quinta-feira, 31 de maio de 2007

"ROMA" PEGA FOGO

A série “Roma”, da HBO, chega na reta final. E já estou com saudades de Atia dos Julii, uma espécie de Samantha (do “Sex and the City”) do século 1 a.C. Atia é linda, rica, poderosa e absolutamente sem escrúpulos. Livre da ainda inexistente moral cristã, ela trepa com quem lhe der na telha e manda torturar seus inimigos. E ainda se dá bem no final: Atia é a mãe de Otávio, futuro Augusto, o primeiro imperador. A Wikipedia diz que a verdadeira Atia era uma matrona carola e virtuosa. Azar dela, que não aproveitou direito os últimos anos do paganismo. A da TV é mais divertida. Como farei pra viver sem Atia? Faltam só três capítulos para “Roma” acabar. Ah, sim, aí começa a última temporada dos “Sopranos”. Wu-huu.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

AMOR SELVAGEM

Uêbaaa, hoje é quarta-feira. Não, não é dia de tomar cerveja: é que hoje sai a coluna "Savage Love", do meu ídolo/guru/objeto do desejo Dan Savage, no site do Village Voice. O guapo sr. Savage mantém uma versão pra lá de moderna daquelas antigas colunas de conselhos sentimentais. Como estamos em 2007 e o sr. Savage é um safado, o assunto é sempre sexo, sexo, SEXO!!!, às vezes em formas tão bizarras que nem os mais rodados já ouviram falar. E tudo escrito com muita verve (adoro essa palavra, finalmente consegui usar). A coluna de hoje pode ser lida aqui (em inglês): http://www.villagevoice.com/people/0722,savage,76769,24.html. Mas não é para sensibilidades delicadas: depois não digam que eu não avisei.

ALEGRIA CONTAGIOSA

A Mara Mourão me pediu para falar do lançamento em DVD de seu documentário “Doutores da Alegria”. Como eu estou sob as ordens da Mara, não me resta outra alternativa: compre ou alugue “djá” este filme! Tem tudo o que você sempre quis saber sobre os Doutores, e muito, mas muuuuito mais (perdão, Mara, não pude resistir). Agora falando sério: o filme é lindo, e faz jus ao trabalho ainda mais lindo que os Doutores da Alegria realizam há anos em hospitais por todo o Brasil. Já na sua locadora (e se não tiver, reclame), ou pelo site www.doutoresdaalegria.org.br.

terça-feira, 29 de maio de 2007

VAI TOMAR O QUÊ?

O que você quer beber? Qualquer coisa? Então em Singapura já tem o que você procura. Acabam de ser lançadas duas novas bebidas: Anything e Whatever. Anything tem gás, e vem nos sabores Cola com Limão, Maçã, “Fizz Up” (seja lá o que isso for, ou melhor, whatever), Limão Opaco (deve parecer com a Schweppes Citrus) e Root Beer (blaaaargh). Whatever é um chá, nos seguintes sabores: Limão, Pêssego, Jasmim, Uva Branca, Maçã e Crisântemo (hmmm…) Até aí tudo bem. A gracinha é que o sabor não vem indicado na lata. A pessoa pede seu Anything e, surpresa! Root Beer! (blaaaargh) Tá o maior sucesso, acredite. Para saber mais:www.anything.com.sg

ABRA SEUS OLHOS

Estou tentando desde ontem, mas não consigo postar nenhum vídeo do YouTube aqui na porra desse blog. Aparece sempre um “unknown error: disconnected by the peer”, não importa qual computador eu use. Grrrr. Queria colocar o clip do Snow Patrol para “Open Your Eyes”, aquela musiquinha que está bombando do Oiapoque ao Chuí. Não porque eu seja louco por ela (prefiro a versão remix dance, clubber que sou), mas porque o clip usa quase todo o lendário curta “C’était un Rendezvous”, de um dos meus cineastas favoritos: Claude Lelouch. É, o Lelouch sim, vai encarar? A história do curta é curiosa: Clo-Clo havia acabado de rodar um longa e sobrara uma lata de negativo. Ele então prendeu a câmera no alto de seu carro e saiu rodando por Paris às seis da manhã de domingo, queimando todos os sinais vermelhos. O resultado é “époustouflant”. Confira aqui: http://www.youtube.com/watch?v=InzRp3Vbik0

MAIS BICHA IMPOSSÍVEL

O cantor Rufus Wainwright sempre se assumiu gay, desde o início da carreira. E no ano passado ele teve a audácia de levar a cabo o que talvez tenha sido o projeto mais bicha de todos os tempos: recriar o mítico concerto de Judy Garland no Carnegie Hall em 1961, com as mesmas canções e no mesmo lugar. Agora em setembro saem o CD e o DVD desta façanha. Agüenta, coração: faltam menos de quarto meses! Enquanto isso, vou ouvindo o magnífico novo álbum co-produzido pelos Pet Shop Boys, “Release the Stars”. I’m going to a town that’s already been burned down…

segunda-feira, 28 de maio de 2007

SEPPUKU NELES

No Japão, um ministro se matou ao ser acusado de corrupção. No Brasil, Renan Calheiros (que tem o governo Collor no currículo) acusa seus acusadores de "invasão de privacidade". Nunca tive tanta vontade de ser japonês (e olha que eu odeio a comida de lá).

O IRÃ VERSUS “PERSEPOLIS”

De todos os 700 mil filmes exibidos no recém-terminado Festival de Cannes, o que eu estou mais doente para ver é “Persepolis”, um desenho animado baseado na história em quadrinhos do mesmo nome (me recuso a dizer “graphic novel”). “Persepolis” é a autobiografia da iraniana Marjane Satrapi, que sentiu na pele a barra de crescer num país dominado por fundamentalistas (levanta dessa cadeira e vai já comprar o livro – são 4 volumes disponíveis nas boas casas do ramo). Os islamo-fascistas no poder no Irã reclamaram com o governo da França da inclusão do filme no festival, e foram obrigados a ouvir que a comissão organizadora é livre para escolher as obras que quiser – um conceito impensável numa ditadura que gosta de enforcar garotos de 16 anos pegos fazendo troca-troca. “Persepolis” teve boa acolhida e levou um prêmio especial. E aposto que vai ser um dos indicados para o Oscar de animação do ano que vem, apesar de ser em 2D e preto-e-branco. Viva Marjane, abaixo Ahmadinejad!

FORA DO AR

Para se manter no poder, Hugo Chávez usa uma tática oposta à de Lula: enquanto o brasileiro precisou aparar arestas e virar “paz e amor” para ser eleito, o venezuelano sempre apostou na polarização entre ricos e pobres, jogando uns contra os outros. Como os pobres são imensa maioria por lá (ainda mais que por aqui), Chávez sempre conseguiu tudo o que quis. Mas agora pode ter cometido seu primeiro grande erro politico: o fechamento da RCTV desagradou a mais de 70% da população. Novelas foram interrompidas no meio, e no lugar do mais antigo canal de TV do país entrou mais uma estação estatal – a QUARTA, vejam se isto é possível. Chávez ainda teve o desplante de pedir o apoio do Mercosul ao fechamento da RCTV, que felizmente lhe foi negado. Enquanto isto, os planos de criação da nova TV de Lula correm acelerados…

sexta-feira, 25 de maio de 2007

ELA E NÓS

Teresa Salgueiro, a cantora da banda portuguesa Madredeus, acaba de lançar um disco só de músicas brasileiras chamado “Você e Eu”. São 22 “standards”, nenhum com menos de 30 anos de idade. E os arranjos são bonitinhos, mas tão caretas… nessas horas a gente vê a falta que faz um Jacques Morelenbaum. Pra completar, Teresa canta com sotaque brasileiro, ou quase: o resultado é uma dicção à moda antiga, que lembra muito a de sua conterrânea Carmen Miranda. Mas que a versão de Teresa para “Marambaia” ficou sublime, ah, isso ficou.

MEU MUNDO CAIU

Acabei de ler a biografia de Maysa escrita por Eduardo Logullo, “Meu Mundo Caiu”. Dói dizer que o livro não está à altura da personagem, apesar do esforço de pesquisa e da evidente paixão do autor pela biografada: o texto tenta ser engraçadinho, e acaba transformando a vida de uma das figuras mais heavy da MPB numa sucessão de anedotas. E omite um fato crucial: sabem por quê o mundo de Maysa caiu? Porque ela descobriu que sua mãe e seu primeiro marido, André Matarazzo, eram amantes. E isso nem era segredo na época: a própria cantora espalhava a notícia pelas mesas de bar. Agora estou criando coragem para ler a outra biografia, que acaba de sair sob uma saraivada de críticas ótimas. Mas nem sei se me interesso tanto assim por Maysa…

PAPAI NOEL ÀS AVESSAS

E já que falei do papa aí embaixo, não resisto a publicar minha foto favorita de Sua Santidade. Com esse gorrinho vermelho forrado de arminho, muito usado por João XXIII, o Ratzinger parece um Papai Noel às avessas, que veio para tomar os presentes das criancinhas.

ERRO DE TIMING

Que pena que Bento XVI já foi embora. Foi só Sua Santidade deixar o espaço aéreo brasileiro que estourou na internet o hino perfeito para nós, que somos contra, recepcioná-lo: “vai tomaaaar no cu…”

quinta-feira, 24 de maio de 2007

DESCONSTRUINDO A DASLU

Sexta-feira passada estivemos na Daslu, em busca de um presente de última hora. Também queríamos nos extasiar com a decoração de Natal: como será que a loja mais sofisticada da América Latina se enfeitou para o final do ano? Esperávamos uma coisa tipo Harrod’s, excessiva e elegante ao mesmo tempo.

Que nada. O magazine estava bastante caído, em todos os sentidos: pouca gente circulando, pouca mercadoria exposta, e, ó decepção, uma ambientação natalina mais pobrinha que a do Shopping Aricanduva. E isto às sete horas da noite da penúltima sexta antes do Natal, quando o comércio está bombando.

O que aconteceu com a Daslu? Todo mundo sabe: acusações de fraude, sonegação fiscal, maracutaias mil. Isto responde por muito do abalo visível, mas acho que não foi só isso. Tenho a impressão que a crise toda foi muito mal administrada, e enquanto a loja estava tentando salvar a própria pele (ou peles…), um patrimônio precioso talvez tenha ido por água baixo: a marca Daslu.

Até o começo de 2005, a Daslu era uma espécie de segredo aberto: relativamente pouca gente sabia da existência da loja, espalhada por uma dezena de casas numa rua da Vila Nova Conceição. A Daslu não anunciava, era totalmente low profile. Ou quase: nessa época ela já chamava a atenção até da imprensa internacional, com matérias na Wallpaper e na New Yorker. E também atraía a ira dos vizinhos, empenhados em manter o bairro estritamente residencial (apesar da Daslu estar lá há quase 50 anos, antes de qualquer zoneamento).

Cansada de lutar na Justiça, a Daslu resolveu se mudar. E foi para uma nova sede: um palazzo fake italiano na beira da marginal Pinheiros, impossível de disfarçar. A inauguração teve várias festas, foi notícia no Brasil todo, e logo a loja se tornou alvo de protestos.

Afinal, ali estava o templo da desigualdade social: um lugar onde não entra pobre, nem pedestre, nem quem não tiver o fatídico cartão preto – alias, entra sim, mas paga 30 reais de estacionamento. Para coroar, bem ao lado de uma favela.

Até passeata do fã-clube de Angelina Jolie a loja teve que enfrentar em sues primeiros dias (explica-se: a estrela é contra o comércio de peles de animais, que são vendidas por algumas grifes da loja). Mas o golpe de misericórida veio logo: a Daslu fôra investigada pela PF e acusada de uma montanha de crimes fiscais.

Foi um escárnio geral, com até mesmo Ratinho tirando sarro das dasluzetes em seu programa. Na novela “Cobras e Lagartos”, a loja “Luxus”, de inspiração evidente, era administrada por um bando de vigaristas. Em pouco tempo o nome Daslu virou sinônimo de ostentação criminosa e exploração das classes trabalhadoras, em pleno governo do PT.

Tudo bem, não há marca que resista à revelação de malfeitorias (vejam o que aconteceu com a Arthur Andersen). Mas um sinal de que a Daslu realmente não sabe lidar com a (má) fama aconteceu no final de 2005, quando surgiu a Daspu. Eliana Tranchesi logo entrou com um processo, ameaçando as pobres prostitutas cariocas de denegrir sua sacrossanta marca. Teve que ouvir do advogado das meninas a seguinte pérola: “são putas mas são honestas…” Com um pouco mais de humor, Eliana teria convidado a Daspu a abrir sua própria “corner” na loja, e tudo seria rapidamente esquecido.

Hoje a Daslu luta como pode. Demitiu muita gente, certas grifes foram embora, tapou (alguns) buracos em seu espaço físico. Mas nada parece dar certo. Enquanto isto, o Shopping Iguatemi, ali pertinho e com tantas das mesmas marcas, está abarrotado.

A Daslu precisava de um “spin doctor”, aquele profissional americano capaz de reverter uma notícia ruim a favor de seu cliente. Mas no Brasil não os há: bem o sabe Daniela Ciccarelli, que meteu os pés pelas mãos (e outras coisas em outras coisas) no recente episódio do vídeo. É cultural: por aqui a primeira reação é sempre negar tudo. Taí o Maluf, mais uma vez dizendo que nem ele nem sua família jamais tiveram conta no exterior. Parece que se esqueceu que uma vez ele e sua mulher Sylvia foram flagrados num banco em Paris – quem sabe, admirando os afrescos do teto.

E agora a mídia anuncia que a festa de fim de ano da agência África vai ser no Terraço Daslu (que Tutty Vasquez já chamou de “laje”). O dono da África, Nizan Guanaes, é casado com uma das sócias da Daslu, Donata Meirelles. Estão obviamente tentando levar um evento badalado lá pra dentro. É isso que Nizan sabe fazer numa crise: festas e mais festas (aliás, ótimas). Não foi ele quem disse que “baiano não começa, baiano estréia”? Mas nem ele, nem nenhuma de suas agências, jamais brilhou no quesito “construção de marca”. Eles sabem ganhar prêmio e badalar, mas qual marca vencedora que está aí que podemos dizer que é por obra e graça da DM9 e congêneres? Mas isso é assunto para outro dia.

Bom, achamos o tal do presente que buscávamos. E na hora de pagar, lá estava ao lado do caixa a nova “eau de toilette” Daslu. Quase levamos. Não pelo cheiro, bastante comum. Mas pela marca em si: pelo jeito que a coisa vai, daqui a pouco tempo ela vai valer uma fortuna no eBay.

(escrito em 19 de dezembro de 2006)

ATÉ QUE ENFIM

Bom, depois de inúmeros amigos, conhecidos e animais de estimação terem seus próprios blogs, finalmente criei vergonha na cara e resolvi criar o meu. Primeiro tentei no meu próprio provedor, o UOL, do qual sou praticamente sócio-fundador: desde 1996. Mas as instruções são confusas, os templates são horríveis, os controles são árduos. Imediatamente me bandeei pro Blogger, que hospeda alguns blogs que admiro, e voilà: rápido, fácil, elegante. Eu recomeeeendo. E pra começar, um texto escrito às vésperas do Natal do ano passado.