quarta-feira, 31 de outubro de 2007

FELIZ DIA DO SACI

Nacionalistas fizeram do 31 de outubro o Dia do Saci Pererê, para combater a influência estrangeirante do Halloween. Bobagem: o Dia das Bruxas só está pegando por aqui porque é divertido. Se a cultura americana fosse tão forte assim, há muito tempo que nós comemoraríamos aquela chateação que é o Thanksgiving. E só pra irritar os Policarpo Quaresma de plantão, repasso os votos de feliz Halloween que recebi do site "Xanadu on Broadway" (sim, eu me inscrevi - sou fanático a esse ponto). Mais colonizado, impossível.

FERNANDONA NOS TEMPOS DO CÓLERA

A Mostra está chegando ao fim, e eu também. Não agüento mais ir ao cinema. Nos últimos 12 dias, vi 15 filmes: ontem foi "O Amor nos Tempos do Cólera", o primeiro trabalho da Fernanda Montenegro em inglês. Folgo em dizer que ela está bem: o sotaque é horroroso, mas no quesito caras-e-bocas nossa Fernandona não deixa pra ninguém. Aliás, ela é das poucas coisas boas do filme. O pior mesmo é a maquiagem, tosca como a de uma novela do SBT. A mesma atriz faz uma personagem que vai dos 19 aos 72 anos, e a caracterização parece feita com água e farinha de trigo. Mas não posso desanimar. Hoje falta mais um, justamente o meu mais aguardado - "Persépolis".

terça-feira, 30 de outubro de 2007

GOSTOSURAS OU TRAVESSURAS

A mais famosa festa de Halloween ao ar livre dos Estados Unidos foi cancelada. Este ano, pela primeira vez desde 1979, não vai rolar nada na folclórica Castro Street, em San Francisco. A celebração do ano passado atraiu mais de 200 mil pessoas, mas a maioria não estava sequer fantasiada: eram meros curiosos, ou pior. Os casos de violência aumentaram, e um maluco disparou sua arma ao léu, ferindo nove pessoas. Lembra uma certa parada gay brasileira, não?

SIMPSONS DE ELITE

Outro sinal dos tempos talvez seja o tradicional episódio de Halloween dos Simpsons, que a Fox americana exibe no próximo domingo (por aqui, só em meados de 2008). Pelo cartaz, parece até que a família mais querida da América agora vai encarar o maior terror dos brasileiros: a violência urbana. Homer, traz a 12!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

NO PASARÁN

Antes que me chamem novamente de "Diogo Mainardi dos gays": a família do meu pai mora toda na Tijuca, assim como o amigo que me mandou essa photoshopada tão politicamente incorreta. Ou seja: todos precisam do túnel Rebouças para chegar na Zona Sul do Rio. Nem por isto eu resisti a postá-la aqui no blog, mwahahaha.

O VALE DOS CAIDAÇOS

Não tenho a menor dúvida que Sua Majestade Satânica o papa Adolf I é mesmo o anti-Cristo. A beatificação de quase 500 religiosos espanhóis mortos durante a Guerra Civil é uma clara provocação ao governo Zapatero, que quer eliminar os vestígios do franquismo. Zapatero enfureceu os "puretas" da Espanha ao desalinhar-se com o governo Bush e aprovar o casamento gay. Bento 16 agora corre em socorro desses caídos, em plena contramão da história. Ele se esquece que os franquistas já estão quase todos mortos, enquanto que nosotros maricones não paramos de crescer e multiplicar-nos.

NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO

Estou rezando para que as acusações contra o padre Julio Lancelotti sejam falsas, mas está difícil tapar o sol com a peneira. Além da Pajero inicialmente anunciada, estão surgindo uma Audi, duas TVs de plasma, diversos eletrodomésticos... O padre faz um trabalho seríssimo aqui em SP, mas se for provado que desviou dinheiro das doações para presentear seu namorado/chantagista, ai ai ai, não sei não. Além do mais ele será marcado como um homem de um tremendo mau gosto, porque o tal do Anderson é grotesco como uma rolha de poço.

domingo, 28 de outubro de 2007

MOENDO CELULÓIDE

Quem acha que na Mostra só passa filme chato devia ter encarado a sessão dupla de sexta passada, com os opus trash do projeto "Grind House". "Planeta Terror", de Robert Rodriguez, é uma ficção pseudo-científica asquerosa - tem até zumbis atacando a Fergie, não sei o que é mais nojento. "A Prova de Morte", de Quentin Tarantino, quase afunda sob o peso dos diálogos metidos a cult, mas as cenas de perseguição me deram taquicardia. Nos EUA os dois foram exibidos juntos, e a bilheteria foi pro saco. Por aqui virão separados: o primeiro estréia semana que vem, e o segundo só em março. Para assistir comendo pipoca melada de tanta manteiga.

AMBICIÓN RUBIA

Não vou muito com a cara do casal Kirchner. Tenho certeza que "los penguinos" estão enchendo o cu de dinheiro. Mas qual seria a alternativa? Amigos que conhecem bem a Argentina contam que os polítcos de lá são ainda piores que os daqui, como se isso fosse possível. Por outro lado, pena que Elisa Carrió tenha chegado em segundo na eleição de hoje. Perto de "La Gorda" - apelido óbvio - d. Marisa Letícia fica com a "allure" de uma Constanza Pascolato.

sábado, 27 de outubro de 2007

BON CHIC BON GENRE

Juro que fiquei com vontade de comprar a "Playboy" fancesa de novembro. Juliette Binoche me dá tesão espiritual. Além do mais, é muito BCBG uma atriz conceituada, premiada com um Oscar e na glória dos 43 anos, exibir a periquita numa revista masculina. Juliette já apareceu pelada em trocentos filmes, mas a "Playboy" é o reduto das modelo-e-atriz e ex-BBB. De vez em quando é bom uma moça que saiba usar direito os talheres.

O TURISTA ACIDENTAL

Muita gente se incomoda com as freqüentes viagens de Lula pelo mundo. Eu não. O custo dessas excursões é uma gota no orçamento do país, e dão ao presidente a oportunidade de exercitar um dos poucos talentos que de fato tem: o de relações públicas. Lula costuma ser recebido com algazarra e sempre retribui com simpatia, abrindo o caminho para negócios e tratados. O que me incomoda mesmo é a "incuriosidade" dele, semelhante à de George W. Bush. Toda vez que Lula viaja, o Itamaraty prepara um documento de uma página com os dados básicos sobre o país a ser visitado. Lula não toma conhecimento. Só está interessado nos salamaleques.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

BEI MIR BIST DU SCHOEN

O Marcelo do Coco Loco vive falando delas. Aproveitei os "baixotildes" que ele oferece em seu blog, mas acabei comprando o CD físico mesmo (sim, sou antediluviano). E gamei: as Puppini Sisters são pra lá de formidáveis. Especialmente quando gravam no estilo vocal dos anos 40 canções que estão a anos-luz de distância, como "Crazy in Love" da Beyoncé, "Panic" dos Smiths ou "Wuthering Heights" da Kate Bush. Como dizia aquela velha música em alemão das Andrew Sisters (que elas também regravaram), pra mim vocês são lindas.

ENCONTROS E DESPEDIDAS

Freqüento a internet há mais de dez anos, mas faz menos de seis meses que mergulhei no mundo dos blogs. Desde então, tem uns vinte ou trinta que eu visito quase todo dia. Viciei. E nesse curto período, já perdi vááários dos meus blogs favoritos. O GlamAddict foi derrubado por uma saraivada de ovos. O Papel Pobre foi dedurado e evaporou; seus autores agora escrevem no Petiscos da Julia Petit, mas nunca mais incorporaram a Katylene Byzmarcky. O Sérgio Ripardo aposentou o seu a pedido do mariposo, e agora só faz os Destaques GLS da Folha Online. Esta semana, um novo choque: meu querido BHY vai tomar chá de sumiço. E agora, quem vai me chamar de Russell Crowe?? Isto não se faz!

Ainda bem que tem muito blog legal pipocando por aí. Alguns são novos só para mim, como o Coco Loco do Marcelo de Porto Alegre. Outros são novos de verdade, como o Ah, Tá Bom Então do Alê Bessa. Conheço o Alê há anos e nunca desconfiei que ele escrevesse tão bem. Através dele cheguei no Quarenta Graus Celsius do Celso Dossi, onde cada post é um pequeno conto. Tem também o gay honorário Ricardo Montanha com seu Blog do Pira, o Caetano Vilela com o Viralata, o Baú do Jamal... Bem-vindos todos, e tomara que vocês fiquem tão populares e badalados quando eu, jajajaja.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

FRUTAS FRESCAS

Olha só que meigos esses anúncios do Acquaglide, uma marca de lubrificante com aroma de frutas. Quem sabe me dizer qual é a fruta da direita?

POLICE PARA QUEM PRECISA

Tenho o Police no currículo há mais de 25 anos. Tive o rabo de vê-los em 1982 (gasp), num Maracanãzinho semi-vazio. Os caras já tinham quatro discos, mas pouca gente os conhecia por aqui. Talvez por isso não me anime a comprar ingresso para o show deles no Rio de Janeiro, dia 8 de dezembro. Sou da turma do Semederem: só vou se-me-derem convite, de preferência para a área VIP (don't stand so close to me!). Fora que o Sting não é mais gato, é só chato mesmo.

BOCEJO, REPARA NÃO

É o que dá ir pro cinema com muita expectativa. Fui ver "Atonement" (me recuso a chamar pelo título brasileiro, "Desejo e Reparação") achando que ia ser arrebatado, abduzido, hipnotizado. Culpa dos sites de previsões para o Oscar, que fazem dele o grande favorito para o ano que vem em quase todas as categorias. Bom, o filme não é ruim, longe disso - tem fotografia e sound design primorosos, e um take de 10 minutos que deixa todo mundo se perguntando, "mas como foi que fizeram isto?". Também são geniais as três atrizes que dividem a personagem principal, em três idades diferentes: Saorse Roinan (um nome esquisito que veremos muito daqui pra frente), Romola Garai (que já tinha me encantado em "Angel", e aqui mostra todo seu "range") e Vanessa Redgrave (que dispensa explicações). Talvez meu maior problema seja mesmo com a Keira Knightley, que está anoréxica de tão magra. Ela acha que para interpretar uma aristocrata basta fazer carão, e o resultado é que em nenhum momento acreditei que ela estava sendo consumida por uma paixão avassaladora - ou sequer pelo tesão. Zzzzzzz.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

VARINHA DE CONDÃO

Por quê J. K. Rowling não fez um “outing” no Draco Malfoy, que obviamente usa Klorane Reflets Blonds et Dorés naquele cabelinho lambido? Ou no Severus Snapes, que deve passar uns 40 minutos fazendo escova todos os dias? Não, não: o personagem gay da escola de Hogwarts é o professor Dumbledore, talvez a criatura menos atraente de toda a série (incluindo a coruja branca do Harry). Dumbledore está mais do que velho: está morto. Tão morto quanto as organizações conservadoras americanas que reclamaram da influência nefasta que o sábio professor poderá ter sobre os pimpolhos impressionáveis. Como se alguém resolvesse “virar” gay se espelhando justo nele!! Tá boahn?

terça-feira, 23 de outubro de 2007

SUDA EL JAMÓN QUE ASÍ TE PONES BONBÓN

Hoje à noite vou dar uma palestra no Mackenzie, dentro do
II Encontro de Comunicação e Letras. Estou radiante, porque tenho o oposto do "stage fright": adooooro um microfone e uma platéia. E vou falar sobre minha obsessão atual, a publicidade argentina. Fiz uma seleção dos melhores comerciais de lá, e vou tentar explicar porque eles nos passaram a perna em termos criativos. Já postei aqui no blog alguns dos filmes que vou mostrar hoje, e aí em cima vai mais um: praticamente um vídeo-clip da Nike, premiado em Cannes este ano. O Milman é que não vai gostar muito...

CORREDOR POLONÊS

Os "evil twins" que governam a Polônia sofreram uma derrota fragorosa nas eleições de domingo passado. Jaroslaw Kaczynski não é mais primeiro-ministro; seu gêmeo Lech continua como presidente até 2010, mas é um cargo meramente decorativo. Em dois anos no poder, o partido Lei e Justiça tentou implementar políticas fascistóides, anti-semitas e homofóbicas. Mas pesquisas recentes mostraram que 80% dos jovens poloneses tinham vergonha do governo. Agora eles cantaram em alto e bom som: "vai tomar no kuczynski..."

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

天地総子

De todos os presentes de aniversário que eu ganhei, o mais bizarro foi esse CD vindo diretamente do Japão: uma coletânea de jingles dos anos 60 na voz da cantora Fusako Amachi. Justo o que eu queria!!

QUE REI SOU EU?

Meu marido Oscar é monarquista ferrenho. Ele é o fã no. 1 da imperatriz Leopoldina, e lê praticamente todos os livros lançados sobre a família real brasileira. De vez em quando eu também me interesso por algum. Neste momento estou lendo “O Príncipe Maldito”, da historiadora Mary Del Priore, recheado de detalhes do tipo mais-do-que-queríamos-saber. A história de Pedro de Saxe e Coburgo, o neto de D. Pedro II que durante certo tempo foi o “heir apparent” da Coroa, é tão trágica e improvável que parece ficção. E até que daria um belo filme, se algum dia nosso cinema resolver mudar de assunto.

ALELUIA GRETCHEN

Meu vasto panteão de deusas da telona acaba de ficar maior. Nunca dei muita pelota pra Gretchen Mol, mas mudei de idéia depois de ver "The Notorious Bettie Page" na Mostra. Ela segura um chicotinho tão bem que me deu até vontade de experimentar o "bondage". Alguém aí tem uma mordaça pra me emprestar?

domingo, 21 de outubro de 2007

BALKANÉRRIMO

Você acredita em sincronicidade? Ontem entrei no meu templo máxímo de consumo, a Banana Music, e estava tocando um som animadíssimo, com corinho feminino e sabor oriental. Não resisti e arrematei na hora o CD de um cara de quem eu nunca tinha ouvido falar: Shantel, um DJ e produtor alemão que mistura dance music com folclore dos Bálcãs e da Turquia. Mais tarde fui ao cinema ver "Do Outro Lado", do diretor alemo-turco Fatih Akin, e adivinha de quem era a trilha? Shantel... O filme é bárbaro, o disco é melhor ainda, e eu agradeço ao universo pela coincidência cósmica.

DESEJO DE MATAR

Todo ano é a mesma coisa. No dia do Grande Prêmio Brasil, a revoada dos helicópteros começa cedo. Estão vindo buscar os ultra-VIPs no hotel Emiliano, de onde sou vizinho. E aí não consigo mais dormir, apesar do porre de champagne da noite anterior. Sinto que estou numa aldeia vietnamita, ao som da "Cavalgada das Valquírias". E tenho vontade de pegar uma bazuca e derrubar os monstrengos um por um. 07, traz a 12! Pede pra cair! Pede pra cair!!

sábado, 20 de outubro de 2007

QUARENTA E SETE ANOS

O clichê é verdadeiro: me olho no espelho e vejo meu pai. Nunca usei óculos, mas agora preciso deles para ler à noite. É a tal da vista cansada. Se bem que não cansei de nada, quero mais de tudo e com um ovo frito por cima. Chego nessa idade tão provecta - em "gay years" devem ser mais de setenta - me sentindo o "Ventrunus" de Arcimboldo. Coberto de bençãos, flores e frutos, amém.

CAMADA DE OZON

Talvez o leit-motiv da obra de François Ozon seja este: a imaginação tem o poder de criar um mundo mais bonito e feliz, mas aí vem a realidade e chuta pra longe esse castelo de cartas. A mulher de "Sous le Sable" viva na ilusão de reencontrar o marido, que provavelmente se afogara. O fotógrafo de "Le Temps qui Reste" vê sua vida de beleza e glamour cortada pelo câncer. As "8 Mulheres" (para mim sua obra-prima) cantam, dançam e fazem carão, e, apesar das piadas maravilhosas, a conclusão é amarga e pessimista. Em "Angel" esse padrão fica claríssimo. Ozon fez um filme cor de rosa sobre uma escritora de livros cor de rosa. Tudo dá certo na vida de Angel Deverell, certo demais até. Então um belo dia... Tudo é dois tons acima, dos figurinos às interpretações - com exceção da sóbria Charlotte Rampling, cada vez mais "ravissante". E Romola Garai, estupenda no papel-título, é séria candidata a revelação do ano.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

AZEITONAS SELECIONADAS

Este blog deve estar um porre para que não é viciado em cinema. Muitos comentários (sempre anônimos...) pedindo para eu falar da TW ou da minha vida sexual, e o chato aqui só quer saber de Mostra, Mostra, Mostra. Também teve gente que sugeriu que eu fizesse uma *leeesteenha* (sim, Cris, essa foi procê) de filmes que valem a pena. Não sei nem por onde começar: tem no mínimo uns 50 que me atiçaram, e acho que não vou conseguir ver nem 20. But let's give a try...

- "Angel", o primeiro longa em inglês do meu quiridjinho François Ozon; vou ver hoje, comprei pelo ingresso.com! Iupiii!
- "XXY", o badalado argentino sobre um/a jovem hermafrodita;
- "Desejo e Reparação" ("Atonement" - a tradução correta seria apenas "Reparação", mas o exibidor brasileiro quer provocar o público...). Este é o filme considerado favorito para o Oscar do ano que vem pelos blogs especializados, e aqui ninguém está dando bola;
- "Planeta Terror" e "À Prova de Morte", o díptico trash de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, já com estréia garantida no Brasil;
- "The Notorious Bettie Page", sobre a mítica pin-up americana, com uma performance pra lá de saliente de Gretchen Mol;
- "A Idade da Inocência" (outro título idiota - o certo seria "das Trevas"), continuação das "Invasões Bárbaras" e do "Declínio do Império Americano" do excelente canadense Denys Arcand;
- "Do Outro Lado", do alemão de origem turca Fatih Akin;
- "O Banheiro do Papa", do fotógrafo uruguaio César Charlone;
- "Sonhando Acordado", "El Pasado" e "Déficit", com o jalapeño do Gael García Bernal; ele está na cidade, segurem a Fernanda Lima!
- "Atrizes", estréia da atriz Valeria Bruni-Tedeschi ("5 x 2") atrás das câmeras, premiado na mostra "Un Certain Régard" de Cannes;
- por falar em Cannes, tem o vencedor deste ano, o romeno "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", sobre o ameno tema do aborto;
- e o vencedor de Veneza, o suntuoso "Lust, Caution";
- "Persépolis", "Persépolis", "Persépolis", "Persépolis"!!!

A Libanesa vai ficar brava comigo, mas não pretendo ver nenhum filme iraniano porque eu simplesmente ODEIO o cinema de lá (malgré "Persépolis"). Também odeio filmes "de arte", mudos, lentos, "cabeça". Cinema é a maior diversão! Ah, e um apelo ao Leon Cakoff: for the love of Krishna, quando é que vamos ter uma restrospectiva de Bollywood??? Pleasepleasepleaseprettyplease!!!

LELOUCH ET LES AUTRES

A crítica sempre foi muito dura com ele, mas durante um tempo Claude Lelouch foi meu cineasta favorito (hoje estou entre o Scorsese e o Almodóvar). Para meu desespero, a Mostra vai fazer uma retrospectiva do cara, e eu não vou conseguir ver quase nada. Amanhã, por exemplo, seu último longa ("Crime de Autor") vai ser exibido na FAAP, e na seqüência rola um debate com o hôme em carne e osso. Adoraria ir, mas a fila vai ser inencarávavel: os ingressos são gratuitos... A sessão vai ser aberta com um curta lendário: "C'Était un Rendez-vous", que Lelouch rodou em 1976 num único take. Já falei desse filme num post sobre o Snow Patrol que fiz em junho, pois ele serviu de base para o clip de "Open Your Eyes". Hoje tenho o prazer de postar o curta em si, em versão integral. Pra quem não sabe a história: Lelouch havia terminado um longa, e sobraram cerca de dez minutos de negativo. Ele então amarrou a câmera no pára-choques de um carro e saiu à toda pelas ruas de Paris, às seis horas da manhã de um domingo, queimando todos os sinais vermelhos. O resultado é de tirar o fôlego.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

VISTOS DE ENTRADA

A Mostra de São Paulo acontece na mesma época que a Academia de Hollywood libera a lista completa dos candidatos ao Oscar de filme estrangeiro. E como sempre, vários dos que vão disputar a estatueta no ano que vem serão exibidos por aqui. A saber:

Alemanha: Do Outro Lado
Argentina: XXY
Bélgica: Ben X
Canadá: A Idade da Inocência
Chile: Padre Nuestro
Croácia: Armin
Espanha: O Orfanato
França: Persépolis
Grécia: Eduart
Itália: A Desconhecida
Romênia: 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
Uruguai: O Banheiro do Papa
Venezuela: Postais de Leningrado

A lista completa dos candidatos pode ser conferida aqui, com direito a cartazes e sinopses de quase todos os filmes. Ah, e também poderemos ver na Mostra o representante do Japão no Oscar do ano passado, “Hula Girls”. Além de “Lust, Caution” do premiadíssimo Ang Lee, que chegou a ser inscrito por Taiwan mas desclassificado pela Academia: acharam que não é taiwanês o suficiente…

MOSTRA DO QUE É CAPAZ

Sou rato da Mostra de Cinema de São Paulo desde 1983. Comprei permanente durante mais de 20 anos, e ia ao cinema até na hora do almoço. Cheguei a ver quatro filmes de enfiada (hmm...). Hoje não consigo mais: a idade traz cansaço e sabedoria, e já não me sinto obrigado a ver tuuuudo. Mesmo assim, fico histérico nessa época do ano. A programação costuma ser perversa: sempre tem um dia com doze filmes interessantes passando ao mesmo tempo, e outro em que não há nada. A sensação de estar perdendo a única chance de ver algo incrível é constante, assim como as surpresas e as decepções. E todo ano tenho um "must-see" absoluto - dessa vez é "Persépolis", claro, que finalmente está confirmado. Adeus família, amigos, cachorro: vejo vocês daqui a duas semanas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

FAVELA CHIC

Moro na mesma quadra onde fica o tal do "cortiço dos Jardins", um predinho de esquina que foi ocupado por cerca de vinte moradores de rua. Não houve invasão: os sem-teto foram gentilmente convidados a se instalar pelo proprietário de seis dos nove apartamentos. Também não houve caridade, e sim uma puta sacanagem. Tanto à "direita" - os demais proprietários não conseguem alugar seus apês, pois o edifício todo virou um pardieiro - quanto à "esquerda" - mais cedo ou mais tarde, os pobres coitados serão jogados de volta ao olho da rua. Parece que esse dia está chegando. A Justiça deu um mês para que o prédio seja esvaziado. Bem-feito: o cara que patrocinou a invasão não vai mais conseguir comprar os outros três apartamentos a preço de banana, para depois revender o imóvel inteiro por uma fortuna. Mas ele merece um castigo ainda maior por usar seres humanos como moeda de troca.

SOU FEIO MAS TÔ NA MODA

Estava super curioso para conhecer Brüno, o personagem gay do Sacha Baron Cohen. Ontem finalmente o vi, num episódio da segunda temporada do "Da Ali G Show", no Sony, e achei bem meia-boca. É mais uma variação do número clássico do ator: um cara meio outsider interagindo com pessoas de verdade, que muitas vezes não sabem que se trata de uma pegadinha. Borat e Ali G seguem esse molde, e são hilários. Mas até agora não rolei de rir com o "austríaco" Brüno, apesar dele freqüentar a cena fashion e achar que todo mundo é gay (vai ver que eu me identifico demais com ele...). Veja a entrevista que ele fez com a Gisele: podia ter rendido bem mais, não?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A MÁ EDUCAÇÃO

Lula é sempre criticado pela sua falta de preparo intelectual. Seus defensores dizem que ele não teve oportunidade de estudar. Isto é "menas" verdade, pois houve tempo de sobra entre seu mandato de deputado e a presidência da república, e não consta que ele tenha lido um único livro sequer. Não seguiu o exemplo de seu colega Vicentinho, que se formou em Direito já bem entrado em anos. Hoje a "Folha" critica em editorial a falta de um plano de Lula para o Brasil. Nosso presidente só se preocupa com a própria sobrevivência política, misturando demagogia e carisma na dosagem certa. Não pretende reformular o sistema educacional brasileiro, como a Coréia do Sul fez nos últimos vinte anos. Talvez porque os frutos dessa reforma não seriam imediatos, ou porque, no fundo, Lula não ache a educação tão importante assim. Afinal, ele nunca precisou dela para chegar onde chegou.

TUDOR DE BOM

Muito divertida a série “The Tudors”, que o People + Arts está exibindo aos domingos, às 23 horas. É clara a intenção de fazer um “Sopranos” na Inglaterra renascentista, com muito sexo e sangue. Os críticos mais ranhetas já estão reclamando das discrepâncias históricas: Henrique VIII nunca foi tão gostosón quanto Jonathan Rhys-Myers, nem mesmo no esplendor da juventude. Mas vale pelas cenas picantes, como quando ele conhece Maria Bolena, irmã de sua futura esposa Ana. O rei pergunta o que ela aprendeu na corte francesa, e a assanhada se ajoelha e lhe aplica um inusitado “blowjob”. Céus, como era atrasada a Inglaterra do século XVI.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

ATO DE CONTRIÇÃO

Sim, é verdade que eu sofri na fila da The Week Rio no sábado à noite, e acabei desistindo de entrar. Estava realmente uma bagunça, e passei 50 minutos espremido entre uma corrente e a multidão ensandencida. No dia seguinte fiz um post relatando o acontecido, e critiquei muito a casa por ter cobrado preços irrisórios. É o que dá a gente pegar informação de orelhada: li por aí que os ingressos estavam entre 30 e 40 reais, acreditei e pus no blog. Hoje descobri que não era bem isso: os preços cobrados na porta estavam entre 60 e 70 reais, compatíveis com os das “label parties” cariocas. Isso derrubou toda a minha argumentação de que a The Week estava embarcando numa estratégia predatória, que acabaria por fazer mal à marca. Ainda bem, quer saber? A muvuca da noite de sábado foi horrível, inesperada, me deixou maus (Oscar então nem se fala). Mas não posso defender uma tese baseada num equívoco. Fica aqui a correção.

LOURA MÁ

Michelle Pfeiffer ficou cinco anos sem filmar, mas agora está de volta com três em filmes já em cartaz. "I Could Never Be Your Woman" é uma comédia bem fracote, mas mesmo assim ela está bem. Melhor ainda está como a vilã de "Hairspray", onde mostra seus pouco conhecidos dotes musicais. E está simplesmente soberba em "Stardust", onde faz uma bruxa glamurosa, capaz de qualquer coisa para se manter linda e jovem (como muita gente que eu conheço). Não curto muito esse gênero "reino encantado", mas o filme é mesmo ótimo - e ainda tem Robert De Niro fazendo um pirata enrustido. Michelle segue a linha Mae West: quando é boa, é muito boa, mas quando é má, é melhor.

BRINCANDO DE CASINHA

Sim, traí a causa. Não fui clamar pelos meus direitos na Parada do Orgulho GLBTXYZ do Rio de Janeiro. Cansados de tanto rebuliço, Oscar e eu optamos por um programa mais calminho, mas não menos viadal: a edição carioca da Casa Cor, que este ano acontece no Jockey. Aquela coisa de sempre, com ambientes esdrúxulos tipo "quarto de costura da filha do meio" e uma profusão de TVs de plasma, da garagem à lavanderia. Alguém precisa dizer para os decoradores que essas telinhas de última geração atraem automaticamente o olhar dos visitantes, e ofuscam a decoração propriamente dita. Mas resistir a um patrocínio, quem há de?

domingo, 14 de outubro de 2007

BABADO E CONFUSÃO

O que acontece quando o DJ mais incensado da bibalândia se apresenta a preços populares? Tumulto, empurra-empurra, choro e ranger de dentes. A rua Sacadura Cabral estava com duas quadras totalmente congestionadas, e a fila - fila? - na porta da The Week dava voltas e arabescos. Os seguranças gritavam com o público e Clarisse, estressada, não segurou a onda. Às duas da manhã (três pelo horário de verão) fecharam as portas. Não entra mais ninguém.

O tiro foi visivelmente grande demais. Com medo de perder público para a E.njoy, André Almada não só escalou Peter Rauhofer aos 43 do segundo tempo, como ainda jogou os preços lá embaixo. Os ingressos custavam o mesmo que em uma noite normal: 30 reais com cartão gold, 40 sem. O resultado foi uma muvuca que sim, surtiu o objetivo - casa abarrotada - mas deixou bem arranhada a imagem de cortesia e bom serviço que a TW se esforça tanto para projetar.

Não saio de casa para ser mal tratado. Yo no soy obrigada, como diz minha mentora Lindinalva. Fomos então para a E.njoy no Vivo Rio, onde André Garça nos recebeu de braços abertos. Não estava lotado, como era de se esperar, mas aos poucos foi enchendo e animando. Ana Paula tocou um set cheio de hits, bem melhor que o que ela mesma fizera na noite anterior na casa da Malvada. E o vibe da festa estava ótimo, eu diria até que... saudável. Saímos de manhã, claro, e alguns amigos ainda tinham gás para voltar para a TW. Não, obrigado: por hoje já nos divertimos o suficiente.

sábado, 13 de outubro de 2007

TRANCE MOTORIZADO

Tinha uma implicância boba com o som do Tiësto. Achava uma coisa meio babaquinha, para héteros destransados, com letras fofas falando do eu interior. Nada de pegação e safadeza, como sói acontecer no tribal. Mas aí encarei a Dutra na companhia de sua nova compliação "In Search of Sunrise 6: Ibiza", e vim quase flutuando pela estrada. Não existe música melhor para dirigir.

CAI O PANO

Paulo Autran foi sempre discretíssimo em sua vida pessoal. Tanto que nenhuma das biografias que circularam hoje pela imprensa conta que ele foi casado durante décadas com um cara de fora do meio artístico, tendo ficado viúvo há alguns anos atrás. Ele era de uma geração que não costumava se assumir; mesmo assim, contemporâneos seus como Sérgio Brito e Ítalo Rossi saíram do armário quando passaram da idade de posar de galãs. Não acho que ninguém tenha a obrigação de levantar qualquer bandeira, só não gosto que lutem contra. E nada disso afeta o imenso ator que Autran sempre foi.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

QUANTO VALE O SHOW?

Ah, a praia, esta grande sala de visitas do Rio de Janeiro. Você nunca sabe o que vai encontrar. Hoje conheci um americano simpaticíssimo, desses que vêm sempre ao Brasil. Perguntei o que ele fazia da vida, e o gringo me respondeu como se nada: "estou montando um site pronô gay". Reagi com a habitual nonchalance, pois ninguém pode perceber que debaixo desse verniz cosmopolita bate um coração provinciano. Um segundo depois eu já queria saber dos detalhes sórdidos, e o cara me contou que veio filmar duplas em ação. "Os brasileiros são dos que ficam mais à vontade em frente às câmeras, né?" Que nada, me disse ele. "Um dos atores de ontem era hétero, daqueles que nem beijam na boca." E a quantas anda o cachê da rapaziada? "Duzentos reais." Quase cuspi longe meu mate com limão: duzentinho, só?? É, não tá fácil pra ninguém. O site vai se chamar www.brunohunter.com, mas nem adianta clicar lá porque ainda está em construção. E mesmo se estivesse, você ia querer ver michês que valem só duzentos reais, ia?

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

ESTOY ASÍ DE LINDA PORQUE VOY A SER MAMÁ

Por que caray Jennifer Lopez não assume de uma vez que está grávida? Ela prefere que o mundo pense que esse barrigão todo é chope? Ontem comprei o novo disco dela, "Brave", o melhor de sua carreira - o que, em se trantando de J.Lo, não quer dizer muita coisa. É bem animadinho, e levemente retrô. Mas deixa um "after-taste" meio "Confessions" dos pobres - até o púrpura da capa da Madonna ela copiou. Bom, ninguém nunca a acusou de ser uma artista inovadora. Na linha cachorra-que-se-deu-bem, ela continua soberana.

PÂNICO NA TW

Não quero nem imaginar o clima de terror que deve ter se instalado ontem nos "headquarters" da The Week quando os Freemasons avisaram que não vinham mais. Sábado passado a filial carioca estava realmente meio caída, pois resolveu enfrentar a B.I.T.C.H. sem nenhuma atração especial. Não podiam marcar bobeira de novo, ainda mais com uma E.njoy disputando a turistada. Mas quem pode pode: hoje a TW é seguramente uma das 5 boates gays mais importantes do mundo, e logo já tinham "bookado" o DJ mais venerado pela bibalândia. Claro que já está rolando na blogosfera uma discussão se o Rauhofer tem visto ou não, mas minha opinião é: deixa quieto, porra. Chega de festa melada, né não? Fico apreensivo pela E.njoy, que pode ter sido ferida de morte. Mas, Poliana que sou, torço para que todo mundo se dê bem.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

CRIME E CASTIGO

Certa vez eu disse que a homofobia era tão ruim quanto o racismo, e imediatamente me caíram de pau. "Como você ousa comparar essas bichas rebolando drogadas com o sofrimento dos negros, que enfrentaram século de escravidão", blábláblá. Bom, eu nunca disse que racismo e homofobia eram exatamente a mesma coisa. Mas que esta última merece ser criminalizada sim, e que seus infratores recebam castigos tão severos quanto os racistas. Porque existem muitos pontos em comum entre os dois pecados. Afinal, ninguém escolhe a própria raça ou sexualidade - aliás, só esta frase já traz embutido o preconceito, porque ser negro ou homossexual não é um "defeito" congênito do qual as pessoas "não têm culpa". Algumas pessoas são assim e pronto, e não gostar delas não é questão de "opinião", como defendem alguns pastores evangélicos. Quando se reprime um homófobo, não se está restringindo a liberdade de expressão coisíssima nenhuma, e sim combatendo um crime. Agora queremos que este crime seja reconhecido pela lei. Este é o tema da parada do Rio deste ano, e lá estarei. Rebolando, sim, e tomara que beijando um negão.

TAPETE VOADOR

Uma amiga está fazendo testes para ir trabalhar na Emirates Airways. Tomara que ela passe com louvor, porque é sempre bom ter "friends in (literalmente) high places". Quem sabe ela me descola então um descontinho na suntuosa primeira classe? É uma coisa tipo Aerolula, com cabines privativas, cama totalmente horizontal com lençóis e fronhas, copiosa carta de vinhos, acesso à internet, TV widescreen com mais de mil canais... Só falta um banheiro particular. Assim você chega em Dubai fresco como uma rosa, e com mais din-dim no bolso pra detonar no duty free. Inshallah.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

PERDA TOTAL

Ferréz deve ter entrado para o clube dos escritores mais badalados do país através do sistema de cotas. Pela qualidade de suas idéias é que não foi. Ainda estou passado no beurre noir com a réplica que ele deu a Luciano Huck na “Folha” de ontem.

Era previsível que setores “progressistas” iriam se insurgir contra o desabafo ingênuo de Huck, que perdeu um Rolex e quase perdeu a vida num assalto semana passada. Não sou fã do cara não: acho um puta dum mala, e feio como um filhote de coruja (o que, no meu universo, é grave falha moral). Mas ninguém pode negar que ele trabalha pra caralho, e merece cada centavo que ganhou na vida. Quer usar um relógio daqueles em SP? Sim, é ostentação, e um baita convite ao crime. Mas um dos pilares menos louvados da democracia é cada um gastar como quiser o próprio dinheiro.

O que o artigo do Ferréz não tem de clichê, tem de abominável. Veja só: “Tomava tapa na cara do seu padrasto, tomava tapa na cara dos policiais, mas nunca deu tapa na cara de nenhuma das suas vítimas. Ou matava logo ou saía fora." Mas que legal esse assaltante, hein? Que exemplo, que hombridade. Matava logo a vítima, mas NUNCA lhe dava um tapa na cara! Ah, se todos fossem iguais a você...

E tem mais:"Era da seguinte opinião: nunca iria num programa de auditório se humilhar perante milhões de brasileiros, se equilibrando numa tábua pra ganhar o suficiente pra cobrir as dívidas, isso nunca faria, um homem de verdade não pode ser medido por isso. " Claro, pra ser homem de verdade é melhor matar alguém do que se equilibrar numa tábua. Mas, nunca, jamais, dar um tapa na cara!

Ferréz termina dizendo que, com o assalto, “ganharam todos”. Não, o oposto é que é verdade. Além dos relógios e da vida, estamos perdendo os valores mais óbvios. Não é por aí que se combate a desigualdade social e a falta de oportunidades.

MARILYN EM CANA

Ultrapassa as raias do ridículo a apreensão das fotos de Marilyn Monroe pela alfândega de Cumbica. Dotados de uma delicada sensibilidade estética, nossos valorosos fiscais acharam que aqueles retratos de uma balzaca sem peitos turbinados e com uma cicatriz na barriga não se encaixavam no conceito de "obra de arte" - ou, mais provável, alguém não pagou o que os hôme queriam. Aí vai a dica para os organizadores da exposição que abriria hoje no MAM do Rio de Janeiro: da próxima vez, peçam para o Bert Stern botar as fotos em alta resolução num site ftp. Aí vocês baixam e imprimem tudo por aqui mesmo. Essa coisa de barreira física é tão século 20...

O GAROTO DA CAPA

O aquecimento do mercado de revistas gay está fazendo todo mundo se mexer. É nítido o esforço da “G” em melhorar seu conteúdo editorial. E agora “A Capa”, que é distribuída de graça e também pode ser lida na rede (tem link pra lá aí do lado), conta com o auxílio luxuoso do Renato Fernandes. Paulistano transplantado para o Rio, Renato conhece “tout le monde et son père”, e é uma espécie de memória viva do babado e confusão (não tô te chamando de velho não, RF!). Depois desse “upgrade” nos textos, "A Capa" precisa refinar o projeto gráfico. Ainda tá feinho de doer...

1982 LIGOU E QUER O MAKE-UP DE VOLTA

Levei anos para ensinar pro Oscar a diferença entre Kylie e Britney. Pra ele, qualquer cantora de voz não obviamente negra é Madonna (até Rihanna ele acha que é Madonna). Depois de tanto esforço, como é que La Minogue e La Spears me agradecem? Lançando discos ao mesmo tempo, em novembro – um mês que está tão congestionado que Madge resolveu adiar o seu pro ano que vem. Amanhã começa a tocar nas rádios inglesas o novo single da Kylie, “2 Hearts”. Ouvi no Perez Hilton, e é exatamente o que se esperava. Mas a capinha tá horrorenda, hein? Aí sim, esperávamos mais.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

DEZESSETE ANOS

O dia 8 de outubro de 1990 caiu numa segunda-feira, como hoje. Era feriado: o primeiro turno da eleição que levaria Collor ao poder, as primeiras diretas para presidente em quase 30 anos. Cumpri o dever cívico e marquei um cinema com um “prospect”, mas ele me deu o cano em cima da hora. Fui chorar as mágoas no Ritz com um casal de amigas sapatas. Sentamos no andar de cima, e depois do terceiro dry martini eu já estava imitando Michelle Pfeiffer cantando “Makin’ Whopee”. Foi quando reparei num cara alto e louro me encarando lá embaixo. Retribuí com galhardia e, imbuído de coragem etílica, levantei para falar com ele. Dez minutos depois ele me propôs: “Vamos lá pra casa?” Eu topei, e acabei dormindo lá. No dia seguinte ele pediu: “Você volta hoje à noite?” Voltei, e nas outras também. E nunca mais dormi na casa da minha mãe, com quem morava naquela época. Só passei lá para buscar roupa. Dois meses depois, busquei minha TV e meu som, e "oficializamos" o casamento. Na verdade, passamos de totais desconhecidos para casados: simplesmente pulamos a fase do namoro. Hoje completamos 17 anos juntos, e eu ainda não sei o que fiz para merecer tanta sorte.

POOODRE DE RICO

Encontrei com um amigo que não via há tempos. “Mas então, quando foi que você se separou?” Eu? Separado??? “Ué, agora você não está com o tal do Oscar?” Esclareci o mal-entendido, mas é verdade que o apelido que dei pro meu marido neste blog pegou mesmo. Nunca pensei que a brincadeira fosse tão longe. Hoje as pessoas me perguntam pelo Oscar, mandam beijos pro Oscar e qualquer dia há de chegar lá em casa um convite para “Tony & Oscar”. E alguns – principalmente os mais novinhos, Deus os abençoe – nem desconfiam de onde eu chupei essa idéia. Então, aproveitando que hoje é nosso aniversário de casamento, vou prestar uma homenagem à criadora do bordão, a sensacional Consuelo Leandro. Consuelo, que morreu em 99, fez durante mais de 30 anos a personagem Cremilda nas várias encarnações da “Praça da Alegria / É Nossa”. Encontrei no YouTube uma única cena dela falando de seu marido Oscar, infelizmente com a participação de Chiquinho Scarpa. E dedico esse post ao meu Oscar, que também é pooodre de rico: em amor, em carinho, em tesão, em alegria e, principalmente, em paciência comigo.

domingo, 7 de outubro de 2007

FLOR DOURADA

Sou súdito de Gong Li desde 1992, quando vi "Lanternas Vermelhas". Ela foi a primeira estrela chinesa a ganhar fama internacional, e abriu o caminho para Maggie Cheung, Michelle Yeoh e Zhang Ziyi - mas nenhuma dessas lhe é páreo em termos de beleza ou "acting chops". Atualmente tem filmado muito em inglês, e anda invertendo a ordem de seus nomes (na China o sobrenome vem primeiro). Também voltou a trabalhar com seu descobridor e ex-marido, o incrível Zhang Yimou. O resultado é "A Maldição da Flor Dourada", um chop suey de tragédia grega com novela mexicana. Os cenários e os figurinos são uma viagem de LSD e as cenas de luta são de cair o queixo, mas o melhor de tudo mesmo é a majestosa Gong Li (ou Li Gong).

sábado, 6 de outubro de 2007

A PATRULHA INVEJOLÓGICA

Há mais de 20 anos atrás, Cacá Diegues criou uma expressão que entrou para o vocabulário brasileiro: a patrulha ideológica. Ou seja, a cobrança que grande parte da "intelligentsia" nacional (ou da "burritzia", outra expressão consagrada) faz de qualquer obra que não seja ostensivamente de esquerda, contra o "sistema" e a favor da "revolução". Hoje o mundo já não se presta mais a uma visão tão maniqueísta das coisas. Mas as patrulhas continuam firmes, mesmo sem o viés ideológico. E acabam por revelar um lado feio mas muito característico da cultura do nosso país: a inveja de qualquer coisa que faça sucesso.

É o que está acontecendo agora com "Tropa de Elite". A reação contrária ao filme brasileiro mais badalado dos últimos tempos começou com a escolha do nosso representante no Oscar, quando o comitê elegeu por unanimidade (!) o pífio "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias". E agora, quando a obra finalmente chega às telas, pipocam críticas negativas, vindas desde Lúcia Murat (cujo último longa de ficção, "Quase Dois Irmãos", não vale um único fotograma do "Tropa") até Diogo Mainardi (que, como eu, adora uma bravata, mas freqüentemente extrapola). Coisa parecida já havia acontecido com "Cidade de Deus", quando uma socióloga cujo nome graças a Deus esqueci chegou a acusar o filme de ser bem-feito demais (a famigerada "cosmética da fome").
Eu me recusei a ver "Tropa de Elite" em DVD pirata por duas razões: DVD e pirata. Ontem corri para o cinema, morri em 16 reais, enfrentei fila e... vibrei. O filme é do graaaande caralho. Tudo funciona à maravilha: direção, roteiro, fotografia, edição, música, elenco, elenco, elenco!!! Só achei que podia ter um tequinho menos de locução em off, mas o sublime Wagner Moura compensa tudo. Sim, é verdade, o filme permite uma interpretação simplória de endosso à violência e à tortura. Mas repito: só os simplórios terão esta impressão. A inveja é uma merda.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

ABSOLUTAMENTE FABULOSO

O Biolay e o Noriega que me perdoem, mas eu já estou com uma nova paquerinha. Ainda não chega a ser um namoro: estamos naquela fase de nos conhecermos melhor, sabe como é? A bola da vez é o Michael Urie, ou melhor, Marc St. James, seu personagem über-quaquá no seriado "Ugly Betty". A maioria de vocês só vai ver em novembro quando estrear na Sony, tralala. Mas eu comprei o DVD em Nova York e passei na frente de todo mundo (já tem à venda na Banana Music de SP). Marc faz um gênero que muita gente não gosta: afetado, magricela, cheio de tremeliques. Mas é "witty", bem vestidérrimo e leeeendo. Eu me apaixonei quando vi uma cena em que sua patroa Wilhelmina (a poderosa Vanessa Williams) está se arrumando para uma festa. Ele se aproxima e sussurra no ouvido dela: "Two words - fa boo!"

DUAS CARAS

Clara Becker é uma das ex-mulheres de José Dirceu, um dos avatares de Belzebu atualmente em circulação. Reza a lenda que ele se casou com ela sob identidade falsa, durante a ditadura militar. Quando veio a anistia, ele revelou quem de fato era e lhe deu um belo pé na bunda. Hoje d. Clara dá entrevista a Monica Bergamo na "Folha", incomodada por Agnaldo Silva ter se inspirado neste caso para criar sua nova novela. Ela diz que o ex-marido nunca foi "vilão". Sei, sei. No mínimo ela passou adiante a semente do diabo: o rebento do casal, Zeca Dirceu, é prefeito de Cruzeiro do Oeste, no Paraná (ia dizer Pato Branco, mas essa é cidade da empregada do "Toma Lá, Dá Cá"). Dirceu Jr. foi eleito tão cruzinho, mas tão inexperiente, que a Telefonica - interessada em agradar Dirceu senior - destacou uma equipe para dar um curso-relâmpago de administração básica para o pimpolho. A vilania e a cara-de-pau parecem ter se impregnado na família inteira, como nos Sarney, e mereciam todos arder no inferno.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A FESTA DOS NETS

A boate Cantho vive me mandando "friend request" pelo Orkut, apesar de eu nunca ter pisado lá. Tenho vários amigos que já foram, e todos a-do-ram. Sinto até curiosidade, mas também um certo.... medo? Sei que, pela minha idade, eu já devia ser freqüentador há muito tempo. Mas tenho certeza que vou encontrar na pista um monte de Coronel Grushenko rebolando, aquele do comercial da Net. Skavurska!