdão, pessoas de boa aparência - mesmo nos empregos mais humildes. Uma piada antiga explicava a diferença entre o Brasil e a África do Sul: lá, quando se ia a um restaurante, os clientes eram brancos e os garçons, negros. Aqui, os clientes são brancos, e os garçons também. O apartheid de lá acabou, mas por aqui ele ainda não foi gongado.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A INCRÍVEL FÁBRICA DE SONHOS

Pessoal tão reclamando (adoooro essa conjugação) que o meu blog anda muito pheeno e politizado. Pois então eu vou mandar ocêis tudo pro mesmo lugar onde está indo a Bélgica, ou seja, pra casa do caralho. Espia só esse vídeo aí no alto, que está circulando pela internet desde o começo do ano - mas eu, retardado que sou, só descobri ontem. É um sketch de um humorístico da TV portuguesa, mas também é a pura verdade. E aí, bateu aquela vontade louca?

ENTREGAS PELO SISTEMA DELIVERY

Um leitor me sugeriu fazer um post entregando os atores gays, lésbicas e simpatizantes. De fato, conheço muita gente e sei de muitas histórias, algumas delas realmente surpreendentes. Mas não vou dedar sem justa causa: acho que só os hipócritas merecem ser “outed”, sempre em prol de um bem maior (a-hã). Acontece que tenho amigos no meio artístico que simplesmente não podem se assumir publicamente, porque seria o fim de suas carreiras. Mas prometo que de vez em quando deixo escapar uma fofoquinha, só para manter a minha fama de mau.

PIAF DE CALÇAS

Agora que Edith Piaf voltou à moda, por quê será que não fazem um filme sobre seu equivalente masculino, Charles Trenet? Ele foi o rei da “chanson française” por mais de meio século, e lançou clássicos como “La Mer” e “Que Reste-t’il de Nos Amours?” (quem não estiver ligando o nome à pessoa, é só dar um clic aí em cima). Só que a vida dele não daria bom cinema, porque foi uma alegria do começo ao fim. Ao contrario da “Môme”, Trenet morreu velhinho, com quase 90 anos, cantando, compondo e gravando até o fim. Acabei de comprar seu disco póstumo, “Je n’irais pas à Notre-Dame”, lançado seis anos depois de sua morte. Tirando a excelente qualidade de gravação, poderia ter sido feito nos anos 30, ou seja, é uma “délice”. Ah, e desmentindo o post acima, não resisto ao “potin”: sim, tudo indica que Trenet era mesmo “pédé”.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

ESTARIA A BÉLGICA INDO PARA O CARALHO?

A Bélgica é um país artificial. Foi criada no final das guerras napoleônicas como um estado-tampão entre a França e a Alemanha, juntando dois povos que tinham pouco a ver um com o outro. Agora esses povos estão discutindo a relação. A eleição de junho acabou num impasse, e o país está sem governo desde então. Acontece que a Bélgica é tão civilizada que tudo continua funcionando: trens saem na hora, cartas são entregues, etc., o que só reforça minha tese que os políticos são todos umas merdas.
Um movimento separatista tomou força: os flamengos do norte ameaçam proclamar a independência ou então se juntar à Holanda, enquanto que os valões do sul seriam facilmente absorvidos pela França. Bruxelas, que é tremendamente misturada e sede da União Européia, poderia se tornar uma cidade-estado independente, à la Singapura. Uma curiosidade: seria o único país europeu com maioria muçulmana… Resta saber o que aconteceria com o Tintin, a maior contribuição da Bélgica para o mundo.

MEMÓRIAS DE MINHAS BELAS TRISTES

O tradutor iraniano até que tomou um certo cuidado: traduziu “putas” por “belas”. O estratagema deu certo por três semanas, e o livro de Gabriel García Márquez se tornou um best-seller no país. Mas aí alguma das bestas-feras do governo, daquelas poucas que sabem ler, se inteirou que o livro fala mesmo é de putas, coisa que o regime islamo-fascista do Irã proíbe terminantemente, e vetou uma segunda edição da obra. Que agora vai bombar no mercado negro, como acontece por lá com tudo que é imoral, ilegal ou engorda.

O curioso é que o livro de García Márquez é extraordinariamente machista e patriarcal, duas coisas que os aiatolás adoram. Ele conta a história de um velho de 90 anos que se encanta por uma prostituta de 14, e o mundo inteiro teceu loas: “que lição de vida, que exemplo, quanta poesia”. Agora imaginem se fosse uma mulher da mesma idade, ou mesmo um gay, sonhando em dar uma última bimbada: “indecente”, “decadente”, “revoltante”. Sem falar que o livro praticamente exalta a exploração sexual de crianças. Gabriel García Marquez bem que merecia uns sopapos, mas não da censura iraniana.

(Na foto aí de cima ele havia acabado de apanhar do Mario Vargas Llosa, na disputa por uma mesma mulher. Márquez está rindo na foto, mas nunca mais falou com Llosa).

domingo, 18 de novembro de 2007

ESPELHO MÁGICO

O documentário "Jogo de Cena" mistura depoimentos verdadeiros com atrizes interpretando esses mesmos depoimentos, Às vezes é fácil descobrir quem é quem, quando as atrizes são famosas como Marília Pêra, Fernanda Torres ou Andréa Beltrão. Outras não: as atrizes desconhecidas realmente embaralham a barreira entre realidade e ficção, e eu saí do cinema me perguntando o que foi exatamente que eu vi. E provavelmente era essa mesma a intenção do diretor Eduardo Coutinho. Danadinho.

CHAVE DE CADEIA

Bem que eu tentei me interessar pela primeira temporada do seriado "Mandrake", na HBO. Assisti os episódios numas de prestigiar a produção nacional, afinal está se abrindo um novo mercado de trabalho, nhénhénhé. Mas não curti: apesar do pedigree chiquérrimo (Rubem Fonseca, Conspiração), "Mandrake" é de um ridículo atroz. Não passa uma fantasia hétero bem basicona: o camarada que resolve crimes e come muitas mulheres. Teve até um capítulo sobre o que seria o "submundo gay" que era um festival de desinformação e preconceito. Hoje começa a segunda temporada: não, obrigado. Vou ficar vendo "Brazil's Next Top Model".

sábado, 17 de novembro de 2007

EU COMI RODOLFO BOTTINO

Paula Creppon tinha um problema (parece até post do Celso Dossi): seis quilos de cherne e doze de cavaquinha. Who're you gonna call? Ghostbusters! Não, se você for uma carioca descolada, você chama mesmo é o Rodolfo Bottino, ex-ator global e atual chef especialmente convidado. O resultado foi um almoço para 16 pessoas perfeito do começo ao fim: dos rissoles de camarão do Pavão Azul, o boteco vencedor do Prêmio Globo de Gastronomia, até a sobremesa com sorvetes e "macarons". Depois café, cigarro e um beijo de uma mulata chamada Leonor. Ou Dagmar!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

LOVE OF MY LIFE

Fiquei um tempão examinando o CD "Queen Rocks Montreal" na loja. Repassava a lista de músicas: "We Will Rock You", "Somebody to Love", "Bohemian Rhapsody"... as mesmas de sempre. Respirei fundo e decidi: vou comprar, afinal sou vassalo do Queen desde 1974. Em termos musicais, é de fato o grande amor da minha vida. Mas não agüento mais esses discos póstumos ao vivo, com pequenas variações do que é basicamente o mesmo show. Porque não lançam nada do começo da carreira deles, quando Zandra Rhodes vestia a banda e Freddie Mercury ainda não tinha bigode? Respirei fundo outra vez e devolvi o disco para a prateleira. You don't fool me.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

QUAND IL ME PREND DANS SES BRAS

Nada como uma estrela de verdade para cantar os parabéns pra você. Há muitos anos atrás, na casa da Ana Maria Tornaghi, vi a Liza Minnelli puxando um coro de pique-pique para o Francis Hime. Ontem foi a vez do Renato Fernandes, numa festinha em seu apartamento de Copacabana: as paredes cobertas de retratos de divas, e algumas divas em carne, osso e glitter circulando entre as dezenas de "confirmed bachelors". A maior de todas, em vários sentidos, era Jane Di Castro, que na hora de apagar as velinhas brindou o aniversariante com uma versão personalíssima de "La Vie en Rose". Antes disto a divina Jane compartilhou conosco alguns causos de seu imenso passado, como o do anão que era desproporcional (you do the math). Il me dit des mots d'amour, des mots de tous les jours...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

NO MORE DRAMA IN MY LIFE

Mary J. Blige sempre foi muito densa, muuuito intensa. Suas interpretações over-the-top lhe valeram uma baciada de Grammys, mas confesso que tanta sofreguidão me cansa um pouco. Agora parece que ela resolveu relaxar e gozar: afinal, a vida não está tão mal assim, ainda mais depois de tanto sucesso. O novo disco dela está mais serelepe do que de costume, como o single "Just Fine" sugere.

Outro que resolveu pegar leve é o chato do Seal, que chamou ninguém menos que Stuart Price, a/k/a Jacques LuCont (produtor do "Confessions" da Madonna) para produzir o álbum "System". Ainda não existe um clip oficial da faixa "Amazing", mas ela pode ser ouvida aqui.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

DESEMBAINHANDO AS ESPADAS

Eu estava na platéia do primeiríssimo festival Mix Brasil, em 1993. Éramos menos de 100 pessoas num restaurante em Ipanema, assistindo filmes numa tela improvisada. De repente apareceu um cinegrafista da TV Manchete e tentou filmar a platéia. Quase foi escorraçado. Todo mundo estava dentro do armário, ninguém queria aparecer em rede nacional - ainda mais num evento de viados. Quinze anos depois, quanta diferença... Ser gay é in, é chic, é normal, pelo menos nas maiores cidades do Brasil. E o trabalho do André Fischer e da Suzy Capó tem muitíssimo a ver com isso. Hoje começa mais uma edição do festival, e lá vou eu pra mais uma festinha. Temos muito o que comemorar.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

BEM NA FOTO

Amanhã abre aqui em São Paulo mais uma edição da Coleção Pirelli/MASP, um panorama da fotografia brasileira contemporânea que se amplia todos os anos. Dessa vez vai ter obras de 14 fotógrafos, do naipe de João Wainer, Ricardo Van Steen e Andreas Heiniger. Eu vou na abertura porque adoro tomar vinho quente grátis em copo de plástico, mas a exposição fica em cartaz até 20 de janeiro. Para ter uma idéia do que esperar, visite as edições antigas aqui neste site. Pirelli é mais que pneu.

JUST SAY NO, NO, NO, NO

Por quê será que a mídia cai de pau em cima da Britney Spears, mas deixa relativamente barato para a Amy Winehouse? Talvez porque Nonô tenha dois filhos que dependem dela, o que La Wino felizmente não tem. Meu irmão Zico é diretor da MTV e esteve em Munique na semana passada para os EMA, European Music Awards. Ele me contou que a Amy precisa andar amparada nos bastidores, senão é capaz de cair de boca no chão e perder outro dente. Dá pra ver na sua performance que ela andou brincando com Bindeez.

A NÃO-BIENAL

A Bienal de São Paulo já foi uma das três mais importantes do mundo, ao lado da de Veneza e da Documenta de Kassel. Isso apesar da administração freqüentemente caótica, com brigas de ego e contas que nunca fecham. Mas dessa vez a bagunça foi longe demais: a edição do ano passado não conseguiu sequer editar um catálogo com as obras, e a atual diretoria está sendo acusada de nepotismo e desvio de verbas. Agora o curador Ivo Mesquita propõe um formato extraordinário para o ano que vem: simplesmente uma Bienal sem obras, um andar inteiro vazio, com o vento uivando lá fora. Incrível como peça conceitual (parece até coisa da Yoko Ono) e protesto politico, mas um desastre em termos mercadológicos e até turísticos. Que patrocinador vai enterrar dinheiro num projeto desses? Melhor adiar por um ano, como já foi feito no passado, e botar a casa em ordem. Uma Bienal literalmente vazia é um monumento à nossa própria incompetência.

domingo, 11 de novembro de 2007

COM QUE ROUPA EU VOU?

Sheila amiga, tô tão sem roupa... Ainda mais roupa branca, que é o "dress code" obrigatório para a festa do Rogério Figueiredo. Os convites já estão circulando, mas o melhor mesmo é o press release. Adorei "conceito open bar", parece tucanês para "boca livre". Lá também diz que vai ter show de drags, show de cantora, show de bateria de escola de samba... Só não fala do tal do elefante branco criticado pela Lindinalva. Será que ela recebeu um presse release mais VIP que o meu? E o tal do brinquedo que todo mundo tem que levar? Não resisto à piada óbvia: pode levar Bindeez?

sábado, 10 de novembro de 2007

¿POR QUÉ NO TE CALLAS?


O primeiro-ministro espanhol José Zapatero já era meu ídolo, por ser favorável ao casamento gay, contrário os resquícios de franquismo e ainda dar um bom caldo. Now I want to have his baby. Olha só a aula de civilização e democracia que ele dá ao brutamontes do Hugo Chávez, que acha normal chamar de fascista qualquer pessoa que não lhe puxe o saco (no caso, o ex-premiê José María Aznar, inimigo número um de Zapatero). Chávez ainda levou um sabão de S.M. el rey Juan Carlos, que sabe o que é um fascista de verdade. O quase-ditador da Venezuela teve que enfiar o rabo entre as pernas e ficar com cara de "ah é, é?". Bem-feito, bem-feito, nã-nã-nã-nããã.

O MARQUÊS DE RABICÓ

Vivendo e aprendendo. Apesar da minha vasta experiência "enquanto" pederasta, nunca tinha ouvido falar da tal da dieta do alface. Negócio seguinte: diz que, a partir de sexta-feira, as passivas mais aguerridas só se alimentam de alface, a mor de não formar, digamos, bolo alimentar. Assim elas podem fornecer o rabicó durante todo o fim de semana sem o risco de um movimento brusco no mercado financeiro (vulgo passar cheque). Uma boa dica pra quem ostenta o título de marquês: esta é uma dieta pra lá de light, mas que deixa você totalmente preenchido.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

ARE YOU READY, BOOTS?

Ufa. Achei que a semana não ia acabar nunca. Muito trabalho, muita reunião, muito engarrafamento. Mas acabou, e até antes do previsto: às seis e pouco terminei tudo o que tinha pra fazer, e agora estou fazendo hora aqui no trampo. O fim de semana promete: tem festinha, tem festona, tem até amigo estreando cachorrinho novo (atenção, eu disse cachorrinho e não gatinho). Pra ir entrando no clima, nada como visitar o site do DJ Guto Rodrigues e baixar dois novos sets, um de house e outro de tribal. Ou então ver o clip clássico da Nancy Sinatra, onde ela está tão sem graça como a Mãe Loura, mas com muito mais laquê no cabelón. E lá vou eu pra casa: are you ready, boots? Start walking!

O ACESSÓRIO DO ANO

Ao lado do iPhone e do DVD pirata de “Tropa de Elite”, o brinquedo Bindeez acaba de se tornar um dos objetos “must-have” de 2007. Alguém sabe onde tem pra vender?? Não, seu guarda, não é para consumo próprio: não vou nem tirar da caixa. É só para deixar meus amiguinhos se mordendo de inveja.

AH, SWEET MYSTERY OF LIFE

A coisa tá preta no Paquistão. A coisa tá preta na Venezuela. A coisa tá preta (literalmente) no campo Tupi, a imensa reserva de petróleo descoberta na bacia de Santos. Mas na Broadway as luzes continuam brilhando: apesar das muitas críticas negativas, o musical "Young Frankenstein" já vendeu mais de 40 milhões de dólares em ingressos antecipados (zuzo bem que os mais caros custam - gasp - 450). E pra lá iria se lá estivesse, ainda mais com as divinas Andrea Martin (do "Casamento Grego") no papel da Frau Blücher (heeeheeeh) e Megan Mullally (a imortal Karen do "Will & Grace") como a socialite Elizabeth. Quem viu o filme não se esquece da cena final, quando ela transa com o monstro e finalmente descobre o doce mistério da vida.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

"PASSADO" NA MANTEIGA

Fui para o cinema pronto para detestar "O Passado". Eu sou assim: me obrigo a ver filmes "importantes", mesmo achando que não vou gostar. E este eu tinha certeza que ia odiar, afinal todo mundo falou mal. Ando até implicando com o Babenco, porque ele implicou com "Tropa de Elite". Pois bem: não é que eu gostei? Apesar de co-produzida com o Brasil e estrelada por um mexicano, "O Passado" é uma obra profundamente argentina. Só mesmo os portenhos para serem tão encucados: por aqui, os problemas de Rimini com sua ex seriam resolvidos com uns tabefes e pronto. A história evolui numa espiral de loucura e dependência que beira o inverossímil, mas o fato é que se trata de bom cinema. Bons atores, boa trilha, boa montagem, boa direção. Voltei passado pra casa.

A BESTA DO APOCALIPSE

O "reverendo" (pras nêgas dele) Pat Robertson anunciou ontem seu apoio à candidatura de Rudolph Giuliani à presidência dos Estados Unidos. Robertson é um troglodita: entre outras barbaridades, disse que a Disney World provocava a ira de Deus ao promover seus famosos "gay days", se arriscando a sofrer ataques terroristas, terremotos, furacões e até mesmo a queda de um meteoro. Giuliani tem posições beeem mais liberais: já se casou (e divorciou) três vezes, e é a favor do aborto e do casamento gay. O que fez o religioso se aproximar do ex-prefeito de Nova York? Simples. Rudy é o favorito à indicação republicana, e o único capaz de fazer frente a Hillary Clinton. Entre o apego ao pudê e seus princípios sagrados, gentalha como Robertson nunca tem a menor dúvida.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

TUDO AO MESMO TEMPO AGORA

O que você faria com um sexozinho a mais? Essa questão é colocada (de forma bem mais sutil) pelo filme argentino "XXY". Alex nasceu com piu-piu e perereca. Antigamente, esse problema era resolvido ainda na maternidade: eliminava-se um dos órgãos (ui), e a criança deixava de ser hermafrodita. O problema é que, muitas vezes, ao despontar a puberdade, alguém que fôra criado como menina subitamente se descobria menino - e agora?? Hoje em dia os pais mudernos fazem como os de Alex: deixam que o próprio filho escolha, quando crescer. Acontece que Alex não quer escolher, quer ficar com os dois. Alex toma hormônios para não deixar a barba crescer e tem peitinhos. Todo mundo acha que se trata de uma menina, mas ele/a prefere manter as opções (hmm...) em aberto. Sua primeira trepada foi algo insólita: ao se deitar com um amiguinho, Alex virou o garoto de bruços e lhe perfurou o rabicó (aliás, o garoto a-do-rou). Saímos do cinema em acalorada discussão. "Ter os dois sexos ao mesmo tempo é o ideal da perfeição!" OK, mas será que a sociedade está pronta para alguém que não apenas seja, mas exerça os dois sexos ao mesmo tempo?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

IFIX TCEN TCEN

Imagine o que era ser um adolescente “horny” no Brasil dos anos 70, com medo de tudo e sem acesso a nada. Naquela época não tinha internet, parada gay, “G Magazine”, The Week, néris de pitibiriba. Pra dar uma idéia, a “Playboy” só mostrava os peitos das modelos, e mesmo assim eles eram aerografados. Qual não foi minha euforia quando um amigo trouxe da Itália um exemplar da fotonovela “Supersex”: achei que tinha morrido e ido pro céu. Supersex era um agente secreto extra-terrestre (!) “interpretado” pelo ator pornô Gabriel Pontello, que resolvia crimes mirabolantes e ainda comia – MESMO – todas as mulheres, graças ao “fluido sexual” que emanava de seu olhar e as deixava enloquecidas. Tudo sem camisinha, em preto-e-branco e com impagáveis “balloons” em italiano (“mi sborro!”, “goda, cagnaccia!”). Sem falar nas palavras na língua de seu planeta que o herói urrava quando atingia o ápice… Mais tarde surgiu uma versão a cores, e uma sensacional variante “finocchio”, “Golden Gay”, onde um par de detetives traçava tudo o que vinha pela frente – inclusive um ao outro. Essas revistas deixaram de ser produzidas nos anos 80, mas podem ser conferidas aqui (é preciso se inscrever e criar uma senha). Ah, que saudades que eu tenho da aurora da minha vida…

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

JE T'AIME MOI NON PLUS

A "Vanity Fair" deste mês traz uma matéria "épatante" sobre um dos meus mestres-com-carinho, Serge Gainsbourg (leia aqui, em inglês). Apesar de ser feio como a necessidade e fumar uns 3.000 Gitanes por dia, o priápico Serge comeu algumas das mulheres mais divinas de seu tempo, como Brigitte Bardot, Catherine Deneuve e Jane Birkin. Dizem, aliás, que ele só não comeu sua filha Charlotte por ela ser, bem, sua filha. Além do mais belo cancioneiro do pop francês, "Gainsbarre" deixou um vasto folclore pessoal, repleto de causos e "boutades". Um deles envolve uma Whitney Houston bem novinha (e ainda sóbria). Olha só como ela reage toda puritana ao charme decadente dele: um verdadeiro choque de civilizações.

domingo, 4 de novembro de 2007

SPOT AL MARE

E continua o processo de upgrade da cena carioca, geralmente com um empresário paulista por trás. Roberto Peres foi dono do lendário Rock Dreams em SP, mas já está instalado no Rio há alguns anos. Junto com o chef Cássio Machado, ele abriu o Copa Café em 2005, onde se come o melhor hamburger do balneário. Agora os dois criaram um rstaurante de nome e clima tão óbvios, que é de se espantar que ninguém o tenha feito antes. O Atlântico é uma diliça, dos quadros de Ivald Granato ao caldo de vôngole servido em taça de dry martini. Lotado de artistas e "minor celebrities", é a coisa mais parecida com o Spot que os cariocas já tiveram.

sábado, 3 de novembro de 2007

EU VOLTEI, AQUI É O MEU LUGAR

Sabe quando você dá um tempo com o namorado, e aí marca um encontro para discutir a relação? Era um pouco assim que eu me sentia ontem, indo para a The Week Rio pela primeira vez em três semanas. Mas dessa vez deu tudo certo. Chegamos cedo, e a rua e a porta estavam tranqüilas. Lá dentro, pencas de gente conhecida e o som bem animado de David Morales. Só um senão: o ar condicionado fraquinho, que obrigou a serem abertas as portas laterais, que dão para o estacionamento. Será que pifou, ou estão pegando leve para evitar um novo blackout?

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

PÁN DE MUERTO

Há uns anos atrás estive no México um pouco antes de Finados, e fiquei impressionado. A cidade inteira se enfeita de esqueletos, numa espécie de Natal macabro pero padríssimo. O melhor são as confeitarias. Trouxe vários doces temáticos, inclusive um delicioso pán de muerto: uma espécie de panetone em forma de... caveira. Hoje vou dar uma de mexicano, e lembrar dos meus mortos como eles fazem: com pimenta e tequila.

MORMAÇO CARIOCA

Às vezes até que é bom um tempinho mais ou menos aqui no Rio. Hoje aproveitamos para ver as fotos da Marilyn Monroe na MAM, que são incrivelmente sexy. Ela já não estava mais no auge da beleza, mas continuava no pleno domínio de sua capacidade de sedução (exatamente o oposto das coitadas do "Brazil´s Next Top Models"). Depois vimos a mostra "Lusa" no CCBB, que repassa a história de Portugal desde a pré-história, e quase gozei nas calças. Tem até um astrolábio feito por meu possível antepassado Agostinho de Goes. E ainda demos um pulo na Casa França-Brasil para espiar os "180 Anos da Indústria no Brasil", cujo ponto alto é um cubo de sabão de côco de umas seis toneladas...

AND THE WINNER IS...

..."Persépolis". Ah, como é bom estar ansioso por alguma coisa e não se decepcionar. De todos os 16 filmes que eu vi na Mostra, foi de fato o que eu mais gostei. E muita gente concordou comigo: "Persépolis" foi o favorito do público, ao lado de "Into the Wild", do Sean Penn (que não vi). Ouso dizer que se trata do melhor filme iraniano de todos os tempos, apesar de ter sido produzido na França. É a grande ¨récit¨ da revolução islâmica, coisa que supostos gênios como Abbas Kiarostami não conseguem fazer porque continuam sob o jugo dos aiatolás. Feminino, delicado, engraçado e violento, "Persépolis" é obrigatório para entender o mundo de hoje. Tomara que entre logo em cartaz.